Is This A Bad Dream? escrita por Bluny


Capítulo 12
Rainha do inferno


Notas iniciais do capítulo

[Estranho... Não encontrei a Anne em lugar nenhum... *encontra bilhetinho]
"Estou lutando contra um demônio, volto logo ~~provavelmente"
[Hum... Legal! E como vão vocês leitores de maçã caramelizada? De bem com a cruel e monótona ~talvez nem tanto~ vida? Eu estou entediada!]
[-3- Sem a Anne eu fico sem nada pra fazer]
[Mas então... Boa leitura!]



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/353794/chapter/12

Alguém me segurou, mas eu o lancei ao chão com um golpe. Não os machuque! Não? Porque não? São meus amigos! São seus amigos, eu não tenho nada a ver com isso. A consciência da garotinha ainda luta? Estranho. Aquele que me libertasse do livro deveria ter sua alma destruída. A não ser que...

Senhorita?

Virei-me para os mortais que estavam encarando-me com uma expressão de choque. Quando falei, minha voz soou fria, e parecendo triplicada.

Quem é esta a quem você chama de senhorita? Espero que não esteja falando comigo.

–---------------------------------------

Narrador

Os irmãos ruivos e o mordomo encaravam a pequena com olhos perplexos. Em um momento, ela estava apenas observando o livro, que aos olhos dos outros estava em branco, quando se levantou e começou a chorar. Os olhos dela, antes de um belo azul, estavam negros como as sombras de uma noite escura. No que pareceu um movimento involuntário, a pequena loira tinha acabado de lançar Josh ao chão com uma força descomunal. O mordomo foi o primeiro a quebrar o silêncio sombrio.

—Se você não deseja ser chamada de senhorita, diga-nos, então, seu nome.

A loira voltou seus olhos enegrecidos a Henry.

Tolos são os mortais que não me reconhecem. – Disse ela, com um sorriso estranho, que não combinava com o rosto gentil da garotinha. –Sou a deusa das trevas. O terror dos pesadelos. A rainha do inferno. A cobra negra. Para vocês, mortais, sou Syvil, a mãe dos demônios. A origem da maldição.

O mordomo gelou. Ele temia que ela dissesse isso. O ruivo pôs-se de pé, com o olhar repentinamente furioso.

—Não me importo nem um pouco com quem você é ou deixa de ser, eu só quero que você saia da Anne e volte para o buraco infernal de onde você veio.

Tudo o que a garotinha, ou melhor, tudo o que Syvil fez, foi lançar ao ruivo um olhar de desprezo.

Garoto ingênuo. Passei milhares de anos neste livro. Se você pensa que pode me fazer voltar para lá, é tolo como qualquer outro mortal. Sua raça se acha tão superior. Prenderam-me nisso pensando que podia conter meu poder.

Os olhos dele encheram-se de raiva e ele aproximou-se um passo, mas foi interrompido pela mão de Henry em seu ombro. O olhar do mordomo era de alerta.

—Lembre-se de que está é a Anne. Não podemos machuca-la.

Ele enfim cedeu, realmente não queria ferir a garotinha, mesmo que talvez não fosse mais a garotinha.

Não tenho tempo para gastar com mortais inúteis. Meus planos se estendem além deste planeta que vocês chamam de Terra.

Dito isso, Syvil começou a andar em direção à janela, sendo parada pelo ruivo, que a segurou pelo pulso.

Onde você pensa que vai com a minha cogumelo?

Syvil sorriu.

Tsc... Tsc...

Com esse único som, uma onda de agonia lançou-se sobre Josh. Todos os seus medos entraram em sua mente, todos os seus maiores pesadelos trazidos de volta à tona. Gritos dolorosos saíram de sua boca, e seu corpo todo se retorcia. Mesmo assim, ele não a soltou. Segurava-se ao pulso da pequena como se fosse a única coisa que o mantinha ancorado à vida. Talvez realmente fosse.

O mordomo assistia à cena sem reação, e o pequeno Colin estava completamente aterrorizado.

Como um mortal como você consegue resistir às trevas? –Indagou o demônio, com a testa franzida.

Josh arfava, e seus olhos se reviravam nas órbitas, mesmo neste estado, ele ainda encontrava forças para manter-se preso à loira. Fazendo um esforço enorme, ele conseguiu proferir algumas palavras.

—Você... N- não vai- Ele se interrompeu, seu corpo tremendo. –Não vai levar... A Anne.

Syvil levantou as sobrancelhas, e ele rugiu de dor. Seus joelhos cederam, derrubando consigo a pequena, mas sua mão continuou firme.

Ainda suportando? Duvido você aguentar isso– Ela se curvou como se tivesse recebido um golpe inesperado. Um pouco do brilho de safira retomou seu olhar, junto com lágrimas que caíam incessantemente. Sua voz era novamente a de Anne. –J- Josh... M- me desculpe... Eu- Ela estremeceu. –Inútil! Porque sua alma simplesmente não se desintegra, mortal?!

O mordomo saiu do transe, percebendo a situação.

—Senhorita? Consegue nos ouvir?

Aquela tola está morta! Este corpo é MEU! –Gritou Syvil, fazendo a casa estremecer.

Repentinamente, Henry teve uma ideia. Pegou novamente o livro, e o atirou ao pequeno ruivo, que ainda contemplava o irmão, agora estatelado no chão. Colin segurou o livro por reflexo, sua atenção desviando-se por um instante.

—Se a prenderam aí uma vez, podemos prendê-la novamente. Encontre alguma coisa que fale sobre isso. E rápido.

O pequenino assentiu, começando a folhear o livro com muita atenção. O mordomo virou-se novamente para o demônio, que estava de joelhos, estremecendo violentamente, como se algo o agredisse por dentro. Resista senhorita. Pensou.

T- Tolo m- mortal... – Sibilou Syvil.

Ele aproximou-se do ruivo, que jazia imóvel no chão, de olhos abertos, a mão ainda segurando o pulso da loira. Ele não pôde dizer se Josh estava vivo ou não, não parecia respirar...

—Achei! –Exclamou Colin. –Parece que é um tipo de ritual, mas tem uma coisa que eu não sei se posso fazer...

—E o que é? Temos que nos apressar!

O garotinho explicou-lhe tudo, exatamente como dizia no livro. O mordomo ficou atônito por um instante, mas logo se decidiu.

—Se é isso que o que temos de fazer, nós o faremos. Vá buscar o necessário, enquanto eu arrumo as coisas por aqui.

O ruivinho assentiu novamente, retirando-se. Decidido, ele se dirigiu até a garota, que agora arquejava. Henry sentiu a raiva aflorando em seu peito. Aquele demônio estava ferindo sua senhorita e ele não poderia fazer nada sem machuca-la. Colocou a mão no ombro dela com cuidado, temendo uma reação violenta, mas a garotinha não demonstrou nenhum sinal de ter notado o contato.

—Não se preocupe... Eu vou tirar isso de você. –Sussurrou ele, mais para si do que para a garotinha.

Ele a levantou, mas ela começou a se debater, gritar e chorar, seus olhos pendendo entre o azul e o preto, como se nenhuma das duas conseguisse o pleno controle do corpo. Henry a colocou no sofá, e assim que ele a soltou, ela ficou em silêncio novamente, como se não pudesse permitir que interferissem na luta interior que estava travando.

Colin adentrou novamente a sala, trazendo consigo uma bolsa cheia de instrumentos metálicos. Ele entregou-os a Henry, que os olhou com receio, mas os pegou. O olhar do pequeno foi veloz para o irmão, ainda deitado imóvel. Seus olhos se arregalaram, e ele correu e debruçou-se sobre o mais velho. Os olhos verdes de Josh ainda estavam abertos, agora sem nenhuma expressão. O pequeno não gritou, não chorou, não sabia o que fazer.

—Ele... Vai ficar bem? –Perguntou com receio.

O olhar de Henry entristeceu.

—Sinceramente, eu não sei dizer.

O mordomo recusou-se a deixar o ruivo lá caído, então o levantou e colocou-o ao lado da loira, no sofá.

—Temos que tirar isso da Onee-chan.

Henry assentiu. O pequeno pegou o livro e ambos se colocaram em frente à Anne, que estava deitada retorcendo-se. O mordomo pegou um bisturi de dentro da bolsa.

—Comece.

Colin, então, iniciou o ritual. Colocando as pequenas mãos em ambos os lados da face da garota, ele proferiu as seguintes frases.

“Tu, que andas pela terra dos mortos e mortais, que assombras os puros, que obriga-nos a viver uma vida fadada ao desespero, saía de onde se escondes. Revele-nos vossa face!”

A garotinha começou a gritar, mas não com sua voz, gritava com a voz de Syvil. Colin acenou com a cabeça, era a hora de Henry fazer o que tinha de ser feito. Pegando o bisturi, o mordomo usou-o para marcar a pele da garota com o símbolo que o pequeno havia mostrado. Com cuidado e pesar, ele desenhou duas estrelas abaixo de um meio círculo na perna oposta à cicatriz da pequena. Quando a lâmina tocou a pele da garota, ela começou a gritar mais alto, dessa vez ambas as garotas agonizavam a mesma dor. Terminada a marca, ao invés de virar sangue, o corte fechou-se e se tornou apenas uma cicatriz negra.

“Tua existência é um fardo, tua alma é negra e teu coração é feito de trevas. Esse corpo mortal não pertence a vós. EM NOME DE TUDO O QUE É SANTO, EU VOS ORDENO: REVELE-SE!”

Anne, ou Syvil, ficou completamente imóvel, e depois inspirou profundamente. Soltou o ar pela boca, liberando, também, uma espessa névoa escura, que espiralou no ar por um instante, e depois se transformou em uma cobra negra, apenas para desaparecer janela afora. Colin encarou o livro, como se algo não estivesse certo.

—O que aconteceu? Era para o demônio estar preso no livro. Será que eu-

Ele foi interrompido pela tosse da pequena. Ela se apoiou nas mãos para se sentar, enquanto seus olhos novamente de um azul puro se abriam devagar.

Anne

As únicas lembranças que conservo dos acontecimentos anteriores são que eu nunca senti tanta dor em minha vida. O demônio tentava de todas as formas me fazer desistir de viver, para que minha alma fosse substituída. Eu iria perder se não fosse por Josh. Não aguentei me ver ferindo ele. Mesmo que não tenha sido completamente minha culpa, nunca irei me perdoar.

Abri os olhos lentamente, recusando-me a dormir mais uma vez, e me apoiei em minhas mãos para levantar-me. Senti algo cair atrás de mim e ao virar-me, o que eu vi fez meu coração falhar uma batida. Josh jazia deitado de olhos semicerrados, mas ele estava muito pálido. Coloquei minha mão em seu rosto, ele também estava frio. Não. Não! Não pode ser...

—Josh? Josh? JOSH! –Ele não deu nenhum sinal... Nenhum sinal de que estava vivo.

Sem que eu percebesse, lágrimas silenciosas escorreram por minha face. Seus olhos verdes estavam tão sem vida... O que aconteceu com meu ruivo? Perguntei-me, temendo pela resposta que logo chegou. Eu o matei. Comecei a soluçar involuntariamente, e abracei o corpo sem vida de Josh. Foi como se tivessem arrancado um pedaço de mim, a dor foi maior do que qualquer coisa que eu já sofri, não tinha comparação.

—Josh... Josh... –Comecei a sussurrar seu nome indefinidamente, talvez com a esperança de que ele me ouvisse.

Henry e Colin me observavam em silêncio, mas eu não ligava, a única coisa que me importava era meu ruivo, que agora estava morto em meus braços. Podiam ter se passado minutos, horas, dias... Mas só depois de muito tempo foi que eu desisti de chorar. Fechei seus olhos e abracei-o com todas as minhas forças. Por fim, encostei meus lábios em sua testa, como uma última despedida.

Comecei a levantar-me, pois até o momento eu estava deitada sobre ele, mas algo me impediu. Percebi que a mão de Josh segurava meu braço. Olhei para seu rosto, que continuava completamente sem vida e tentei desvencilhar-me devagar. Sua mão simplesmente não soltava meu braço, e quando tentei puxar, seus dedos apertaram e meu coração disparou. Será? Olhei para seu rosto muito atentamente e me aproximei, ficando cara a cara com ele. Para meu profundo alívio e felicidade, senti sua respiração fraca em meu rosto.

—Josh? –Perguntei gentilmente, colocando minhas mãos em seu rosto. –Consegue me ouvir?

Ele não respondeu.

—Josh! –Exclamei desesperada.

Mais silêncio. Fechei meus olhos, e rezei mentalmente. Mas um murmúrio me fez abri-los num instante.

—P- pare de chorar... Está molhando minha camisa. –Disse o ruivo, fazendo um esforço evidente para falar.

Sequei minhas lágrimas e não pude evitar sorrir. Mesmo depois de quase ter morrido, ele ainda tira sarro de mim. É o meu ruivo.

—Seu... Idiota! –Exclamei. –Você me faz quase me matar de chorar, pensando que você estivesse morto, e você simplesmente... Acorda!

Ele riu e depois levantou uma sobrancelha.

—Então você estava preocupada comigo? –Perguntou, com um sorrisinho.

Fuzilei-o com o olhar, e ele sorriu mais ainda. Henry pigarreou, nos lembrando de que isso não estava acabado. Olhei para Colin, que estava com uma cara de completa perplexidade.

—O que foi Colin? –Questionou Josh.

O pequeno correu em direção ao irmão, e deu um soco no braço dele.

—Ai! Porque você fez isso? –Reclamou Josh.

—Porque você me deixou triste, droga! –Exclamou em resposta.

Josh revirou os olhos e eu ri, mas parei imediatamente, lembrando-me de que tinha coisas importantes para resolver.

—O que aconteceu com... Aquilo? –Perguntei a Henry, apontando para o livro.

—O demônio conseguiu escapar, e não sabemos para onde. –Respondeu-me. –Mas agora, vocês tem um assunto pendente. Escola.

Eu e o ruivo nos entreolhamos.

—Eu já conversei com o diretor, e dei uma desculpa muito convincente para as faltas de vocês. Ele disse que vocês só precisam fazer um trabalho para repor, mas não devem mais faltar.

—Eu fui espancada, sequestrada, possuída, e ainda tenho que estudar.

Mesmo assim, eu me senti aliviada por minha vida ter voltado ao normal. Ou melhor... Quase normal.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

[Anneeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee! EU SENTI TANTA SAUDADEEEEE!]
Anne: Veesh e-e Eu disse que ~~provavelmente~~ voltaria logo u-u
[Sem você eu não tenho nada pra fazer nas notas T3T]
Anne: Onwt! Então quer dizer que você precisa de mim?
[Hm... Não.]
Anne: Gah! Então porque tava tão triste?
[Porque... Você é tipo uma bonequinho que deixa minha vida mais divertida :>]
Anne: Anhé! Isso foi cruel Ç-Ç
[Eu sei c: E aí leitores? Gostaram :D? Odiaram D:? Querem uma Anne de presente :/? Comentem!]
Anne: ÊPA, ÊPA, ÊPA! Como assim uma Anne de presente?
[Temos de vários tamanhos! Desde pequeno~ou normal~ até o tamanho impossivelmente menor!]
Anne: Ei! Isso foi rude!
[Bjon *3* E o frete é grátis!]
Anne: Não aprovo! ºnº



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Is This A Bad Dream?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.