Me Desculpe Amor escrita por MissGranger


Capítulo 17
Conturbado


Notas iniciais do capítulo

Queridas do meu coração, vocês têm todas as razões do mundo para quererem minha cabeça numa lança, à lá Game Of Thrones, dessa vez sumi por quanto tempo? Uns seis meses? Me envergonho disso, profundamente, mas a cada atualização sempre tenho as mesma desculpas, elas ainda não mudaram. O capitulo NÃO foi revisado. Terminei de completá-lo hoje, agora, para ser exata, quis postar o mais rapido possível, amanhã - mais tarde - tentarei corrigir os eventuais erros. Enfim, sem tardar mais. Divirtão-se.



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Entre as dores do mundo
Me perco pra achar você
Volto cada segundo
Não consigo entender
Será que eu posso mudar meu coração
Sem sentir a vida escorrer em minhas mãos, minhas mãos?

Pétalas - Glória.

– Tsukasa-kun. – Chamou Hinata ao ver o loiro passar por ela sem encará-la. O Namikaze parecia perdido, mais pensativo que o normal.

– Sim? – Respondeu automaticamente saindo de seus devaneios, mirou a Hyuuga dando um sorriso fraco. Estava cansado demais para ser amoroso com a azulada. Tudo parecia lhe puxar para baixo. Os acidentes. A morte de Neji. A madrugada na delegacia. O beijo entre Naruto e Hinata. As felinas palavras de Matsuri.

– Aconteceu alguma coisa? Não parece que esteja bem. – Afirmou de cenho franzido.

– Se aconteceu alguma coisa? Hinata tudo que se passou nessa noite não foi o suficiente para eu estar atordoado? – Rebateu ácido. Por que ela parecia tão calma? Seu irmão acabara de morrer e a Hyuuga parecia à margem disso.

– Não fale comigo neste tom. – Ordenou ríspida. – Você não tem o direito de senti-se atingido com tudo o que aconteceu, foi o meu irmão que morreu, foi meu amigo que está na sala de cirurgia e querendo ou não por culpa sua, você os detestava então não se faça de coitadinho.

– Esqueceu-se de citar meu irmãozinho, ou melhor, seu noivinho amado. Dá pra sair da sua zona de conforto de garota mimada um pouquinho? Acha que tenho sangue de barata Hyuuga? Por mais que tenha problemas pessoais bem fundados, diga-se, com Neji e Gaara, não quer dizer que esteja comemorando tudo o que aconteceu, seu irmão era marido de uma grande amiga, sou condescendente com ela. Gaara era um prego, mas era um ser humano e eu não tinha o direito de fazer o que fiz. Sinceramente? Eu tenho muito mais preocupações do que fingir que estou aqui pra te agradar, não estou, por mais que goste de você e há muito tempo, não posso ignorar o que se passou, o que eu vi. – Discursou raivoso levantando uma oitava da voz. A azulada não se intimidara em um segundo discurso até sua parte final. O que o castanho-aloirado vira afinal? Fechou completamente a guarda para encará-lo.

– Do que você está falando? – Murmurou a moça na defensiva.

– Que eu vi você beijar Naruto. – Sussurrou nervosamente. Passou as mãos pelo rosto e depois pelo cabelo aloirado.

– Tsukasa... – Arfou desarmada com a resposta, cogitava a possibilidade, mas a se fazer real não sabia ao certo o que dizer para o Namikaze.

– Está tudo bem. – Garantiu mesmo sendo mentira.

– Não, não está. Eu não sei o que dizer. – Hinata sussurrou desconcertada.

– Então não diga nada. – Replicou. O loiro suspirou e mirou o teto branco por um segundo. Depois pegou o rosto da Hyuuga entre as mãos. – Me desculpe, okay? Estou pilhado e acabei descontando em você, foda-se que você beijou o Naruto, nós não temos nenhum compromisso para eu cobrar algo de você. Está tudo bem azulzinha e o que não está... vai ficar. – Afirmou com um sorriso fraco. A moça assentiu e o abraçou.

– Eu que estou agindo como uma idiota, me desculpe também, eu só... Eu não consigo acreditar nisso tudo, entende? Pra mim meu irmão não morreu, é como se fosse uma pegadinha. Eu não acredito... – Soluçou apertando mais o abraço. – Parece que a qualquer momento Neji vai sair por uma dessas portas rindo da nossa cara, porém isso não acontecerá, não é mesmo?

Tsukasa estava sem palavras, ele entendia o que a Hyuuga queria dizer, para ele tudo ainda parecia surreal. Era uma tragédia grande e repentina demais para se acreditar. O castanho-aloirado negou com um aceno de cabeça, acariciou o cabelo na menor enquanto ela continuava a chorar cada vez mais forte. Finalmente a ficha estava caindo e a dor da perda era grande demais para a azulada.

XXX

Antes eu até fumava, sim, cigarros

Eu, antes, fumava em geral duas ou três caixas

Travava e dobrava...

Não, você não é somente linda

Você é mais para mim...

Eu te amo.

Vem quase como uma doença

você pega na minha mão e eu penso

Isso provavelmente é febre

Sim sim, eu sei que é recíproco.

Ich Liebe Dich - Tokio Hotel.

– Sakura você tem noção da gravidade do que acabou de me contar? – Indagou o Uchiha mais novo encarando a rosada que assentiu. – Tem certeza disso?

– Claro Sasuke-kun! Matsuri contou para mim e Hinata. – Confirmou em meio a um suspiro.

– O Gaara é um imbecil. – Praguejou Sasuke indignado com as ações do amigo.

– Mais do que imaginávamos, todos nós sabemos que Matsuri sofreu um abuso quando menor e até hoje é traumatizada com isso, por não conseguir se lembrar do rosto do cara e aí me vem o idiota do Gaara bêbado e abusa dela. E pra piorar a situação provoca o Tsukasa com isso, olha no que deu! – Exclamou Sakura indócil.

– Eu sei Sakura, mas aquele idiota é nosso amigo e agora ele está por um fio. A única que poderia estar puta da vida com ele é Matsuri e ela está ao lado dele. Vamos tratar tudo com calma e esperar, quando Gaara sair dessa eu o mando pro hospital de novo. – Garantiu o moreno acarinhando o rosto da Haruno.

– Vai mandar? – Ela riu confusa.

– Sim, da surra que eu vou dar nesse teme. – Explicou dando um sorriso torto.

– Eu ajudo, shanaro. – Gargalhou pousando as mãos no rosto do maior. Se olharam intensamente, Sasuke aproximou-se devagar, a rosada mordeu o lábio inferior ansiosa pela proximidade do moreno.

– Aishiteru. – Ele silabou sustentando o olhar. Sakura deu um grunhido baixo, como um bichinho indefeso, estava rendida ao moreno.

– Aishiteru, Sasuke-kun. – Sussurrou, foi o bastante para Sasuke acabar com o curto espaço que separava sua boca da de Sakura. Estavam em meio a um beijo apaixonado quando o celular da Haruno começou a tocar insistentemente. – Tenho de atender. – Ela avisou rindo quando Sasuke não a soltou.

– Qual é, deixa tocar. – O Uchiha sugeriu beijando-lhe o pescoço e depois a orelha.

– Ai Sasuke, não posso. – Riu depois de suspirar pelo toque do moreno. Sasuke bufou contrariado vendo a Haruno atender. – Moshi, moshi.

Sakura-san. – Chamou a voz feminina e chorosa do outro lado da linha.

– Yamanaka-sama? – Indagou surpresa. – Yamanaka-sama, calma. Me conte o que aconteceu.

Sakura-san... Sakura-san diga que minha Ino-chan está com você. – Suplicou a mulher.

– Calma, Yamanaka-sama. – Pediu novamente. – Tem algumas horas que não a vejo, estou com Sasuke a algum tempo e não vi mais nenhum dos meus amigos, já tentou ligar para Sai? Estavam todos aqui no hospital.

Não, não. Sakura-san sequestraram minha filhinha. – Anunciou a mãe de Ino soluçando alto.

– Perdão? – Murmurou a rosada surpresa e confusa.

Me ligaram a pouco dizendo que sequestraram Ino-chan e Sai-kun. Pediram uma quantia que não podemos pagar. Tinha esperança que fosse apenas um golpe, mas ao que parece não é. – Mais soluços vieram e as frases da Senhora Yamanaka ficaram impossíveis de entender.

– Já avisou a polícia? Veja bem, calma. Faça um boletim de ocorrência e Sasuke e eu tentaremos achar os dois, certo? Mas tem de se acalmar e manter o controle, vai ficar tudo bem. – A rosada explicou séria. Trocando olhares com Sasuke.

Okay, Sakura-san. Obrigada, vou fazer isso. – Concordou a Yamanaka.

– Até mais Yamanaka-sama. – Murmurou a Haruno desligando o celular. Sasuke ainda a encarava esperando uma explicação por parte dela. – Ao que parece sequestraram Ino e Sai. A mãe de Ino está desesperada, vamos procurá-los por aqui ou tentar falar com eles, pode ser? – Suspirou com um sorriso triste.

– Sim, vamos ver se os outros viram os dois. – Consentiu o Uchiha passando o braço sobre os ombros de Sakura, trazendo-a para mais perto dele. O moreno queria sentir a garota junto dele, protegida, estavam havendo tragédias e percas demais para ele ariscar desgrudar-se de Sakura, sua Sakura. Caminharam a passos rápidos para fora da sala, quanto mais rápido procurassem o casal, mais chances eles tinham de salvá-los.

XXX

Se eu explodir não vai ter paz
Tome cuidado até demais
Se for em frente não olhe pra trás
Se eu explodir não vai ter paz
Tome cuidado até demais
É meu show
Vou te mostrar como é que faz

Dynamite - Champs.

– Você fez o quê?! Ficou maluco Minato? – Esbravejou Obito jogando os braços para o ar. Algumas cabeças se voltaram para os dois homens que conversavam no final do corredor da ala hospitalar onde Naruto estava internado.

– Obito! – Repreendeu o Namikaze. – Estamos em um hospital pelo amor de Deus fale baixo.

– E qual reação esperava? Vai colocar sua carreira e nome na lama por um deslize como esse! – Exclamou o Uchiha furioso. – Podia ter inventado alguma mentira. Tsukasa não ligaria.

– Claro que ligaria, Tsukasa é meu filho e nunca o tratei verdadeiramente assim, sempre o escondi sob mentiras, o Galego se importa sim e muito. Família é o que mais importa para um homem, como dizer que luto pela família japonesa se não cuido da minha própria? – Contrapôs o loiro em um suspiro. Estava cansado demais daquilo, das mentiras, de tudo. Tsukasa era fruto de seu amor com Mikoto, era a prova que um dia eles haviam alcançado alguma felicidade juntos, como podia excluí-lo de sua vida no fim?

– Isso é besteira sentimentalista. Vai me dizer que agora vão ser pai e filho? Que vai dar-lhe metade da herança e hospedá-lo em sua casa junto a você? – Indagou irritadiço. Minato nada respondeu, mas estava claro em seus olhos azuis que aquele era seu plano central. – Absurdo! Isso é um absurdo!

– Obito, é um bom amigo e sempre levei em conta seus conselhos, entretanto o filho é meu, a carreira é minha e a vida também, eu sei o que devo fazer sobre isso. – Retrucou duramente com expressão impassível.

– Como quiser Minato, sabe que isso implica em muitas consequências, espero que esteja preparado para elas. – Alertou com voz sombria.

O loiro assentiu a contragosto saindo de perto do moreno, se ficasse mais um momento perto do Uchiha e se ele continuasse com suas repreensões com certeza perderia a paciência que lhe restava e partiria para cima do moreno. Obito bufou audivelmente, sentia-se mais que contrariado. Virou as costas para Minato e saiu ainda raivoso.

XXX

O meu desafio é andar sozinho
Esperar no tempo os nossos destinos
Não olhar pra trás, esperar a paz
O que me traz
A ausência do seu olhar

João de Barro - Leandro Léo.

Naruto logo tivera alta pela tarde do dia, apesar de querer juntar-se aos amigos na pequena busca pelo casal desaparecido, teve de contentar-se em ficar de repouso em casa, não em seu apartamento luxuoso e confortável, mas na casa de Minato, na imponente Mansão dos Namikaze. Uma obra prima, avaliada em milhões pela arquitetura, história e decoração. Era um palácio em meio a cidade.

O dia correra, parecia fugir de todos, parecia querer esconder o paradeiro de Ino e Sai. Era como se o tempo estivesse contra eles e a favor dos criminosos. Hinata jogou-se no sofá de seu apartamento acompanhada de Tsukasa, Sasuke, Sakura e Itachi. Matsuri, Temari e Shikamaru voltaram para o hospital assim que desistiram das buscas, Tenten também voltara para casa, para seu ar fúnebre novamente. Nenhum sinal do casal, aquilo fizera os pais de Ino se desesperarem mais ainda.

– Como eles podem ter sumido assim? Estavam conosco em um momento e depois, puff, haviam desaparecido sem rastros! – Sakura questionou com indignação, ainda tentava por na cabeça que o casal sumira daquela forma.

– É muito intrigante, sequestros são bem planejados, mas sempre deixam uma ponta solta. – Concordou Tsukasa passando pelo rosto e depois pelos cabelos castanho-aloirados desgrenhados.

– Por que sequestrariam eles? Tanto Sai quanto a família da Ino não têm dinheiro, é sem sentindo! – Esbravejou Hinata impacientemente.

– Mas tem contato conosco, talvez achem os dois uma presa fácil para extorquir dinheiro das nossas famílias. – Contrapôs Itachi tentando uma linha de raciocínio lógica. – O que me intriga é a forma como foi um sumiço rápido, tudo indica que foi nas redondezas do hospital, mas nenhum movimento estranho fora capitado, eles tem de ter sido pegos dentro do hospital!

– Está sugerindo o quê? – Hinata indagou mirando os olhos negros do Uchiha mais velho.

– Que o sequestrador nos conhece, está próximo a nós. – Completou Itachi com desconfiança.

– Próximo o bastante para saber que estávamos lá, para estar entre nós e esperar o momento certo para atacar sem ser visto. – Concordou Sasuke seguindo a mesma linha.

– Não consigo pensar em ninguém. – Sakura choramingou abraçando Sasuke.

– Eu consigo. – Anunciou Tsukasa, tomando toda a atenção dos presentes. Itachi. Sasuke. Hinata. Sakura. Todos. Esperando uma resposta que parecia nunca sair dos lábios carnudos do Namikaze. – Não posso afirmar nada agora, entendam!

– Está maluco? Como diz uma coisa dessa e espera que fiquemos bem com seu silêncio? Deixa de ser babaca uma vez na vida! – Reclamou Sasuke indócil. Levantou para encarar o irmão de cima. Queria intimidá-lo, mas Tsukasa não era do tipo que se intimidava fácil.

– Prometo contar minhas constatações para a polícia, mas não posso dizer para alguém. Pra vocês principalmente. – Ele respondeu sem alterar o tom de voz.

– Filho da puta. – Xingou o Uchiha o que fez Tsukasa arquear uma sobrancelha e Sakura tentar segurar o riso. – Teme.

– Deixe-o, Sasuke, antes que você xingue nossa mãe de novo. – Interveio Itachi em um suspiro. – Melhor o que temos de fazer é realmente conversar com a polícia, não adianta nada acharmos os sequestradores se não somos as pessoas ideais para pegá-los.

Sasuke suspirou resignado e voltou-se a recostar-se ao lado de Sakura, o telefone de Hinata tocou alto e a moça afastou-se para atender. Ficou alguns minutos ali no canto e voltou de olhos marejados.

– Azulzinha? – Chamou Tsukasa amparando-a.

– Não foi nada, era Tenten, avisou que o enterro de Neji será depois de amanhã pela manhã, assim toda nossa família poderá estar presente. – Soluçou tristonha. Tsukasa a abraçou fortemente afagando seus cabelos longos e azulados.

– Bem. – Itachi pôs-se de pé chamando a atenção para si. – Não há mais nada que possamos fazer a não ser irmos para casa e esperar. Até amanhã. – Despediu-se seguindo para a porta.

– Também já deu nossa hora, não é Sasuke-kun? – Anunciou Sakura e o moreno assentiu. Despediram-se com abraços, apertos de mãos e tapinhas nos ombros.

Só restava o casal ali. Abraçados no meio da sala do apartamento da Hyuuga. Hinata estreitou mais o toque e Tsukasa beijou-lhe os cabelos de forma terna. Percebia que a cada momento que passava, cada minuto a mais de sua vida que dividia com a azulada os aproximava mais. Pela primeira vez se via ganhando uma guerra com Naruto. Uma das mais antigas entre eles. A guerra por Hinata. Sentia-se o Mário tentando salvar a princesa. Não. Salvando-a não. Tirava a azulada de um homem tóxico para ela, entretanto a trazia para um igualmente ruim. Ele não era digno dela. Era um miserável. Irresponsável. Desequilibrado. Beirava a crueldade muitas vezes. Mas o que poderia dizer? Gostava dela.

– Estou me sentindo mal com tudo isso. – Arfou a moça contra o peito do castanho-aloirado. Ela sentia-se afundando cada vez mais. Sua vida fora tão tranquila. Organizada. Bem cuidada. Controlada. Feliz. Perfeita. E agora tudo parecia ruir, o chão havia abandonado seus pés e sentia-se agarrar-se a única saída imediata. Tsukasa era sua tábua de salvação agora.

– Eu entendo o que está passando, o que está sentindo. Acredite, já passei. Sinto que continuo a passar por isso, a culpa não me abandona. Eu sei que se não tivesse me permitido entra novamente na sua vida nunca teria despertado essa fúria em Naruto. Mesmo assim o provoquei e continuaria provocando. Veja o que o levei a fazer? – Sussurrou em desabafo, estava cada dia mais cansado do passado conturbado que deixava incerto seu presente e mais turvo ainda seu futuro. – Não me arrependo de ter te querido assim, nunca me arrependerei, contudo as consequências estão sendo realmente devastadoras.

Ela não retrucou. Não tinha o que responder. Não poderia mentir para confortá-lo. Não poderia ser completamente sincera sem magoá-lo ainda mais. Não poderia dizer nada que o fizesse desistir agora. Não podia. Não queria. Como enfrentar todo aquele mar de turbulências sem o apoio de Tsukasa? Há alguns dias poderia fazê-lo ao lado do ex-noivo. Nem tinha conhecimento da existência do rapaz a sua frente, no entanto agora ele se mostrava indispensável para ela. Umedeceu os lábios separando-se dele por um segundo.

– Tenho consciência do quanto tudo está conturbado, não é o momento certo para isso, em outra situação seria plausível falar sobre algo assim, mas gostaria de esclarecer nossa situação. Você não é um passatempo. Um step. Não é do meu feitio tal coisa. Gostaria de fazer isso da maneira correta, sem dúvidas para ambos os lados. Estou ao seu lado agora, estou contigo e desejo permanecer assim. – Garantiu decidida tocando o rosto anguloso e masculino.

– Tem certeza que está pronta para entrar em um relacionamento? Muitas coisas aconteceram, como disse tudo está cofuso. Não quero que isso seja apenas por se sentir encurralada. Estou ao seu lado também, mesmo que deseje apenas minha amizade. Precisa saber o que sente, o que quer realmente. Você sabe?

– Sim, sei. É o que mais quero. – Afirmou com um sorriso confiante. Tsukasa retribuiu beijando-a carinhosamente. Acalentando-a. Como gostaria que ela fosse genuína. Dentro de si ele sabia que a decisão não passava de um ato desesperado por apoio. Sentia se aproveitar da situação. Entretanto ignorou seus instintos. Ansiara tanto aquilo para estragar tudo agora. Mais do que já fazia por natureza.

XXX

A culpa não é sua
Eu sou uma vadia, eu sou um monstro
Sim, eu sou uma besta e só fico feliz quando conquisto algo
Mas agora estou sozinha no meu trono com toda a minha riqueza
Eu vim por esse caminho, percorri todo esse caminho só para dizer

Desta vez você não vai me salvar?
Desta vez você não vai me salvar?
Amor, eu posso me sentir desistindo, desistindo.

Save Me - Nick Minaj.

Já havia um dia da cirurgia, contudo nada de Gaara acordar. Desde a busca por Ino e Sai ela não saia de seu lado, todos a julgavam maluca por isso, por manter-se ali ao lado de Gaara depois de tudo. Entretanto seria justo deixá-lo num momento com aquele? Se o fizesse sabia que não era ela mesma, não era a Matsuri que conhecia. Apesar de Gaara se portar como um completo imbecil depois de um tempo não tinha do que reclamar dele, o ruivo a salvou de um destino cruel, cuidou dela e a amou, sem querer nada em troca, se ele se desviou um pouco cabia a ela concertar tudo. Mostrar-lhe o caminho certo novamente.

Tsukasa passou pela porta tinha uma expressão preocupada, mas a castanha sabia que o Namikaze não se importava com o Sabaku e sim com ela que não dormia ou se alimentava bem desde que o noivo dera entrada no hospital. Trouxera algo para a menor comer, a moça aceitou, estava faminta.

– Vo.. Você...? S... Saia daqui... Bas... Bastardo... – Sussurrou fracamente o ruivo.

– Gaara-kun, você acordou meu amor! – Exclamou Matsuri maravilhada.

– T... Tira ele... D... Daqui... – Exigiu Gaara com voz ainda fraca.

– Certo meu amor, calma. – Sussurrou a castanha acariciando de leve o rosto enfaixado do rapaz. Levantou-se e seguiu para o lado de Tsukasa. – Tsukasa, não me leve a mal, mas acho melhor você ir. Gaara ainda está mal e vocês dois não se gostam, pode agravar o quadro.

– Não acredito que depois de tudo que esse cretino fez ainda vai ficar defendendo ele! – Repreendeu o castanho-aloirado.

– Q... Quer mesmo... F... Falar de... Cretinos? – O ruivo murmurou com um pequeno sorriso maldoso. – V... Vamos falar... Do que... Descobri sobre... V... Você então.

– Não sabe nada sobre mim. Está blefando seu bastardo maldito. – Vociferou o Namikaze passando pela castanha e indo em direção a cama do ruivo.

– Eu sou... Adotado... E... D... Diferente... De você... – O ruivo tossiu. – Não... Blefo...

– Que seja, não acredito em você. Só quer me deixar nervoso por uma acusação infundada. – Replicou.

– Infundada? Muito... Bem... Q...que tal... Falarmos sobre... por que parou... D... De usar drogas... – Gaara começou maldoso, Tsukasa sentiu o sangue gelar em suas veias. Seria possível que ele soubesse? – M... Matsuri... Adoraria... Saber... Todos adorariam... E v... Você... Sabe q... Que sim. – Tossiu novamente, mas dessa vez com mais intensidade. O Namikaze caminhou a passos largos até a cama.

– Cala essa boca de merda seu maldito. – Vociferou na defensiva.

– F... Ficou com... M... Medinho? A... Acho... Que seu fã c... Clube acabaria. – O ruivo novamente provocou.

– Não me provoca Gaara que você me conhece, meu pavio é curto e eu posso muito bem resolver terminar o que comecei naquele racha! – Advertiu o castanho-aloirado sob as súplicas de Matsuri que foram devidamente ignoradas.

– Está... A... Ameaçando... Me... Me matar? – O Sabaku indagou, deu uma risada breve, dificultada pela tosse. – E... Eu... Sei... Que vou... Vou morrer logo.

– Gaara-kun não fale algo assim, por Kami-sama. Tsukasa, por favor. Saia. Depois conversamos. – Pediu ela assustada.

– V... Você... Vive p... Para defender... Esse.... Bastardo... Q... Quando descobrir... O que... Ele fez... Nem... Você o defenderá. – Rebateu o ruivo. – Eu vou morrer... Por sua... Culpa, Tsukasa... Mas se você... Fodeu minha... Vida... Vou foder... Com a sua...

– Nem se atreva! – Esbravejou o castanho-aloirado sacudindo o ruivo.

– Tsukasa! Para! – Exclamou suplicante uma Matsuri chorosa.

O Sabaku tossiu uma grande quantidade de sangue e Tsukasa o soltou assustado, estaria mesmo o ruivo morrendo? Sentiu-se completamente culpado por sua perca de controle lançou um olhar de desculpas para a castanha que se aproximou do noivo. Abraçou-o, o mais forte que podia sem machuca-lo, e chorou.

– Hey baixinha... – Chamou Gaara. A menina o olhou tentando secar as lágrimas. – Me perdoe... De... De verdade... Eu... Eu te amei... Juro que amei... Mas... Mas eu não sei... Amar direito... Fui uma... Pessoa má... Com quem só me amou... Me perdoe... Não foi só interesse... Juro que não...

– Do que está falando meu amor? – Sussurrou confusa.

– Só... Diga que me... Perdoa... – Pediu com lágrimas sorrateiras descendo pelo canto dos olhos verdes-água.

– Claro meu amor. – A moça deu um sorriso fraco.

– Matsuri... Você tem de saber... A verdade... Você tem de saber... Você tem de lembrar... – Começou o ruivo novamente. Tsukasa saiu do quarto batendo a porta, se Gaara contasse qualquer coisa que sabia contra ele sua vida desmoronaria novamente. – Baixinha... Eu te amo... – Sussurrou com um pequeno sorriso torto. Ao poucos os olhos verdes se fecharam e as máquinas zumbiram incessantemente.

– Não, não. Gaara, por favor. Volta. Gaara. – Pediu a castanha assustada, depois correu pra fora do quarto suplicando por ajudar, contudo ela sabia que nada mais podia ser feito.

Esperava do lado de fora enquanto os médicos tentavam o reanimar. Não tinha nenhum de seus conhecidos ali. Ela chorava copiosamente sozinha. Sentia vazia de novo. Solitária. O pouco que sabia da própria vida é que ela amava aquele homem cruel. Desde que ele entrara em sua vida nada fora igual. Nada. Sabia que do outro lado do país Naoki ainda lamentava por o filho se apaixonar por alguém como ela. Gaara sempre dizia isso. Não devia falar com o pai dele, ele a detestava.

– Por Kami! Quanto tempo ansiei esse momento? Só lamento ser em uma situação tão trágica. – Começou a grave e imponente. Tinha em seu tom uma ponta de emoção e saudade. – Filha, nem sei o que dizer agora, como está Gaara? – Murmurou por fim abraçando-a forte. Era um abraço reconfortante, mas estava chocada demais para se sentir reconfortada.

– Fi... Filha? Naoki-sama, do que está falando? – Sussurrou aturdida. Nem de longe o homem parecia abominá-la.

– Você não sabe? Como não sabe que é minha filha?! – Bradou chamando a atenção de algumas enfermeiras que passavam no local. Matsuri deu um pequeno salto de susto, ainda mais atordoada que antes.


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Notas finais do capítulo

Confesso que achei o capitulo um pouco água com açúcar, contudo também acho que me propus ao que estava pensando, fica a cargo de vocês julgarem. Reviews para minha felicidade.