Efeito Borboleta escrita por Lyandra Delcastanher


Capítulo 3
#3


Notas iniciais do capítulo

Morri? Não, não morri. Estou cheia de vida e cheia de vergonha por sumir. Nesse tempo, traduzi a fanfic Little Numbers, que você pode encontrar nesse link > http://www.fanfiction.net/s/9229820/1/Little-Numbers. Enfim, hoje o cap está uma maravilha. Aproveitem! :3



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Kurt e Blaine chegaram ao restaurante e não demorou muito até estarem sentados e seus pedidos serem feitos. Blaine encarava o namorado como a coisa mais linda do mundo e não acreditava nas coisas que aconteceram com ele. Quem seria capaz de machucar um boneco assim? Tão frágil?

– No que você tanto pensa? - Kurt alcançou a mão de Blaine por cima da mesa.

– Em nós. - Kurt abriu um sorriso enorme, um que fez até Blaine sorrir.

– Fico feliz que pense na gente. Eu não sei o que faria se você não tivesse aparecido, de verdade. - Kurt continuava sorrindo.

Ocorreu tudo bem no almoço. Saíram do restaurante e Blaine levou Kurt novamente para sua casa, ficando alguns minutos por lá também. Já no carro, tudo o que o moreno queria era chegar em casa e continuar a ler o diário de Kurt.

– Boa tarde pra você também, Blaine. - Disse a mãe de Blaine vendo o filho correr para dentro de casa e subir as escadas. O moreno não respondeu nada, apenas bateu a porta do quarto com força e se jogou na cama, pegando o diário de sua bolsa.

– E lá vamos nós... - Disse para si mesmo, abrindo aonde havia parado de ler.

"Seria mais um dia normal, se Puck não tivesse aberto sua boca no coral, novamente. Ele acabou falando da minha visita à Dalton, e além do discurso que Mr. Shue me deu sobre espionar, ainda fui alertado que seria Rachel 2.0, igual quando ela se envolveu com Jesse e perdemos as Regionais. E no caso, Jesse seria Blaine. Tudo começou quando Tina viu a mensagem que ele havia me mandado. O pior de tudo foi essa notícia ter se espalhado pela escola, e Dave ficar sabendo. Lá estava eu saindo da aula de espanhol, quando fui carregado pelos jogadores até o canto vazio da escola. Não me bastava estar usando cinta para endireitar minhas costelas quebradas, eles fizeram o favor de me bater mais ainda enquanto me chamavam de "bichinha" e falando que iriam bater no meu namorado também. Blaine, meu amigo, está em risco também. Quando eles vão parar com toda essa violência?"

Blaine engasgou. Ele sabia que a situação entre Dave e Kurt nunca havia sido boa, mas nunca imaginou que fosse assim. Virou a página, com receio do que fosse ler, porém continuou.

"Não sei mais o que pensar, não sei mais como agir. Você imagina tendo seu primeiro beijo com alguém que gosta, que realmente gosta. Não é como se eu nunca tivesse beijado antes. Teve Brittany, porém, com um garoto. Hoje eu tive essa sensação com a única pessoa do mundo que eu pensei que teria: Dave. Sim, esse Dave. Eu não sei como tudo isso chegou a esse ponto. Cheguei na escola sendo derrubado nos armários novamente por ele, e no fim do dia estávamos nos beijando. Eu estava andando no corredor quando Blaine me mandou uma mensagem, e eu sorrindo suspirei. Blaine, ele é o tipo de homem que deveria ter no meu colégio. Dave então me empurrou novamente, fazendo minhas costelas doerem. Não me restava mais nada, sequer dignidade. Eu seria uma lenda se enfrentasse o jogador, e fiz o que Blaine me disse: me recusei a sofrer mais. Foi quando o confrontei e ele me beijou. Não sei mais o que pensar, ou o que fazer. Toda aquela agressão foi ódio por se esconder no armário? Preciso pensar."

Blaine virou a página.

"Blaine é um anjo pra mim. Contei pra ele o que aconteceu e ele veio até Lima para conversar com Dave. Se eu não fosse tão quebrado com relacionamentos, poderia jurar que estamos a caminho de um. A única coisa ruim é que, depois de Blaine o enfrentou, Dave veio contra mim. Eu estava andando pelos corredores feliz e confiante, mais do que nunca, quando fui puxado para uma sala vazia. Dave perguntou se eu havia contado para mais alguém além de Blaine e eu neguei, mas ele não acreditou em mim. Dave aprendeu algo muito bom, pra ele. Ele não me machuca aonde não dá de se ver. Tenho um roxo maior do que todos os outros juntos na minha perna esquerda, e ele sabe que não contarei pra ninguém. Ele é horrível e eu não vejo a hora disso acabar."

Blaine se encontrou com os olhos cheios de lágrimas. Ele pensou que enfrentar Dave fosse ajudar, não piorar as coisas. Kurt apanhou por causa dele, por causa de Blaine. E agora o moreno se sentia horrível.

"Conversei com meu pai. Tive que. A dor me matava a cada dia. Ele me entendeu e disse que me protegeria. Não falei o nome do cara que me torturava e nem contei metade das coisas. Apenas falei que não gostavam de mim lá e que talvez fosse melhor me mudar de escola. A Dalton seria uma boa opção. Blaine me apoiou em tudo. E não sei como, novamente, Dave descobriu e fez o favor de fazer uma festa de despedidas. Raspadinhas o dia todo e no final, um pé na frente enquanto eu andava, fazendo meus livros caírem no chão. Pelo menos tenho o casamento para me distrair."

Blaine fechou o diário e se recusou a ler mais. Ele tinha certeza que os ataques continuariam mesmo Kurt se mudando para Dalton, pois o castanho ainda morava em Lima, e na mesma rua que Dave. Ele nunca imaginou que a agressão era tanta.

Sacou seu celular do bolso e discou rapidamente o número de Kurt. Era tarde, mas Kurt ainda estava acordado. Depois de alguns segundos chamando, a ligação foi atendida.

"Blaine? Oi?" - Kurt perguntou surpreso.

"Kurt."

"Por que você ligou?"

"Kurt."

"Você está me assustando..."

"Kurt, eu sinto muito. Eu estou com esse nó na garganta. Eu não sabia que Dave fazia aquelas coisas com você, e eu juro que não foi minha intenção aumentar os ataques. Eu só queria ver você seguro e..."

"Blaine, o que aconteceu?"

"E eu sinto muito por não ter te conhecido antes e impedido todo esse ataque daquele merda. E eu juro que se soubesse que você sofreria por mim eu sairia da sua vida imediatamente... E ninguém parecia perceber, nem seu pai e..."

"Blaine, você... Blaine!"

"Kurt, eu sinto muito."

"Você pegou meu diário, Blaine." - Kurt tinha um tom nervoso.

"Sim, e eu juro que não queria lê-lo, mas as coisas que estão escritas aqui são de quebrar a estrutura de qualquer um. Você não foi à polícia? Kurt, isso era algo sério. E isso ainda acontece?"

"Blaine, era algo secreto. Eu não... não acredito que você leu."

"Kurt, por favor. Isso ainda acontece? Mesmo comigo no colégio?"

"Você pegou meu diário, Blaine." - Kurt quase gritava no telefone. "O que aconteceu com a privacidade que escolhemos ter quando começamos a namorar? O que mais você fez? Vasculhou meu quarto? Meu telefone? Aquilo era pessoal, Blaine."

"Kurt..."

"Se eu não te contei, foi porque eu não queria que soubesse. Eu não acredito que você violou meu espaço, Blaine. Eu sei que você sofreu também, mas nunca te pressionei pra saber mais sobre isso, nunca. E você... você me espionou, Blaine."

"Kurt, eu fiquei curioso e só queria aj..."

"Não, Blaine. Você bisbilhotou aonde não era pra bisbilhotar. É uma ferida ainda aberta, qual eu não queria que ninguém soubesse."

"Mas ele te machucou. Você até quebrou algumas costelas e, Kurt você deveria ter me contado e..."

"Blaine, mas que merda. Você se meteu numa parte da minha vida qual eu deixei bem clara que não queria que ninguém soubesse!"

"Você não precisa gritar."

"Não preciso? Você bagunçou minha vida, bagunçou tudo. Você não deveria ter lido aquele diário! Aonde você parou de ler?"

"Eu... sinto muito..."

"É melhor sentir mesmo. Aonde você parou de ler?"

"Antes de você se mudar para Dalton."

"Então vou te resumir o resto. Os ataques e as agressões não pararam. Elas não pararam. E..." - Kurt estava chorando. "E eu duvido que parariam se acontecesse algo de diferente. Ainda dói, Blaine. Dói tudo. E uma coisa que fazia melhorar era te ver e fazer você pensar que tinha parado. E agora você sabe de tudo. Você mexeu aonde não devia."

"Mas Kurt..."

"Não, Blaine. Eu te pedi pra você não procurar por mais coisas. E você pegou e leu meu diário. Como vou confiar em você de novo?"

"Kurt, eu..."

"Eu preciso pensar."

"Kurt, eu sinto muito."

"Você sente, mas não pode fazer nada pra mudar. Eu queria que você estivesse lá pra me proteger, mas não estava, e isso só piora. Eu... Eu... precisei de você. Eu... Me deixe... Por favor.. Só preciso ficar sozinho."

E Kurt desligou o telefone, sem deixar Blaine entender nada. Blaine estava aos pedaços. As agressões só pioraram assim que ele entrou na vida do castanho. Ele queria poder mudar, ele queria poder intimar Dave novamente e ele não podia e isso só piorava mais as coisas.

– Mas... eu posso mudar as coisas. - Blaine limpou as lágrimas que caíam. - Eu posso.

Ele podia, mas deveria? Blaine se pôs a pensar. Se Dave nunca tivesse agredido Kurt, o castanho não teria mudado de escola, não teria conhecido Blaine. Todos os momentos seriam apagados, todos os risos, todos os beijos e todos os carinhos. Os momentos que passaram juntos.

– Eu não posso... - Blaine fechava os olhos, deixando as lágrimas rolarem. Ele não queria perder Kurt. Ele queria abraçar o castanho e amenizar tudo. - Mas eu preciso.

Kurt sofreu muito, e ele não merecia isso. Porém Blaine merecia isso? Ele merecia perder o amor de sua vida? Nunca se imaginou sem Kurt, e não queria fazer isso agora.

– Você precisa, Blaine. - Levou as mãos à cabeça e ficou sem saber o que fazer. Kurt precisava dele. Kurt precisava dele no presente, mas precisava mais ainda no passado.

As lágrimas não paravam de cair. Se levantou da cama, pegando o porta-retrato dele e de Kurt, em uma foto ali naquele mesmo quarto. A foto que havia sido tirado quando o casal havia completado um ano de namoro. Suspirou e sabia o que deveria fazer.

Blaine fechou os olhos e se imaginou dias antes de Kurt começar a escrever o diário. Assim que abriu os olhos, se viu em sua casa, o mesmo ambiente, porém a data era outra.

– Blaine, querido. - Sua mãe apareceu na porta da sala. - Convenci seu pai. Você vai começar a estudar na Dalton! E sabe quem estuda lá também? David, seu amigo do pré. Aposto que você será muito feliz lá.

– Não tanto como eu já fui um dia. - Sussurrou Blaine, encostando sua cabeça no sofá. Ele tinha uma missão a fazer, e precisava fazer isso agora. Primeiro passo: ir à McKinley High.

"Muda-se uma coisa. Muda-se tudo."


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Notas finais do capítulo

Ainda terá interação Klaine, fiquem tranquilos!