PDV Rose

Eles embarcaram no trem há algumas horas, já deve ter anoitecido e eu não saí da minha cama desde então.

–Rose? –Minha mãe bateu na porta e entrou.

–Sim? –Falei com a voz um pouco rouca pela falta de uso.

–Meu amor, não fique assim... –Ela deitou ao meu lado.

–Estou com saudade deles. –Respondi, um soluço cortou minha garganta.

–Não chore minha pequena. –Ela me abraçou forte.

Fomos interrompidas por umas batidinhas no vidro da minha janela, havia um coruja ali.

–É o Charlie. –Falei.

–A coruja do Nate? –Mamãe exclamou surpresa.

Levantei da cama apressada e abri a janela, a ave entrou dando pulinhos.

–Ah coitadinho, deve estar morrendo de frio. Mamãe, pega algum petisco para ele? –Pedi.

Mamãe saiu do quarto indo para a cozinha, notei a carta na perna da coruja e peguei, era um pergaminho enrolado, tão pequeno que estava mais para um bilhete. Dizia assim:

Hey vermelha, conseguimos dar um jeito de trazer o Charlie para a sala comunal da nossa casa e enviar uma carta para você, entramos para a Grifinória, a casa dos corajosos, é uma longa história, depois conto tudo. Passei o dia inteiro pensando em como você gostaria de ver isso aqui, Lyra me disse que também ficou assim. Sentimos sua falta. Não posso demorar muito, Lyra mandou um beijo para todos aí e disse que iria descobrir tudo sobre a escola para próximo ano te mostrar. Não sei como vou conseguir ficar longe de você.

Saudades, Nate.

Quando terminei de ler sorri largamente, minha mãe voltou com comida para Charlie e me viu com o papel na mão.

–O que é isso? –Ela perguntou.

–Carta do Nate.

–Posso ver?

Passei o papel para ela que leu rapidamente.

–Como eles têm tanta certeza de que próximo ano você será chamada para lá meu amor? –Ela perguntou sorrindo.

–Eu não sei mãe, mas eles têm.

Me senti muito melhor ao saber que eles pensam em mim.

–Venha, vamos comer, suas tias estão esperando.

Desci as escadas junto com a minha mãe.

PDV Nate

Desci para o salão comunal junto com Harry e Rony que ficaram no mesmo quarto que eu, tinha também outros dois garotos, o tal de Finnigan e o Neville, o garoto do sapo. Estava com muito sono, mas se eu não levantasse era capaz da Lyra entrar no meu dormitório e me puxar pelas pernas.

–Bom dia Nate, Harry e Rony. –Ouvi a voz de Lyra, olhei ao redor e encontrei-a sentada em um sofá, com Hermione ao seu lado que lia um livro grosso com grandes dizeres: Hogwarts, uma história.

–Ah... Bom dia criatura das trevas. –Respondi.

–Bom dia. –Harry sorriu. Com ele podia estar de bom humor? Eram 7 da manhã!

Rony somente grunhiu um cumprimento.

–Patético. –Hermione resmungou olhando o ruivo que ainda bocejava.

Lyra levantou e nos arrastou para o salão principal. Comida, essa palavra soava divina. Sentamos na mesa da Grifinória que já estava muito cheia, a professora Mcgonagall entregava uns papéis para os alunos. Cutuquei Lyra.

–O que é aquilo? –Falei apontando. Lyra sempre sabia de tudo.

–São os horários das nossas aulas. –Ela disse.

–Senhor Kepner? –Mcgonagall me chamou.

–Sim? –Levantei e fui até ela.

–Seu horário, aproveite e entregue o da senhorita Anderson e dos senhores Potter e Weasley. Notei que ficaram muito amigos. –Fiquei vermelho

Nunca tive amigos tirando Lyra e Rose.

–É professora, pode se dizer que sim.

Voltei para meu lugar e entreguei os papeis para o pessoal.

–Hum... Por que está todo mundo olhando para cá? –Lyra perguntou olhando ao redor.

–É por causa do Harry. –Rony explicou.

–Por causa da história da cicatriz? – Perguntei.

–Com certeza. –Hermione falou aparecendo do meu lado. –Ele é o bruxo mais famoso da atualidade.

–Garota, avisa quando você estiver chegando! –Pedi com a mão no coração.

Lyra, Harry e Rony riram alto.

–Qual a primeira aula de vocês? –Ela perguntou me ignorando.

–História da magia. –Lyra respondeu.

–A minha também. –Rony falou.

–Claro gênio, somos todos da Grifinória no primeiro ano.

Lyra e Harry deram uma risadinha, mas logo depois ela me deu uma tapa na cabeça.

–Ai! –Reclamei.

–Isso foi rude, peça desculpas. –Ela disse séria.

–Ela está certa. –Hermione falou, lancei um olhar duro para ela.

–Viu? Hermione concorda comigo.

Rony e Harry prendiam o riso.

–Desculpe Rony, por ferir seus sentimentos. –Falei.

–Nada cara. –Rony disse sem esconder mais que ria.

Os dias que se seguiram em Hogwarts foram incríveis, era tudo tão diferente do mundo trouxa. Lyra vivia agarrada ao Harry, eles dois viraram melhores amigos, consequentemente Harry era meu melhor amigo também já que a Lyra estava sempre comigo, Rony havia entrado no grupo, era bom ter ele por perto, Hermione meio que seguia a gente pelo castelo, nós não a chamávamos, mas ela sempre aparecia de uma hora para outra com algum comentário espertinho e Lyra a tratava bem... podia se dizer que eram até amigas, eu acho.

Hogwarts era um lugar fantástico, por onde andávamos as pessoas olhavam para nós, quer dizer, para o Harry, a gente meio que ignorava e ele agradecia por isso.

A primeira aula de poções chegou logo, seria lá que nós veríamos o professor Snape que falaria mais sobre a tal poção Mata-cão.

–Olhem, as corujas. –Lyra falou baixinho para nós na mesa.

Jack deixou uma carta para Lyra, provavelmente era da vermelha, Harry recebeu uma carta também.

–O que é? –perguntei tomando a carta dela.

–Pode ler, a carta nem é para mim mesmo. –Ela disse irônica. –O que você tem ai Harry?

–Hagrid está me chamando para tomar chá. Querem ir comigo? –Ele perguntou.

–Claro. –Respondemos.

Guardei a carta a Rose para ler no quarto.

–Próxima aula do Professor Snape. –Lyra falou enquanto andávamos pelos corredores.

–Meus irmãos disseram que esse homem é intragável! Vive para tirar pontos da Grifinória e das outras casas, menos Sonserina que ele é diretor.

–Ah, ele não deve ser tão ruim assim. –Lyra disse.

–Ah não... –Fred apareceu ao meu lado.

–Ele é pior! –Jorge completou.

–Nossa! Não sei se fico ansioso ou com medo. –Falei rindo.

–O que ele queria mesmo era ensinar DCAT. –Jorge disse.

–Ele sempre quis o cargo do Quirell! –Fred falou.

As aulas de Poções são dadas nas masmorras. Lá era muito mais frio do que lá em cima na parte principal do castelo, é cheia de animais preservados flutuando em frascos de vidro em todas as paredes... Nojento!

Sentamos todos nas cadeiras, Lyra estava ao meu lado e em nossa frente estavam Harry e Rony. Hermione estava em frente aos dois com o garoto Neville ao lado dela.

–Bom dia. –Uma voz fria soou na porta da sala. –Eu sou o professor de poções Severo Snape.

Ele começou a fazer a chamada normalmente, sua voz sempre fria até que parou no nome de Harry.

–Ah, nossa nova celebridade. –Ele falou. Limpa a boca que tem veneno escorrendo, professor!

O Malfoy e seus brutamontes deram risadinhas. Ele voltou a fazer a chamada e encarou todos os alunos com seus olhos frios, ao meu lado Lyra o olhava, admirada... ela gostou dele?

O professor levantou e toda a sala parecia morta de tão silencioso que estava o lugar.

– Vocês estão aqui para aprender a ciência sutil e a arte exata da criação de poções. Aqui não teremos essa idiotice de agitar varinhas mágicas no ar, muitos terão dificuldade em entender que isto é magia. Não espero que se percebam em toda a sua totalidade a beleza do caldeirão que ferve em fogo lento,do poder delicado dos líquidos que trepassam vagarosamente pelas veias humanas, enfeitiçando o espírito, iludindo os sentidos... Posso ensinar como agarrar a fama, preparar a glória e colocar uma rolha na morte. Se vocês não forem um grupo de idiotas como os alunos que venho tendo.

Inspirador e eu não sou um idiota. Foi só o que consegui pensar.

–Potter. –Ele virou para o Harry, o garoto virou uma estátua.

Ele começou a fazer perguntas sobre a matéria, perguntas que nem eu sabia a resposta, mas a Hermione parecia quase tocar o teto com a mão levantada esperando que o professor perguntasse a ela.

–Hermione sabe professor, por que não pergunta a ela? –Harry falou envergonhado tentando fugir das perguntas.

Irritado, o professor tirou pontos da Grifinória.

Logo depois ele falou para fazermos uma poção, cura para furúnculos. Devo dizer que senti nojo? Para a minha sorte minha mãe era professora de química, que se parecia bastante com poções, então eu e Lyra éramos bons na matéria. Já o Neville...

–O que você fez seu idiota? –O professor gritou ao ver o caldeirão que o garoto usava totalmente retorcido e o liquido escorrendo pela cadeira e dissolvendo tudo.

–CARAMBA! –Subi na cadeira puxando a Lyra comigo.

E mais uma vez o Harry perdeu pontos. Não entendi nada... não foi o Neville que errou?

–O cara não parece gostar muito de você Harry! –Resmunguei.

–O que eu fiz? –Harry perguntou com um suspiro derrotado, ele parecia péssimo.

No final da aula ficamos para trás para conversar com o professor.

–Tome, para a semana inteira. –Ele entregou sete vidrinhos pequenos para Lyra. –Tome um por noite, deixará você consciente no momento da transformação e aliviará as dores.

–Sei que só está fazendo isso a pedido de Dumbledore... –Lyra começou a falar, eu a belisquei, mas ela não parou. –Mesmo assim obrigado.

Ela virou as costas para o professor me puxando pelo braço. Ele ficou tão surpreso com a menina que não conseguiu dizer nada.

–Sorte que mamãe ensina química.

–Não é estranho sua mãe ensinar química e nosso professor ensinar poções? -Ela falou rindo.

–O que achou? –Perguntei.

–Ele é fantástico! Um pouco difícil de lidar, mas fantástico. –Ela sorriu.

–Tu é maluca. O cara é o cão chupando manga.

Ela deu uma risadinha.

–Exagero seu! Ele é só incompreendido

–Há! Tu tem problemas garota. Vou te levar num psiquiatra... ou a Madame Pomfrey pode te ajudar.

–Cala a boca Nate.