– Quanto que ficou a corrida, moço? - perguntei ao motorista

– 15 doláres - ele respondeu saindo do carro

Tirei uma nota de vinte da carteira e a guardei novamente na bolsa.

– Aqui - dei a nota pro motorista que deixava minhas malas no passeio - Pode ficar com o troco - eu disse puxando as duas malas roxas.

O motorista deu a partida no carro e esperei até que ele fizesse a curva. Parei em frente de casa e tudo parecia igual. Apenas a grama que me parecia um pouco mais verde. O caminho até a varanda parecia mais difícil de caminhar. Deveria ser o salto que estava usando. Parei no meio do caminho. Era difícil para eu voltar a realidade. Só de pensar que eu encontraria apenas Jeremy, meu irmao mais novo, e Jenna, minha tia e agora minha guardiã legal, batia uma tristeza. Tristeza por não encontrar meus pais ali. Olhei para o céu que estava estrelado e falei baixinho pra mim mesma. Calma, Elena, calma. Coloca um sorriso no rosto e vamos em frente. Voltei a caminhar e quando me dei conta já tinha batido a campainha. Ding-Dong.

– Deixa que eu atendo - disse uma voz masculina. E eu tinha certeza que não era o Jeremy, era uma voz meio rouca.

– Pois não? - um homem moreno dos olhos e cabelos castanho abriu a porta. Meu deus, que lindo! Fitei o belo rapaz a minha frente.

– Oi, acho que bati na casa certa né? - Dei uma conferida rápida no número da casa logo ao lado da porta. - Tia Jenna está?

– Sim - ele respondeu rindo - Você bateu na casa certa.

– Prazer, Elena! - olhei pra baixo meio envergonhada. Ele era muito bonito.

– Eu sei - rimos juntos - Prazer, Alaric - ele me estendeu a mão e eu a apertei - Mas pode me chamar de Ric. - ele sorriu.

Ficamos segundos nos fitamos e então ele quebrou o silêncio.

– Entra - ele abriu a porta me dando passagem.

Entrei e soltei um 'obrigada' baixinho. Deixei minhas malas no pé da escada e fui para a cozinha. Estava com um cheiro tão bom.

– Oi gente! - parei perto do balcão esperando tia Jenna e Jeremy me notarem.

– Elena - eles disseram uníssono.

– Sou eu - disse rindo recebendo logo em seguida um abraço caloroso de Jeremy e tia Jenna.

– Que saudades! - tia Jenna disse me soltando do abraço - Mas você não vinha amanhã?

– Sim, mas ai adiantaram os voos pra hoje por causa de uma suspeita de temporal. Não disse nada porque queria fazer surpresa.

– Que surpresa ótima! - exclamou Jeremy - Estavamos morrendo de saudades.

– Eu também, Jer - eu olhei carinhosamente pros dois que estavam eufóricos.

– Elena, coloquei suas malas no seu quarto. - disse Alaric enquanto chegava na cozinha.

– Obrigada, Ric - Sorri

– Ah, meu Deus, me desculpem. - Tia Jenna agarrou o braço de Alaric - Alaric, Elena. Elena, Alaric, meu namorado. - tia Jenna nos apresentou.

– Já nos conhecemos - dissemos juntos.

Tia Jenna tem sorte. Encontrou um partidão. Pensei.

– E então, o que temos para o jantar. Estou morta de fome. - disse sentando numa cadeira.

– Adivinha? Lasanha!! - tia Jenna retirou a lasanha do forno e a colocou na mesa.

– Oba! - disse animada e já fui logo servindo o meu prato.

Foi um ótimo jantar. Ficamos por ali um tempo bom. Eu contando sobre a viagem e tia Jenna e Jeremy fazendo perguntas. Ric ouvia tudo calado. Após dar um bom resumo de dois anos e ter respondido algumas perguntas, levantei da mesa.

– Gente, agora eu vou subir pra poder tomar um banho porque eu estou muito cansada. - os três fizeram que sim com a cabeça e eu logo me despedi após um leve bocejo - Boa noite!

– Boa noite - eles disseram de volta pra mim.

Subi as escadas devagar observando cada detalhe da minha casa. Estava tudo no seu perfeito lugar. Chegando no meu quarto, acendi a luz e tudo estava do jeitinho que eu tinha deixado: as fotos no espelho era a mesma, o quadro na cabeceira da cama, o meu ursinho de pelúcia em cima da cama. Mas o que mais me preocupava não estava a vista, estava escondido. Fui até a janela que dava de frente pra rua e levantei a espuma onde eu sentava para olha a rua. E ele estava lá, intocável e impecável. Deixei ele onde estava e abaixei a espuma.

Abri a janela para entrar um ar e então notei que um carro azul tinha parado na casa ao lado. Quando deixei Mystic Falls a casa estava à venda. E agora parecia ter um novo morador ou moradora. Foi então que uma figura masculina desceu no carro. Era um daqueles carros antigos, parecia de colecionador. Ele trancou a porta do motorista e se dirigiu até o jardim da casa que estava iluminado. Ele usava calça jeans escura, uma camisa de mangas curtas pretas e sapatos também pretos. Ele caminhava devagar pelo jardim. Me dirigi para a janela lateral para poder observa-lo melhor. Ele aparentava ser mais velho que eu, mas mais novo que Alaric. Seus cabelos eram negros como a noite. Ele caminhava fitando o chão. Eu queria saber como seu rosto era. Olha pra cima, olha pra cima disse baixinho. Parece até que ele tinha me ouvido, porque no mesmo instante ele olhou para mim. Bem, eu não sei se era pra mim, mas que parecia que era pra mim, parecia. Eu não tive vontade de me esconder como eu fazia com todos. Eu só tinha vontade de poder detalhar seu rosto. E consegui. Ele deu um sorrisinho e pude notar como ele era. Tinha um rosto que parecia esculpido de tão lindo que era. Seus olhos eram tão azuis, que mesmo de longe, parecia hipnotizante. E que sorriso!! Ele chegou na varando subiu o primeiro degrau e parou. Eu continuei observando-o. Porém, desta vez, ele não olhou para cima, apenas balançou a cabeça e entrou. Soltei um suspiro. Mas que lindo! Mystic Falls tem melhorado. Primeiro Ric, agora este rapaz. Fiquei um pouco mais na janela, mas não houve nenhum movimento do moreno. Fui então em direção ao banheiro. Tranquei a porta, tirei minhas roupas e fui pra debaixo do chuveiro. Deixei a água morna cair em meus ombros pra poder dar uma relaxada. Estava realmente muito cansada. Fiquei um pouco mais do que o costume no banho. Fechei a torneira, peguei a toalha e me enxuguei. Enrolei na toalha e fui até o meu quarto. Abri a primeira gaveta da comoda e peguei um pijaminha velho que eu havia esquecido ali. Vesti. Caminhei até a cama, tirei o edredom e me deitei. Apaguei a luz do quarto. Hoje não iria ter tempo nem de fazer planos. Virei pro lado e logo adormeci.