Almas Sombrias escrita por Caroline Hernandez


Capítulo 27
Capítulo Vinte e Seis


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo está mais tranquilo, sem coisas muito estranhas. A Alyssa as vezes precisa de seus descansos, ou pelo menos ela tenta kkkkk



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Capítulo Vinte e Seis 

    Se eu queria dormir até tarde, aquele não era o dia certo, o detetive perguntou se eu podia encontrar com ele no Café Manhã as onze horas e mesmo querendo não ir, resolvi que seria melhor saber logo o que se tratava. 

    Quando desci dei de cara com a Laura, ela estava saindo de casa também. 

    - Achei que fosse dormir até tarde já que não tem aula hoje - ela disse enquanto procurava as chaves do carro na bolsa. 

    - E eu achei que você pegasse mais cedo no trabalho. 

    - Hoje entro mais tarde...Então, quer uma carona? E aliás, está indo para onde? 

    Não queria dizer para a Laura que eu estava indo encontrar um detetive, ela logo ia achar que eu estava metida em problemas, e de certa forma eu estava, mesmo sem saber do que se tratava. E tinha também o problema de que a Laura dirigindo é um horror, ia chegar em um segundo e provavelmente com dores de coluna ou passando mal. 

    - Só vou dar um volta... - eu realmente não sabia o que falar. 

    - Vai encontrar com o Vicent por acaso? Pode me contar tudo se quiser - a Laura disse com um sorriso empolgado no rosto. 

    - Não! Eu só vou dar uma passada no Café Manhã encontrar com a Brianna - foi a primeira pessoa que veio na minha cabeça e em parte a minha mentira era verdade, pois só menti o nome de quem ia encontrar. 

    Acabei aceitando a carona da Laura até porque já estava atrasada, eram 11h:05m e sei que se fosse andando ia acabar chegando lá paras onze e meia. No curto caminho - pois o carro voava na pista - a Laura não parava de perturbar sobre mim e o Vicent,ela achava que estávamos namorando e estava empolgada com isso dizendo que formaríamos um belo casal já que nos conhecíamos desde pequenos e coisas assim, nem estava prestando tanta atenção nela. 

    Cheguei no Café Manhã em poucos minutos e quando adentrei ao local, não sabia quem seria a pessoa que iria encontrar, nunca tinha visto aquele detetive na vida, mas ele já sabia quem eu era, pois quando cheguei, ele acenou. Estava sentado em uma mesa no canto, vestia um terno cinza e seus cabelos eram grisalhos, uma pasta preta descansava sobre a mesa e o homem tinha a aparência séria. 

    Sentei-me na cadeira do outro lado da mesa, estava um pouco nervosa, não conseguia controlar.     

    - Srta. Pettyfer, prazer, sou o detetive Porson - ele estendeu e mão e eu a apertei - Está com a mão suada, não precisa ficar nervosa, vamos apenar conversar sobre algumas coisas. 

    Será que daria para eu fugir correndo e me mudar para uma ilha deserta no Triângulo das Bermudas? Assim acho que ninguém nunca me acharia. 

    - Pode falar, mas eu digo que não sei de nada. 

    Ele riu e depois mexeu em algo na sua pasta tirando um papel dela e colocando-o sobre a mesa. 

    - Não estou te acusando de nada, mas quero saber o que sabe sobre isso - ele disse e me estendeu um pedaço de papel branco dobrado, em um dos lados estava escrito "Para Alyssa Pettyfer" - Investiguei se tinha alguma aluna no colégio com esse nome e bom...cheguei até você. 

    Minhas mãos estavam trêmulas e eu não tinha vontade de abrir aquele papel. 

    Abri. No papel estava escrito: 

    Este corpo é só um dos muitos que virão. Siga as minhas regras e jogue o meu jogo. 

    Levantei os olhos do papel e vi que o detetive me observava. 

    - Eu...eu não sei o que isso quer dizer - é claro que eu sabia, isso era o Mitzcael mandando uma mensagem, mas o detetive não entenderia. 

    - É estranho, pois quem enviou essa mensagem sabe quem é você. Tem certeza de que não anda se metendo com pessoas que não prestam ou coisa assim? 

    - Não, eu não tenho nada haver com isso. 

    - Desconfia de alguém que possa estar por trás disso? Pode ser perigoso para você também, então se sabe de algo é melhor dizer. 

    Odiava ser interrogada ainda mais quando estava sozinha e não tinha ninguém para me ajudar, tive vontade de dizer "Só vou falar com você na presença do meu advogado", mas isso não funcionaria e nem tenho um advogado. 

    - Tem mais uma coisa que não te mostrei - ele pegou uma foto em sua pasta e mostrou ela para mim, ver aquela foto do professor morto era horrível, não tinha entendido o motivo dele ter me mostrado aquilo, mas quando o detetive indicou algo escrito nas costas do professor eu entendi o motivo - Sabe o que isso significa? 

    Estava escrito em cortes feitos por uma faca as palavras " Almas Sombrias". 

    Estava vendo a hora que ia vomitar ali na mesa mesmo em cima do detetive. Aquela foto era horrível e com aquelas palavras se tornava mais ainda. Sei que estão atrás de mim e sei do que são capaz. 

    - Eu não sei o que isso significa! - eu já estava me estressando e ficando nervosa - Preciso ir agora. 

    Nem deixei o detetive Porson dizer mais nada, saí rápido do Café Manhã, não queria saber dessas coisas por um tempo e esperava que elas me deixassem em paz, o que eu passei com o Mitzcael naquele lugar estranho foi muito ruim e pode ter certeza de que não quero conhecer a cela 17. Só espero que mais nenhuma pessoa tenha que morrer para o idiota do pai do Vicent me mandar algum recado. 

----****----

    Tirei da cabeça aquela conversa com o detetive para ocupa-la com mais um problema: Um encontro com o Henrique. 

    Não queria ir, mas era melhor me livrar dele de uma vez do que ficar deixando para depois e ele me perturbando sempre. 

    Tomei um banho demorado para me sentir melhor, coloquei uma calça jeans e uma blusa com um casaco por cima e botas de cano alto, o tempo estava frio e isso me dava mais vontade ainda de ficar em casa embaixo dar cobertas assistindo um filme. 

    Eu achei que o Henrique pudesse atrasar um pouco e me deixar pelo menos com a esperança de que não viesse, mas isso não aconteceu, sete horas em ponto ele já estava tocando igual a um louco a campainha. 

    - Ei, eu já escutei, não precisava ficar tocando tanto assim a campainha - falei quando abri a porta. 

    - Nossa, você está muito gata - ele disse me observando. 

    Dei um sorrisinho bem sem graça e não disse nada. O Henrique estava vestindo uma calça jeans preta e uma casaco preto de couro por cima de uma blusa branca, seus cabelos estavam engomados com gel para trás de uma forma ridícula. 

    O carro que o Henrique veio não era aquele mesmo do irmão dele, pelo menos não iria nos deixar no caminho, era um carro cinza e bem bonito por sinal. 

    - Gostou do meu novo carro? - ele perguntou quando viu que eu observava o automóvel. 

    - Melhor do que o do Ryan. 

    - Tudo em mim é melhor do que do meu irmão - ele falou se achando. 

    Revirei os olhos e entrei no carro. Não fazia a mínima ideia de para onde estávamos indo, mas desde que fosse um passeio rápido para mim estava tudo bem. 

    Uma chuva fina estava caindo lá fora, como não estava afim de presta atenção no que o Henrique tanto tagarelava, resolvi prestar atenção nas gotinhas que caiam no vidro da janela do carro e acho que ele nem reparou que eu não estava dando a mínima para o que ele estava dizendo, pois continuava falando sem parar e ele mesmo respondia. 

    Depois de mais ou menos uma hora, enfim chegamos. Estávamos entrando no estacionamento de um shopping, então já tinha certeza antes mesmo do Henrique falar que estávamos indo para o cinema...menos mal, assim eu presto atenção no filme e não nele. 

    O shopping estava bem cheio e a fila do cinema também, acho que quando chove as pessoas resolvem todas irem para o mesmo lugar. 

    - Você disse que já tinha comprado os ingressos. De qual filme são? - perguntei. 

    - Na verdade eu não tinha comprado os ingressos, era só uma forma de fazer você sair comigo. 

    - A próxima vez que fizer isso...aliás, não vai ter próxima vez! 

    Tivemos que ir para a fila quilométrica do cinema e não sabíamos o que iríamos ver, não estava passando muitos filmes bons, mas resolvemos comprar ingressos para o filme Revelação do Mal, era um filme de terror que todos estavam dizendo que eram bom, eu até gosto de filmes de terror, mas não para ver no cinema, o problema era que o Henrique perturbou tanto para vermos esse filme que acabei aceitando, por mim veríamos Cachorrinhos Felizes. 

    - Se caso sentir medo pode agarrar meu braço, tá bem? - o Henrique disse quando já estávamos sentados nas nossas poltronas na sala do cinema. 

    - Isso não vai acontecer. 

    - Dá para se fazer de simpática por pelo menos um minuto? 

    Deu um sorriso de um segundo e falei: 

    - Está bom? 

    - Eu disse um minuto e não um segundo - ele disse. 

    Nem deu tempo de dizermos mais nada, pois as luzes se apagaram e começou a passar o filme. 

    Nos primeiros minutos de filme já podia ver que o Henrique estava com medo, ele se mexia toda hora na cadeira e olhava para os lados para não olhar a tela e quando começou as cenas de susto podia ver ele fechando os olhos e murmurando coisas como "ai meu Deus" e "acaba logo essa cena", foi muito hilário e eu não senti medo nenhum naquele filme assim como a maioria das pessoas que foram assistir ao filme, pois em vez de estarem gritando estavam todos rindo. Sério, acho que o Henrique nunca vai parar de ser medroso mesmo fingindo que não é. 

    Quando o filme acabou, vi que o Henrique estava com a cara pálida e com as mãos tremendo, naquela hora eu não aguentei, fiquei rindo igual uma louca e sei que o deixei sem graça, mas foi muito engraçado. 

    - Ficou com medo? Está se sentindo bem? - perguntei em meio aos risos. 

    - Não tem graça tá e fique sabendo que não senti medo nenhum, só estou assim porque...tenho um pouco de fobia de cinema - sabia que ele estava mentindo - Agora que tal passarmos na sorveteria? 

    - Você não tem medo de sorvete não né? - perguntei rindo. 

    - Claro que não, eu não tenho medo de nada, tá?! 

    Fomos na sorveteria e o Henrique pelo menos não ficou com medo de lá, mas ficou o tempo inteiro tentando se aproximar de mim e me agarrar, é sério, já não aguentava mais, tava vendo a hora que eu ia tacar aquela mesa de vidro na cabeça dele e ir parar na delegacia, aí sim o detetive Porson ia ter motivo para falar comigo. 

    - Então, como nós ficamos? - ele perguntou e passou a mão na minha perna. Quem ele pensa que é? 

    - Você morto e eu presa, é assim que vamos ficar se caso você não tirar a mão da minha perna agora e tentar parar de me agarrar - eu já estava ficando muito irritada. 

    - Calma, não precisa disso tudo, eu só quero um beijo, é só isso que eu te peço - ele falou isso e me prendeu na parede com os braços de uma forma que não dava para eu sair do banco e nem passar por debaixo da mesa. 

    - Deixa eu sair daqui senão eu vou gritar. 

    - Não precisa de tanto. 

    No momento em que ele ia me beijar eu taquei o sorvete que estava em cima da mesa na cabeça dele, era a única forma de conseguir sair dali. 

    - Por que fez isso?! - ele estava todo coberto de sorvete de morango e creme. 

    - Vou embora, seu idiota. 

    Saí da sorveteria com um monte de olhares em mim, é claro, não é todo dia que uma pessoa joga um sorvete na cabeça da outra. 

    Enquanto andava furiosa no meio do shopping e sem nem olhar para onde estava indo, acabei esbarrando em uma pessoa que fez eu cambalear um pouco para trás, quando levantei o olhar e vi quem era, descobri que tudo estava indo muito mal. 

    - Oi, Aly. 

    - Fica longe de mim, Pierre. 

    

    

    


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Notas finais do capítulo

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