PDV Nate

Tomei a poção rapidamente e joguei o vidrinho de lado, olhei para a janela, a luz da lua preencheu a sala.

–Merda. –Falei.

Os pelos começaram a crescer rapidamente, meus ossos ficaram maiores e alguns quebraram, gritei, a dor era grande, minhas unhas ficaram grandes e afiadas, unhas de um predador. Enfiei as unhas, agora garras, no chão e estiquei a coluna lupina, dei um longo e sonoro uivo para a lua cheia. Era o meu modo de gritar.

Acordei no dia seguinte com Lyra me trazendo um café da manhã.

–Como foi? –Ela perguntou.

–Ruim, como sempre. –Disse me levantando da cama da casa dos gritos.

–O café da manhã já passou, mas pedi para os elfos fazerem algo para você.

–Como você conseguiu a localização da cozinha?

–Falei com Fred e Jorge. –Ela disse simples.

–E o pessoal? –perguntei.

–Andam na biblioteca procurando saber quem é Nicolau Flamel.

–Eles vão ficar doidos.

–Confesso que também estou curiosa.

Ela deixou a bandeja de lado e sentou na cama comigo.

–Dumbledore falou que vamos para casa amanhã, para o natal. –Ela disse.

–Estou com saudades. –Falei.

–Ainda temos uma lua cheia hoje... Ainda bem que terá tempo e vamos para casa. –Ela pensou olhando para a luz que entrava pela janela.

–Acho que sim, já pensou se eu me transformo em lobisomem no carro da Tia Angela? –Falei rindo.

–Ela ficaria no mínimo assustada. –Ela riu comigo.

–Você acha que elas sabem sobre... Mim? –Perguntei.

–Eu acho que a mamãe sabe. –Lyra disse. –Mas ela é adepta a que eu resolva os meus próprios problemas, sozinha, e disse que se eu precisasse de ajuda eu só teria que pedir. Mas ela não vai se meter.

–Somos crianças Lyra. –Falei. –Elas deviam se meter, eu devia contar a minha mãe.

–Você vai fazer isso?

Pensei um pouco e suspirei.

–Não. É um pouco egoísta que eu meta ela nisso, sou muito perigoso, não queria nem você metida nisso.

Ela riu.

–Isso você não pode fazer, já estou metida nisso até o pescoço.

Lyra levantou da cama e saltou para a porta.

–Tenho que ir. –Disse ela. –Tenho aula de transfiguração agora, quero ver você nas aulas da tarde, vá até Madame Pomfrey que ela irá cuidar dos ferimentos novos.

Ela apontou para minha testa e meus braços cheios de cortes novos, felizmente superficiais.

No dia seguinte Lyra e eu estávamos indo para a estação, Harry estava se despedindo.

–Vou sentir saudades. –Lyra disse. –Um dia você vai passar o Natal na minha casa e vamos brincar de guerra de neve com a Rose, nós seis! –Ela disse olhando para Rony e Hermione.

–Eu vou gostar disso. –Falei colocando os braços ao redor dos ombros de Hermione e Rony.

Lyra olhou para Hermione e arregalou os olhos, olhei para ela e a menina parecia envergonhada.

–Não é nada disso que você está pensando Lyra – Ela disse rapidamente.

–Tudo bem Mione, quando voltar nós conversaremos. –Lyra respondeu.

–O que foi isso? –Harry perguntou.

–E eu que sei? –Rony falou.

–Meninas. –Resmunguei.

–Vocês vão procurar saber quem é Nicolau Flamel enquanto eu estiver fora não é? –Hermione perguntou mudando de assunto.

–Mandem-nos uma coruja se descobrirem. –Falei.

***

Chegamos a estação e Hermione se despediu de nós indo embora com seus pais, qual não foi a nossa surpresa ao descobrir que eles eram nossos dentistas, agora pelo menos sabíamos onde Hermione morava.

–Olha! É a Rose. –Lyra falou apontando para um lugar.

Virei rápido e a vi, ela corria em minha direção, tinha os cabelos soltos e usava um vestido amarelo. Abri os braços para recebê-la.

–Nate! –Ela falou sorrindo.

–Oi vermelha. –Falei a abraçando forte, não queria mais soltá-la.

–Hey, eu também quero um abraço. –Lyra disse.

Elas se abraçaram e coloquei o meu braço em torno de seus ombros. Não queria largá-la.

–Ah, minha querida. –Tia Kate abraçou a filha, elas sorriam.

–Nate, meu bebê! –Minha mãe me abraçou de lado e começou a beijar meu rosto.

–Também te amo mãe. –Falei rindo sem soltar a Rose.

Fomos para casa.

No caminho Lyra e eu contávamos tudo sobre Hogwarts para Rose e as nossas mães, elas acharam incrível.

–E os quadros se movem e alguns até falam! –Lyra disse.

–Sério? –Mamãe perguntou.

–Alguns deles são até bem aborrecidos. –Resmunguei.

–Tipo a senhora gorda. –Lyra riu.

Eu ri com ela.

–Lyra e Nate, sabem que não podem falar assim das pessoas, é mal-educado chamar as pessoas de gordas assim! –Tia Kate reclamou.

–Não mãe! Não falamos de uma pessoa e sim de um quadro e o nome do quadro é a senhora gorda. Entendeu?

Eu ri.

–Ah!

Nesse momento estávamos passando pela fazenda.

–Olha Nate! O campo de grama... Ou de neve agora.

Olhei para a janela e o lugar parecia um grande mar branco, um paraíso de neve.

–Nós podíamos chamar a Hermione, o que você acha? Passamos o natal juntos! –Supus.

–É uma ótima ideia! Mãe, o que vocês acha?

–Quem é Hermione? –Rose perguntou.

–É a nossa amiga de Hogwarts, ela também é trouxa.

–Ah, eu vou poder conhecê-la. –Ela bateu palminhas alegre.

–Você vai gostar dela. –Falei sorrindo e peguei a mão dela.

–Pode ser uma ótima ideia, onde é a casa dela? –Tia Kate perguntou.

–Ah mãe. –Lyra sorriu. –Ela é filha do doutor Granger, nosso dentista.

–Ora, mas que surpresa! –Mamãe riu.

Véspera de Natal chegou logo estávamos tão animados que nem notamos, Lyra e eu falamos de tudo sobre Hogwarts para vermelha até que ela ficasse entediada, inclusive sobre o Fofo e Nicolau Flamel.

–E vocês acham que esse Snape quer a pedra? –Ela perguntou.

–Sinceramente? –Perguntei.

–Não. –Lyra respondeu.

Nós rimos.

–Ficamos parecendo os gêmeos Weasley. –Falei gargalhando.

Descemos as escadas e Tia Kate fazia um belo almoço.

–Vamos crianças, comprar os presentes de Natal! –Tia Angela descia as escadas correndo com as chaves do carro na mão.

–Hey, podemos passar na casa da Mione! –Lyra pulou para forra correndo e entrou no carro.

–Vão crianças. –Mamãe apareceu entrando na cozinha com um casaco cheio de neve.

–Vamos! –Puxei a mãe da Rose, o dia estava tão alegre.

Entramos no carro e seguimos para a casa do Doutor Granger, segurei a Rose pelos ombros e beijei o topo da sua cabeça, ela riu se enroscando em mim, não a largaria nesse tempo que tínhamos juntos.

PDV Lyra

Chagamos na casa da Mione e eu desci, era uma rua aconchegante num bairro de classe média de Londres, o lugar estava todo enfeitado para o natal.

–Tem certeza que é aqui? –Perguntei a tia Angela.

–Claro que sim, ele é seu médico esqueceu? As mães sempre tem que saber onde o médico de seus filhos mora.

Saí do carro e fui até a porta, apertei a campainha timidamente e um minuto depois o Doutor Granger abre a porta.

–Lyra? –Ele sorriu. –O que faz aqui querida? Quer entrar?

–Olá Doutor Granger, bem não precisa, eu estou aqui para convidar o senhor, sua mulher e a Hermione para o Jantar de Natal lá em casa.

–Ora que surpresa. –Ela disse.

–Falando na Mione, ela está? –Perguntei.

–Conhece a minha filha? –Ele perguntou confuso.

–Digamos que nós frequentamos a mesma escola.

Ele fez uma careta surpresa.

–Quem está ai querido? –A senhora Granger apareceu com um avental.

–Bom dia senhora Granger. –Cumprimentei.

–Oh, é a senhorita Anderson.

–Querida, ela é uma bruxa. –O senhor Granger falou impressionado. –Estuda com a Hermione.

–Somos amigas. –Disse

–Vocês não acham que essa conversa está longa demais para falarmos na porta? –Senhora Granger falou sorrindo.

Chamei Rose, Nate e minha tia e todos estávamos na sala quando o senhor Granger gritou pela Hermione.

–Filha, desça que nós temos visita.

–Já vou pai. –Ela gritou de volta.

Dois minutos depois ela desceu as escadas devagar e olhou para a sala, sua boca se formou um O perfeito e ela correu até nós.

–Lyra, Nate! –Ela pulou nos braços dele.

–Hermione, essa é a Rose que a gente tanto fala. –Nate puxou a vermelha pelos ombros e ficou abraçada com ela. Deu para notar o desapontamento da Hermione ao ver o carinho do Nate pela Rose.

Ah, eu torci para que fosse minha imaginação, mas era verdade. Observei os olhos brilhantes e o sorriso gigante dela para o meu irmão... Hermione estava apaixonada pelo Nate.

–Hermione, eles vieram nos convidar para jantar na casa deles no Natal. –Senhor Granger falou.

–Vamos pai, por favor!

Senhor e senhora Granger se olharam e sorriram cúmplices.

– Pois bem, está confirmado.

–Já que é assim, nós temos que ir crianças. Vamos comprar os presentes! –Tia Kate falou.

–Claro! –Senhora Granger nos levou até a porta.

Fomos com Tia Angela até o beco Diagonal e Rose parecia pirar a cada esquina.

–Isso aqui é incrível! –Ela sussurrou sorridente.

Comprei para Rony uma caixa de sapinhos de chocolate já que sei que ele coleciona e talvez ele ache os que faltam, para Neville eu comprei um jogo de Snap explosivo, só para alegrar o natal dele, para Harry eu fui até uma lojinha e comprei dois colares, nos pingentes havia lugar para colocar duas fotos em cada, fiquei com um e mandei o outro para ele com o seguinte bilhete.

Quando eu voltar das férias nós tiraremos uma foto nossa e vamos colocar nos colares, o vendedor falou que tem magia neles, que se usarmos nós saberemos que o outro está por perto, te vejo logo.

Lyra.

No Natal Hermione e seus pais vieram para o jantar, foi um dos natais mais animados que eu já tive em toda a minha vida.

Quando estavam todos na sala eu puxei Hermione para o meu quarto e a sentei na minha cama.

–Hermione... – Comecei.

–Não Lyra, não é nada disso. –Ela tentou se explicar já sabendo o que eu iria falar.

–Você gosta do Nate.

–Shiiiiiiu. –Ela colocou a mão na minha boca pedindo que eu ficasse quieta. –Como você descobriu?

–Ah, Hermione, não vale a pena.

–Por quê? –Ela bateu o pé. –Você gosta dele, é isso?

–Não... Olhe vamos lá para baixo e eu quero que você olhe para o Nate e veja como ele se comporta perto da Rose sim, veja bem.

Desci junto com ela e pelo resto da noite Hermione observou meu irmão e eu a observei vi aos poucos o modo como ela notou a devoção do Nate para Rose e vice-versa e vi também o momento em que ela percebeu que não tinha chance alguma.

Hermione saiu para o banheiro e eu fui atrás dela.

–Ele... ele gosta dela. –Ela falou notando que eu vinha atrás dela, sua voz parecia triste.

–Sim, ele gosta. Desde que me entendo por gente eles dois se gostam, não queria que você notasse isso tarde demais e sofresse muito entende? –Perguntei.

–Eu não estou triste Lyra, nunca iria dar certo mesmo, eu tenho que me concentrar nos meus estudos, não posso me dar ao luxo de namorar agora. –Ela falou empinando o queixo.

Eu ri.

–É, você tem razão. –Falei.

Voltamos para a sala e Hermione parecia se esforçar para sorrir e eu sei que quando chegasse em casa ela iria chorar, mas sei também que no dia de ir para Hogwarts ela estaria de queixo empinado sendo a sabe-tudo irritante que sempre foi, iria superar isso tudo, por que ela é esse tipo de garota!