Amá-lo é como dirigir um Maserati novo por uma rua sem saída

Mais rápido que o vento, apaixonante como o pecado

O carro preto passou por eles em alta velocidade, normal eles se exibirem, isso era o que melhor faziam. Os olhos perolados se perderam no Maserati por um momento, ela tinha curiosidade de um dia dirigir um carro daqueles, talvez até ter um, mas se contentava com a sua Mercedes branca e lustrosa. Suspirou, os Uchihas eram tão bem renomados quanto os Hyuugas e iam exatamente no mesmo lugar que estavam. Deviam estar procurando um lugar para estacionar, o lugar estava cheio de celebridades e famílias bem sucedidas, mais um evento marcante na sociedade.

Os Hyuugas contribuíam para uma das instituições que iam se apresentar aquele dia, provavelmente os Uchihas também, então o encontro seria inevitável, os dois maiores banqueiros do Japão bateriam de frente. Isso podia deixar alguns apavorados, Hinata e Neji, mas outros dois se divertiam com isso, Sasuke e Itachi. O encontro entre os dois rivais sempre rendia boas fofocas e brigas. Eles não se davam muito bem.

Hinata seguiu junto com o pai e o primo para a entrada do salão. Fotógrafos e repórteres tentaram falar com os Hyuugas, mas ganharam apenas uma olhada de Hiashi, um aceno de Neji e um sorriso doce de Hinata que rendeu alguns flashes.

O salão estava lotado de pessoas que cumprimentavam os Hyuugas, querendo atenção de um dos mais bem sucedidos bancários do país. Hinata cumprimentava a todos docemente, mostrando gentileza e delicadeza, no caminho ela parou para conversar com alguns amigos, se separando assim de seu pai e primo.

– Hoje está de verdade agitado... Faz tempo que não vejo tanta gente junta assim. – ela ouviu Temari comentar.

– Pois é, parece até que os Uchihas virão a esse evento, isso é algo a se comentar. – Ino concordou dando uma pequena olhada para a morena, sabia sobre a antipatia da Hyuuga perante a eles.

– Vi os irmãos chegando num Maserati preto. – ela comentou rolando os olhos. ­– Estavam se exibindo, como sempre.

Ino sorriu para a amiga, só mesmo eles para mostrarem o lado que poucos conheciam da jovem.

– Ainda não entendo porque disso, somente por serem concorrentes? – Temari perguntou revirando os olhos.

– Eles são arrogantes e mentirosos, só fazem ações beneficentes para cortar o imposto de renda, e não por gostarem realmente disso. – reclamou com asco.

– Não fale muito você também, Hina-chan. – Ino disse sorrindo. – Seu pai não mostra muito agrado por isso também.

– Mas pelo menos eu gosto disso, não importa, pelo menos eu me importo com as pessoas e os animais, já eles, nenhum mostra nada de diferente perante isso. – ela revidou. – Dão sempre os mesmos discursos bobões, as mesmas falas, tudo escrito pelas secretárias... Eu escrevo tudo sozinha... – defendeu-se e ficou em silêncio observando a entrada.

Eles eram elegantes e bonitos, isso era inegável para qualquer um. Entraram no salão atraindo os mais diversos olhares e pessoas que queriam cumprimentá-los. Hinata chiou, se distanciando das amigas e indo para o lado do pai que continuava conversando sem dar muita importância para os quatro que adentravam no salão. Apenas percebeu a presença dos seus rivais nos negócios quando um dos seus sócios comentou o fato.

Notou que Hinata havia se sentado ao seu lado e sorriu com isso, sabia do asco que ela sentia perante aos Uchihas. Ele imaginava como sua primogênita iria reagir perante o novo acordo entre os bancos, não tinha comentado isso com ela ainda, mas sabia que deveria falar logo antes que um dos Uchihas ou Neji comentasse algo sobre. Mas aquele acordo beneficiaria ambas as empresas bancárias e com isso eles cresceriam ainda mais.

– Tenho que lhe contar uma coisa, Hinata. – o Hyuuga disse a encarando por um momento.

– Pode falar, otou-sama. – a moça falou o encarando de volta.

– Temos novos sócios e eles provavelmente se sentaram conosco essa noite. – contou ele observando a reação da filha. – Fiz essa associação para já deixar tudo acertado quando assumisse tudo. – afirmou vendo a garota sorrir docemente.

– E quem são nossos novos aliados, otou-sama? – ela perguntou se mostrando curiosa.

Quando Hiashi ia responder, a figura de seu sobrinho cruzou os seus olhos trazendo os Uchihas que conversavam com Neji sobre algo que parecia interessar a ambos e ele se calou.

– Encontrei-os próximos ao Sr. Truter. – contou sorrindo para o tio. Tinha cumprido as suas ordens como combinado.

– Hiashi-san, que bom que nos encontramos de novo. – os olhos de Hinata se arregalaram um pouquinho com a visão de Uchiha Fugaku cumprimentando seu pai de forma agradável, mas seus belos orbes perolados se arregalaram mais quando seu pai o cumprimentou da mesma forma.

– Nossos novos aliados, Hinata. – ele os apresentou sorrindo meio incerto para a filha.

A Hyuuga demorou um pouco para reagir, mas logo sua expressão surpresa mudou para uma doce, pelo menos a mais doce que ela conseguiu fingir.

– É um prazer finalmente conhecê-lo, Uchiha-sama. – a jovem o cumprimentou sorrindo e lhe estendendo a mão que foi apertada suavemente.

– Hiashi-san sempre tem me falado muito de você. – Fugaku falou dando um fino sorriso para a moça. – Bem, nossas empresas estarão em boas mãos com você e Itachi cuidando de tudo. – afirmou soltando a mão dela.

A única coisa que Hinata conseguiu fazer foi sorrir de forma um tanto forçada e se virar para o pai, o olhando de forma não tão agradável. As apresentações não se demoraram, os irmãos Uchihas não estavam lá, por isso foram apresentados apenas a Senhora Uchiha, Mikoto, que tinha uma aparência muito agradável, diferente dos outros dois. Sentaram-se novamente a mesa e passaram a discutir assuntos das empresas, os quais se estenderam por um bom tempo. Hinata se viu livre do pai e do novo sócio quando suas amigas vieram chamá-la para dançar um pouco num outro ambiente que tinha DJ e um quiosque de bebidas.

– Graças a Kami-sama que vocês me tiraram de lá... Já não aguentava mais. – ela reclamou quando se sentaram em uma das cadeiras do balcão do quiosque.

– Não é pra tanto, Hina-chan. – Temari revidou rindo. – Agora terá que aturá-los, serão sócios... Vão ter que se dar bem.

– Eu sei. – a Hyuuga falou se mostrando chateada. – Mas isso que não me agrada. – reclamou.

– Podia tentar se socializar, eles estão vindo pedir uma bebida também. – Ino falou rindo e apontando com a taça que acabara de receber para a esquerda.

Hinata virou a cabeça tão rápido que poderia ter ouvido estralar se não fosse o barulho da música eletrônica ecoando pelo ambiente. Realmente eram os dois irmãos Uchihas trajando elegantíssimos ternos Armani, Uchiha Itachi era alto, os mesmos olhos ônix da família e tinha um porte bem mais sério comparado ao do mais novo. Já Sasuke tinha a aparência mais jovial e um certo desleixo, mas era igualmente bonito como o mais velho. Os dois podiam ser considerados galãs, pois a maioria da população feminina do lugar estava com os olhos pregados neles. A Hyuuga logicamente reparou nisso, voltando a sua posição inicial sem dar mais bola para os irmãos.

– Não estou a fim de me socializar. – ela falou bebericando da taça. –Farei isso somente quando for necessário.

– Vai trabalhar com eles, Hinata. – Temari a lembrou. – Seria bom que se desse bem pelo menos com um deles...

A Hyuuga bufou e por fim se levantou do banquinho.

– Vamos dançar. – disse. – Vocês me chamaram aqui pra me divertir e não para ficar falando dos Uchihas.

Ino e Temari sorriram balançando a cabeça e as três foram para a pista. Dançaram por um tempo, logicamente que as três chamavam a atenção, mas quem mais chamou a atenção foi a Hyuuga, um dos Uchihas não tirou os olhos dela por nenhum segundo. Isso tudo pelo simples fato de ela estar dançando. Hinata era um tanto quieta, não gostava de se misturar ou ser o centro das atenções, mas naquele dia ela queria extravasar a raiva que sentia por ter sido deixada de lado naquela decisão que seu pai tomara ao concordar em unir os dois grandes bancos. Logicamente que ela tinha noção de que aquilo seria próspero e muito benéfico para todos, mas não lhe agradava de jeito nenhum ter que trabalhar ao lado dos Uchihas.

A música parou, após o anúncio do DJ que as apresentações iriam começar, Hinata se viu perdida num mundo de gente querendo ir para o local que seria as apresentações, com um pouco de dificuldade ela conseguiu encontrar a sua mesa e se sentar ao lado de seu pai. Não se encontrava descabelada ou suada, apenas um pouco cansada por conta da agitação. Os Uchihas logicamente continuavam na mesa, apenas os dois irmãos surgiram depois, se sentando nos lugares que sobraram, um deles do lado de Hinata.

– Herdeiro com herdeira lado a lado, isso parece ser algo bastante promissor. – foi o comentário que não agradou a Hyuuga, mas ela sorriu simpática e dirigiu seu olhar para o homem ao seu lado.

Uchiha Itachi era bonito, mas ela não imagina que ele seria tão bonito assim de perto. Chegou a ficar sem fôlego por um curto momento, mas logo tomou a pose orgulhosa de Hyuuga e os olhares se encontraram. Itachi era perigoso, pois ele acabou atraindo Hinata para si, ouve uma conexão de olhares tão intensa que ela por si só não conseguiu desviar os olhos perolados dos ônix.

Pararam apenas de se encarar quando as apresentações começaram. A jovem pregou seus olhos no palco e não os tirou por um segundo sequer. Ela realmente adorava os pequenos, ria, elogiava, batia palmas, se divertia vendo as crianças e alguns animais que também fizeram apresentações. Após elas, vieram os discursos. Quando os nomes eram chamados, os presidentes ou seus representantes se levantavam e falavam sobre as melhorias que fariam para as crianças ou sobre as apresentações. Logicamente quem melhor discursou com o coração e com mais convicção, foi a Hyuuga. Ela tinha o dom de fazer até mesmo os corações mais duros se emocionarem e isso não passou despercebido por nenhum dos Uchihas. Quando ela retornou a mesa, recebeu os mais diversos elogios sobre como conseguira conquistar a todos com as suas belas palavras.

Foi se servido o jantar, tiveram um pequeno baile, o qual ela dançou com o pai, Neji e mais um intruso que se intrometeu na dança dos primos.

– Permite-me? – o Uchiha perguntou apertando o ombro de Neji.

O Hyuuga olhou meio temeroso para a prima, sabia do desagrado que ela tinha por eles, mas também sabia que ela teria que se acostumar com isso. Por conta disso ele permitiu que Itachi valsasse com ela.

O silêncio permaneceu entre os dois herdeiros, nenhuma palavra foi trocada por um longo tempo. O que Hinata não percebeu foi que Itachi a levava cada vez para mais longe da multidão, ele queria privacidade. A jovem foi só reparar nisso quando eles estavam próximos da parede.

– O que você...? – ela começou o questionando de forma um tanto rude enquanto ele segurava suas mãos e a empurrava para a parede, porem antes que ela concluísse, seus lábios foram tomados e ela ficou sem ação.

Itachi a beijara. Ele a beijara! Como assim ele a beijava sem mais nem menos? Sem nem se conhecerem direito? E ele beijava bem, constatou ela ao ceder passagem para a língua atrevida dele. O Uchiha soltou as suas mãos e ela foi querendo empurrá-lo, mas ele fora mais rápido, a prensou usando seu corpo e a beijou com mais vontade ainda.

Hinata ficou sem ar e sem nenhuma escapatória. Como ele a beijava assim e por que ela também o correspondia? Decidindo não resistir mais, ela passou a querer tomar um pouco o controle das coisas. Brincou com os lábios dele, fazendo com que ele se afastasse um pouco e assim ela tivesse acesso aos cabelos presos, agarrou-lhe pelo pescoço, fazendo assim com que o beijo se tornasse mais intenso. Itachi quase sorriu com isso, teria sorrido se não estivesse ocupado em acompanhar o ritmo que ela impôs. A batalha se tornou mais feroz, mais intensa, as mãos dele desceram pelo corpo dela, o moldando com luxúria, enquanto ela o alucinava travando uma briga entre as línguas que se tornava cada vez mais luxuriante. Logo eles seriam notados naquele canto escuro, um escândalo viria, se não fosse Hinata parar, empurrá-lo de leve e sussurrar-lhe as palavras que o Uchiha jamais imaginaria que ela diria.

– Vamos sair daqui. – ela pediu, logo depois mordicando o lóbulo da orelha.

Itachi quase delirou, como a Hyuuga santinha podia ser tão sedutora quando queria? Deixando-se levar pelo desejo, ele a guiou por uma saída pouco movimentada e logo eles estavam no Maserati preto o qual Hinata admirou a primeira vez que o viu. Mas pouco lhe importava o carro agora, ela queria o motorista que o guiava de forma afoita pelas ruas de Tókio, querendo mais que depressa chegar ao seu apartamento.

Na manhã seguinte talvez se arrependessem de seus atos impensáveis ou talvez podia dar certo alguma coisa entre eles, somente o futuro poderia dizer isso. E no futuro eles estariam juntos, querendo ou não.