Impulsos De Uma Paixão escrita por Gil Haruno


Capítulo 6
Palavras


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, gente!Beijos!



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Pensativa, abri a janela do meu quarto, e encarei o pôr do sol se estendendo no horizonte.
Abaixo da minha janela vi as pessoas transitando pela rua, aproveitando os últimos momentos da luz do sol, nesse dia. A Vila do Som não se iguala a Konoha, mas está se tornando uma vila próspera e até mesmo harmoniosa. Mas, ainda assim, eu não consegui me acostumar com ela. Talvez, por que foi ali que o lado obscuro de Sasuke-kun nasceu, e por que estamos cercados por ele agora, ignorando-o como se tudo não tivesse passado de um sonho.

Respirei fundo, fugindo dos próprios devaneios, e decidi trocar de roupa. Já fazia um bom tempo que saí do banho, mas não tive coragem de tirar o roupão e ir encontrar os outros que, provavelmente, já estão na mesa, à minha espera para jantar. Eu não tive coragem de dizer a eles que ficaria no quarto hoje, por que estou sem fome, e não quero falar com ninguém até que esse estresse emocional passe. Eu não podia agir como se minha vida pessoal viesse em primeiro lugar, ignorando os assuntos que diz respeito à Konoha. No mínimo, seria uma atitude nada madura da minha parte.

Agasalhei-me na blusa de lã e tranquei a porta, indo à procura dos outros. Pessoas desconhecidas cruzaram comigo pelos corredores, observando-me como se eu fosse uma pessoa famosa, e nem mesmo seguram os cochichos ao me dá as costas. Ignorando-os, cheguei ao lugar onde o Time Sete já está reunido. Sorri feliz por eles serem minha casa naquele lugar estranho e, ao passar pela parede que nos separa meu sorriso morreu instantaneamente, deixando-me imóvel.

–Venha, Sakura-chan! – gritou Naruto, obrigando Sasuke-kun a lançar um olhar a mim.

–Espero que você não se importe de jantar com a gente.

Disse Karin, sentada ao lado de Sasuke-kun sem a menor dificuldade de sorrir.

–Por que eu me importaria? – perguntei me aproximando deles, dando a entender que eu ia me sentar ao lado de Sasuke-kun, mas passo de cabeça erguida por ele, e sem nada dizer me sento ao lado de Juugo. –Você se importa se eu me sentar aqui?

Perguntei a Juugo, deixando-o encabulado.

–É uma honra. – disse ele sorrindo, mas ficou sério ao vê o olhar mortal que Sasuke-kun lhe lançou.

Vingativa, olhei Sasuke-kun, que também me olhava com uma cara nada amigável, mas não o deixei me intimidar. Encarando-o, puxei todo o meu cabelo para frente, jogando-o no ombro e, com muita delicadeza, prendi uma mexa solta atrás da orelha, sem quebrar o olhar.

–Aqui está! – três pessoas vieram nos servir. –Bom jantar. – desejaram se retirando.

–Está muito bom! – quase gritou Naruto, sem esconder o quanto ele está faminto. –Kakashi-sensei, quando voltaremos?

Boa pergunta Naruto. Estamos há três dias nesse lugar.

–Talvez logo. – respondeu o sensei, pensativo. –O Otokage está preparando um relatório sobre nossa missão... Só para manter a Hokage a par de tudo. Mas, possivelmente, partiremos amanhã.

–Que saco! Sem Sasuke logo voltaremos a morrer de tédio nessa vila!

–Você todo já é um tédio, Suigetsu! – falou Karin mexendo nos óculos. –Mas, de vez em quando, podemos voltar para Konoha e nos unir como um time, não é Sasuke?

–Não pertencemos mais a mesma vila.

Revoltada com a resposta de Sasuke-kun, Karin tossiu.

–Eu não me canso de ouvir os foras que você leva do Sasuke, Karin. – Suigetsu a provocou. –Quando você vai aceitar que, aquela garota ali – apontou para mim, fazendo-me levantar a cabeça. –, está prestes a se casar com ele?

Meus olhos se cruzam com os dela, mas eu a ignoro e volto a me concentrar na refeição.

–Não é tão fácil aceitar que Sasuke está saindo com alguém, sendo que ele é reservado demais para tomar esse tipo de iniciativa. – disse ela, sendo o centro das atenções. –Com certeza suas artimanhas foram melhores que as minhas.

–Chega, Karin! – disse Sasuke-kun, visivelmente irritado. –Minha vida com Sakura não lhe diz respeito.

Ela respirou fundo, mas exibia um sorriso.

–Eu não quis irritá-lo, apenas compreenda minha posição. – insistiu ela. –Se sua companheira de time foi uma pessoa muito próxima de você, eu também fui. – se levantou. –Eu só não entendo o porquê de você preferi-la. – antes de sair, Karin me olhou com ódio. –Ah! – parou se virando para nós. –Talvez seja porque a restauração do seu clã é o único assunto que você não conseguiu resolver ainda, não é? – e ela saiu em passos fundos.

O silêncio era a única coisa presente ali.

–Não vamos perder os ânimos por causa de uma garota despeitada. – como se nada tivesse acontecido, Naruto voltou a comer.

–-Vamos fazer o que sempre fizemos com ela: ignorá-la. – disse Suigetsu.

–Então Juugo, tem se sentido bem ultimamente? – indagou o sensei, motivando o entretenimento entre eles.

Encaro a comida, sem ter mais apetite, e penso nas palavras de Karin. Eu sei que ela estava com ciúmes e faria de tudo para me provocar, mas... No fundo ela está certa! Toda essa necessidade de Sasuke-kun se casar comigo, sem se importar com a pressa, e tão pouco com a claridade dos seus sentimentos. Sim, por que... Quando foi que ele disse que está apaixonado por mim? Nunca. Ele apenas se convenceu de que precisa se casar e eu sou a escolhida. Claro... Eu sempre o amei, não foi? Eu sempre escancarei meus sentimentos e... E o recebi de braços abertos quando o fim da guerra foi decretado.
Eu sempre me joguei para dentro do seu mundo, tentando convencê-lo de que meu amor é suficiente para alegrar sua vida, e mudar seus novos passos. Tanto fiz que ele acabou aceitando o que tentei lhe mostrar, e o que vivemos agora, é uma realidade forçada dos meus esforços.

Levanto a cabeça, olhando-o enquanto ele ainda se alimenta. Meus olhos embargam, estou sentindo muita vontade de ficar sozinha e chorar, mas agora não é o momento. Por hora quero ficar aqui, observando o rosto dele pensativo enquanto me questiono, severamente.
Será que minha persistência sempre o induziu? Será que, se eu não tivesse insistido todo esse tempo, Sasuke-kun teria se apaixonado de verdade por alguém? Talvez, mas eu sempre estive lá, do seu lado, enfiando na sua cabeça que eu era a pessoa ideal para suprir suas necessidades afetivas. Por que meu amor sempre seria o grande alicerce da nossa união. Eu quase deixei claro que ele não precisava me amar, por que ele só precisava saber que eu estava ali, amando-o, preenchendo cada parte de sua existência vazia.

–Pessoal... – respirei fundo e me levantei, sem mais aguentar essa tortura. –, eu vou me deitar. Boa noite a todos.

Saí dali sem olhar para trás e me apresso a chegar ao quarto, prevendo o momento que as lágrimas arrebentariam minha defesa. Ao segurar a maçaneta, ouço passos agudos atrás de mim.

–Tem outra coisa que quero lhe dizer, olhando nos seus olhos.

Viro-me para trás e deparo-me com Karin, séria.

–Eu não tenho nada para ouvir de você!

–Talvez não, mas eu quero dizer mesmo assim. – se posicionou à minha frente. –Sasuke sempre foi um homem racional, sendo que ele sempre pensou em um propósito e sempre chegou a ele. Com você não foi diferente. – mexeu os óculos. –Ele quer restaurar seu clã, isso foi seu segundo maior propósito desde que sua família morreu, mas para isso ele vai precisar de uma mulher. Por isso você passou a ser um propósito também, por que está mais próxima dele agora. – e ela respirou fundo, em tom de deboche. –Não pense que você é especial na vida dele ou que ele a ama tanto que a escolheu como mulher. Sasuke é movido por objetivos e só.

Fico observando suas costas, até ela sumir no lado mais escuro do estreito corredor. Minha única reação foi de abrir a porta com desespero, entrar batendo a porta com força, e deixar minhas costas deslizar nela enquanto eu reflito, até meu coração parar de bater forte.

–Eu não vou chorar!

Disse a mim mesma, respirando fundo, controlando todas as emoções que tentavam fugir, a fim de fazer um grande estrago.

–Quem você quer enganar, Sasuke-kun? – indaguei, encarando o nada. –Esse casamento repentino, nenhuma palavra que me fizesse acreditar que você apenas quer está perto por que me ama. – sorrir, tristemente. –Uma palavra e eu... E eu nunca mais duvidaria dos seus sentimentos. – quase murmuro, dando um longo suspiro. –O que eu sou para você, afinal?

Viro-me para a porta e torno a abri-la. Traço o caminho de volta e, na pequena curva, esbarro em Naruto.

–Oi, Sakura-chan!

–Cadê Sasuke-kun? – perguntei como se tivesse o intimando.

–Assim que você saiu ele voltou para o quarto.

Sem dizer obrigado à Naruto, passo por ele com muita pressa, e não demoro muito para chegar ao quarto de Sasuke-kun. Seguro a maçaneta, girando-a como se eu fosse convidada a entrar, e abro a porta.

–Sasuke-kun! – chamei por ele, andando até o centro do quarto.

–Atrás de você.

Olho para trás e dou de cara com Sasuke-kun, usando apenas uma calça.

–Precisamos conversar. – falei sem me importar por está no seu quarto, com ele usando apenas uma calça.

–Eu sei. – pacientemente ele vestiu a camisa de mangas compridas. –Você não tem que dá importância as coisas que Karin fala.

–Não é com ela que me preocupo, é com você. Por que você permite que ela fale da sua vida como se ela o conhecesse muito bem?

–Por que eu simplesmente a ignoro.

–Você também ignora as investidas dela? – perguntei sarcástica. –Por que você não consegue fazer que ela entenda que estamos juntos e que vamos nos casar?

–Sakura! – disse ele, em tom bravo. –Eu não vou discutir sobre coisas tão infantis.

–Só que estamos discutindo sobre o nosso relacionamento!

–Isso não é falar da gente e sim levar em conta a antipatia que existe entre vocês duas! – ele está exaltado, deixando claro que sua paciência está esvaindo de si.

–Eu não sou mais uma garotinha para brigar por você, então não me trate como se eu fosse uma!

–É você que está se posicionando dessa forma! – passou a mão no cabelo negro enquanto me encara duramente. –Eu escolhi você! Por que tanta insegurança?

Sem mais conter as lágrimas, deixei que elas desabassem ali mesmo, sem me importar se ele as vissem.

–Por que você me escolheu? – levanto a cabeça, olhando-o nos olhos.

–O que importa isso agora? Estamos juntos, não é?

Levo a mão ao rosto, limpando as lágrimas incessantes.

–Você não tem ideia do porquê de ter me pedido em casamento, mas eu tenho. – digo repelindo as lágrimas. –Eu sempre insistir nesse amor, provando a todo custo que você é importante para mim, e você se convenceu disso. Você precisa reconstruir seu clã, não é? E para que correr atrás da garota perfeita se eu sempre me ofereci a você?

–Eu pensei que você me conhecesse melhor que eu mesmo. – seu tom de voz é brando e ao mesmo tempo magoado.

–Eu também pensei assim, mas eu estava errada. – respirei fundo. –Você me pediu em casamento e eu aceitei sem saber se você sente algo mais intenso por mim. Mas... Como posso me casar com uma pessoa que não sente a mesma coisa que eu sinto?

–Nem sempre as palavras expressam nossos sentimentos.

–Sim, mas a falta delas também nos deixa em dúvida. – dolorosamente tirei o anel de noivado do meu dedo. –Eu não vou mais incentivá-lo a me aceitar. – andei até a cama e deixei o anel no lençol esticado. –De hoje em diante... Você vai ter a oportunidade de escolher uma garota que não seja irritante como eu.

–Você lutou tanto por mim para desistir depois de tudo? – perguntou calmamente e eu não me atrevi a olhar seu rosto. –Responda, Sakura!

Fui obrigada a olhá-lo, mas minha decisão foi tomada. Sem pressa abri a porta e saí do seu quarto, a fim de colocar ponto final em nossa história, mesmo sentindo o coração dilacerar.


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