– Vas happenin’? – Edward perguntou assustado assim que chegou na porta da cozinha e encarou o meu primeiro pequeno estrago.

– Ops...

E o premio de resposta mais idiota no momento mais vergonhoso vai para mim. Com certeza.

– Desculpe Edward, é que eu ia guardar a panela e ela estava demonstrando certa resistência. – Eu falei e ele continuou me encarando sem entender bem.

– Machucou você? – Ele me perguntou e eu vi ele começar a se aproximar devagar.

– Não. – Falei passando as mãos nos cabelos e sentindo uma pontinha de dor bem na testa. – Acho que só vai ficar meio roxo aqui amanhã.

– Não seja tão otimista. – Ele falou sorrindo agora. – Na verdade isso vai estar roxo daqui a meia hora. Mas amanhã já vai ter desinchado um pouco. – Ele falou e eu arregalei os olhos.

– Você está mentindo. Isso não está inchado... – Eu falei e ele continuou com a mesma expressão. Ele estava falando serio.

– Bem feito para você. – Eu falei e Edward pareceu ignorar meu surto louco de culpar ele por ter um roxo na minha própria testa. – Vou para a escola com um roxo amanhã e todo mundo vai pensar que eu estou apanhando de alguém e como eu moro com você, você será o suspeito e vão vir aqui te prender.

– Garota alguém já te disse que você é doida? – Ele falou e gargalhou em seguida. – Mas para evitar que isso tudo que você disse aconteça, eu vou pegar um pouco de gelo para colocar ai. – Ele falou e foi minha vez de rir.

– É mais fácil eu abrir a janela e enfiar a cara em um monte de gelo qualquer lá de fora. Ou melhor, é só eu sair de carro com você. – Eu falei e ele fez uma careta.

– Eu não deixaria você abrir a janela sozinha. Vai que você cai do 27º andar? Seu tio me mataria e eu poderia ser acusado de assassinato. – Ele falou e eu quis arrancar fio por fio daquela cabeleira ruiva.

– Eu não sou assim tão destrutiva! – Falei e ele mandou um olhar para a minha testa e para as panelas no chão. – Tudo bem, só um pouco desastrada. – Eu dei de ombros e ele assentiu sorrindo satisfeito.

– Agora vem aqui e deixa eu colocar o gelo. – Ele ordenou educadamente e eu obedeci.

– Edward. – Eu chamei e ele tirou os olhos do meu pequeno machucado e focou a visão em mim. – Não me deixa esquecer o bolo no forno e incendiar a casa? – Eu falei e ele riu assentindo e voltando a se concertar no meu pequeno desastre no meio da testa. – E antes que eu me esqueça, obrigada por cuidar de mim.

James me olhou com uma careta engraçada, depois desviou os olhos e sorriu de leve. Eu fiz o mesmo. Talvez morar com um ruivo não seja assim tão ruim.

Ele terminou de me ajudar com a testa. Amanhã realmente estaria roxo, mas eu daria um jeito de esconder isso das pessoas, Não quero que o ruivo seja preso. Não agora, e não ainda.

Edward não deixou eu esquecer o bolo. Me ajudou na hora de tirar o forno, já que segundo ele eu poderia morrer carbonizada na tentativa de resgatar o “bolo indefeso”. Eu deveria dizer a ele que essa cicatriz no meu braço veio de uma queimadura? Acho que não.

– Você prefere assistir ao filme agora de tarde, ou depois que a gente comer alguma coisa que vai servir de jantar? – Ele perguntou enquanto comia o meu bolo de chocolate desastroso e sorria para mim.

– Não sorria de forma maligna enquanto come bolo de chocolate. – Eu disse rindo e ele riu mais no intuito de mostrar os dentes propositalmente sujos de chocolate. – Você é um porco. – Eu falei e ele riu mais.

– E você gosta. – Ele respondeu e eu dei de ombros.

– Que graça teria morar com um cara chato? – Eu falei e ele abaixou a cabeça, envergonhado.

– Obrigado, eu acho. Mas você ainda não respondeu minha pergunta. – Ele disse e eu revirei os olhos.

– Você me fez uma pergunta estúpida. Já são cinco da tarde. Eu vou tomar banho e você também, por que eu não quero um porco perto de mim. – Eu falei e ele gargalhou. – Depois a gente assa alguma dessas porcarias que tem no congelador , que no caso vai ser nosso jantar, e podemos assistir o seu filme chato.

– Tudo bem. Eu concordo com você. – Ele falou e eu assenti me levantando. – Antes de você sair Meinu... – Ele falou e veio se aproximando de mim. – Eu fiquei meio ofendido por você me chamar de porco. – Ele falou se aproximando mais. – Vou ter que me vingar de você agora. – Ele falou com um sorriso maníaco brilhando nos lábios.

– O que você vai fazer Ed? Eu não falei por mal.... – Eu disse entrando na brincadeira e me preparando para correr desesperadamente dali. Antes, porém de eu fazer qualquer coisa ele apressou o passo e me empurrou na parede da cozinha, me apertando entre ele e o azulejo. Ele abaixou a cabeça até o cabelo ruivo dele tocar no meu rosto e começou a rir do meu desespero. O riso dele era engraçado e me dava vontade de rir. E foi isso que eu fiz. Eu ri e comecei a empurrar ele para longe de mim.

– Agora você já sabe que eu sou cheiroso e se eu sou porco você está cheia da minha sujeira. – Ele falou entre risadas e eu o acompanhei fazendo uma careta em seguida.

– Você não é cheiroso. Você cheira como um porco ruivo. – Eu falei e ele gargalhou com a minha “ofensa” descabida. – E agora eu vou tomar banho para me desinfetar de você. E se você não fizer o mesmo eu mesma te jogo debaixo do chuveiro.

– Você vai me dar banho? – Ele falou sorrindo sacana. – Então vou esperar bem aqui.

– É claro que vai. Não daria pra gente dividir o banheiro de qualquer forma. – Eu falei sorrindo sacana também e ele riu mais ainda perdendo a pose de garanhão.

– Você não existe. – Ele falou e eu resolvi brincar.

Me aproximei dele e o apertei em um abraço desajeitado. Esfreguei meu cabelo no rosto dele enquanto escutava a gargalhada dele no meu ouvido. Para isso tive que ficar na ponta dos pés. Me separei dele sorrindo.

– Agora você tem certeza de que eu existo. – Falei e corri para o banheiro.

Foi engraçado. Contato físico, sem maldade. Definitivamente engraçado.

Tomei banho e me vesti. Quando sai do quarto o banheiro estava novamente fechado. Edward devia estar tomando banho. Ri com o meu pensamento. Um porco ruivo tomando banho.

Fui para a cozinha e preparei nosso jantar. Dez minutos foram o suficiente. Que não gosta de pipoca de microondas e refrigerante para o jantar?

– Já preparou tudo? – A voz do ruivo soou perto de mim e eu assenti sabendo que ele veria. Me virei na direção de sua voz e me surpreendi.

– Seu cabelo está molhado. – Eu falei e ele assentiu.

– Efeito do banho.

– Por que não secou ele? Deve estar com frio. – Eu falei e ele arqueou uma sobrancelha. – Vem comigo.

Edward não reclamou. Me acompanhou até o meu quarto se questionar. Assim que chegamos lá, eu peguei o meu secador e andei em sua direção.

– Que droga você pensa que vai fazer? – Ele perguntou assustado.

– Secar o seu cabelo. Se você ficar doente, eu fico também. – Eu falei e ele riu. – É claro que sim. Moramos na mesma casa.

Depois de muitos gritos de desespero eu terminei de secar o cabelo do ruivo, que agora parecia ainda mais com um leão. Afinal, eu não iria esticar o cabelo do cara. Confesso que a ideia foi tentadora, mas não o fiz.

– Agora que acabou a minha tortura, é a hora da sua. – Ele falou sem nem me agradecer. Mal educado. Convivência da nisso?

– Qual filme você escolheu Ed? – Eu perguntei e ele riu maligno.

– Vai ser surpresa.