Doce Veneno escrita por Makiyenn


Capítulo 3
Tempestade


Notas iniciais do capítulo

Fiz esse menos dramático porque acho que vou exagerar um pouco no próximo. Aproveitem ^^



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Capítulo III - Tempestade

Kyoko estava completamente exausta, ter encontrado com o Ren foi mais cansativo do que ela pensou. Por sorte Kanae apareceu próximo ao elevador quando os dois ainda estavam abraçados. Quem sabe aonde aquilo ia parar?

Levantou a cabeça e começou a prestar atenção no que sua amiga dizia. Kanae tinha arrastado Kyoko aos berros para um restaurante próximo, deixando um Ren completamente paralisado para trás. Agora já fazia quase 30 minutos que repreendia a amiga com fervor.

– Por que você estava abraçando ele? – perguntou com os braços cruzados sobre o peito mostrando sua indignação. – Ele não tinha te magoado com aquela história toda de pedir pra você esperar e depois aparecer com várias namoradas? – A falta de resposta de Kyoko fez com que ela suspirasse e colocasse a mão direita sobre a testa.

– Mas Moko-san, foi ele quem me abraçou. – dizer isso só fez com que Kanae afundasse ainda mais em suas mãos. – Não é como se eu tivesse feito alguma coisa.

– MO! Pensei que você fosse estar com raiva Kyoko.

– Eu estou com raiva, muita raiva dele! – falou com uma mão sobre o peito estufado tentando colocar mais ênfase em suas palavras. – Espero que ele não acredite que vou perdoá-lo só por causa de um abraço. – sua voz agora não passava de um sussurro.

Kanae observava atentamente as reações de Kyoko, ela parecia ter voltado a ser aquela garotinha de antes. Isso a deixou feliz, já que nos últimos anos Kyoko mudara da água para o vinho tendo tempo apenas para o trabalho. Não fala mais nem mesmo sobre as fadas que tanto amava, mas agora ela parecia estar voltando aos poucos. Felizmente.

– Você diz isso, mas na verdade está muito feliz não é mesmo? – perguntou depois de um pesaroso suspiro. – Pude ver pelo jeito que vocês estavam abraçados. – Kyoko ficou vermelha como um tomate. – Você deve estar realmente feliz.

Kyoko encarou Kanae por alguns segundos antes de responder.

– Sim... – disse suavemente enquanto sentia seu rosto esquentar. – Muito...

Mal sabia ela que há alguns corredores de distância estava um homem em estado de calamidade. Ren estava jogado sobre o sofá da sala do presidente, completamente paralisado. Ainda não acreditava que tinha feito aquilo.

“O que aconteceria se Kotonami-san não tivesse aparecido?”.

Suspirou pesadamente quando percebeu o rumo de seus pensamentos. Estava exausto, não imaginou que reagiria dessa maneira. Apesar de tudo estava feliz, incrivelmente feliz. O cheiro dela tinha ficado nele, estava forte como se Kyoko estivesse ali, abraçada com ele. Ainda podia sentir o calor nos seus braços, a respiração quente dela em seu peito, e o cheiro das lágrimas dela misturada com seu próprio cheiro. Aquilo o excitava. Suspirou novamente pensando que talvez fosse um pervertido.

Estava exausto, mas ainda assim teria que comparecer a festa que o presidente preparou para que, segundo Lory, seria “sua grande reentrada no show-biss japonês”.

“Talvez ela esteja lá...”. Agora era oficial, ele realmente se considerava um pervertido.

Levantou-se e foi em direção à janela. Havia uma multidão na porta da LME, todos querendo vê-lo. Sabia que vir às escondidas para o Japão causaria tumulto, mas não pensou que seria tão grande.

Olhou para o relógio na parede e viu que estava quase na hora de se preparar. Começou a ficar ansioso. A ideia de poder vê-la e tocá-la fazia com que Ren hesitasse. Dessa vez faria a coisa certa, eles precisavam conversar seriamente. Ren precisava saber sobre os sentimentos dela diretamente, mesmo ainda tendo medo da resposta dela.

Durante esses cinco anos quis entrar em contato com ela, mas não poderia, temia que se fizesse isso fraquejasse em sua decisão e também não queria pressioná-la. Quando a proposta de trabalhar em uma série americana de ficção científica dois após sua chegada, ele não teve escolha, teve que passar os outros três anos completamente focados no trabalho. Seu personagem era muito complexo mais até do que o BJ, não permitia distrações.

Ainda olhando para a janela começou a ter um mau pressentimento sobre a festa. Aquilo não estava relacionado com encontrar Kyoko, era mais profundo que isso, como se algo o avisasse que uma tempestade estava chegando. O céu nublado deixava o clima ainda mais tenso. Era melhor parar de ser pessimista e ir se preparar para a festa. Pegou a mala que estava no canto da sala e foi se preparar para aquela noite que pelo visto, será bem longa.

[...]

A recepção da festa estava bastante chamativa, como era de se esperar do presidente. A festa foi feita com tema egípcio e o salão estava ridiculamente decorado com pirâmides, esfinges e até múmias. Na entrada homens vestidos de faraós jogavam pétalas de rosas nos convidados. Porém todos estavam focados em Tsuruga Ren. Desde que chegou estava dando entrevistas sobre o que fez na América e seu último papel como Jeff Stone em uma série de ficção científica que fez muito sucesso.

Depois de três horas de entrevistas Ren já estava cansado, mas seu olhar nunca parou de procurar por ela. “Com certeza está atrasada”, pensou tristemente. Foi quando todas as atenções se voltaram para a entrada do salão. Flashes e mais flashes voltados para a entrada, um tumulto tão grande quanto o que Ren causara. Ren olhou na direção da entrada e seu coração falhou uma batida.

Era ela...

Kyoko chegou deslumbrante. Usava um vestido azul comprido com uma abertura do meio da coxa até a barra. As costas nuas. Ren observava boquiaberto o quanto ela tinha crescido e sentiu-se um idiota por ter deixado ela sem nenhum cuidado, principalmente ao ver os olhares famintos que os homens direcionavam a ela. A maquiagem de Kyoko a deixava com um ar bem mais maduro e elegante. Ela estava perfeita.

Depois de cumprimentar a todos e posar para as fotos na entrada, ela caminhou graciosamente até Ren para cumprimenta-lo. Suas bochechas coraram levemente ao vê-lo. Ele também estava vestido impecavelmente com um terno Armani branco e os cabelos loiros o deixavam com uma aparência mais jovial, mais humana. Kyoko sorriu ao pensar que ele parecia ter saído de um conto de fadas.

– Posso saber do que está rindo? – Ren perguntou a Kyoko quando ela se aproximou o sufiente.

– Ah, Tsuruga-san! – Kyoko assustou-se com a aproximação repentina. – Não era nada, nada mesmo. A propósito, seja bem-vindo. – disse sorrindo para as câmeras que tiravam fotos dos dois juntos.

– Precisamos conversar. - Ren puxou-a pelo braço para mais perto de maneira que pudesse sussurrar em seu ouvido. – A sós. – A voz rouca e grave no ouvido de Kyoko fez com que ela se arrepiasse e corasse levemente, mas sempre mantendo a compostura.

– S-sim, Tsuruga-san. – falou lentamente depois de uma luta interna. – Mas acho que agora está meio tumultuado.

– Não estava falando sobre agora, depois que a festa acabar. – Kyoko assentiu. – Eu não pretendo mais fugir Mogami-san, esteja ciente disso. – Ren retirou-se para dar mais uma entrevista, enquanto Kyoko ficou parada por alguns segundos com o rosto completamente ruborizado.

Durante a festa, Ren não tirou os olhos de Kyoko, ele estava fascinado por ela. Queria abraça-la e mostrar para os outros que ela pertencia a ele, mas isso era algo que ele não era permitido fazer ainda, porém logo ele correrá atrás do tempo perdido e fará com que ela se apaixone por ele. De qualquer maneira.

Lory percebeu a inquietação de Ren. Aproximou-se montado em uma biga egípcia e desceu quando chegou próximo a ele.

– Ren! Não precisa se prender aqui, vá falar com ela antes que enlouqueça. – falou com um meio sorriso como se pudesse ler os pensamentos de Ren.

– Mas eu ainda tenho coisas para fazer.

– Você já não perdeu tempo demais? – colocou um braço sobre os ombros de Ren e se aproximou. – Tem certeza que quer deixa-la sozinha por ai? – Ren congelou ao ver quem estava próximo a Kyoko. Como isso pode acontecer se ele só desviou a atenção somente por um minuto?

Reino conversava tranquilamente com a garota, sorriam em uma conversa visivelmente íntima. “Como assim sorrindo?”. A casual aura negra escondida por um falso sorriso cavalheiresco trouxe uma sensação nostálgica para Kyoko. Dessa vez ao invés de se encolher e tentar fugir, Kyoko apenas sorriu. Reino se afastou rapidamente ao perceber a aproximação de Ren.

“Que bom que isso ainda não mudou.”. Pensou Ren enquanto olhava com um sorriso falso para Reino que se retirava rapidamente.

– Mogami-san, poderia me acompanhar agora? Preciso muito conversar com você.

Antes que Kyoko pudesse responder, o mordomo de Lory interrompeu a conversa dos dois.

– Mogami-sama, parece que tem alguém querendo conversar com você. – Ren e Kyoko se entreolharam. – Ah! Ele está vindo.

Ren não acreditava em superstições, nem em premonições, mas naquela tarde Ren parecia ter previsto a tempestade. A chuva caia forte lá fora. Porém, a verdadeira tempestade avassaladora se formava dentro daquele salão, quem estava lá esperando por Kyoko era ele.

Fuwa Sho.


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Notas finais do capítulo

Então é isso. O próximo vai demorar um pouquinho para sair porque eu tenho provas essa semana.

Obrigada pelos comentários *-* Estou amando vocês. kkk

Ah! Talvez eu torture o Ren um pouquinho, ele merece. Mas só talvez...