Two Kinds Of Hope escrita por lsuzi, loliveira


Capítulo 34
Capítulo 34


Notas iniciais do capítulo

n sei bem o que falar só quero dizer alo



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Será que, se eu quebrar todos os apartamentos que meu pai me leva pra ver, ele vai desistir de me jogar pra fora de casa? Não?  Por que quanto mais apartamentos eu vejo, pior eu fico. Eu não quero sair de casa. Qualquer pessoa que me conheça bem sabe que eu não sei sobreviver sozinha, e que torraria meu dinheiro todo em uma semana comprando comida de fora porque na cozinha sou uma zero a esquerda. Mas acontece que nem as pessoas que me conhecem bem ligam pra isso porque aqui eu estou com meu pai gritando "TRAIDOR' na minha cabeça. Acho que ele ficou tão de saco cheia das minhas mudanças de humor e com o fato de agora que eu me formei passar o dobro de tempo em casa que está me expulsando. Bem, expulsando não, porque ele deu aviso prévio e um tempinho (umas duas semanas) pra arranjar um lugar. E ele ainda tenta me convencer que está fazendo isso pro meu próprio bem. Mas eu sei as suas verdadeiras intenções, e estou brava. 

-Esse não tem um poste no meio. -Meu irmão reclama. Ele veio junto pra julgar as casas, já que, nas palavras dele, ele vai ter que passar pelo menos dois dias no meu apartamento  e quer saber como vai ser o quarto dele. Meu pai ri. 

-É porque esse é um apartamento decente. 

-Aquilo não era um poste. -Eu explico. 

-Era o quê? -Mas é claro que eu não digo pra ele que o último apartamento era na verdade onde as garotas das boates treinavam suas habilidades no pole dancing. Porque isso ia ser esquisito. Pelo bem geral, não falo nada. Mas não é preciso, porque o pestinha vai até a janela e começa a gritar para o pessoal lá de baixo, e eu tenho que correr para dar um tapa nele antes que meu pai solte um xingamento e a mulher mostrando os lugares se assuste. Olho para fora, quando termino de brigar  com ele, e me dá vontade de chorar. É um prédio. Outro prédio, bloqueando a vista de qualquer coisa legal que poderia ter. Isso é a coisa mais chata do mundo. Lá embaixo, as pessoas dão gritinhos de volta, mas não consigo entender o que elas falam, porque estamos alto demais. O lugar é grande demais pra mim, caro demais pra mim e vazio demais também. Eu sei que depois a mobília inteira vai vir, mas o chão vazio me assusta. Sem pensar, dou um abraço no meu irmão, mas ele se larga pra escorregar no chão recém encerado só de meia e eu fico sozinha pra me lamentar sobre a droga de apartamento que eu tenho que escolher. Meu pai termina de falar com a corretora e olha pra mim.

-O que você acha? Scott, pare com isso. -Mas se vira para mim novamente. 

-Não gostei. -Digo, pela milésima vez. 

-De ALGUMA COISA você tem que gostar. 

-Mas eu não gostei de NADA. Podemos ir pra casa? -Ele suspira, decepcionado e meu coração aperta. Eu sei que eu deveria ajudar, mas é muita coisa pra me acostumar agora. Principalmente quando eu sei que passei pra faculdade e tenho que começar a me preparar, mesmo que só comece em setembro. -Pai, em casa a gente conversa sobre isso, eu juro, só não aguento mais ver apartamentos hoje. Não posso morar... num barco, sei lá? 

-Não tem portos em Nova Iorque. -Obviamente, ele não entende que estou tentando fazer uma piada. 

-Tá, tanto faz, podemos ir? -Pergunto, fazendo minha melhor cara de bebê. Ele puxa meu irmão e me olha irritado. 

-Vamos embora. Obrigado pela atenção -Ele diz para a corretora, e nós saímos do apartamento antes que ela diga mais alguma coisa, correndo escada abaixo. Lá embaixo, no carro, meu pai pergunta: 

-Qual é o seu problema? -Não tenho coragem de falar pra ele que não quero sair de casa por medo, então fico na defensiva.

-Não é minha culpa se eu não gostei de nada. 

-Gostei do apartamento com o poste. 

-Cale a boca.

-Axl!

-Foi mal! -Retruco, irritada e passo todo o caminho de volta para casa em silêncio. Todos esses apartamentos me fazem lembrar de Adam, que me fazem lembrar a última vez que o vi, naquela rua. Aquela imagem ainda me dá alguns pesadelos a noite quando eu me permito pensar nele sem ficar com raiva por estar pensando nele. Se eu fosse mais cara de pau, perguntaria para o meu antigo diretor o que aconteceu com Adam, mas não tenho coragem. Isso ia ser desesperado demais. Aquele e-mail de Luke sobre a polícia volta a minha cabeça e eu tento não entrar em pânico, mas sinto que preciso fazer alguma coisa. Não é algo que eu possa controlar. Chegando em casa, meu pai nem olha pra minha cara e Dianna estranha o comportamento, mas não diz nada, então Scott começa a contar sobre o apartamento com pole dancing. 

-Seu pai deixou vocês verem aquilo?! -Ela pergunta, abismada. 

-Não tinha ninguém, e o apartamento era horrível. 

-Acharam alguma coisa?

-Não. 

-Vão achar semana que vem.

-Claro, claro. -Me limito a dizer. Não quero Dianna pegando no meu pé também. -Vou subir e acho que Luke vai vir aqui, tudo bem?

-Tudo. Scott, leve os seus tênis para o SEU QUARTO. -Ela grita, desviando a atenção e eu subo pro meu quarto, trancando e reprimindo um grito agoniado. Quero me desligar da minha vida, porque eu não aguento mais.Está tudo tão... confuso e mudando tão rápido. Ontem mesmo eu e Luke éramos calouros no ensino médio e, bum, aqui estou, formada com uma vaga na NYU. Pensar nessa última coisa faz eu me sentir melhor, mas ainda não é suficiente. De qualquer forma, começo a limpar a bagunça do meu quarto para evitar pensar em coisas que eu não quero (ou você pode chamar de Adam) e uma meia hora depois, como combinado, Luke chega. Só sei disso porque ele grita lá embaixo:

-AXL! -Mas não sobe, então presumo que ligou a tevê. Calço um chinelo e desço, encontrando ele no sofá, como eu esperava. Ele me encara. 

-Oi.

-Vê isso. -Ele aponta para a tevê. Sento, curiosa, porque ele está bem sério e então entendo o que quer dizer. A mulher do jornal continua a falar:

-Foram encontrados nessa manhã no Cassino de Nova York seis integrantes do esquema de roubo de elite que a polícia vinha investigando há algumas semanas. Ainda não há informações específicas sobre o caso, a polícia ainda não se pronunciou, mas diz que seu trabalho está finalmente concluído. É especulado que mais de vinte milhões de dólares sejam desviados dos cassinos para a mão dos seis integrantes cada mês, e que o Estado planeja recuperar todo o dinheiro até o fim do ano. -Meu cérebro para, e então eu entro em um frenesi interno sem conseguir processar nada direito. A notícia é boa, mas então eu vejo os rostos publicados pelo FBI, e minha cabeça fica ainda mais confusa. Na tela não há nenhum daqueles rostos -os rostos principais - que eu vi aquele dia com Adam. Nada de Dash, nada dos amigos de Dash e também nada de Adam. E, pelo que pude perceber naquele dia no cassino, Dash e os outros são a cabeça do esquema. Isso significa que eles escaparam? Como assim "finalmente concluído"? Será que eles ao menos sabem da existência de Dash e os outros? Será essa aquela informação que Luke conseguiu do pai dele? POR QUE EU NÃO ENTENDO MAIS NADA? 

-Axl? Axl?Axl? Axl!

-Que foi? -Consigo mexer minha boca para falar, mas não viro para falar com Luke. 

-Você está bem? -Mordo a língua. Não posso falar com Luke sobre isso, pelo menos ainda não. Ele falaria para o Sr. Sawyer e eu não sei se isso é a melhor coisa para fazer, preciso pensar no assunto. Não sei nem se eu deveria me envolver, mas não consigo evitar. Ainda sinto coisas por aquele babaca filho da mãe e acho que sentir coisas por alguém deixa a pessoa babaca também, então não consigo parar minha vontade de fazer alguma coisa sobre isso. Mas isso não quer dizer que Luke seja obrigado a se envolver também, então eu minto. 

-Tá, claro. Acho que acabou mesmo. -ACREDITE EM MIM, ACREDITE EM MIM. 

-Acho que sim. -Ele comenta, despreocupado. -Mudando de assunto, preciso te contar: terminei com Allison. -Dessa vez eu viro para ele, para mostrar que eu estou interessada no assunto. 

-Por que? -Pergunto, mas minha cabeça está POLÍCIA ADAM CASSINO DASH POLÍCIA ADAM CASSINO DASH, e graças a Deus que Luke não ouve pensamentos. 

-Vou para Harvard no próximo semestre e ela vai ficar aqui. Não quero prender ela a mim, quando eu sei que não vou voltar. -Ele diz, sincero. A parte sobre ele nunca mais voltar me assusta um pouco, mas continuo com o assunto. 

-Como ela está?

-Bem, eu acho, ela sente a mesma coisa. Acho que foi melhor assim.

-Você gosta dela?

-Claro, só... não quero sofrer por causa disso quando for embora. -Algo na frase dele me faz mal e de repente eu só quero me enfiar debaixo das cobertas e ficar lá pra sempre. 

-Hm, eu vou deitar um pouco, tudo bem? 

-Tá, claro, vou pra casa. 

-Tudo bem, falo com você depois. -Ele levanta e eu corro para o meu quarto antes que ele diga mais alguma coisa e me jogo na cama outra vez. Depois me viro e depois de novo. POR QUE ESSA CAMA É TÃO DESCONFORTÁVEL? Ela não era assim antes. Acho que está na hora de trocar, ou meu pai a quebrou para mostrar que eu não posso mais dormir em casa. Se isso for coisa do meu pai, vou jogar essa cama nele. Afofo  e o travesseiro, mas não ajuda, então eu puxo o travesseiro mais pra baixo e estou quase pronta para sair e gritar com meu pai quando eu vejo o que pode ser a causa do desconforto. Ou não, porque é pequeno demais: é... uma... carta? Não guardo cartas embaixo de travesseiros, nem fiz isso nunca. Tudo isso fica mais esquisito quando eu leio meu endereço, depois dois nomes muito familiares: Adam Paisley. E embaixo, meu nome. A carta é pra mim. Adam mandou uma carta... pra mim? Olho a hoje. HOJE. Justo hoje, que eu fiquei o dia inteiro fora? Como a carta foi parar ali?

Se bem que eu preciso parar de pensar sobre a carta e realmente ABRIR ela. E é isso que eu faço, com meu coração praticamente voando pra fora do meu peito de nervosismo e ansiedade. Isso não parece real. Seguro o envelope e tiro a carta, lendo com a animação que li a carta de admissão da NYU. 

"Axl,

Eu sei que você gostaria de rasgar essa carta quando a lhe entregasse em mãos, sabia que você iria provavelmente ficar com ódio de si própria por rasgar isso e deixar o sentimento para trás. Também sei que te deixei quando você precisava de um apoio, quando sua mãe foi embora novamente, quando Luke ainda nem olhava em seu rosto e isso deixava seus olhos cada vez mais sem brilho.

Percebi quando te deixei que não consigo viver sem você. Nem com você. Por mais que eu deseje por tudo e largaria tudo para fazer isso acontecer, mas existem muitos "poréns" em nossa relação. O porém de eu não poder estar ao seu lado por mais que eu deseje porque não quero perde-la; O porém de que quanto mais tempo você ficar perto de mim mais despedaçada e bagunçada você vai ficar.

E esse é o motivo do presente, quando eu te deixei ir, de coração partido, quando você me viu fazendo aquilo que, por Deus acredite em mim, eu não queria. Eu queria ver aquele sorriso que mesmo quando tudo parecia o pior possível, me animava como nenhum fez. Parece ser tão estranho que agora eu não tenha mais um futuro, sem você não tem futuro, sem ter você ao meu lado todas as manhãs abrindo aqueles olhos e sorrindo para mim, não tem futuro. 

Eu tive medo de falar Eu te amo por tantas vezes, que decidi guardar pra mim o quão tempo fosse necessário, mas é verdade eu te amo e eu não mereço o seu amor. Fomos uma bagunça e tanta, e eu vou sentir falta daquele tempo também. Eu planejava diante de tudo, sem os problemas, arrumar um desses anéis apenas a uns anos á frente, não queria parecer um idiota e me precipitar, mas quando você saiu pela porta era como se eu quisesse ter feito o pedido milênios atrás, porque pelo menos ai, eu saberia que você estaria atada comigo, para sempre.

Eu te amo, Axl, e eu sinto tanto por ter que fazer você sofrer e desistir de nós.

Com amor e um adeus, Adam."

Tenho que ler umas mil vezes a última frase por causa das minhas mãos que tremem demais. O que isso quer dizer? Adam... me ama? Isso não é possível. Mas... cada palavra da carta faz sentido e eu me pego chorando antes mesmo de perceber. Isso é muita coisa pra minha cabeça. O que a carta significa? Será que Adam sabe sobre a reunião de Dash e os outros? Será que Adam está envolvido nisso? Será que Adam está com medo que alguma coisa aconteça? Não consigo entender mais nada. Nadinha. Pra falar a verdade, só consigo pensar em uma última coisa: Adam queria casar comigo. E falar isso no passado faz as lágrimas saírem mais rápido. E então, para completar, eu sacudo o envelope, e na minha cama cai um anel. O anel mais lindo que eu já vi na minha vida e tudo que eu sei fazer é chorar, de alegria, tristeza, confusão. Seguro ele com toda a força que eu me permito fazer, tentando não... quebrar ele e botar minhas ideias em ordem. De uma coisa eu tenho certeza: se Adam disse mesmo a verdade, se ele me deu esse anel porque sente alguma coisa de verdade por mim, então não posso ficar parada. Se ele espera que vai morrer, é melhor que eu faça alguma coisa e rápido. Então eu pego meu celular, engulo o choro e ligo para o policial Sawyer. 


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Notas finais do capítulo

he he he eu espero que gostem he he he tchau