Doce Veneno escrita por Makiyenn


Capítulo 7
Acertos


Notas iniciais do capítulo

Demorou, mas saiu o//
Espero que gostem dele, porque deu bastante trabalho.

Aproveitem ^^

Aviso: Capítulo não revisado.



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“Ela estava tratando de um tumor há dois anos...”.

“Talvez ela não acorde...”.

“Sinto muito...”.

Kyoko estava sentada ao lado de sua mãe ainda lembrando-se de tudo que o médico lhe disse. Já passava do meio-dia e ela não conseguia soltar a mão de Chieko, tinha medo de que ela desaparecesse.

Não chorou nem por um instante. Ter abandonado a pedra Corn causou esse efeito em Kyoko. Sabia que era mais difícil enfrentar seus problemas sem “Corn”, mas as lembranças que estavam cravadas nela desde que Ren contou-lhe a verdade, eram mais dolorosas.

Com uma expressão sem vida no rosto, encarava sua mãe em coma. O barulho do monitor cardíaco parecia ensurdecedor e ao mesmo tempo reconfortante, pois era a única coisa mostrando que sua mãe estava viva apesar das circunstâncias.  Segurava a mão de sua mãe mais forte tentando inutilmente receber alguma resposta. A pele fria de Chieko era congelante, o rosto sereno, em paz.

- A senhora sabe que eu já te perdoei há muito tempo, não é? – ainda esperava uma resposta. – E-eu... Tinha medo de ser rejeitada... Medo de passar por tudo aquilo novamente. Sei que fui fraca, mas... – apertou mais forte a mão de Chieko, inclinou-se para frente e depositou um beijo tímido e assustado na bochecha de sua mãe. – Por favor, não me deixe.

[...]

- Por favor, poderia me dizer onde Mogami Chieko está internada?

A recepcionista encarou o homem alto e aparentemente suspeito. O boné e os óculos escuros impediam-na de reconhecer aquele famoso ator.

- Sinto muito, mas somente parentes têm permissão para visitar pacientes naquela ala. - Ren estava começou a ficar impaciente, nesse momento viu Sho entrando no hospital. Percebeu que o rosto da recepcionista corou levemente.

Sho aproximou-se e notou a presença de Ren. Um sorriso de escárnio surgiu em seus lábios. Parou em frente à Ren e bateu com o punho fechado no peito dele.

- O que faz aqui Tsuruga? Sabe muito bem que perdeu o direito de procurar por ela há muito tempo. - Ren não respondeu, pois sabia que Sho estava certo.

- Não posso simplesmente deixa-la. – encararam-se por alguns segundos. Ren notou que Fuwa carregava uma sacola com o logo de uma loja de conveniência. – Está indo levar isso para ela?

- Não é da sua conta Sr. Hizuri. – o tom irônico de Sho quase fez Ren perder a razão. – Não faça essa expressão demoníaca, você espera realmente que eu a entregue assim? É mais idiota do que pensei.

Ren estava prestes a rebater as palavras de Sho, mas conteve-se ao ver Kyoko conversando com um médico no corredor. Ela parecia bastante abatida e isso fez com que ele quase perdesse o chão. Quando estava indo em direção a ela sentiu alguém segurar seu braço ferozmente.

- Onde pensa que está indo Tsuruga? Já disse que você perdeu o direito de procura-la! – Sho aparentava estar tão furioso quanto Ren.

- Quem é você para me falar isso?

- Tenho todo direito de falar isso, Kyoko me pertence!

O sangue de Ren ferveu e congelou logo em seguida. O que Sho queria dizer com aquilo? Será que eles estavam juntos? Eram perguntas que não saiam da cabeça de Ren.

- Ela não é tão fraca quanto você pensa, em momentos assim ela prefere ficar sozinha. Ela não gosta de chorar na frente dos outros. – Sho parecia confiante, acreditava que conhecia Kyoko melhor do que Ren.

- Pelo visto você realmente não a conhece direito. – Ren puxou seu braço de volta e afastou-se de Sho. – Ela não pertence a ninguém. – encarou-o agora mais calmo. – Ela não é um objeto.

Sho preparava-se para retrucar quando recebeu uma mensagem, deixando um silêncio congelante entre os dois. Ele olhou surpreso para o visor do celular e voltou a encarar Ren.

- Faça como quiser então, estou atrasado para o trabalho. – Sho jogou a sacola do restaurante em cima do balcão. – Diferente de você eu não tenho tanto tempo livre. É bom escolher bem suas palavras. – disse antes de caminhar apressadamente em direção à saída.

Ren entendeu perfeitamente o recado de Shoutarou. Pediu licença a recepcionista e caminhou até a sala de espera com a sacola da loja de conveniência na mão esquerda. Quando chegou à sala sentiu seu coração partir ao meio. Uma dor angustiante tomou conta dele ao ver como Kyoko estava mal.

Ela estava sentada em uma das cadeiras laranja que enchiam aquela sala. Sua cabeça jogada para trás encostada na parede e os olhos fechados, apesar de não estar dormindo. Seus braços cruzados sobre o peito em um gesto de proteção e carência. Kyoko ainda usava o vestido da festa e a bolsa embaixo dos olhos mostrava claramente que ela precisava descansar. A cor branca das paredes que deveria servir para acalmar deixava apenas uma sensação de solidão ainda maior.

Ren aproximou-se e colocou a sacola carinhosamente no colo dela. Kyoko abriu os olhos e o encarou. Não estava nem um pouco surpresa.

- Não me pergunte o que é, foi o Fuwa quem comprou – falou antes de sentar-se ao lado dela.

- Deve ter sido bem difícil pra você dizer o nome dele assim. – Kyoko sorriu ao dizer isso.

- Bom ver que ainda consegue sorrir apesar de tudo. – Ren virou-se para ela e gentilmente acariciou a bochecha dela com o polegar. – Entendo que está sendo difícil, mas você precisa dormir. Sabe como dói te ver assim? – Kyoko corou levemente.

- A-acha que eu consigo dormir? Minha cabeça está uma bagunça. – voltou-se para a sacola e fez uma cara de reprovação, como se seu estômago estivesse rejeitando qualquer tipo de alimento.

- Não adianta fazer essa cara, você precisa comer. – falou em tom de repreensão. Kyoko sorriu novamente. – O que?

- Parece que os papéis estão invertidos. Obrigada Tsuruga-san, mas vai ter que me ajudar a comer. Tenho certeza que também não se alimentou.

Ren apenas assentiu com um sorriso fraco, sabia que Kyoko estava tentando evitar qualquer tipo de pergunta, apenas respeitou. Kyoko parecia completamente em outro mundo enquanto dividia aquele hambúrguer com Ren. Seus olhos estavam sem brilho e desfocados, pareciam olhar para um futuro incerto, inseguro.

- Vou leva-la para Tokyo. – Kyoko finalmente disse alguma coisa quebrando o silêncio e a tensão que se instalou na sala. – Pode parecer idiota pra você, mas eu me preocupo com ela. Se soubesse que isso ia acontecer teria tomado uma atitude antes. – Ren manteve-se calado. – Só damos valor às coisas quando perdemos e AH-

Kyoko assustou-se quando Ren segurou a mão dela firmemente como se dissesse que não sairia mais de seu lado, nunca mais. Seu rosto esquentou e atingiu diferentes tons de vermelho quando ele deu um beijo demorado nas costas de sua mão. Os dois ficaram assim por um tempo, naquela atmosfera inquebrável.

- Pensei que te encontraria chorando, como quando éramos crianças. – falou ainda segurando a mão de Kyoko.

- Prometi que não ia mais chorar, desde que... – fez uma pausa enquanto seu rosto corava novamente. -... Desde que te devolvi “Corn”.

- Sabe, foi meio frustrante receber aquela pedra. – Ren sorriu. – Você nunca tentou falar comigo durante esses cinco anos, a única coisa que me mandou foi a pedra. Pensei que aquilo significasse um “NÃO”.

- É verdade que eu queria me livrar de tudo que lembrasse você, mas é porque era muito doloroso olhar para a pedra. – o coração de Ren acelerou. Depois de tanto tempo brotava a semente da esperança dentro dele. Kyoko percebeu a inquietação de Ren. – É melhor não falarmos sobre isso aqui.

- Tem razão, não é o melhor momento. – Ren tentava manter uma expressão séria, mas seus olhos não conseguiam mentir.

- Estou realmente cansada, Tsuruga-san. – Kyoko disse em meio a um bocejo. – Ficar perto de você me acalma, senti falta disso... - Ren ficou ainda mais surpreso com o que ela disse, e antes que pudesse reagir percebeu que Kyoko caíra no sono.

Olhando para ela naquele momento, esboçava a expressão mais gentil que ele já havia mostrado. Que só ela conseguia arrancar. Encostou a cabeça dela em seu ombro para deixa-la mais confortável. Deu um beijo calmo no topo da cabeça de Kyoko enquanto ainda mantinha um sorriso caloroso. Depois de um tempo fechou os olhos tentando entrar no mundo dos sonhos onde Kyoko estava, onde não existiam arrependimentos ou Fuwa Sho. Apenas os dois.

Eles estavam imersos em seu próprio mundo.


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Notas finais do capítulo

Tenho tanta coisa pra explicar ainda... Sugestões são sempre bem-vindas.

Muitas surpresas para o próximo capítulo.

Comentem ^^



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