Londres, 14 de maio de 1942.

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Meu caro Adolph

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Dói em cada parte de meu ser escrever estas palavras. Sinto que serão as últimas.

Desejo que esta carta lhe encontre com saúde. Ouço muito sobre a guerra todos os dias, e ainda me é inconcebível imaginá-lo em seu uniforme, batalhando incansavelmente entre bombas e tiros constantes. O terror deve... deve fazê-lo lembrar-se de casa.

É justamente sobre ela que quero lhe falar. Não irei pedir como você está, pois não quero a resposta. Não me envie nada, por favor. Já é suficientemente difícil sentar-me para escrever isso, mas penso que lhe devo. Foi um bom homem para mim, Adolph. Ninguém o seria como você. Me amou da melhor forma possível. Me amou como... como eu não merecia.

Adolph, estou grávida. E eu... A criança, ela não é sua.

Não sei quando a guerra terminará – ninguém o sabe. Mas uma coisa é certa: estou envelhecendo. E você está longe de mim. Sabe o que é, todos os dias, encontrar uma de minhas amigas chorando pela morte de seus maridos? Elas vêm ao meu encontro às lágrimas, e eu nada sei sobre o que farão de suas vidas.

Todas viúvas, Adolph. No auge de sua juventude. Não quero... terminar como elas. Não digo que você irá morrer, mas, pense em mim. Esta é minha primeira gravidez, em meus vinte e oito anos. Era uma vergonha não ter filhos! A sociedade é cruel com as mulheres, Adolph. Creia em mim.

Encontrei um bom marido. Não direi seu nome, mas sei que sabes de quem se trata. Ele prometeu assumir a criança e me proteger. Iremos para a América em junho. Deixarei tudo para trás. Até mesmo você.

Espero que me compreenda. Não me perdoe, caso não o desejar. Não chore por mim, nem se desconcentre quando estiver em campo de batalha. Torcerei por você e desejarei a derrota dos nazistas enquanto viver. Sei que és capaz, Adolph. Sempre o foi.

Lembre-se que tu foste tudo para mim. Seu amor me manteve viva por todo este tempo, mas agora as coisas estão mudando. Desta vez, irei viver por minha própria conta.

Sabia que lhe devia estas palavras. Perdoe-me por tudo, mas este é o nosso fim. Você não poderá impedir isto. Era inevitável, ambos sabíamos. Você... e eu.

Obrigada por ter me amado.

Não me responda, por favor. Se o fizer, sua carta não encontrará quem a leia.

Desejo-lhe uma vida longa e próspera, ao lado de alguém que o ame tanto quanto você me amou.

Adeus.

Lembranças,

Natasha Elizabeth McOwen