Almas Sombrias escrita por Caroline Hernandez


Capítulo 23
Capítulo Vinte de Dois


Notas iniciais do capítulo

Demorei? Eu sei, isso sempre acontece rsrs :)



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Capítulo Vinte e Dois 

    Ele era tão parecido com o Vicent com aqueles olhos verdes, mas ao mesmo tempo era diferente, os olhos do Dereck eram mais frios e não tinham aquela intensidade como o do Vicent. Fiquei com medo de continuar ali, mas não tinha mesmo para onde ir. 

    - O que você quer aqui? - perguntei no portão, não ia deixa-lo entrar, aquela arma ainda estava lá no meu quarto e não queria que usassem contra mim. 

    - Só vim aqui para conversar, vi que meu irmão estava aqui e vim busca-lo, mas como ele já saiu, vim falar com você. Posso entrar? 

    O Dereck parou na minha frente achando que eu fosse dar espaço para ele entrar, mas isso não aconteceria, é óbvio que não confio nele. 

    - Olha, eu já estou de saída, então...Poderia ir embora? - menti. Era a melhor opção naquele momento. 

    Saí do portão e fechei-o atrás de mim, mas estava imprensada entre ele e o Dereck, tentei empurra-lo, mas ele parecia uma parede de concreto e ficou imóvel ali onde estava. 

    - Qual é, Aly, é uma conversinha rápida, não vai demorar. Por que não entramos? 

    Ele tentou pegar a chave que estava na minha mão, mas eu fui mais rápida e consegui desvia-la e a coloquei no bolso daquela saia ridícula da escola, pelo menos ali eu acho que ele não se atreveria a pegar. 

    - Eu já disse que vou sair agora, então poderia me dar licença e sair da minha frente? Estou com pressa. 

    Consegui sair pelo lado e já ia andando certa de que tinha conseguido me livrar do Dereck quando ele surgiu do meu lado e puxou meu braço me arrastando em direção ao carro dele. Me desesperei naquele momento, estava tentando me debater mas a mão dele era muito forte e estava machucando meu braço. Não adiantava gritar para me ajudarem, a vizinhança quando deve estar com a cabeça na janela nunca está. 

    - Me solta! Socorro! 

    - Fica quieta, garota, eu não vou te machucar. 

    O Dereck me jogou no banco detrás do carro e fechou a porta. Tentei abri-la, mas é claro que não consegui, ele não seria tão lerdo de deixar a porta aberta. Batia violentamente no vidro da janela, mas nada adiantava, o carro já estava em movimento para algum lugar que eu não sabia. 

    - Para onde está me levando? O que quer? 

    - Não fique com medo, só vou te levar para fazer uma visitinha para meu papaizinho - ele disse isso e me lançou um sorriso que me pareceu maligno. 

----****----

    Aquele caminho já estava longo e eu não aguentava mais gritar e tentar convencer o Dereck a me deixar ir embora, o pior disso era que eu não só estava sendo sequestrada como ele deveria estar planejando me matar, pois não colocou nenhuma venda no meu olho, deixou eu ver o caminho todo e aqueles lugares no qual estávamos passando me pareceram bem familiares. 

    - Não está reconhecendo esse lugar? - ele perguntou se virando para trás. 

    Tentava forçar a minha mente para se lembrar e...É claro! Esse é o lugar que fiquei perdida com a Brianna e os gêmeos e com certeza ele está me levando para aquela casa que bati na porta para tentar usar o telefone. 

    Ninguém merece, esse lugar eu não sei voltar e quase nem passa carro, é muito isolado. 

    O Dereck parou o carro em frente a aquela enorme casa e me puxou pelo braço tirando-me do carro. 

    - Me soltaaa, eu não quero falar com seu pai! - disse mesmo sabendo que não ia adiantar. 

    Ele nem me respondeu nada, saiu me arrastando pelos degraus da escada que levava ao varandão e quando entrou na casa me arrastou pelo corredor, aquele que eu já conhecia mas nunca iria me acostumar. Abriu a porta da sala de leitura e me jogou em um sofá lá no canto. 

    - Você vai ficar aqui, acho que não teria coragem de fugir - aquele olhar que ele me lançou fez eu me encolher, acho que minha morte está chegando. 

    O Dereck bateu a porta atrás de si e ouvi seus passos subindo as escadas. Esse era o único momento que tinha para tentar fugir dali, mesmo a advertência de não tentar sair daquele lugar, mas ficar aqui sentada esperando não sei o que, não é a melhor opção.

    Andei até a porta e tentei abri-la, mas ela estava trancada, é claro né, ele não deixaria essa facilidade toda para mim, agora a única opção que me resta é tentar pular pela janela, é no primeiro andar, então não deve ser tão alto. 

    Fui em direção a janela e quando a abri, não tive coragem de pensar em pular por ali. Tinha só um pedacinho de terra e logo depois vinha um penhasco, ou seja, minha chance de cair naquele pedacinho e não escorregar na lama era mínima e fora que teria que andar pela beiradinha até chegar a parte da frente da casa. 

    Não me resta outra escolha a não ser esperar...ou tentar abrir a porta. 

    Mexi com toda a força que tinha na maçaneta, mas ela não se abriu, foi aí que veio uma ideia na minha cabeça, se eu consigo estourar algumas coisas como uma caixinha de suco de uva, será que daria para conseguir abrir a porta mesmo sendo algo completamente diferente? 

    Você tem poder, Alyssa, use-os. Você tem poder, Alyssa, use-os. Você tem poder, Alyssa, use-os. Você tem poder, Alyssa, use-os...

    Essa frase começou a soar na minha mente, não era a minha voz, era aquela mesma daquele dia na floresta quando estava prestes a ser devorada por lobos, mas eu não quero ficar estranha como naquela vez, me senti muito mal depois, mas é algo que não conseguia controlar, a voz surgia na minha cabeça e eu começava a sentir algo dentro de mim se agitando, querendo sair, talvez seja os meus poderes que sempre ficam presos em mim. 

    Tentei me concentrar na maçaneta, limpar minha mente e só me concentrar na porta, mas eu não sabia como fazer-la abrir. Talvez dizer abracadabra? Falar para ela abrir? 

    Se concentre, se concentre,se concentre,se concentre...

    Qual é o problema dessa voz na minha cabeça que não pode dizer as coisas só uma vez? Ficar repetindo me deixa tonta e nervosa, não sei como me concentrar quando preciso disso. 

    Fechei os olhos e comecei a pensar na porta se destrancando, tentei me concentrar bem. Preciso me concentrar, preciso me concentrar... 

    Até que eu ouvi um click de coisa destrancando. Abri os olhos um de cada vez para ver se não era alguém entrando...mas não era. Eu realmente consegui abrir a porta? Isso é tão empolgante! 

    Não tinha tempo para minhas empolgações, tinha que fugir dali primeiro e depois pensava nisso. 

    Abri a porta só um pedacinho e olhei para os lados. O corredor estava vazio, essa era a minha chance de tentar sair daquela sala. Comecei a andar na ponta dos pés tentando fazer o mínimo de barulho possível fugindo dos assoalhos de madeira e indo pelo tapete, espero ter sorte de encontrar a porta da entrada aberta, não teria tempo de me concentrar antes de ser pega. 

    Cheguei na sala já mais aliviada por ninguém ter me visto, mas esse alívio não durou muito tempo. Ouvi um som vindo do canto da sala, não queria me virar, mas tive que fazer isso. 

    - Achou mesmo que fosse me enganar? Sou mais esperto que você, Alyssa, senti que estava saindo da sala de leitura. 

    Quais são minhas chances de tentar abrir a porta? Acho que nenhuma. 

    - Eu só queria...um copo de água - essa mentira foi horrível, mas tinha que dizer algo. 

    - Que mentira péssima - o Dereck disse balançando a cabeça de um lado para o outro - Bom, mas já que saíu de lá, venha, vou te levar até meu pai. 

    Ele agarrou meu braço de novo e tentou me puxar, mas dessa vez tentei me manter parada colocando o máximo de força que tinha. 

    - Eu não quero ir, me solta! 

    - Vem logo, sua idiota. Acho que não vai querer que meu pai venha até aqui. 

    - Não vooou!

    Meu braço já estava doendo e eu já estava quase desistindo de resistir quando ouvi o barulho da porta se abrindo. O Dereck congelou onde estava ainda segurando o meu braço e eu tentava me soltar. 

    - Larga ela, seu babaca - ouvi uma voz conhecida dizer. 


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Notas finais do capítulo

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