Efeito Borboleta escrita por Lyandra Delcastanher


Capítulo 9
#9


Notas iniciais do capítulo

Eu tinha esse capítulo na cabeça desde o começo da fic, mas demorei pra postar porque tive que escrever uma fanfic para uma prova gleek. Essa fanfic você pode encontrar aqui: http://fanfiction.com.br/historia/410586/Dont_You_Remember/. É oneshoot longa e é rated +13. Espero que gostem dela, e do final dessa aqui! Preparem os lenços ;)



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Sabe quando dizem que não há lugar melhor para se pensar na vida do que em uma cela suja e desprezível? Blaine estava provando do próprio ditado. É claro que ele já podia ter saído de lá apenas com um pensamento, mas pra onde iria voltar?

Sua vontade era voltar para aquele dia que achou o diário e nunca sequer cogitar viajar no tempo, mas como encararia Kurt depois de todos esses universos alternativos? Blaine aprendeu da pior maneira que não importasse o que fizesse, Kurt não poderia ser salvo. O moreno jogou pro alto a vida perfeita que tivera por amor, e infelizmente, se arrependera disso.

Em suas mãos ainda enxergava o sangue de Karofsky, e pra sempre enxergaria. Ele havia matado uma pessoa pelo bem de outra. Isso era uma coisa que jamais cogitaria fazer, mas fez por amor. Um amor doentio que cada dia tomava mais e mais conta daquele corpo já vazio. Sim, estava vazio. Vazio desde que não podia mais voltar em paz para os braços de Kurt, ou até mesmo de seus pais. Queria mais que tudo naquele momento voltar e contar tudo para Kurt, se desculpar e tentar um perdão, mas ele acreditaria? E se acreditasse, perdoaria? Blaine não. Blaine nunca se perdoaria pelo que fez.

– Banho de sol, baixinho. - Dizia o carcereiro enquanto batia com seu cassetete nas grades fria da cela.

Abaixou a cabeça e caminhou até o pátio. Já não usava mais gel em seus cabelos e sua barba já estava por fazer. Os machões do presídio já o olhavam com malícia e Blaine sequer imaginava as coisas sujas e nojentas que eles podiam fazer com ele se continuasse muito tempo por ali. Enquanto caminhava tentava achar alguma coisa em sua mente, alguma ideia que ajustasse isso tudo, mas seus pensamentos só voltavam em Kurt e o ódio que estava de Blaine agora.

– Eu fui um idiota. - Sussurrava para si mesmo.

– Foi sim, mas só estava tentando protegê-lo. - Responderam.

Blaine se virou e encarou Puck. Mesmo em um universo paralelo, Puck continuava a se meter em confusões. Sorriu e se jogou nos braços do amigo que aceitou o abraço. Puck não concordava com o que Blaine havia feito, (soube por Quinn), mas sabia que o baixinho teve a melhor das intenções.

Não foi fácil contar para ele que tinha o poder de viajar no tempo. Puck mal acreditou algumas vezes, mas sempre teve esse lado que acreditava no sobrenatural. Puck não acreditava, mas queria ajudar o amigo, por mais que ele estivesse louco.

– E-então você pode ir pra qualquer lugar, futuro ou passado? - Perguntou confuso.

– Passado desde que eu exista, e futuro desde que seja possível e eu possa existir. Descobri quando era criança e você é a primeira pessoa pra quem eu conto, porque estou desesperado... Você pode me ajudar?

– Se eu conheço Kurt, ele não vai acreditar. Por que você não volta quando tudo isso começou e fica tudo bem?

– Eu não consigo mentir para Kurt. Ele vai acabar percebendo que tem alguma coisa de errado e eu vou acabar contando tudo. Ou ele vai me achar louco, ou vai me odiar... Você tem alguma ideia?

– Você faria qualquer coisa pra ver Kurt feliz? - Perguntou receoso.

– Qualquer coisa!

– Então eu tenho uma ideia, mas não acho que você vai gostar muito... - Puck revirou os olhos e Blaine sentiu um frio na espinha, e segundos depois já estava de olhos fechados viajando no tempo.

As vezes, horas parecem minutos. Outras vezes, um único segundo vira uma eternidade. Para Blaine, o segundo que nunca acabou foi esse. Respirou fundo tomando coragem e desceu as escadas, tentando fingir que nada havia acontecido. A ideia de Kurt nunca mais sofrer era a unica coisa que não o fazia enlouquecer.

– Licença, eu sou novo aqui. - Disse a voz doce que fez Blaine suspirar. Seria a última vez que a ouviria.

– Olha aqui, se todos te odeiam na sua escola, isso é problema seu. Não tente mudar de escola achando que isso não vai acontecer aqui. - Blaine cuspia as palavras, quebrando seu próprio coração. - Ninguém aqui tem tolerância para novatos tentando mudar o mundo. Encare sua escola e não saia de lá, porque em nenhum outro lugar você será aceito. Já parou pra pensar que o problema está com você, e não com eles?

Kurt tinha os olhos vermelhos e prontos para jorrar, mas Blaine continuava sério, por mais que isso o matasse mais que tudo.

– E-eu... - O castanho procurava palavras.

– Você me ouviu.

E Blaine se afastou. Agora andava pelos corredores, e uma vez que estava de costas começou a desabar em lágrimas. Puck estava certo quando havia falado que Blaine havia criado essa confusão na vida de Kurt, e ele seria o único quem podia consertá-la. Respirou fundo. Sabia que Finn e Rachel dariam um jeito em Karofsky, e Kurt seria feliz no McKinley. Limpou suas lágrimas e virou para trás. Não via mais Kurt, provavelmente teria ido embora. Seu coração estava quebrado, mas pelo menos o de Kurt estava intacto.

Fechou os olhos novamente e voltou para a data em que tudo havia começado. Se encontrou em sua casa, as roupas da Dalton repousadas na cadeira e o computador aberto em uma conversa com David e Wes sobre um concerto de fim de ano. Suspirou, não achando nenhum vestígio de Kurt em seu quarto. Havia feito o certo, ou pelo menos desejava isso. Balançou a cabeça e foi atrás de sua mãe, que o abraçaria sem saber o motivo. E colo era tudo que Blaine precisava agora.

.

8 anos depois

– Blaine, pelo amor de Deus. Estamos atrasados! - Gritava Thad. Eram colegas de quarto em um pequeno apartamento em Nova Iorque.

– Só estou terminando de me vestir. - Blaine arrumava seu cachecol na frente do espelho e terminava de arrumar seus cachos (havia finalmente os assumido).

No canto do espelho, a foto de Kurt e Mercedes como cheerios repousava. Achou a foto no bolso de sua calça e lembrou que havia a colocado lá enquanto lia o diário de Kurt. Suspirou, dando uma última olhada no amor de sua vida e foi até Thad que bufava de raiva, pois odiava esperar.

– Pronto.

– Até que enfim. - E fecharam a porta principal, indo até a peça que Jeff estava participando. - Jeff nos mataria se nos atrasássemos.

O caminho até o teatro foi silencioso. Thad tinha em mente planos de conquistar alguma garota naquele lugar, já Blaine pensava e Kurt e se um dia veria o castanho novamente.

A peça foi maravilhosa. Jeff era o principal e derrubou a casa com seu papel de Tony (que acabou lembrando Blaine de West Side Story e seu beijo com Kurt no auditório. Nunca esquecia o namorado). Estavam indo até o camarim parabenizar o amigo.

– Jeff, você foi perfeito. - Dizia Thad animado.

– O que você quer? - Perguntou o loiro desconfiado, fazendo todos rirem.

– O número da atriz que fez Mariah seria bom...

Geez, Thad. - Jeff pegou o celular e começou a procurar o número na agenda. - Nove, nove, quatro, sete...

– Sim?

– Zero, dois, doze.

– Tudo bem. E qual o nome da gracinha?

– Rachel Berry.

Os olhos de Blaine automaticamente procuraram de onde saía aquele nome.

– Rachel Berry? - Perguntou rapidamente, e Jeff assentiu com a cabeça.

É claro. Durante a peça toda Blaine sabia que Maria tinha algo que ele conhecia. Rachel não tinha mais sua franja e seu nariz de judia. Agora era uma mulher linda de cabelos lisos e um nariz de modelo, mas ainda assim, era Rachel Berry.

– Aonde ela está? - Perguntou tentando esconder a felicidade.

Jeff procurou por cima de todas aquelas cabeças no camarim e apontou para um canto. Quando Blaine se virou viu Rachel sorrindo ao lado de alguns amigos. Pôde conhecer aquele cabelo escuro de Rachel e os olhos puxados de Tina, mas principalmente, o topete castanho de Kurt. Naquele momento seu coração começou a bater mais forte e seus olhos se enxeram de esperança.

– Já volto.

Caminhou (quase correu) até a moça. No caminho pensou o que falaria, ele sempre havia estudado o que faria se um dia encontrasse Kurt novamente, mas agora estava sem palavras.

– Kurt. - Falou suspirando.

– Sim?

O castanho se virou, com um sorriso no rosto. Ele estava tão crescido, com um ar de sonho realizado. Blaine não disse nada, apenas trouxe aquela boca para si aproveitando aquele beijo como se fosse o primeiro dos dois. Sentia falta daqueles lábios nos seus, e durante todos os anos, a sensação que havia guardado era a mesma. Demorou alguns segundos (quais Kurt correspondeu) até o beijo ser rompido.

Kurt tinha seus olhos perdidos, mas um sorriso no rosto, assim como Rachel e Tina que não tinham a mínima noção do que acontecia. O casal ainda tinha as testas encostadas e ambos tinham um sorriso no rosto (Kurt não conhecia aquele rapaz, mas seu beijo era como um pedaço do seu passado que havia sido retirado de si).

– Prazer, Blaine. - Suspirou.

– Kurt.

– É um prazer te conhecer.

– O prazer é todo meu.

Minutos depois Blaine voltava aos amigos.

– Aonde você foi? - Perguntou Thad.

– Temos um encontro daqui a 20 minutos. Você com Rachel, Jeff com Tina e eu com Kurt. Vamos?

Ambos os amigos se encararam confusos, sem saber o que falar. Haviam visto o beijo, mas ainda assim não haviam entendido.

– Levem o tempo que quiser. - Blaine sorrindo saiu, indo até as Kurt e as "novas amigas".

Thad e Jeff se olharam, ainda não entendendo o que havia acabado de fazer. "Que se foda." Ergueram os ombros e caminharam até seus respectivos encontros. Uma nova vida ali acontecia.


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Notas finais do capítulo

O final na minha cabeça era melhor, mas não consegui escrever... Espero que tenham gostado :3333 Beijos.