Impulsos De Uma Paixão escrita por Gil Haruno


Capítulo 7
Especial


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo, gente!Decidi acelerar a postagem do capítulo. ;)Beijos!



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–Finalmente estamos voltando para Konoha!

–Confesso que eu também já estava impaciente na Vila do Som, mas nem tanto quanto você, Naruto.

Levantei a cabeça, observando a interação de Naruto e o sensei, mas decidi não participar dela, já que mal tinha ânimo para traçar o caminho de volta para casa. Eram inúteis minhas tentativas de fingir que estava tudobem, principalmente por que eu queria de todas as formas possíveis, mostrar isso para Sasuke-kun, mas estava sendo a missão mais difícil da minha vida.
Eu achava que, a fase mais dolorosa da minha existência, foi ter que vê-lo partir e, no dia seguinte, constatar que ele realmente tinha deixado à vila e seus amigos para trás. Mas ter terminado com ele também era muito doloroso ou até pior. Eu sentia como se, por um curto período, meus sonhos se realizaram e eu estava imensamente satisfeita com eles. Porém, tão de repente, todos eles escaparam de mim, e eu nunca mais conseguiria recuperá-los. Era tão confuso e tão claro ao mesmo tempo... Era quase assustador sentir o quão perto da realidade eu estava.

–Eu nunca vi vocês tão calados! – comentou Naruto, mais à frente.

–Agora que Naruto comentou, estou notando que ouvi poucas palavras serem pronunciadas por vocês dois. – disparou o sensei, nos olhando de lado, como se não quisesse se envolver.

–Por que vocês não se concentram no caminho?

Ao fazer a pergunta ríspida, Sasuke-kun se afastou de todos, e sozinho continuou a andar.

–Cara! – Naruto coçou a cabeça e cochichou. –Eu nunca o vi tão furioso!

–Com certeza é briga de casal, algo normal na relação.

Kakashi-sensei olhou para mim e sorriu em tom brincalhão. Sem lhe dá muito atenção, olhei as costas de Sasuke-kun, e suspirei encarando o chão.

*

–Você fez o quê?

Passei a mão no cabelo, bagunçando-o levemente, quase enlouquecendo com os ataques de Ino.

–É isso que você ouviu, porca! – quase gritei me levantando. –Namorados terminam. Noivos rompem noivados. Casamentos acabam e é assim que a vida segue em frente, certo? – indaguei sarcástica, logo depois abro um armário, cheia de pressa, e começo a empilhar alguns papéis. –E não me olhe com essa cara como se o mundo tivesse acabado!

–Testuda... – Ino respirou e, cheia de calma, se senta na cadeira mais próxima. –Sabe quantos anos você esperou para Sasuke olhar para você como mulher? E o que você enfrentou para tê-lo em Konoha novamente? – mesmo ouvindo-a, continuo a guardar os papéis. –E quantas mulheres continuariam amando um cara que foi seu inimigo e amor ao mesmo tempo? – paro observando os papéis, mas não a olho. –Você fez mais que espera-lo. Você acreditou que tudo daria certo no final...

–E deu, Ino! Ele voltou e é um ninja de Konoha de novo! Naruto e ele se entenderam! O Time Sete voltou a brilhar como antes! – respirei fundo.

–Mas esse não é, e nunca será um final para vocês dois! – ela bateu as mãos na mesa, contrariada. –Você sempre soube que Sasuke quer restaurar o clã e é óbvio que ele precisa de uma fêmea para isso. Mas, você acha que ele quer, apenas, encher a casa de herdeiros? – inquieta Ino se levantou. –Ele está reconhecendo que precisa ser amado e não há ninguém melhor que você para se encarregar disso.

Nossos olhares se cruzaram, como se buscássemos respostas e, atônita, deixei todos os papéis caírem, se espalhando no chão. Calmamente voltei à minha cadeira e me sentei nela, deixando o corpo desabar.

–Entenda que... – Ino e eu nos olhamos fixamente. –Eu não sou mais uma garota de doze anos que... Que não me importava com um amor unilateral. Para aquela Sakura, Sasuke-kun só precisava está perto dela e ela ficaria contente. – sorri lembrando-me daquela época, mas a seriedade logo me pegou de surpresa. –Eu só queria ter certeza que ele sente algo mais intenso por mim.

Ino se sentou, de frente para mim.

–Dê uma chance a ele, afinal isso nunca foi um problema para você.

Ela sorriu.

–Eu quero muito... Você não imagina o quanto, mas eu não vou mais procurá-lo. – Ino balançou a cabeça, incrédula.

–E se ele não te procurar? Quer dizer, é muito difícil para Sasuke tomar uma iniciativa como esta. Você vai mesmo correr o risco?

Fiquei em silêncio antes de lhe dar uma resposta.

–Se ele não me procurar... É por que tudo isso foi um erro.

Talvez eu estivesse ficando louca e não percebia as proporções que isso vinha a me causar futuramente. Mas, de uma forma estranhamente positiva, eu queria correr aquele risco, por que eu ainda mantinha a velha esperança de que, no final, tudo ia dar certo. Era irônico pensar assim, sendo que eu mesma estava tentando me lançar à tristeza, mas isso não me enfraquecia; apenas me obrigava a segurar o último fiozinho daquela corda gasta chamada esperança.

–Eu no seu lugar, não arriscaria tanto. – disse Ino, despertando-me. –Mas eu concordo com você em algumas coisas, embora eu queira te estrangular por ter dado ouvidos aquela ruiva vadia. – sorri um pouco, percebendo que suas mãos se fecharam. –Você é a Kunoichi mais forte da Vila da Folha, mas perde completamente a razão quando o assunto é Sasuke Uchiha.

–Você não faz ideia do quanto eu me segurei para não espancar Karin no modo sennin. – Ino sorriu e sem que percebêssemos começamos a juntar os papéis. –Você está me ouvindo um tempão e eu aqui bancando a ingrata. Como está seu namoro com Sai?

Levantei a cabeça para vê-la e Ino também fez o mesmo, mas exibindo um sorriso encabulado.

–Que sorrisão é esse? – perguntei sem me importar por estarmos de cócoras, recolhendo os papéis. –Pelo jeito vocês estão ótimos, não é? – fiquei feliz por ela.

–Você trancou a porta, não é?

–Claro que não, mas ninguém vai nos escutar. – respondi sem entender sua pergunta.

–Ai! Não sei como devo te contar isso, sem que pareça vulgar ou me deixe com cara de vadia.

–O que você quer dizer? – indaguei com o olhar apreensivo, esperando uma resposta.

–É que... – Ino mordeu o lábio inferior com muita força, mas não abandonou o sorriso. –Aconteceu! – ela gritou, sem conter a emoção que eu ainda desconheço.

–Aconteceu... – murmurei pensativa, até me dá conta do que ela tentava dizer. –Você está falando daquilo? Você fez aquilo?

–Fiz!

Caí para trás, sentada, sem tirar os olhos arregalados de Ino.

–E... – me sentei cruzando as pernas, e me recompus. –Como foi?

–Estranho, mas bom. – e ela se sentou também, imitando-me. –Um pouco desconfortável, mas bom. Vergonhoso, mas...

–Eu já entendi! – falei interrompendo-a, mas nada era capaz de tirar sua empolgação. –E agora?

–E agora, o quê?

–Vocês não pensam em unir as escovas de dente? Não que fazer amor vá obriga-la a se casar, mas por que vocês chegaram nessa fase, e devem estar fazendo planos.

–Oh, sim! Já falamos de nos casar, talvez no fim do ano, mas não estamos tão apressados. – ela sorriu maliciosa. –Você tem curiosidade?

–Sim, acho que todo mundo sente. Mas, pra falar a verdade, eu não consigo imaginar como vai ser. – sorri bobamente. –Eu só quero que seja especial. Inesquecível. Romântico... Eu quero que seja perfeito!

Sorrimos juntas como se fôssemos duas crianças sentadas no chão, relembrando a última travessura.

–Mas que dia!

Levantamos sobressaltadas com a chegada de Tsunade-sama.

–Sensei. – murmurei constrangida por termos sido flagradas.

–Preciso falar com Naruto, mas não o encontro em lugar algum! Você o viu por aí, Sakura?

–Não o vi hoje. – respondi coçando a cabeça. –Mas eu digo a ele que a senhora quer vê-lo, caso eu o encontre.

–Ah! – ela respirou aliviada.

–Sensei, aconteceu alguma coisa? – perguntei preocupada por ver a urgência estampada em seu rosto.

–É que nós vamos jogar hoje e a aposta é muito boa. – ela sorriu empolgada enquanto Ino e eu lhe lançamos olhares indignados. –Aquele loiro metido a besta não perde por esperar! – riu ela, achando-se vitoriosa. –Por falar em metido a besta, também preciso vê o Uchiha. – coçou o queixo, pensativa. –Sakura, com certeza esse último você verá logo, por isso também passe o recado a ele.

–Mas...

–Obrigada. Tchau!

Fiquei com cara de boba, sem consegui avisá-la de que eu não poderia dá o recado.

–Ino...

–Você não quer decepcionar a Hogake e, além do mais, aposto que Sasuke vai adorar vê-la! – ela chegou à porta e segurou a maçaneta, prestes a girá-la. –Boa sorte! – piscou ela, batendo a porta.

Finalmente o dia vai chegando ao fim e, junto com ele, o estresse do dia puxado. Agasalhada, ando distraidamente observando cada ponto movimentado, sem pressa. Nem mesmo eu sei por que quero fazer esse favor a Tsunade, já que é preferível evitar qualquer encontro desnecessário com Sasuke-kun. Mas eu vou dar apenas um recado, não é? Não há mal algum nisso. Eu nem mesmo vou notar que troco uma ou duas palavras com ele.

Sem muito perceber, cheguei ao bairro Uchiha, e o observei em total silêncio. O lugar não era isolado se tratando da localização, mas todo aquele silêncio o tornava muito distante dos outros bairros, e até mesmo triste. Lembrei-me da última vez que estive ali e não me lembrei de vê o bairro Uchiha sem vida. Talvez seja por que, naquele dia, eu estava feliz e nada era capaz de tirar meu sorriso.

–Sakura?

Assustada, virei-me para trás e me deparei com Sasuke-kun, com sacolas de compras nas mãos.

–Err... – balbuciei miseravelmente, perdendo todo o ensaio psicológico. –Tsunade-sama quer vê-lo.

–Uh. – murmurou ele, olhando-me fixamente.

–Bem, é isso. – falei passando por ele, com as pernas trêmulas.

–Você não quer ficar? – parei, fechando os olhos, sem saber como eu responderia sua pergunta. –Podemos jantar juntos.

Engoli em seco e, decididamente, me virei para ele.

–Sasuke-kun...

–Você está feliz com isso? – as sacolas caíram no chão e sem se preocupar com elas, ele se aproximou. –Não, você não está feliz. Agora, será que você pode imaginar o quanto estou me sentindo perdido no meio disso tudo?

–Eu...

–Eu não estou feliz. – disse calando-me. –Eu não me sentia bem há anos e você me proporcionou esse bem estar. Você sempre quis que eu fosse feliz, mas agora não está se importando com isso.

–Não é verda...

–É difícil entender que eu gosto de você? – perguntou em tom mágoa. –Você não faz ideia do quanto eu tenho me esforçado para demonstrar meus sentimentos, já que falar sobre eles ainda é um grande desafio para mim. Mas seu desagrado só me fez perceber que eu não mudei quase nada.

–Pare! – exigir, abafando o choro que surgiu involuntariamente.

–Toda essa pressa... Essa urgência que você acha sem cabimentos... Isso também é sentimento. – encarei o chão rapidamente, sem mais saber como olhá-lo nos olhos. –Eu queria tê-la ao meu lado, o mais rápido possível, por isso a pedi em casamento sem pensar nas consequências disso. Eu não pensei em mais nada que não fosse nossa vida juntos. – calado, ele baixou a cabeça. –Desculpe se eu lhe causei mais decepções.

–Não diga mais nada. – eu o abracei fortemente e fechei os olhos sentindo seus braços retribuírem meu abraço. –Eu fui uma idiota! – quase gritei. –Eu sei que você gosta de mim, mas... – me afastei dele, olhando-o enquanto acaricio seu cabelo negro. –Você tem ideia do quanto eu tenho medo de viver uma ilusão?

–Isso não é uma ilusão, Sakura. – suas mãos seguraram meu rosto, acariciando-o de leve. –Você pode sentir o quanto eu gosto de você?

Sorri. –Sim.

E em nenhum momento ele disse a palavra amor, mas mesmo assim, eu estava feliz. Eu sei que ele ainda tinha muito que aprender e, por mais excitante que seja a vontade de ouvi-lo confessar seu amor de outra forma, eu ia aprender a esperar o momento.

–Sasuke-kun... Eu te amo.

Sussurrei tocando seus lábios de leve, até provar o beijo que tanto ansiei em claro, imaginando se eu voltaria a tocá-lo dessa forma.

Sem tirar os olhos dos alimentos em cima da mesa da cozinha, enrolei o cabelo e prendo-o com um elástico. Por último procurei um avental e, sem querer, acabei vasculhando toda a cozinha. Então percebi que tudo nela era devidamente arrumado em ordem, sem que houvesse um só objeto no lugar errado.

–O que está procurando?

–Um avental. – respondi virando-me para Sasuke-kun.

–Você não precisa me ajudar.

–Mas eu quero. – já que ele se recusava a aceitar minha ajuda, atrevida tirei seu avental. –A senhora Mikoto era uma mulher muito organizada?

Sem me responder, ele vestiu outro avental, e foi impossível não suspirar por vê-lo tão dedicado à culinária.

–Ela adorava cuidar da casa, por isso tinha o hábito de deixar tudo no seu devido lugar.

Juntando-se a mim, ele começou a cortar os legumes.

–E você herdou o hábito dela. – sorrimos timidamente. –Eu queria muito ter a conhecido. – Sasuke-kun parou o que fazia para me observar. –Será que ela teria gostado de mim?

Ele sorriu, voltando a cortar os legumes, e com certeza está achando essa pergunta típica demais.

–Ela já gosta de você. Eu tenho certeza disso.

Sua serenidade às vezes me impressionava muito. Olhando-o, fiquei pensando como teria sido sua vida se sua família ainda estivesse viva. Acho que ele não seria muito diferente do que é agora, mas, com toda a certeza, seria mais feliz.

–Sasuke-kun... – ele me olhou rapidamente. –Nossa família será enorme! – surpreso com meu comentário, ele me olhou, deixando os legumes de lado. –E nunca mais essa casa viverá em silêncio. – sorri para ele dando um longo suspiro, já envolvida em um futuro muito próximo.

–Tem certeza que você quer isso? – indagou com um pouco de graça. –Você terá que dedicar a maior parte do tempo a nossos filhos, o que vai prejudicar seu papel em missões.

–Ah! – balancei a cabeça, concordando com ele. –Será uma vida muito agitada, mas conseguirei desempenhar meu papel de heroína.

–Desde que... – ele abraçou minha cintura, fazendo que meu corpo fosse ao seu encontro. –Desde que você não corra perigo, por mim tudo bem. Mas, sendo sincero, eu arrisco dizer que prefiro que sua vida seja menos agitada possível.

–Do tipo que eu, de vez em quando, saia em missões?

–Do tipo que você passe seis horas no hospital e dedique o resto do seu tempo a sua família. O que você acha?

–Soou um pouco autoritário, mas eu vou pensar no seu caso. – brinquei enlaçando seu pescoço e o provoquei até o beijo acontecer, mas o barulho da água fervendo nos impediu de continuar. –Tem que tirar a tampa ou a água vai derramar e apagar o fogo.

–Deixa comigo.

Claro que eu não ia me opor, afinal estava me divertindo ao vê-lo enfiado em uma cozinha, usando um avental, e mostrando que o longo tempo que passara sozinho lhe serviu de muitas experiências.
Duas horas passaram muito de pressa ou, simplesmente, não percebemos já que não houve um minuto sequer que não deixamos de interagir com outras coisas. Eu, como sempre, estava empolgada para falar de tudo que me vinha à mente, quase obrigando Sasuke-kun a falar também. Mas, surpreendentemente, ele acabou conversando comigo, mesmo na maioria das vezes sendo monossílabo.

–Como está?

Perguntei ansiosa e extremamente nervosa.

–Uh. – ergueu uma sobrancelha, sem desviar o olhar. –Está faltando um pouco de sal e a carne queimou um pouco.

–Hã? – quase gritei deixando os ombros despencarem e, cheia de pressa, provei a refeição. –Mentiroso! – suspirei levando a mão ao peito, o que lhe arrancou um sorriso.

–Está muito bom.

–Ufa! Primeiro elogio. Quer dizer que estou pronta para assumir essa cozinha, não é? – perguntei divertida.

O jantar prosseguiu satisfatoriamente, como se tivéssemos ensaiado muito para que tudo ocorresse bem. A verdade é que, era nosso primeiro jantar a sóis, sem que meus pais estivessem por perto, e queríamos que o momento fosse inesquecível.
Ao terminarmos de jantar, fomos para a varanda do quarto dele, onde era possível enxergar todas as luzes de Konoha. Embasbacada com a vista, assustei-me de leve quando Sasuke-kun abraçou minha cintura e começou a distribuir diversos beijos na curva do meu pescoço. Fechei os olhos, entorpecida com seu calor atrás de mim, como se me protegesse do vento gélido. Suas mãos desprenderam-se da minha cintura e alcançaram meu cabelo, ainda preso. Meu longo cabelo róseo se desprendeu do elástico, caindo para todos os lados, mas sendo soprado pelo vento fino. Sasuke-kun nunca me disse em palavras, mas ele não sabia disfarçar que o cheiro de cerejeira no meu cabelo deixa-o entorpecido.

–Eu tenho que te devolver uma coisa.

Virei-me para ele, com o semblante curioso, e senti meu coração bater forte, mesmo sem saber do que se tratava.

–Você tirou ele do dedo sem querer.

Delicadamente ele pôs o anel no meu dedo.

–Eu senti a falta dele. – emocionada acariciei o anel, como se ele fosse sentir meu carinho. –Vamos nos casar mesmo, não é?

–Eu tenho certeza disso. – respondeu ele, selando a noite com um beijo.


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