Tsukasa

Abriu os olhos, mas rapidamente voltou a fechá-los. Estava com uma dor de cabeça razoável. Pelo menos para ser sua primeira ressaca por culpa da mistura de bebidas. Nunca mais seria louca o bastante para misturar aquele tanto de álcool. Tomou coragem para abrir realmente os olhos e o fez.

Observou o quarto escuro com infiltrações no teto mal forrado. Paredes brancas e descascadas. Um guarda-roupas simples, uma cômoda com uma televisão velha em cima. Definitivamente aquele não era seu quarto. Não precisou forçar muito a mente. Não havia esquecido da noite que passara ao lado de Tsukasa. Nem acreditava que pela primeira vez na vida fez sexo casual.

 – Azulzinha eu sei que você é riquinha, mas sinto dizer que eu sou pobre. – Riu o castanho-aloirado. Ela virou-se para ele. Tsukasa deu-lhe um abraço apertado e beijou-lhe o pescoço. – Ressaca? – Indagou e a azulada assentiu. – Certo. Vou te trazer umas aspirinas e fazer um café bem forte para você tomar, pode ser?

– Sim. Agradeceria bastante se fizesse isso. – Sorriu meiga e depois bocejou. Como estava cansada.

– Ah e se quiser tomar banho o banheiro é ali. – Disse o rapaz apontando para uma porta que a menina nem havia percebido entre o guarda-roupa e a parede. – Se quiser pode vestir uma camisa minha. Pode pegar no guarda-roupa.

– Okay, obrigada. – Assentiu enrolando-se com o lençol e indo em direção a porta estreita. Quando passou por Tsukasa no entanto ele agarrou pelo braço e beijou-lhe de forma urgente. Abraçou o pescoço do rapaz deixando o edredom escorregar até atingir o chão. Corou pela nudez repentina.

– Você é muito meiguinha, azulzinha. – Riu o castanho-aloirado antes de soltá-la e ir em direção a cozinha. Hinata realmente não era de longe como nenhuma das mulherzinhas que já vira Naruto e seus amigos andando. Ela era muito fofa, calma, carinhosa, tímida. Mal acabaram de dormir juntos e ela ainda tinha vergonha dele.

A azulada tomou um banho de água fria. Não por querer acordar e curar a ressaca, mas sim por falta de opção. No banheiro minúsculo o chuveiro não tinha a opção “água quente”. Depois do banho gelado a Hyuuga voltou ao quarto e resolveu aceitar a camisa de Tsukasa. Ao tentar abrir uma das portas do guarda-roupa esta caiu em seu pé. Pelo susto e dor Hinata soltou um grito estridente. Tsukasa que estava colocando café em uma caneca para Hinata assustou-se. Abandonou o que estava fazendo e correu feito louco em direção ao quarto.

– Hinata! Hinata! Você está bem? – Gritou antes de entrar bruscamente no quarto simples. – Meu Deus azulzinha, você está bem? – Suspirou mais calmo sentando no chão ao lado de Hinata.

– Sim, a porta caiu no meu pé. – Sussurrou acariciando o local machucado.

– Desculpe! Ai que fora, esqueci de avisar que uma das portas soltou. – Suspirou. Pegou-a no colo visivelmente envergonhado e sentou-a na cama. – Está doendo muito?

– Sim, tudo bem a culpa não é sua Tsukasa. Está tudo bem. – Respondeu tentando não deixá-lo muito constrangido. Poderem seu pé estava realmente incomodando.

– Okay. – Pegou as roupas que Hinata vestia na noite anterior e lhe deu. – Vista que eu vou pegar o café e as aspirinas depois te levo ao hospital. – Avisou. A azulada já replicaria algo. – Não tente me convencer. Não vai conseguir. – A garota riu e assentiu. Enquanto a Hyuuga se vestia o castanho-aloirado buscou os comprimidos e a caneta com café. Entrego-os a Hinata. Tsukasa tomou um banho rápido e vestiu-se.

– Eu acho que posso caminhar. – Afirmou a moça quando castanho-aloirado preparava-se para pegá-la no colo. Tsukasa não ligou. – Tsukasa eu posso...

 – Eu ouvi Hyuuga. Mas você está machucada por minha culpa. E mesmo que não fosse, enquanto estiver machucada e ao meu lado não pisará no chão. – Rebateu levando Hinata para o carro que lhe pertencia.

Ela achou melhor ir para o hospital particular que sua família freqüentava. Tsukasa não se opôs, afinal o atendimento particular era melhor que na rede pública. Hinata passou a viagem absorta em Tsukasa. O rapaz tinha traços tão conhecidos para ela. Cabelos aloirados e olhos azuis eram tão comuns em Konoha que os Uchiha serem morenos era uma coisa incomum. Então com quem Tsukasa parecia? Percebeu que nada sabia do rapaz além do nome, do trabalho e que ele já ficara com a cunhada.

– Com licença? – Indagou o garoto depois de minutos de espera. A atendente apenas olhara suas roupas quando entrara e depois disso nem dignou-se a perguntar o que queria. Hinata observou apreensiva do banco próximo ao balcão, mas nada disse.

– O que deseja? – Replicou indiferente. Visivelmente indiferente ao assunto que o rapaz queria falar-lhe.

– Teria algum clínico geral aqui? – Perguntou em um suspiro.

– Tem sim. Mas a consulta é bem cara nesse hospital. Seria para você? – Respondeu finalmente olhando-o segurando um sorriso irônico. Para Tsukasa se ela perguntasse em sua cara se ele poderia pagar seria menos ofensivo do que sua falsa importância.

– Eu sei que aqui é caro. E não é para mim. É a Hyuuga Hinata. – Rebateu irritadiço apontando para a azulada que estava constrangida com a forma rude da funcionária com o castanho-aloirado.

– Ah sim senhorita Hyuuga! Colocarei a senhorita como prioridade. – A moça sorriu. O que dinheiro não faz com as pessoas? Pensava o rapaz. – Então ajude-me a preencher a ficha. O que é da senhorita Hyuuga, segurança, motorista?

– Amigo. – Respondeu ríspido.

– Hum. E seu nome seria? – Perguntou novamente a mulher parecia descrente de que eram amigos.

– Isso é mesmo necessário?

– Sim. Precisamos saber quem levara nossos pacientes para casa. Caso eles desapareçam. – Replicou. Aquela desgraçada estava insinuando mesmo que ele a seqüestraria? Pensou beirando a fúria.

– Namikaze U. Tsukasa. – Rebateu com ar superior. – E antes que pergunte também o “U” é de Uchiha, entendeu? – Disse por fim mais ríspido que antes. Hinata deixou o queixo cair. Namikaze? Uchiha? Aquilo realmente seria verdade ou Tsukasa apenas mentira para preocupar a atendente?