Impulsos De Uma Paixão escrita por Gil Haruno


Capítulo 2
Tão perto. Tão próximos!


Notas iniciais do capítulo

Consegui postar!
Gente, vocês não tem ideia do quanto que eu pastei para recuperar esse texto depois do meu notebook ter pifado.
UFA!
Meninas, espero que vocês gostem do capítulo e me recompense com uns dez reviews.
Beijos!



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–Entre.

Mesmo ouvindo o convite de Sasuke, permaneci de pé na porta, um tanto receosa. Entrar ali seria como entrar na vida reservada dele, depois de tanto tempo vivendo no obscuro, e não era uma situação normal para alguém que testemunhou tantos desafios desde o princípio. Aquela era a casa de Sasuke-kun. O mais difícil e precioso pedaço da sua história de vida.

–Está bem.

Por algum motivo seu olhar foi diferente, como se quisesse me alertar ou até mesmo me proteger daquela sensação de medo.
Entrei sem resistir a vontade de conhecer cada pedacinho daquela casa. Não havia um só móvel fora do lugar, empoeirado, ou com roupas encobrindo-os. Tudo era muito organizado, com cheiro amadeirado de objetos limpos e, sem sombra de dúvidas, uma das melhores residências de Konoha.

Distraidamente descobri o quadro da família Uchiha pendurado um pouco acima de mim. Nele estava o pai de Sasuke; tão sério que dava impressão de que ele vivia de mau humor. A mulher ao lado dele era sua esposa; tão serena e bela que partiu meu coração ao pensar na sua morte. À frente do pai estava Itachi; um homem que viveu durante muitos anos encarcerado, preso no único caminho que a vida lhe ofereceu. E ao lado da mãe, tão pequeno e aparentemente indefeso, Sasuke estava sorrindo na foto; aquele dia deve ter sido um dos melhores para ele.

–Do que você precisa?

Ele estava atrás de mim, o tempo todo me observando. Silenciosamente me virei para ele, e o encontrei com as mãos enfiadas nos bolsos, olhando um ponto imaginário no chão da sala.

–Na verdade eu só preciso olhar a ferida e... – simplesmente ele se sentou em uma das cadeiras e esperou por mim.

Parei do seu lado, e cuidadosamente minhas mãos frias tocaram sua pele quente. O corte ainda sangrava e parecia ser bem maior agora que o vejo com mais claridade.

–É um corte feio. – comentei tentando afastar a manga curta da camiseta, mas ao perceber que não daria certo Sasuke levantou o braço a fim de removê-la, e gemeu baixo ao flexioná-lo. –Não se mexa. – pedi levantando a saia acima dos joelhos, e peguei a kunai que estava presa na minha coxa. A lâmina rasgou com muita facilidade a blusa ao meio e por último cortei as mangas. –Desculpe pela blusa. – olhei de esguelha e o flagrei olhando com muita discrição a barra da saia que na pressa não ajeitei. Como se nada tivesse acontecendo ignorei o fato, mesmo com o coração aguentando firme cada batida. –Há cortes pequenos nas costas... – falei averiguando os ferimentos. –Na verdade há cortes menores por todo o corpo.

–Não passam de arranhões.

–Poderiam ser escoriações grave. – com as mãos abertas cheias de chacra, comecei a cuidar do primeiro ferimento. –Foi uma missão difícil... Eu deveria ter ido.

–Você deveria está feliz por ter ficado e salvado muitas vidas aqui.

Ele queria que eu refletisse sobre a hipótese de eu ter ido e livrado o esquadrão Anbu do esgotamento, enquanto muitas pessoas morreriam no hospital.

–Você está certo.

Nunca pensei que está perto dele novamente traria de volta a velha sensação de que Sasuke estava há vários metros de mim. Melancolicamente eu conseguia senti cada ferida cravada em sua pele; conseguia tocá-las e curá-las, mas não conseguia penetrar sua alma. Aquele silêncio que eu sempre via em Sasuke, como uma barreira conflitante que sempre esteve entre nós, e que, uma única vez, eu consegui quebrá-la a custo de muita lágrima. Sintia-me fraca toda vez que me deparava com aquela distância, por que eu saiba o que ela significava.

–Sabe que... hoje de manhã eu cuidei de três crianças genin, e elas eram um pouco parecidas com nós três naquela idade. – sorri ao me lembrar do trio. –Eles eram muito cúmplice um do outro, e não escondia a paixão de estarem no mesmo time... mesmo discutindo o tempo todo. – suspirei recordando aquela época, e lamentei por ela ter passado tão depressa. –Às vezes parece até que foi ontem. – mais um suspiro alto, e um sorriso bobo. –Você não sente saudade daquela época?

Aguardei a resposta como se estivesse depositando todas as minhas esperanças em um Sim ou Não.

–Não sei se eu devo pensar no passado.

Sem ter o que dizer, depositei toda a minha concentração em suas feridas, e assim mergulhamos completamente no silêncio. Apesar de sua postura fria, eu senti o peso daquelas palavras e o quanto elas significam para ele. Talvez ele nunca viesse a falar da importância do Time Sete em sua jornada, mas Naruto, Kakashi-sensei e eu, sabíamos o que aqueles dias significaram.

–Já está acabando. – falei para ele não perceber que meu chacra estava se esgotando. –Só mais um pouco...

Abruptadamente Sasuke segurou minha mão, interrompendo o procedimento de cura. Atônita, virei para ele, e nossos olhares se encontraram em meio a pouca luminosidade.

–O que foi? – perguntei sentindo o coração disparar.

–Você está se excedendo de novo.

–Bem, eu acho que um médico deve fazer... – sutilmente a mão calejada dele apertou a minha e seu calor me inundou.

–Pare já com isso. – Sasuke interrompeu o pequeno contato e se levantou recolhendo meu casaco. –Vamos agora antes que volte a nevar forte.

Contrariada, deixei o chacra fluir em minhas mãos, e o desafiei com o olhar.

–Eu ainda não terminei.

Sasuke respirou forte ao ver a cena. –Então você prefere que eu te leve a força para casa? – indagou sério. –Por mim tudo bem, mas não sei se seus pais vão gostar disso.

–Você não teria coragem. – disse confiante, mas temendo sua ameaça. –Só mais dois cortes e acabou. Além do mais... – levei a mão à testa sentindo-me fraca. –Senti fraqueza de repente.

–É por que você está esgotada.

Olhei-o a fim de questioná-lo, mas Sasuke não estava no mesmo lugar.

–Teimosa. – atrás de mim, sorrateiro, ele me segurou em seus braços, e calado carregou-me para um quarto.

–Onde está me levando?

–Descanse. – cuidadosamente Sasuke me deitou em lençóis perfumados, e seu cheiro estava lá por toda a parte.

–Mas... – sem olhar para trás ele fechou a porta.

Apoiei os cotovelos na cama, e sem ação observei o quarto. Um cômodo tão desconhecido, mas ao mesmo tempo familiar. Com as pontas dos dedos toquei carinhosamente o cobertor que me protege, e em seguida um dos travesseiros. Abracei-o contra meu corpo, e lentamente descansei a cabeça no outro. Entorpecida com seu cheiro fechei os olhos cansados, agarrando-me fortemente ao travesseiro, e me entreguei ao cansaço. Eu nunca estive tão perto dele como estava ali.

Abri os olhos desconfortavelmente. Pelas flertas das cortinas a luminosidade do sol começava a assombrar a penumbra do quarto silencioso.
Sentei-me com o travesseiro nos braços, e acredito que não o soltei por toda a noite. Longos minutos se passaram e tudo o que fiz foi guardá-los como se eles fossem objetos raros. Sasuke estava ali... O cheiro dele estava impregnado em qualquer coisa que eu tocasse, ou sentisse.

Abracei o travesseiro novamente, como uma louca apaixonada, e sem mais demoras o deixei na cama. Olhei tudo aquilo com um pouco de melancolia, e silenciosamente me despedi do quarto de Sasuke. Ao chegar à porta, notei o porta-retratos do Time Sete em cima da cômoda, e fui até ele. A fotografia era tão antiga, mas eu me lembro perfeitamente bem do dia, e do horário que a tiramos. Foi a primeira e última fotografia do time; um cartão memorável de boas vindas.

Time Sete... – sussurrei com os olhos embargados de lágrimas.

Deixei o porta-retratos onde ele estava, e ao me virar deparei-me com Sasuke. Seu olhar era desconfortavelmente fixo, e a expressão estava nula. Ele não sabe, mas sinto-me completamente boba toda a vez que o vejo assim.

–Eu pensei que você não tivesse mais essa foto. – comentei entrelaçados os dedos nervosamente. –Bem, já faz tanto tempo que a tiramos, não é?Seria normal se...

–Você tem razão. – disse interrompendo-me. –Eu sinto falta daquela época.

–Eu sei. – olhei a fotografia antes de sair, e sem nada dizer um ao outro deixamos o quarto. –Desculpe por eu ter incomodado ontem à noite, e obrigada por tudo.

Sasuke parou e por muito pouco não enfiei a cara em suas costas.

–Você está com fome? – perguntou virando-se para mim.

–Err... Um pouco.

–Uh. – murmurou pensativo e em seguida ajeitou a blusa sem tirar os olhos da janela. –Vou te levar em casa, e no caminho comeremos alguma coisa.

–Não precisa se incomodar, além disso, já é dia e muito bonito por sinal.

–Não é incômodo. – disse como se sua palavra fosse o último veredito.

Havia poucas pessoas na rua, mas um número bom se comparado com os últimos dias. O sol brilhava fracamente sobre Konoha depois de uma semana suportando a chuva de neve, ainda assim a temperatura era fria, embora a barraca de lámen fosse quentinha.

–É impossível comer lámen e não se lembrar do Naruto. – comentei fazendo Sasuke sorri sutilmente; o que para mim foi surpreendente.

–Tenho que admitir que você está certa.

Olhei-o de esguelha, me perguntando o que ele diria se eu tentasse interagir com outros assuntos, e até mesmo poderia ser sobre ele.

–Você...

–EI! – não foi preciso virar para o lado e vê quem se aproxima aos berros. –Bom dia, Sakura-chan. Bom dia, Sasuke.

–Bom dia. Quanta disposição. – comentei fuzilando-o, e ele sorridente se sentou a meu lado.

–Boas notícias para o Time Sete!Ei, tio!Uma tigela no capricho!

–Por que você precisa gritar se ele está na sua frente? – indagou Sasuke olhando Naruto com cara de tédio.

–Você não vai estragar meu dia, Sasuke! – sorri em silêncio enquanto observava ambos iniciar uma guerra de olhares.

–Aqui está, Naruto.

–Obrigado, tio. – e, como era de seu costume, ele se contentou ao provar o macarrão; como se há tempos não repetisse o mesmo hábito. –Isso é tão bom!

–Já sabemos disso, Naruto. – falei chamando sua atenção.

–A propósito... O que vocês fazem aqui logo cedo?

Olhei Naruto, sem ter o que explicar, e sutilmente me virei para Sasuke.

–Nada demais, apenas nos encontramos na rua.

Disse um tanto aliviada, embora eu ainda tentasse dar explicações sobre a noite passada. Talvez, somente dessa forma, eu conseguisse explicar a mim mesma, detalhadamente, o que nos impulsionou a estar tão próximos.


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