Impulsos De Uma Paixão escrita por Gil Haruno


Capítulo 8
Para tudo na vida tem uma primeira vez.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado à Cherry.

Obrigada pela recomendação, linda! Adorei! =D

Desculpem a demora, pessoal!
Beijos!!



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Uma semana depois...

Voltei à sala entretida no relatório feito pela sensei e Shizune; detalhando o estado crítico que um anbu, na faixa de seus dezenove anos, chegara à aldeia da folha. Naquele dia eu tinha saído em missão e, ao retornar à vila, encontrei, sem espanto, um bom número de homens sendo atendidos. Parte deles ficara na responsabilidade de Tsunade-sama, outros ficaram sob meus cuidados. Como saí em missão três dias depois, meus pacientes ainda aguardavam minha visita.

Abri a porta, enxergando logo de cara o rosto abatido de Ino. Ela estava sentada na minha cadeira – por que adorava viver infernada na minha sala –, debruçada sobre a mesa, com a cabeça em cima de livros, e os olhos azuis fixados na parede, sem reação ou emoção.
Nada falei ao entrar, por que já havíamos nos cumprimentados duas horas antes, além do que, eu já sabia de qual mal ela sofria. O Amor. Sempre ele.

–Já li o relatório da sensei. Daqui a pouco passarei no quarto dos pacientes restantes e, se eles estiverem bons, vou manda-los para casa ainda hoje.

Mesmo me ouvindo, Ino nada disse, nem me direcionou o olhar.

–Eu não acredito que você vai ficar assim, Ino! – falei ficando de frente à mesa, com os braços cruzados. –Apesar do Sai está convivendo com a gente de maneira sociável, ele ainda precisa aprender algumas coisas sobre... – ela suspirou, obrigando-me a mudar de tática. –Sasuke-kun, por exemplo! Ele se redimiu depois de tudo o que fez. Recuperou seu lugar na vila, salvou sua amizade com Naruto e, surpreendentemente, me pediu em casamento. Mas isso não significa que ele se tornou um homem perfeito.

Ela olhou-me tediosa. –Quando Sasuke te deu um fora para ficar com os amigos?

–Amigos! Todo homem gosta de está, pelo menos uma vez no mês, com os amigos. E pense no caso de Sai, com um pingo de solidariedade. Ele sempre foi solitário e só agora conseguiu mesmo se encaixar no grupo dos garotos.

–Eu aceito isso, mas ele não precisava dizer que eu o sufoco às vezes.

–E não é verdade? – indaguei desconfiada.

–Claro que não! – ela se inclinou na cadeira, pensativa. –Quer saber? Se estou sufocando meu namorado tanto, vou dá uma lição de gelo nele!

Arqueei as sobrancelhas, intrigada. –O que você vai fazer?

–Não vou procura-lo mais! Vou esperar ele vir a mim e, quando ele sugerir um entretenimento a dois, vou dizer que tenho compromisso inadiável com minhas amigas.

–Não é mais fácil confessar seu desapontamento?

–Não. Gosto de joguinhos.

Rolei os olhos, lhe dando as costas.

–Ontem provei o vestido pela última vez. – olhei-a de esguelha, sem esconder o sorriso escancarado.

–É verdade. Isso significa que o casamento está muito próximo.

–Parece mentira, né?

–Mentira parece o fato de Naruto ainda não ter dito nada a Hinata. – parei o que fazia para observá-la. –Será que ele, por acaso, não seria gay?

Soltei uma boa gargalhada ao ouvir a pergunta maldosa de Ino, imaginando a testa de Naruto franzida, os olhos semifechados incrédulos, e os berros em protestos.

–Eu acho que não. – rimos juntas. –O problema dele é a timidez.

–Que bizarro! Como alguém tão escandaloso pode ser tão tímido a ponto de deixar uma bela mulher escapar?

–Talvez ele precise de um empurrãozinho.

–Isso não o deixaria desconfortável?

–Não se ele ouvir a pessoa certa.

–E quem seria? – indagou Ino, batendo o dedo contra o queixo.

–Sasuke-kun.

–Sasuke é a pessoa mais errada no mundo para bancar o cupido. Isso ele não vai aceitar nunca! Estou até vendo a cara emburrada e os lábios crispados ao te ouvir.

–Isso não vai acontecer se eu usar meus talentos de persuasão.

Ino ergueu uma sobrancelha, escancarou um sorriso malicioso, e cruzou os braços.

–Eu sei a maneira mais eficaz de persuadir um homem.

–Acredito nisso plenamente, mas eu ainda não cheguei nesse estágio.

E, mesmo chegando, não me via capaz de usar tais métodos para conseguir um ou dois objetivos. Além do mais, Sasuke-kun não é do tipo de pessoa que se deixa levar, e penso que, certamente, não serão chantagens sexuais que irá mudar sua postura. Ou será que estou certa demais para afirmar tal coisa?

–Ahgh! Você é inacreditável, Ino! – balancei a cabeça rapidamente, afastando pensamentos tão pervertidos. –Eu vou ao quarto 14. Parece que o garoto anbu está agoniado por que ainda não teve alta.

–Ah! O nome dele é Yoshio. O pobrezinho fez a primeira missão com o esquadrão anbu e se deu mal logo de cara.

–Você o conhece ou falou com ele?

–Troquei três ou quatro palavrinhas com ele. Trata-se de um garoto alegre, o próprio nome já o define, também é espontâneo e muito sensato. Ah! E ele é seu fã.

Virei-me para Ino, sem entender o que ela queria dizer; não ao certo.

–Fã? Por que ele me admiraria? – dei de ombros enquanto pegava o necessário para deixar a sala.

–Você salvou a vida do pai dele semanas atrás. Não se lembra de alguém com o sobrenome Mori?

Olhei o teto, pensativa. –Talvez eu venha a lembrar amanhã ou outro dia, mas agora é impossível. Ultimamente só tenho pensado no casamento e Sasuke-kun, mesmo fazendo um esforço sobrenatural para ignorá-los de vez em quando. – peguei os objetos e andei na direção da porta. –Se Sasuke-kun aparecer, peça que ele me espere aqui, por favor.

–Pode deixar.

Andei apressada pelo longo corredor, enquanto pensava na ideia descabida de Sasuke-kun bancar o cupido, nem que fosse uma única vez na vida. Ino estava certa, claro, Sasuke-kun era a pessoa menos indicada para fazer alguém tomar coragem em se declarar. Mas, ponderando a ideia de ser Sai, Shikamaru, Chouji ou Lee, uma algazarra entre eles cresceria.

–Não tem outro jeito. – parei de frente ao quarto de número 14. –Será Sasuke-kun e seja o que Deus quiser.

Bati na porta duas vezes e logo fui convidada a entrar. Fechei a porta sem tirar os olhos do rapaz deitado na cama, com o rosto virado para a janela aberta. Seu cabelo era negro, comprido, e amarrado nas pontas; como Neji fazia. Sem fazer ruídos deixei os objetos em cima de uma cômoda baixa e me aproximei da cama, ficando do lado dela.

–Oi.

Pouco a pouco ele virou o rosto a fim de vê à pessoa que lhe dedicava atenção naquela manhã. Seu semblante era de tédio, até o milésimo de tempo que seus olhos me observavam atentamente; especialmente meu cabelo róseo. Estranhamente ele sorriu, mostrando seus dentes pequenos e brancos.

–Sakura Haruno?

–Oh, sim! – sorri coçando a nuca, completamente desconcertada. –Desculpa vir só agora, é que...

–Seu tempo e atenção são preciosos. Entendo perfeitamente.

Ele continuava sorrindo, como um bobo, muito semelhante à Naruto.

–Err... Tsunade me disse que você está desesperado para ir embora.

–Sim e, antes que você me pergunte se estou sentindo dor, afirmo que não estou.

–Ok. Então, você está liberado.

–Ótima notícia para um dia de sexta-feira! – ele continuava sorrindo. –Eu quero lhe agradecer por ter salvado a vida do meu pai.

–Não é preciso.

–Mas eu quero.

Seus olhos estavam focados nos meus, indecifráveis, e, sem desviar o olhar, ele deixou a cama. Parando a pouco mais de um metro, tentando chegar o mais perto possível de mim, Yoshio coçou a cabeça desajeitado.

–Sakura-sama, se você precisar de alguma coisa, não importa o que seja, nunca hesite em me procurar.

Pisquei os olhos consequentemente, sem saber o que dizer.

–Bem...

–É o mínimo que faço diante da sua sabedoria, inteligente, e dedicação à vila.

Coradas... As bochechas dele estavam coradas.

–Eu agradeço muito o elogio, mas...

–E bela. – ele deu um passo à frente, eu, no entanto, recuei dois passos. –Bela como nenhuma outra.

Aquilo era um elogio ou ele estava se declarando, da maneira dele?

–Obrigada por me achar bonita e... Olha só! – olhei o relógio no pulso. –Estou muito atrasada! Então, se você está bem... Que passe bem! – recolhi os objetos com muita pressa.

–Foi um prazer conhecê-la, Sakura-sama.

–Pois é, né! – sorri desajeitada. –Adeus.

Fechei a porta sem olhar para trás e suspirei em alívio. Apressei-me a sair antes que o paciente – meu admirador nada secreto –, me alcançasse ainda no corredor.

–Sasuke está na sala.

Fiquei tão desnorteada que não vi Ino se aproximando de mim, sendo que o corredor que estávamos era o mais tranquilo do hospital.

–Obrigada, Ino.

–O que há com você? Parece que foi atacada por um maníaco.

–Não exatamente, mas... – virei-me para a porta de número 14, logo depois agarrei o braço de Ino, e a levei comigo. –Aquele garoto é...

–Alegre demais. Eu sei.

–Antes fosse só isso. Você acredita que ele me encheu de elogios de uma maneira... Como se tivesse me paquerando?

–E daí? – deu de ombros, sorridente. –Vez ou outra, somos assediadas. Isso é mais que normal.

–Mas nunca fui abordada tão... diretamente.

–Não esquenta. Isso é um bom sinal.

Ino piscou , batendo no meu ombro de leve. –Te vejo por aí, chefa!

Observei ela se afastar e, em abrupto, lembrei-me que Sasuke-kun estava na sala, à minha espera. Apressei-me a abrir a porta, sem me dá o luxo de fazê-lo esperar. Vez ou outra, eu o convencia a ir ao hospital, como um ponto de encontro para depois irmos almoçar.

–Sentiu minha falta?

Inclinei sobre o corpo dele, enlaçando seu pescoço.

–Eu já estava indo embora.

–Não seja emburrado. – sorri dando a volta na mesa, olhando-o de frente. –Eu vou te pedir um favor muito importante.

–É caso de vida ou morte?

Encarei sua postura naquela cadeira, com os braços cruzados, e o semblante avaliativo.

–Não, mas é caso de honra.

Sasuke-kun levantou uma sobrancelha, como sempre fazia quando estava muito intrigado. Encarando seu rosto bonito, apoiei as mãos na mesa, e me inclinei nela.

–Naruto precisa de ajuda para... Para se declarar à Hinata e... – engoli a seco. –Acheiquevocêseriaapessoacertaparaisso.

Não entendi uma palavra.

–Tá. – respirei tomando postura, afinal aquilo não era uma missão difícil para a discípula de Tsunade, a Hokage. –Você é a pessoa mais próxima de Naruto, ele vive dizendo isso o tempo todo; todo mundo sabe disso, até a...

–Sakura. – ele me interrompeu descruzando os braços, ainda intrigado. –Sua enrolação não vai nos levar a lugar algum.

–Sim. Você está certo. – sorri. –Então, você é a melhor pessoa para aconselhar o Naruto.

– ...

–Ele gosta da Hinata, mas é muito tímido para se declarar.

– ...

–Eles se amam, mas estão encalhados por causa da timidez.

– ...

–Não fique aí sem dizer nada! Eu preciso do seu sim.

–Não.

Ele era muito bom em aniquilar, pulverizar, destruir, esmagar e enterrar as esperanças dos outros.

–Por que não?

–Por que isso é ridículo? – perguntou ficando de pé, sem tirar os olhos negros de mim. –Eu não entendo nada sobre essas coisas. Não nasci para ser um amigo conselheiro e tampouco um cupido. Vejo homens mais estúpidos que Naruto se declarando por aí.

–Você se declarou para mim, não custa nada dá umas dicas a ele. – Sasuke-kun fuzilou-me. –Não estou dizendo que você seja um homem estúpido.

–Uh. – ele murmurou duvidoso, o que me deu vontade de rir. –Isso não é uma questão de ser tímido, mas de honra.

–Claro.

–Se um homem quer uma mulher, que ele lute para tê-la. Não é assim que funciona?

–Eu não sei como o sexo oposto se sente a respeito disso, mas fico feliz por você ter se expressado dessa forma.

–Uh. – enquanto eu me divertia com a situação, ele estava arredio a meu sorriso. –Será que podemos ir agora? Não gosto de hospital.

–Sim, perdão. Mas pense nisso com carinho, Naruto merece nossa atenção.

–Não posso prometer nada.

–Tudo bem. – suspirei desanimada. –Dá para você pegar essa bolsa aí atrás?

–Sim.

Obrigada.

Sasuke-kun foi à procura da bolsa, que estava no canto da porta, em cima de uma mesa lotada de papéis.

–Sakura-sama!

A porta fora aberta de supetão e, para a minha surpresa, Yoshio apareceu nela. Seu peito oscilava, seu sorriso invejável não era visível, e sua expressão era séria.

–Yoshio?

–Sakura-sama. Eu tomei coragem de dizer que... Eu gostaria que fôssemos jantar um dia.

Sasuke-kun saiu do canto da porta, sem me lançar o olhar, por que seu alvo era outro, e esse ao menos sabia que corria perigo.

–Eu pensei e...

Sasuke-kun arrastou a porta para seu lado, deixando a silhueta magra de Yoshio à vista. Nem sei como decifrar o que vi, mas Yoshio parecia constrangido com a presença de outro homem – que não era um homem qualquer –, ou apenas estava vergonhoso por ter começado a falar sem se certificar de que eu estava sozinha.

–Você está nos atrapalhando.

Yoshio coçou a nuca, exibindo um sorriso sem graça.

–Desculpe. Eu não sabia que...

Sem mais o que explicar, o rapaz saiu às pressas, sem olhar para trás.

–Ele é um paciente. – Sasuke-kun olhou-me. –Ele é alegre e... O conheci hoje, quando o mandei para casa.

–Então ele é o cara mais confiável que já vi na vida. Mal te conhece e te convida para jantar.

Ele cruzou os braços, com o cenho franzido. Dentre tantas coisas que passou pela minha cabeça naquele momento, a palavra ciúme era a mais exata e saliente às minhas questões.

–Não dê importância a isso.

–Como ele não sabe que você é minha noiva?

Sasuke-kun estava tão incrédulo que me assustava. Com toda a certeza ele estava enciumado. Sem dúvidas e camuflagens. De fato, Sasuke Uchiha fazia uma ceninha de ciúme bem debaixo do meu nariz, sem ter consciência e, mesmo se tivesse, nunca admitiria.

–Existem muitas pessoas que não se interessam pela vida dos outros. – comecei a organizar as coisas normalmente, mas às vezes olhava-o de esguelha. –Podemos ir almoçar agora? Estou morrendo de fome.

Ele cedeu a minha explicação e consentiu com a cabeça.

–Que horas você vai sair daqui hoje?

–Não sei ao certo, às vezes tenho que prolongar meu horário, embora isso não aconteça sempre. Mas presumo que às seis. Por quê?

–Vou espera-la nos fins de tarde.

Notava-se uma postura digna de suas palavras, mas o rosto emburrado provava o quanto era difícil para ele manter-se assim, sem que seu desleixo emocional fosse mais escancarado.

–Tá. – sorri indo até ele e segurei sua mão fortemente. –Podemos ir?

–Uh.

Nada dissemos ao deixar o hospital, por que, na maioria das vezes, Sasuke-kun preferia o silêncio às palavras. Aquela fora a primeira vez que não me senti tentada a perturbá-lo com meu falatório, talvez por que meus lábios estavam tão escancarados a ponto de tocar as orelhas. O fato disso se deve a uma agradável cena de ciúme, protagonizada por um Uchiha, o último homem na face da terra a se expor de tal forma degradante.


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