As Crônicas Do Oráculo - O Filho De Gaia escrita por NathaliaMarianaCaio


Capítulo 13
Capítulo 14 - O Baile




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Toc toc toc, eu atendi e era Noah com um grande sorriso no rosto.

-Oi – digo.

-Oi Carlota, feche os olhos e vem comigo – disse ele.

-Eu não gosto de surpresas, Noah – retruco.

-Duvido muito.

Ele saiu me puxando e eu comecei a pensar que se aquilo era pra ser romântico, não está sendo. Eu ouvi risos e exclamações, talvez alguns campistas estivessem pelo caminho, eu estava desnorteada e tropecei algumas vezes. Noah me sentou num tronco de árvore caído, acho.

-É... Pode abrir os olhos – disse Noah – Eu abri os olhos e era um vestido azul e longo e sua saia era dégradé cada parte um azul, intercalando entre escuro e claro, era lindo – Gostou?

-Obviamente que sim, tinha que ser um filho de Poseidon pra escolher um vestido azul – digo, rindo.

-É a cor mais linda, para a garota mais linda – diz ele, sem jeito.

-Obrigada... Aonde você arranjou esse vestido?- pergunto.

-Disse pra Jasmine fazer, só não disse pra quem – disse ele.

Jasmine era filha de Afrodite e eu não gosto dela e nem ela de mim, vaca.
-Interessante – digo.

-Ciúme? – pergunta Noah.

-É óbvio – digo.

Ele olha pra mim sorrindo e me dá um selinho.
-Ah, amor jovem, a gente se vê no baile pequena sereia – digo.

 Voltei pro meu chalé com o vestido escondido de baixo da camiseta laranja do acampamento. Abri a porta sem bater e um dos meus irmãos estava só de cueca e alguns campistas o viram do lado de fora.

-Me desculpa Lucas – digo.

Vou pra trás da cortina no fundo do chalé e coloco o vestido e grito:

-Será que pode usar tênis?

Imediatamente Monica abre a cortina e diz:

-Você está louca Charlie? Você vai ter que usar salto alto! Toma esse aqui, vai ficar bom com esse vestido... Aonde o arranjou? Ah. Não importa vai logo, falta uma hora para o baile e você só colocou o vestido! Di immortales, tá esperando o que?

-Calma, vai dar tudo certo. Você está se preocupando de mais.
Ela me dera um salto redondinho nas pontas e branco aveludado, pode até ser bonito, mas depois incomoda e eu não gosto disso.

Passei delineador e fiz um olho de gatinho e confesso que errei e refiz várias vezes, até parece que sou expert, passei rímel e gloss de cereja. Penteei o cabelo pra não parecer um homem das cavernas e prendi a franja com uma presilha, passei um perfume com cheiro de flores silvestres um pouco enjoativo, mas agradável e eu estava pronta.

Coloquei o salto e comecei a andar pelo chalé, me sentia como um gigante, meu pé entortou umas quatro vezes e de repente alguém disse “Está faltando blush, arg!” e passou o pincel macio nas minhas bochechas.

Eu saí do chalé outra vez e Noah já estava lá, com um smoking e gravata borboleta, eu fiz um O com a boca.

-O que foi? Estou muito feio? – disse Noah.

-Não, pelo contrário – digo, chegando mais perto para cheirá-lo – Está muito cheiroso também.

-Você está linda, Charlie – disse ele – Vamos?

Coloquei ao braço em volta da cintura dele e o segurei pelo paletó, eu faço isso desde que eu era criança, me faz sentir segura.

-Por que você não me dá sua mão? – pergunta Noah.

-Porque eu estou nervosa e me sinto segura assim.

O pavilhão do refeitório tornou-se um salão para festas, nas paredes havia imagens de estrelas, o piso brilhava e havia mesas com comidas e bebidas. Algumas comidas de mortais e outras que eu nem sabia o que era.

Olhei pra Quíron ele estava num canto comendo nachos e com molho de queijo, ele estava com um blazer branco e com uma gravata borboleta por dentro, não dava pra distinguir seu corpo de um cavalão branco e sua roupa. Ele derrubou molho na manga e lambeu rapidamente, como se ninguém tivesse visto.

A primeira música era lenta, o que me deixou preocupada.

-Eu não sei dançar e agora? – digo.

-É só me acompanhar – disse Noah, com um sorriso sensual.

Ele me pegou pela cintura e eu coloquei minhas mãos envolta do pescoço dele e fomos de um lado pro outro e eu pisei no pé dele algumas milhares de vezes seguidas de um pedido de desculpa.

-É melhor a música animada começar se não eu não vou conseguir andar de tanto que você pisa no meu pé – disse Noah, rindo.

-Me desculpa – digo, ficando vermelha – pra piorar a situação eu fico nervosa quando estou...
Não completei a frase pra dar um ar de mistério. Mentira. É a vergonha mesmo, não me dou bem com relacionamentos, se Noah ou meus amigos soubessem o que aconteceu com o único namorado que tive, talvez nem falassem mais comigo, ou será que me apoiariam?
Ravena apareceu do nosso lado com Plínius, Dianna com seu longo vestido vermelho com alças dançava com Nicholas desastrado a alguns metros dali, por incrível que pareça Nicholas estavam de smoking, e ainda tinham Annie e Rupert dançando, ela majestosa com um vestido até os joelhos, branco e apertado na cintura, a saia do vestido era rodada e tinha alguns brilhantes. Realmente lindo. Rupert estava já sem o paletó, apenas com colete e gravata.
As músicas animadas começaram, parecíamos bêbados sem consumir uma gota de álcool. Noah e eu dançávamos como loucos, coisa que pensava que ele não fazia. Todos se soltaram.
Jasmine ficou irritada quando viu que aquele vestido era pra mim e soltou um “Eu não acredito que era pra Rainha do Lixão, deu tanto trabalho, pra ser usado por essa gentinha, você me paga!” quando passou do nosso lado.

Ravena chegou com um menino que eu ainda não conseguia identificar. Era Plínius, filho de Ares. Ela chegou e comprimento eu e Noah.
-Noite – disse Pliníus.

-E ai, cara – respondeu Noah, fazendo aquele tipo de cumprimento que batem os ombros.

“Sério mesmo?” disse a Ravena sem soltar um único som, mas ela entendeu.

“É, qual é o problema?”, respondeu.
Ela usava uma vestido que era feito pra ela [sei lá como é, perguntar pra Mari] e Plínius estava como todos os outros meninos, mas com uma gravata amarela, talvez pra combinar om seus cabelos.

-Você quem sabe – digo em voz alta, já que ninguém sabe do que estamos falando.
A noite estava perfeita, nem calor e nem frio, dava vontade de ficar lá por um bom tempo, só curtindo, sem preocupação nenhuma, sem profecias.
Quando começou a tocar “Still Into You” do Paramore eu não resisti e cantei bem algo, dei as mãos para Noah e giramos feito loucos e rimos muito ao som desses versos “’And, baby, even on our worst nights/I'm into you (I'm into you)”.

Senhor D chegara de mau humor e pode ter certeza que ele não se vestiu pra o evento, ele estava com uma camiseta roxa com estampas que pareciam amebas, uma bermuda bege do tipo que os pescadores americanos costumam usar, um chapéu com enfeites de uva e usava uma sandália com duas tiras e também é claro, estava com uma latinha de Coca Diet na mão. Ele foi para o lado de Quíron e começou a dar umas beliscas na comida em cima da mesa.

Continuei a dançar e conversar com Noah, perguntamos um ao outras coisas que não sabíamos um do outro, como gosto musical, cor favorita...
- E Nirvana você gos...? – perguntou Noah a mim, mas foi interrompido por Quíron e uma náiade, basicamente uma árvore que anda, passaram no nosso meio, começando a dançar. Uma árvore um cavalo dançando, você provavelmente nunca viu isso em toda a sua vida. O chefe de atividades do acampamento era agora um bobo, talvez seja difícil dançar com quatros patas, talvez ele estivesse nervoso. Houve muitos risos, inclusive meus e de Noah.
-Vamos ver como anda o Rupert? – perguntou ele.

Fiz que sim com a cabeça e atravessamos o salão até o outro lado. Rupert estava sentado numa cadeira fora da pista de dança junto a Annie. Sempre que ele olhava para Ravena junto a Plínius dançando lentamente com seu braço no ombro dele, o garoto bufava e emitia sons entediados, até que Annie disse:
 - Ah eu amo essa música... Vamos dançar Rupert?
 - Ah não, tô meio desanimado. Pode ir.
- Mas essa é uma música lenta... Ah vamos não seja chato!
- Estamos atrapalhando? – perguntei, segurando a mão de Noah e o puxando, pois ele estava distraído com um monte de bolinhos sobre a mesa.
-Uh qui fui gagota? – disse Noah, com a boca cheia de bolo.
-Que nada Charlie! Eu vou apenas dançar com Rupert, não é? – disse Annie, olhando para o namorado.
-Ah, claro! Vamos, pra isso acabar logo – disse Rupert.
Eles foram pra pista de dança, uma música lenta estava tocando e Rupert não era ruim na dança, na verdade ele era muito bom, talvez fosse falta de vontade ou vergonha. Annie parecia satisfeita e disse:

-É tão ruim assim Rup?
-Nem tanto.
Acho que aquele dia não estava à favor de Annie porque o mini Rupert – Dean, irmão dele – e um menino do chalé de Hefesto chamado Caleb, duas crianças rebeldes, estavam brincando com comida e acabou caindo nela, no seu vestido, no seu rosto. Coitada.

-Aaaaaah, eu pego vocês, seus idiotas! Vocês estragaram a minha noite! Agora vou ter que trocar de vestido! – gritou Annie – Rupert meu bem, me espere aqui OK?
Quíron percebeu o murmurinho e chamou os meninos no canto, a feição dele não era nada boa e muito menos as dos garotos. As palavras dele pareciam fazer muito efeito sobre eles e parece que o castigo não é nada bom. Eles voltaram imediatamente pros seus chalés.

Ravena agora não dançava com Pliníus e sim com Rupert, não quis atrapalhar, por isso não sei de detalhes sórdidos. Nicholas não tinha jeito pra dança, mas Dianna o ajudava. Tudo parecia ótimo, mas eu nunca estive tão enganada.
 


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