–Ui, que cara séria- rui e deu um empurrãozinho com o ombro- fala, vai.

–Eu...eu.. a verdade é que...-O professor chegou mandando todos irem para seus lugares- No final das aulas eu te conto- suspirei aliviado, é, acho que ainda não era a hora.

–Ok, mas é algo sério?- franziu o cenho.

–Não, quer dizer...talvez, quem vai definir se é sério ou não é você.

– Peeta, você esta me deixando curiosa.

–Não precisa ficar, logo você vai saber o que é- sorri.

– Bem melhor assim – sorriu- você sorrindo, aquela sua cara séria me assusta- arregalou os olhos de brincadeira e nós rimos.

Quando o sinal anunciando o fim da ultima aula tocou, eu já estava suando e minhas mãos tremiam.

–Vamos coisa linda, eu estou louca para chegar em casa, deitar e dormir, e só acordar amanhã. Você vem comigo lá pra casa né? – fez bico e eu mais uma vez senti vontade de morde-la, é, a mania pega.

–Claro que vou – beijei sua bochecha.

–Hum.. então vamos- pegou minha mão me puxando.

– Primeiro preciso passar em casa, tomar um banho e trocar de roupa, se você quiser ir sozinha na frente, tudo bem, eu não demoro.

– não, tudo bem, eu vou com você para sua casa e espero você se trocar.

– Tem certeza?

–uhum.

–Então vamos – Depois de vir o caminho inteiro rindo de nossas palhaçadas, nós chegamos em minha casa, tomei banho e troquei de roupa, quando sai do banheiro ela me esperava deitada em minha cama, quando me abrir a porta do banheiro, Katniss se levantou – Vamos, pequena- peguei as chaves e meu celular.

–Vamos, princeso- olhei feio para ela que gargalhou – Para de ser chato vai, eu gosto de te chamar assim – me abraçou e mordeu meu ombro- você é meu princeso, peeta – deu um sorriso fofo, a quem eu quero enganar? Katniss é toda linda, toda meiga, e é toda minha, mesmo que ainda não saiba, ainda.

–Tudo bem, difícil vai ser eu me acostumar com isso, porque você simplesmente não pode ser uma pessoa normal e me chamar de príncipe? soa menos gay.

–Ah! Porque príncipe é muito clichê, e meu amor: você pode parecer tudo, menos um gay, acredite!- ela piscou e saiu me puxando.

Ela tinha esquentado e dividido para nós dois o almoço que a mãe dela avia deixado preparado. Nós nos encontrávamos deitados abraçados em sua cama, assistindo filme. Sempre fazíamos isso, na casa dela ou na minha, e assim passávamos a tarde toda, ela passava levemente os dedos em minha barriga por baixo da camisa, sua cabeça em meu peito, enquanto eu fazia carinho em seu cabelo, eu muitas vezes ouvia a batida de seu coração contra mim, calmo e lento, era uma das melhores sensações que já senti.

–Vida?- eu poderia morrer, mas morreria feliz se essas fossem as ultimas palavras que escutasse.

–Hum- murmurei para que ela continuasse.

– O que você queria me dizer hoje na escola? – meu coração acelerou e eu fiquei mudo – me conta, vai – levantou a cabeça para olhar em meus olhos.

Era agora, eu tinha que contar, olhando em seus olhos, os olhos mais lindos que já vi, eles eram azuis, que brilhavam mais que tudo. Como alguém poderia não se apaixonar por ela? Katniss era perfeita, meiga, brincalhona, sincera e linda. Só em pensar nela meu coração acelerava. Perdi a conta de quantas noites de sono perdi só em ficar imaginando qual seria o gosto do seu beijo, e o que ela diria? E se rejeitasse? E se ela se afastasse de mim? Era esse maldito “e se” que me impedia, mas li uma vez que era melhor se arrepender por algo que fez do que se arrepender por algo que deixou de fazer. Afastei a mecha de cabelo que caia cobrindo parte de seu rosto, olhei em seus olhos mais uma vez e me aproximei, Katniss me olhava confusa, mas ao me aproximar mais, tocando seu nariz no meu, seus olhos desviaram para minha boca, e ali permaneceram até que quebrei a distancia que separava nossos lábios. Foi como se eu tivesse levado um choque, senti seu coração disparar contra mim, e percebi que não tinha sido o único a sentir aquela sensação de choque. Nossas bocas se movimentavam lentamente, e eu quis que o tempo parasse ali, para sempre, seus lábios eram doces, tinham o gosto de cereja, a fruta preferida dela, que a partir de agora tenho certeza que viraria a minha preferida também, separamos nossas bocas devagar, respirações aceleradas, com ela ainda em cima de mim, abri os olhos e a vi ainda e olhos fechados. Eu tinha que terminar o que comecei, era a hora de contar tudo que guardei esse tempo todo.

– Eu amo você– eu disse e ela abriu os olhos- sempre fui apaixonado por você, só nunca fui corajoso o suficiente para te contar- ela me olhava sem esboçar nenhuma reação- você esta me deixando maluco por não falar nada – ri nervoso- você não vai mesmo falar nada?- ela pareceu se tocar que estava parada sem dizer nada e se sentou na cama, picou algumas vezes e me olhou.

–V-você é apaixonado por mim? Balancei a cabeça confirmando, olhando-a nos olhos, e vi a confusão ali- V-você não esta brincando né? – se levantou e começou a andar de uma lado para o outro- Hoje é o dia da mentira, é isso, você está só brincando e...

–Não, claro que não- interrompi, e me levantei- Eu nunca brincaria com uma coisa dessas, e nem colocaria nossa amizade em risco por brincadeiras idiotas, confesso que no começo pensei em usar o dia da mentira como desculpa caso você me rejeitasse ou se afastasse de mim, mas eu não conseguiria, por mais que eu sinta medo, eu não conseguiria, porque isso que eu sinto é de verdade, e é forte de mais para voltar atrás, eu não conseguiria negar e dizer que tudo foi uma brincadeira, eu te amo Katniss, essa é toda a verdade – Ela passou as mãos pelo cabelo, estava nervosa, me sentei na cama novamente- Olha...é melhor você esquecer isso- engoli em seco e ela me olhou- Eu nem sei porque contei isso, era melhor continuar guardando isso só para mim – dei um sorriso triste. Onde eu estava com a cabeça? Ele só me via com um amigo, era isso.

–Peeta, olha...eu..eu só preciso pensar – se aproximou e se sentou na cama de frente para mim- esta tudo confuso na minha cabeça, eu nunca imaginei que você diria algo assim- me olhou nos olhos- só não me olha tristinho assim, por favor, eu me odeio por estar magoando você agora.- me aproximei mais e peguei suas mãos entrelaçando com as minhas, ela olhou nossas mãos juntas.

–Tudo bem, não é culpa sua- voltou a me olhar- eu..só me promete que não vai se afastar de mim por isso- ela apertou nossas mãos.

–Nunca faria isso- sorriu- nem se eu quisesse. Só me da um tempo pra pensar em tudo isso que acabou de acontecer, foi muita coisa de uma só vez, e você sabe que sou meio lerdinha – concordei e nós rimos.

–Então eu vou para minha casa agora, e deixar você pensando em tudo, ok?

–Ok – me levantei e peguei minhas coisas- te vejo amanhã na escola? – ela assentiu- posso te dar um abraço?- ela fez cara de brava e se levantou para vir me abraçar.

–A próxima vez que você pedir para me abraçar você apanha, ‘tá ouvindo?- mordeu minha bochecha- pode me abraçar quando quiser, princeso- sorri.

–Tudo bem, me desculpe- a apertei mais em meus braços- eu amo você pequena- beijei sua testa e nos separamos- pensa com carinho em tudo isso ‘tá?.

–uhum- ela me levou até a porta e eu não sabia como me despedir – Vai com cuidado ‘tá? – sorri com sua preocupação, me despedi dando um beijo demorado em sua bochecha e comecei a andar, não havia dado nem cinco passos quando me virei para olha-la.-

–Obrigado por não surtar- Katniss sorriu e eu me virei voltando a andar em direção a minha casa.