Little Things escrita por BiaSiqueira, ThansyS


Capítulo 28
Malas e lembranças


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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– Nós viemos aqui para falar sobre a viagem- Tio Paulo falou e foi minha vez de fazer uma careta de desgosto.

– Que viagem cara? – Edward perguntou confuso e eu quase me joguei da janela do nosso andar. Eu era mesmo uma vadia.

– Nós vamos passar o dia de ação de graças em Gales, onde nós moramos, e depois vamos aproveitar a semana do Natal, para irmos levar a Manuela de volta para o Brasil.

E lá vamos nós. E não, eu não estou experimentando vassouras como a bruxa do desenho do pica pau. Eu estava apenas sentada no sofá de casa, esperando até a boa vontade da adorável mãe do meu adorável ruivo terminar de se arrumar para , finalmente, podermos todos r para uma maravilhosa ceia de Ação de graças no país de Gales. Se eu estava feliz? Eu até estaria caso estivesse ainda iludida com a ideia de que ir para Inglaterra, para Gales especificamente, significaria conhecer o príncipe Harry e se tornar a mais nova “princesa consorte”. Mas não, até mesmo essa ilusão não me pertence, já que eu vou para Gales, e couve r um ruivo sim, mas é o mesmo que eu vejo todos os dias, já que até o príncipe Harry foge de mim e foi passar um tempo na África, ou na Jamaica, eu nãos ei ao certo. Ah, se o mundo é cruel, a Inglaterra certamente é a sua metrópole do mal. A terra das luzes, ou não, estava mais para destruidora de ilusões.

– Todos prontos queridos? – A megera, digo, minha sogra, disse enquanto sorria como uma cabra velha para todos nós. Já falei que eu não gostava dela?! Mencionei que passei a gostar menos ainda quando ela passou a me chamar de “querida”?

– Manu, vamos. Mamãe está chamando. – Edward disse enquanto ficava parado de frente para mim e me encarava com um misto de sorriso e careta. Depois de meses de convivência a gente acaba se acostumando com isso.

– Tudo bem. – Eu disse e dei uma ultima olhada para a minha bagagem, esperando que ela magicamente começasse a se mover, ou o Edward tomar vergonha na cara e ir carregar ela para mim. Mas como eu quase nunca tenho sorte, nada disso aconteceu e eu mesma tive que carregar minhas malas.

Malas. Isso soava estranho para mim, já que eram aquelas mesmas malas que eu trazia comigo meses atrás quando enquanto chegava na Inglaterra. E agora, logo mais seriam aquelas mesmas malas que eu levaria de volta pra o Brasil. O interessante era que as para mim, elas pareciam estranhamente mais pesadas do que quando eu as carregava quando cheguei. E eu não diria que ela estava cheia de tantos presentes que eu estava levando comigo para casa. Até por que eu sou pobre de mais para isso. Elas me pareciam pesadas de lembranças. Eram malas que carregavam não só sonhos crus de volta para casa. Eram malas que carregavam a realização de muito deles. Eram malas que levariam mais saudades do que poderiam comportar.

– Manu, a casa não está caindo, não se preocupe. – Edward disse e eu finalmente me desviei dos meus devaneios.

– Por que está dizendo isso? – Perguntei ainda meio estupefada como meus próprios pensamentos e o Ed sorriu antes de responder.

– É que você estava parada ai, primeiro encarando as paredes e depois o teto, como se a sua vida dependesse disso e então eu pensei que... – E ele teria me dado qualquer uma explicação estúpida sobre a sua afirmação sem sentido, caso eu não o tivesse impedido. Em um súbito, eu larguei as minhas malas no chão e rapidamente me lancei sobre o Edward, o abraçando com a maior força que eu me permitia conseguir. Eu não me sentia como se estivesse apenas abraçando o Edward, o ruivo para quem eu me apresentei alguns meses atrás. Eu me sentia como se de repente, abraçá-lo significasse segurar com toda a minha força aquilo que eu tinha para mim, como o meu mundo.

E por mais estranho que aquilo pudesse parecer ou soar, Edward era o meu mundo, a Inglaterra era o meu mundo. Ser a estrangeira do sotaque engraçado era o meu mundo. Aquela casa era o meu mundo e aquele par de braços de que me enlaçava com firmeza era o meu lar. E eu voltaria para casa feliz. Feliz por poder dizer: “ Mãe e pai, agora eu já tenho o meu lugar no mundo, ou melhor, o mundo agora finalmente parece ter encontrado um lugar para mim”. E que esse lugar fosse no Brasil, na Inglaterra, na França ou em Marte. Contando que pudesse sentir o que eu sentia quando pensava em cada momento que eu passei ao lado daquele ruivo, eu poderia afirmar com clareza, que aquele lugar era minha casa, por que afinal, seria ali onde o meu coração iria buscar abrigo.

E então, quando Edward me abraçou mais forte, o meu momento cessou, até por que, seria estranho se qualquer uma das minhas cenas de emoção pudesse ser concluída sem que alguém interrompesse. Se isso acontecesse, não seria minha história. Mas eu não me importei. Não me importei em ouvir a voz da megera dizendo algo sobre “vamos logo ou vamos nos atrasar”, e nem me importei em ouvir o tio Paulo rir a frustração dela quando a gente não se soltou. Eu só voltei a me importar com algo outra vez, quando Edward James Shetfield, me afastou milimetricamente de si e sorrindo seu nossos lábios mais uma vez. Como se aquilo fosse um “sim” para tudo o que eu pensei. Um gesto de concordância. E quando ele se soltou de mim e sem dizer nada carregou sem esforço as minhas malas eu estavam do chão, eu tive a impressão de que para ele, elas pareciam bastante leves agora. Mas o motivo para isso, só ele saberia explicar.


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Notas finais do capítulo

E com esse final, óbvio que o próximo é POV Edward gente!
E então?!
Beijo Beijo e fiquem todos com Deus!