Doce Veneno escrita por Makiyenn


Capítulo 10
Abismo


Notas iniciais do capítulo

Aviso: Capítulo sem revisão.

Aproveitem ^^



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Olhando para trás, percebo que a vida nada mais é do que uma mulher sádica que adora pregar peças nas pessoas. Nunca imaginei que um dia estaria nessa situação, ou que enfrentaria tudo repentinamente, sem preparações. Mas no momento que abri a porta e me deparei com o olhar apaixonado daquele homem, tive certeza de que tudo deveria ser resolvido, sem rodeios. Pensando direito, já adiamos demais essa história, não há por que fugir.

O problema é que estou completamente paralisada. Não entendo como esse homem consegue tirar essas reações de mim sem se esforçar. Sempre que estou perto dele, volto a ser uma adolescente estúpida e isso me preocupa. Ele me empurrou para dentro do apartamento, mas com cuidado para não me machucar e trancou a porta. O barulho da chave girando foi a última coisa que escutei antes de um silêncio ensurdecedor e embaraçoso, criar uma atmosfera impenetrável.

[...]

Ren estava de costas para Kyoko com a testa encostada na porta que trancara. A camisa social branca completamente encharcada pelo suor. Subira correndo desesperadamente as escadas, pois o elevador estava em manutenção.

Sua respiração acalmara, mas ele ainda se mantinha de costas, tentando criar coragem para dizer tudo que estava preso em sua garganta.

- Por quê? – perguntou ainda de costas. – Por que sempre foge? – Ren virou-se ao perceber que a garota não responderia. – Você gosta de me torturar, não é mesmo?

- Claro que não! É só qu-

- Então, por quê? Por que nunca me deu uma resposta. – Kyoko empalideceu. – Nenhum sinal, nada. Sempre fugindo e me fazendo sentir mal. Como pode fazer isso?

Kyoko sentou no braço do sofá. Suas pernas estavam fracas, ele estava dizendo a verdade. Ela sabia muito bem sobre os sentimentos dele e mesmo assim o deixou esperando por mais de cinco anos. Mesmo que ele dissera não querer uma resposta antes de resolver seus problemas, ela poderia muito bem ter se decidido, ou procurado por ele.

Assustou-se com a aproximação dele e acabou caindo de costas no sofá. Antes que pudesse se levantar, Ren colocou os braços ao lado de sua cabeça, prendendo-a para que não fugisse ou desviasse do olhar intenso dele. Naquele momento, seu lado Kuon estava mais vívido do que o normal. Kyoko estava completamente ruborizada. Seu corpo tremia sempre que tentava encara-lo.

- O que você sente por mim? O que espera de mim? Por que nunca me deu uma resposta? – Ren perguntava com uma voz dolorosa e sem esperança. Seu olhar, apesar de estar bastante sério, demonstrava dor. – Por que dá atenção a outro homem ignorando como me sinto?

- Eu... – as lágrimas de Kyoko ameaçavam cair e ela inconscientemente colocou o braço sobre os olhos. – É só que... Eu tenho muito medo.

Ren percebeu que a estava forçando demais e afastou-se um pouco, permitindo que Kyoko sentasse no sofá, mas ainda de frente para ele. Ela mantinha os olhos fechados, como se tentando afastar a vergonha e o medo. Ren preparava-se para falar, mas foi interrompido pelas mãos de Kyoko. Ela tocou levemente os lábios dele, e os olhos de Ren se arregalaram. O toque dela o desconcertava, era tudo muito novo para ele.

“Como ela me afeta tanto mesmo sem fazer nada?”. Pensava ao encarar aqueles olhos âmbares amedrontados.

- V-você sabe muito bem o que já passei. – Kyoko falava lentamente, tentando não gaguejar. – Não digo que ainda me importo com o que aconteceu entre Shoutarou e eu. – Ren franziu o cenho. – Mas... – respirou fundo como se acumulando toda a coragem dos últimos cinco anos. – Com você, é tudo tão intenso. – Ren engoliu seco. - Sei que vou me machucar muito mais se alguma coisa acontecer e-

Aquilo foi o suficiente para Ren. Antes que pudesse terminar a fala, Ren puxou-a firmemente pelos pulsos, deixando-a a centímetros de seu rosto. Encararam-se por segundos que pareceram uma eternidade. O magnetismo entre os dois tornava doloroso tentar manter-se afastado, mas não poderia estragar o momento por não conseguir se controlar. Quase perdera a razão quando gravaram a cena do beijo.

Percebeu que no olhar de Kyoko não existia medo. A respiração rápida dela misturava-se com a de Ren, deixando-o ainda mais excitado. O coração acelerado em antecipação.

- Eu te amo. – Ren mal conseguia reconhecer a própria voz. Viu os olhos de Kyoko se arregalarem. Sabia muito bem que aquelas palavras eram tabus para ela. Kyoko tentava inutilmente escapar das mãos dele, mas não tinha forças, não queria. Ele a tinha dominado completamente. – Eu te amo!

- T-t-t-t-suruga-san o que está dizendo? – Kyoko tentava inutilmente soltar-se das mãos de Ren.

- Eu te amo.

- Pare Tsuruga-san!

- Vou dizer quantas vezes forem necessárias para que você entenda Kyoko! – o rosto dela ruborizou completamente. Sentia-se estranha quando Ren a chamava pelo nome. – Eu te amo... – o último não passando de um sussurro ao pé do ouvido.

Quando ela finalmente parou de lutar e proferir palavras sem sentido. Ele roçou os lábios lentamente sobre os dela. Não queria assustá-la ou fazê-la recuar. Até que finalmente a beijou. Um beijo curto, apenas para testar suas reações. Encerrou o beijo deixando uma sensação de perda em Kyoko. Surpreendeu-se por ela não ter tentou se afastar. Ela o desejava tanto quanto ele. O ar estava pesado, a respiração dos dois misturava-se. O desejo no olhar de ambos, agora nada os impedia de estarem juntos.

Ren voltou a beijá-la, agora com mais intensidade. Deitou-se por cima dela sem que o beijo fosse quebrado. Ao sentir o corpo de Kyoko colado ao seu, percebeu o quanto ele ansiou por aquele momento. Passou a mão pela cintura dela e a puxou para mais perto, fazendo com que o corpo de Kyoko arqueasse.

Aprofundou ainda mais o beijo e, com a língua, começou a explorar cada parte da boca da garota. Kyoko jogou os braços por cima dos ombros de Ren e entrelaçou os dedos nos cabelos dele, acariciando sua nuca gentilmente.

Ren encerra o beijo e desce para o pescoço de Kyoko. Mordiscava e lambia ferozmente, arrancando gemidos abafados da garota. Começou a passar a mão por dentro da blusa dela até chegar aos seios dela.

- T-tsuruga... San... É melhor nós não... – a voz de Kyoko estava rouca e engasgada. Foi quando Ren viu que aquilo estava indo longe demais. Encarou-a novamente, agora um sorriso apaixonado no rosto dele. Kyoko ruborizou quase que instantaneamente com aquele olhar gentil e caloroso.

- Você não sabe o quanto esperei por isso, o quanto eu te amo, Kyoko. – Ren disse depois de afundar a cabeça no ombro da garota e abraça-la com força. Aquele era o momento mais feliz de sua vida. Finalmente tinha conseguido conquistar a garota e, pela intensidade dos beijos dela, teve certeza de que seu amor era correspondido.

Kyoko abraçou-o de volta. As lágrimas caíam descontroladas, mas dessa vez estavam esculpidas junto a um sorriso de satisfação. Pela primeira vez teve seu amor correspondido, pela primeira vez sentia-se plenamente feliz.

Ficaram abraçados durante horas, sem dizer nenhuma palavra, completamente entorpecidos em seu próprio mundo.

A lua já brilhava no céu quando Ren, ainda deitado sobre Kyoko e de olhos fechados, resolveu quebrar aquela atmosfera.

- Acho que está na hora de você saber o porquê de eu ir para a América. – sua voz rouca e sonolenta.

- Então não foi só para se relacionar com várias mulheres... – Ren levantou a cabeça e encarou Kyoko. Depois de perceber o que acabara de dizer, a garota deixou-se corar, desviando do olhar de Ren para disfarçar o embaraço. Ele apenas riu.

- Seu ciúme apenas me diverte. – disse recostando a cabeça no peito dela.

- N-não é ciúme! Eu só... É que... Já chega Tsuruga-san! – tentou novamente escapar da “prisão” que Ren criara. Novamente falhou.

- Não vou te deixar fugir. Acostume-se com isso. – o sorriso brilhante que derrubava todas as barreiras de Kyoko estava lá. Até que a expressão de Ren tornou-se mais séria. – Está na hora de te contar toda a verdade.

[...]

Reino estava entediado em seu apartamento. Caminhava de um lado para o outro, suspirando a cada passo. Os últimos dias foram os mais monótonos de sua vida. Nada de shows ou atividades paranormais. Mas o que mais estranhava, era a falta que ela fazia. Era difícil para ele admitir, mas a garota tinha muita influência sobre ele. Desde que a conhecera tudo se tornara chato. Nada mais o entretinha, apenas ela era capaz de satisfazê-lo.

A notícia sobre a volta de Tsuruga Ren, o deixou ainda mais inquieto. Esqueceu até mesmo um de seus shows em Okinawa. Sem que ele percebesse, ela já estava ocupando grande parte de seu coração.

Antes, ele temia Ren. Agora, apenas o odiava. Jamais esquecera o dia em que uma notícia, para ele insignificante, mas vista como bombástica, aparecia nos jornais diariamente.

“Tsuruga Ren é visto em um encontro romântico com a nova atriz Margareth Scheiffer.”

No mesmo dia em que a notícia aparecera, ele encontrou-se com Kyoko. Ela estava se embebedando como Reino nunca tinha visto antes. Quando se sentou perto dela, Kyoko ainda aparentava lucidez. Vez ou outra dizia algo sobre sentir-se traída ou que se sentia uma idiota por ter agido como uma criança há alguns anos atrás.

Pela primeira vez foi atingido por um sentimento humano. Observava-a, com um sorriso no rosto. Gargalhava de uma maneira um tanto sombria, não estava acostumado a sorrir, a cada gafe cometida pela garota. Ela realmente o entretinha.

Foi a partir desse dia que passou a odiar Tsuruga Ren. Era inacreditável um cara como ele ser capaz de abandonar uma garota daquela forma. Ainda mais sendo uma pessoa tão única quanto Kyoko.

Depois da terceira garrafa de saquê, Kyoko já não conseguia manter sua dignidade. Reino viu-se obrigado a tira-la daquele lugar, e, carregando-a em seus braços, levou-a até seu apartamento.

- Você está muito vulnerável sabia? Posso fazer o que quiser com você. – dizia em tom brincalhão.

- Quieto Beagle! – foi a única coisa que ele entendeu em meio a tantas palavras embriagadas.

Antes de coloca-la na cama, Reino percebeu que ela chorava silenciosamente. Quando olhou para o rosto da garota sentiu algo macio e quente tocando seus lábios. Um leve saber de álcool invadia sua boca e, quando deu por si, percebeu que ela o beijava timidamente.

- Por que não foi você, Beagle? – disse antes de cair na cama já adormecida, deixando Reino completamente paralisado. Prestando atenção veria que um leve rubor surgira no topo das bochechas do rapaz.

- E-ei, pensa que pode simplesmente escapar assim? – encarava a garota que se encontrava tranquila, dormindo com uma expressão angelical. – Tem sorte de eu não gostar de anjos, garotinha. – Deixou um copo de água no criado-mudo e saiu do quarto. O rubor sumira, deixando apenas um sorriso tímido em seu rosto.

Kyoko dormia em paz.

Essas memórias apenas deixavam Reino impaciente, queria encontra-la novamente. Mesmo sem saber a razão, ou o que fazer quando se encontrassem, apenas gostaria de estar perto dela. Um sentimento até então desconhecido por ele.

“Está na hora de nos vermos, chapeuzinho vermelho.” 


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Notas finais do capítulo

Enfim, é isso, prometo caprichar mais no próximo, quase não tive tempo de escrever essa semana.
Anyway, espero que tenham gostado.

Como de costume, comentem o/ Sugestões são bem-vindas.

PS: Reino, você é lindo 1bj



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