Impulsos De Uma Paixão escrita por Gil Haruno


Capítulo 1
Prisioneira De Velhos Sentimentos


Notas iniciais do capítulo

Olá, garotas!

Fic curtinha... Espero que vocês gostem.
Beijos!



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Um campo de batalha coberto pelas grossas camadas de neve, e pelo sangue derramado a cada golpe retalhado das espadas.

-Sakura, atrás de você!

Virei bruscamente com o alarme de Naruto, e dei de cara com o inimigo que sibilava a espada contra o vento.

-O que uma boneca como você faz numa carnificina dessa, hein?

Ele deve pesar uns cento e vinte quilos, e é o dobro do meu tamanho. Mantinha a espada apontada para mim, certo de que precisava dá apenas um golpe certeiro.

-Por que você não volta para casa e vai brincar com suas bonecas?

Em resposta apertei os punhos, sobre o olhar dele que estava atento aos meus movimentos, e soltei sobre o gramado queimado todo o chacra acumulado nas mãos. Todo o campo tremeu, e várias crateras se abriram. Atenta, olhei para todos os lados, sem sinal do inimigo.

Uma imensa bola de fogo varreu uma boa parte da neve há poucos metros de mim, e gritos de desespero chamaram minha atenção.

-Oi, boneca!

Desviei a tempo de ser atingida em cheio pela lâmina afiada da espada.

-Não te disseram que é muito feio deixar uma garota esperando? – perguntei sarcástica.

-Você não é uma boa garota!

Tomado pela raiva, o ninja deu vários golpes em sequência, mas com muita facilidade desviei de todos, e no primeiro momento de distração, devido o cansaço aparente no corpo, acertei-o em cheio.

Fiquei parada, ofegante, observando o corpo grande desacordado no chão, e sorri intimamente. Já fazia muito tempo que meus companheiros de time não interferiam em minhas batalhas, o que era um grande avanço significativo para mim, sendo que minhas habilidades não eram testadas, unicamente, em um cenário de confronto, mas debaixo de uma tenda no meio do nada ou das paredes frias do hospital.

-Você está bem, Sakura?

Claro que sempre haverá perguntas iguais a essa, afinal eu cresci no time sendo a única mulher dentre os melhores ninjas de Konoha.

-Tudo sobre controle, sensei!

Satisfeito com o resultado, Kakashi se distanciou, embrenhando-se na mata fechada.

-Tudo sobre controle...

Repeti para mim mesma caminhando na direção contrária, completamente exausta.

-Fim de jogo, boneca!

Parei, sem reação alguma. A sombra gigantesca do ninja cresceu encobrindo meu corpo, e mais uma vez a espada sibilou contra o vento. Desesperadamente acumulei chacra nas mãos, na tentativa iminente de impedir o golpe que seria certeiro no meu pescoço.

De repente ouço um murmúrio agudo atrás de mim, e respingo de sangue manchar minhas costas. Com leveza e exatidão pés ágeis pousaram sobre a neve, e timidamente me virei para trás.

Sério... Pensativo... Olhar atento, à procura de mais vidas que ele pudesse aniquilar com suas próprias mãos. Eram poucos os vestígios daquele Sasuke quando criança... Tão malevolente... Imprevisível... Inatingível... Invulnerável... Às vezes eu não sei como agir quando ele está por perto, e outras vezes, finjo ter tudo sobre controle.

-Senti o chacra dele... – disse olhando o sangue escorrer na espada. –Você está tão cansada que não percebeu isso a poucos metros do seu inimigo. – enterrou a espada contra a neve, e a removeu limpa.

-Como sabia que eu estava aqui?

Perguntei sentindo as pernas ainda trêmulas.

-Você faz um terremoto por onde passa. – disse ele observando o estrago por todo canto.

-Você quebrou meu recorde. – falei quase o acusando. –Eu estava pensando como já faz um bom tempo que meus companheiros de time não interferem em minhas batalhas.

Sasuke desviou o olhar, e guardou a espada. –Devo pedir desculpas por ter salvado sua vida? – olhou-me nos olhos, a milímetros do meu rosto. –Foi o que imaginei.

Sussurrou desviando o corpo, já puxando a espada para os poucos inimigos que nos cercavam.

-Que surpresa conveniente te encontrar aqui, Uchiha.

Assim como Sasuke, voltei minha atenção para o homem de sorriso sagaz, e em questão de segundos vários ninjas surgiram com suas espadas. Atônita, olhei mais uma vez para Sasuke, que não parecia se importar com a grande quantidade de homens à nossa volta.

-É muita coragem sua voltar à nossa vila – sorriu para mim. –, e dessa vez trouxe uma colega.

Acumulei o restante de chacra, pressentindo que a qualquer momento seríamos atacados por todas as partes.

-Nenhum sinal dos outros. – sussurrei olhando em volta.

Uma grande explosão ecoou ao Norte, e outra ao Leste.

-Seus amiguinhos miseráveis estão acabando com nossa vila, assim como você fez anos atrás. – seus dedos ágeis se movimentaram copiosamente, e espetos de gelo gigantescos brotaram do chão perfurando coisas e pessoas.

Saltei para trás sendo imitada por Sasuke, e por alguns segundos conseguimos nos distanciar do grupo.

-Vá e procure os outros. – ordenou Sasuke com a espada em mão.

-Por quê?

-Você está quase sem chacra. – o sharingan reluziu diante do primeiro homem a se aproximar. –Kakashi deve está por perto...

-Você não devia me subestimar. – retruquei acumulando chacra. –Seremos cercados em poucos segundos... Você tem um plano? – perguntei desviando minha atenção para ele, e o peguei já focado nos meus atos.

-Você ainda consegue derrubar todos eles com um golpe?

-Aonde quer que eu acerte? – indaguei séria, assim como ele estava, e eu podia jurar que ele sorriu de canto.


Absurdamente exaustos... Castigados pelo vento gélido que não dava trégua, e pela neve. Ofegante, caí sentada, focando todos aqueles corpos mutilados e espalhados sobre a neve.

-É muito estranho esse silêncio. – comentou Sasuke de pé, observando a quietude na mata.

-Talvez eles tenham se distanciado no confronto.

-Uh. – murmurou pensativo. –Temos que ir.

Levantei-me com um pouco de dificuldade. Minha temperatura estava baixa, devido a pouca quantidade de chacra no meu corpo, e a capa grossa que eu usava contra o frio, mas que deve ter se desprendido de mim enquanto eu lutava.

-Use a minha capa.

Fiquei com cara de boba observando-o tirar a própria capa, e em seguida depositá-la em meus ombros. Pacientemente Sasuke arrumava o laço; a distância tão pouca entre nós que era possível sentir sua respiração contra minha testa.

-Apoie-se em mim.

Ao dizer isso, simplesmente sua mão abraçou minha cintura. A diferença de tamanhos era nítida, então somente pude abraçar as costas dele, e a sequência de passos começou.

Fazia um bom tempo que andávamos em silêncio, e era estranho como isso não me incomodou. Enquanto Sasuke se mantinha pacífico, eu tentava de todas as formas possíveis, afastar, os pensamentos mais absurdos. Não era tão fácil como eu tentava transparecer.

Seu cheiro... Seu calor... Eles vinham fervorosamente inundando minha mente; acelerando meu coração sempre que Sasuke me puxava contra ele. Rendida aos seus cuidados, deixei meu braço escorregar até a cintura dele, e arrisquei olhá-lo. Nenhuma reação negativa.

-EI!

Olhamos mais à frente, e vimos Naruto acenando feito louco. Ao seu lado estava Hinata. Kakashi-sensei já estava com os olhos grudados no livrinho erótico. Um pouco mais afastada estava Ino, com os braços cruzados e cara de quem me mataria assim que tivesse oportunidade.

-Sakura, você está bem? – perguntou Hinata docemente.

-Sim. Só estou um pouco exausta por ter quase esgotado meu chacra.

-Mas você sabe que uma ninja médica não pode ficar sem chacra, não é? – indagou Ino, e eu balancei a cabeça concordando com ela. –Acho que posso animá-la um pouco...

-Não se preocupe, Ino. – interrompeu Sasuke. –Temos que sair daqui, e ir para um lugar menos vistoso.

-Tem uma pousada logo aqui perto. Fiquei sabendo que as fontes termais de lá são ótimas. – concluiu Kakashi.


Como Kakashi tinha dito: as fontes termais são ótimas.
Usando apenas uma toalha, saí do quarto e fui à fonte de água morna, onde somente as mulheres podiam se banhar, pois os homens também tinham seu espaço do outro lado.

-Como está a água?

-Extremamente relaxante. – respondeu Hinata ao perceber que Ino não se importaria a me dá atenção.

-Ah! – murmurei ao sentir a água bater contra minha pele gélida. –Eu poderia ficar mais uns dois dias nesse lugar.

-Claro que sim, afinal as coisas andam muito bem pra você, testuda.

-Eu não sei o que você está insinuando, porca.

-Ainda por cima é sádica. – rolei os olhos prevendo uma discussão boba. –O que Sasuke fazia com você?E o que você fazia com a capa dele?E por que diabos vocês estavam abraçados?

-Por que queríamos estar vivos. – falei olhando-a pelo rabo do olho. –E fique sabendo que eu não fiz nada para Sasuke chegar onde eu estava. Muito menos pedi a capa dele. Tão pouco me enfiei debaixo do braço dele. – Hinata deslizou até a água chegar ao seu pescoço. –Eu não acredito que você está aqui por que queria uma chance com ele.

-Eu não ia deixar meus cobertores quentinhos para vir a esse fim de mundo por nada. – se levantou me encarando, e se eu bem conheço aquele olhar, Ino estava prestes a iniciar uma guerra. –Aposto que amanhã serei mais rápida do que você.

-Ele está do outro lado. Por que você não vai bater na porta dele agora? – perguntei divertida, e emburrada Ino saiu batendo os pés. –Ah!Os anos se passaram, somos quase adultos, mas muita coisa não mudou ainda.

Talvez nada tivesse mudado mesmo. Ainda somos os mesmos idealistas de sempre, e sonhamos com um futuro amoroso.

-Você tem razão. – concordou Hinata se sentando fora da fonte, apenas as pernas balançavam na água fumegante. –Você acha que eu mudei?

Posso dizer que ela ainda é a garota doce e sensata de antes, porém determinada e firme a cada passo. Além de ter o reconhecimento do clã Hyuuga e de toda aldeia da folha, tornou-se uma mulher muito bonita.

-Mudou sim, mas ainda tem aquele lado meigo que derrete corações de todas as idades.

Encabulada, Hinata corou e sorriu como uma boba.

-Você também mudou. – olhei-a prestativa. –Você se tornou uma kunoichi renomada, e seu clã nem possui habilidades especiais. E olha só para você ultrapassando a fama de sua mestra, e sendo procurada por tantas pessoas que acreditam no seu talento sem ao menos tê-la conhecido. – de repente me vi sorrindo como uma boba. –Sem comentar que você chama atenção por onde passa.

-Não é nada normal vê uma garota de cabelo rosa.

-Mas não é só por isso. Você é uma mulher linda, e de temperamento forte. – olhou o céu, pensativa, e balançou as pernas como uma criança na beira do lago. –Acho que os homens gostam de garotas assim. – sorriu virando o rosto para mim. –Eles devem imaginar o primeiro momento da dominação, depois a submissão.

Boquiaberta, sentei-me ao lado de Hinata. –E, que tipo de homem você acha que é atraído por esse tipo de personalidade?

Hinata ficou pensativa por pouco tempo. –Homens geniosos. – ela agia com tanta naturalidade que parecia uma pessoa mais experiente dando aula.

-Acho que eu não sou o tipo dele. – comentei profundamente mergulhada nos devaneios.

-Sasuke? – indagou Hinata deixando-me corada. –É claro que é, mas ele deve ser orgulhoso demais para assumir isso.

Fiquei refletindo sobre o que Hinata acabara de dizer, e tudo parecia fazer sentido. Se estivéssemos naquela época de aproximação, onde ele simplesmente me ignorava, eu discordaria do raciocínio de Hinata. Mas as coisas mudaram com o passar do tempo, e não me lembro da última vez, desde que Sasuke voltou para Konoha, que ele me destratou. Muito pelo contrário. Estávamos bem mais próximos ultimamente, e às vezes parecia que todo aquele sofrimento não passou de um pesadelo.

-Agora que você comentou sobre isso... Acho que eu não eu não sou o tipo de garota que o Naruto-kun aprecia. – falou visivelmente preocupada.

-Se Sasuke desse tanta bandeira como Naruto dá, eu já teria agido, com toda a certeza.

Os olhos de Hinata arregalaram-se abruptadamente. –Você teria coragem?

-Bem, eu já me declarei para ele uma vez. – suspirei alto, rendida à lembrança momentânea daquela noite. –Mas, sinceramente, eu não sei se eu teria a mesma coragem de novo.

-É. Nem eu.


De volta para Konoha, depois de termos permanecido na aldeia da névoa dois dias.
O cenário era o mesmo cada vez que olhávamos o horizonte; camadas de neve encobrindo as copas das árvores, soterrando estradas e congelando lagos. Mas o clima, apesar da temperatura baixa, era agradável e até mesmo nostálgico.

-Um quilômetro... – sussurrou Naruto entediado. –Como eu queria que minha casa estivesse a dois passos.

-Só mais um pouco, Naruto. – disse Kakashi-sensei aparentemente exausto.

-Podíamos ter esperado até amanhã, sensei. – falei observando o cansado estampado em seus olhos.

-Bem que eu gostaria, mas fui informado de que uma tempestade de neve está a caminho, e só Deus sabe quando poderíamos voltar. – então ele sorriu atrás da máscara. –Mas vocês se divertiram um pouco, não foi?

-Em que parte? – indagou Ino grudada no braço de Sasuke. –Tudo o que fizemos foi lutar, e enfrentar o frio. – aparentemente irritada, Ino lançou um olhar de desagrado ao sensei. –Se você não tivesse sido tão apressado, teríamos esperado a festa típica da vila.

-E terminar a noite em volta de uma fogueira? – perguntou Naruto olhando Ino.

-Essa é a graça. – aconchegou-se ainda mais no braço de Sasuke, mas ele afastou-a sutilmente. –Imagine ficar ao lado da pessoa que você gosta, em volta de uma fogueira, apreciando o clima frio e a neve caindo a todo instante.

O silêncio estacionou entre nós, e somente os passos afundados na neve eram ouvidos.

-Eu não tinha pensado por esse lado. – comentou Naruto findando o silêncio. –Seria uma noite diferente de todas as outras.

Olhei Hinata, e como imaginei, ela já estava corada.

-E quem seria sua acompanhante? – perguntou Ino sem rodeios.

Todos os olhares se voltaram para Naruto, e o nervosismo o dominou. Hinata estava tão interessada na resposta tanto quanto nós, e nem mesmo piscou os olhos, um tanto apreensiva.

-Ora!Claro que seria uma garota meiga... – sem que percebesse, Naruto encarou os olhos perolados de Hinata. –, sensata, bonita e gentil. – por algum tempo ele fitou os lábios entreabertos dela, como se eles tentassem hipnotizá-los, e percebendo que fora longe demais, tossiu alto olhando para frente. –Claro, se alguém com essas características gostasse de mim.

Ino suspirou alto. –O problema é que você é cego demais. – Naruto coçou a cabeça ao ouvi-la. –Até mesmo uma pessoa menos inteligente perceberia que...

-É Konoha! – gritou Hinata interrompendo Ino.

Olhei Hinata com certa indignação, e ela retribuiu o olhar com cara de choro.

-Então Sasuke, você poderia ser mais comunicativo e nos dizer quem seria a garota que sentaria com você em volta de uma fogueira. – alfinetou Naruto.

Meu coração acelerou automaticamente, e todo meu corpo congelou. Meu único foco era a vista longe de Konoha.

-Não vejo sentido nesse tipo de coisa.

Disse seco.

-Não seja má, Sasuke. – Ino voltou a apertar o braço dele. –Estar perto da pessoa que ama é muito bom, principalmente se ela souber sobre seus sentimentos.

Quase que, imperceptível, flocos de neve começaram a cair. De repente tudo parecia tão tenso... Artificial... Era como se tudo estivesse errado, e nenhum de nós tivesse coragem suficiente de consertar o erro.



Uma semana depois...


Fiquei parada em frente à janela, de costas para ela, observando a pilha de prontuário em cima da mesa. O dia estava apenas começando, e eu não sabia por onde começar meu trabalho acumulado.

Graças às tempestades de neve, trabalhadores do campo estavam lotando os quartos hospitalares, devido à forma de sobrevivência e a relutância de se abrigarem em lugares mais preparados para o inverno.

Tudo estava completamente caótico. Um buraco entediante sem solução.

Desanimada sentei-me na cadeira, alisando as têmporas como se aquilo fosse amenizar a dor de cabeça.

-Muito trabalho por aqui, chefa?

Perguntou Ino sorridente em meio ao caos.

-Como você pode está de bom humor?

Sem responder a pergunta, ela se sentou na minha mesa, com as pernas cruzadas, e sobre os joelhos pôs as mãos.

-O que você está vendo aqui? – perguntou apontando para o anel no dedo.

-Um anel.

-Um anel de compromisso.

Fiquei sem reação, olhando o anel um pouco atordoada. Com certeza alguém tinha colocado aquele anel no dedo dela ontem à noite, caso contrário eu teria notado durante o dia. E aposto minha vida que Sasuke não tem nada haver com isso, afinal ele está em uma missão. Mas, e se... ?

-Eu... Eu posso saber quem te deu isso? – perguntei engolindo em seco, sem me importar com o tipo de comentário que viria depois.

-Não precisa cair dura no chão testuda por que não foi Sasuke. – aliviada, respirei fundo. –Não vou negar que eu gostaria que tivesse sido ele, mas não posso mudar o que ele sente por você. – amigavelmente Ino abraçou meu ombro. –Parece que nossa rivalidade acabou aqui, definitivamente.

-Como você pode ter certeza disso?

-Por que está claro como água que finalmente você conseguiu penetrar aquele coração de gelo. – sorriu. –E você não está interessada para saber por quem me apaixonei abruptadamente?

Retribui o sorriso. –Quem é o sortudo?

-Sai.

Ino se considera tão esperta quando as incógnitas estavam em casos amorosos, e mal percebia que Sai já a observava fazia um bom tempo.

-Estou feliz por você. – consequentemente deixei um sorriso triste escapar.

-Você está triste por causa de Sasuke, não é?

-Não. Estou numa boa. Sério. – a melhor forma de enterrar o assunto era interagir de outras formas. –Estou um pouco sem chão por causa dos pacientes, e a superlotação no hospital. – com um pouco de nervosismo vasculhei o primeiro prontuário. –A maioria dos casos é de pneumonia. – tirei os olhos do papel, e encontrei os azuis de Ino. –Devemos internar idosos, crianças, e liberar o restante. O que você acha?

-Perfeito. – concordou tirando o prontuário das minhas mãos. –Você está exausta, Sakura. Por que você não vai para casa e deixa tudo nas mãos de Tsunade e eu?

-Tsunade-sama está em Konoha?

-Perdeu todo o dinheiro em apostas e está de volta.

-Sensei... – murmurei me lembrando da última vez que a vi, um mês atrás. –Ela é uma Hogake indisciplinável. – que às vezes fazia questão de resolver assuntos fora da vila, a fim de fugir um pouco das responsabilidades. –Eu aceito a sugestão, mas ficarei aqui por duas ou três horas.

É quase sete da noite, e eu ainda estou no hospital. Depois de persistir e resmungar, Ino se convenceu de que nada poderia fazer por mim. De fato, nós duas estamos exaustas e tudo o que desejamos é uma cama bem quentinha. Mas a imaginação é cortada pela tosse forte dos pacientes, e olhares de súplica.

Ao voltar pela milésima vez à minha sala, me joguei na cadeira e arranquei os sapatos. Aquecida pela movimentação no trabalho, tirei o casaco e soltei o cabelo; que deixei crescer já fazia dois anos. Inclinei-me completamente na cadeira, com os olhos fechados, e dediquei aquele tempinho exclusivamente a mim.

-Esse lugar está um caos!

As portas se abriram abruptadamente, e Tsunade entrou na companhia de Ino e Shizune.

-Bem vinda, sensei. – levantei-me para cumprimentá-la. –Como foi a conversa com o Kazekage?

-Melhor impossível. – pensativa ela coçou o queixo sem tirar os olhos de mim. –Você tem descansado?

-Talvez quatro ou cinco horas por dia.

-Então vá para casa e só apareça aqui amanhã, e você também Ino. Shizune e eu cuidaremos de tudo.

-Já estou pronta. – sorriu mostrando a bolsa.


Respirei fundo sem ter que sentir cheiro de álcool e antibióticos. Meu corpo todo ainda lateja de dor, principalmente os pés que foram castigados durante dias pelo sapato fechado. Ao olhar a neve abaixo de mim, e as luzes escapando pelas flertas das janelas ao meu lado, imaginei um banho quente demorado e uma sopa fumegante.

-É o esquadrão Anbu lá na frente. – apontou Ino despertando minha atenção. –E parece que tem alguém ferido.

Pelas silhuetas não dava para saber quem era, e a penumbra da noite também não ajudava.

-Eu já disse que estou bem!

-Você precisa de um médico, idiota.

-Os dois precisam. – disse Kakashi como se tentasse apaziguar a situação. –Oi, meninas. – sorriu para nós, e logo nos posicionamos em frente ao trio.

-Cadê o resto da Anbu? – perguntou Ino, curiosa.

-Foram dispensados. – respondeu o sensei virando-se para Naruto e Sasuke. –Naruto, você precisa cuidar dessa perna, e Sasuke, esse braço precisa de uns pontos.

Olhei o braço que Kakashi se referia, mas o suposto ferimento estava coberto com um pano.

-O hospital está lotado... Nesse caso, vamos para a sua casa Naruto, lá eu posso cuidar dessa perna. – disse Ino. –Kakashi-sensei, será que você pode avisar a Hinata sobre o ocorrido? – Naruto olhou-a com olhos arregalados.

-Mas é claro. – concordou em cumplicidade.

-Por que a Hinata-chan?

-Não seja tão tapado! – resmungou Ino, resistindo a vontade de lhe dá um cascudo. –Sasuke, pode soltá-lo.

Ficamos observando Ino e Kakashi-sensei arrastar Naruto para casa, enquanto ele fazia inúmeras perguntas sobre Hinata ser avisada.
Distraidamente ignorei o fato de está a sóis com Sasuke, e assim permaneci até a voz de Naruto desaparecer na curva estreita. Ao voltar meus olhos para ele, senti minhas bochechas arderem como se tivesse queimando, e na mesma intensidade meu coração despertou, novamente.

Durante horas eu fico imaginando quando vou vê-lo de novo, e o que farei. É impressionante como eu sempre penso nesse momento e na minha imaginação tudo é tão perfeito, entrosado... Engraçado como o momento acaba surgindo, do nada, e eu sempre deixo a oportunidade passar.

-Err... Você está bem?

Sasuke olhou o braço. –É só um corte bobo.

-Uh. – murmurei observando o braço. –Eu posso vê?

Sasuke consentiu com a cabeça, e com muito cuidado comecei a retirar o pano, sendo observada a cada movimento. Com sacrifício e relutância ignorei sua respiração bem próxima do meu rosto; agindo como se ele fosse, apenas, um paciente.

-Não é um ferimento muito profundo, mas seria bom se eu olhasse detalhadamente.

-Se você diz. – disse convencendo-se de que o ferimento precisava de atenção. –Tenho tudo o que você precisa na minha casa. – disse enfiando as mãos nos bolsos. –Estamos muito longe do hospital, e você está tremendo de frio para voltar lá, além disso, está visivelmente cansada.

-É que...

-Assim que terminarmos a deixarei em casa, se esse é o problema. – disse percebendo minha tensão. –A não ser que você se importe de estar sozinha comigo.

-N-não. Por mim tudo bem.


























































































































































































































































































































































































































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