Almas Sombrias escrita por Caroline Hernandez


Capítulo 21
Capítulo Vinte


Notas iniciais do capítulo

Tá aí mais um capítulo :D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/352774/chapter/21

Capítulo Vinte

    Sempre achei o Pierre com cara de suspeito, mas o que ele quer vindo aqui a mando do meu pai? Isso é muito bizarro e estranho. 

    - Isso mesmo que você ouviu, Alyssa, seu pai quer mandar uma mensagem para você e resolveu me mandar para falar, já que ele anda ocupado com coisas importantes. 

    Será que sair correndo é uma opção agora? O que quer que seja que o Nicoel queira me dizer, não me importo nem me interesso, não quero ser parte do jogo sujo dele seja lá o que ele seja, ainda não acredito muito nessas coisas de anjos caídos, nefilins, bruxas e almas sombrias. Sei que tudo de estranho sempre me perseguiu depois que meu "papai" me marcou naquele dia do incêndio e sempre quis descobrir do que se tratava, mas  esquizofrênica sempre foi algo que pensei que eu fosse, uma maluca que dava surtos de vez em quando. 

    - Bom, deixa eu logo ir no que interessa - o Pierre se levantou, andou de um lado para outro e depois parou - O Nicoel quer que eu te dê isso - ele me estendeu um objeto redondo vermelho do tamanho de um anel, tinha uma cor fosca e parecia bem valioso. 

    Observei aquele objeto ou pedra - ainda não sabia - e algo nela era chamativa para mim, ao mesmo tempo que queria toca-la, tinha medo. 

    - Não quero nada que venha dele, ainda mais uma pedra do mal - falei ríspida. 

    Ele revirou os olhos e colocou o objeto em cima da minha cama, eu me distanciei um pouco com medo do que aquilo era capaz de fazer. 

    - Eu já fiz meu trabalho, fique com ela, vai descobrir do que é capaz. 

    O Pierre disse isso e no segundo que me virei para aquela coisa na minha cama e me virei de novo ele já tinha desaparecido, evaporado, deixando nenhum rastro de que esteve no meu quarto. 

    Legal, estou com uma pedra do mal no meu quarto e que não faço a mínima ideia do que é capaz, vai que eu encoste nela e tudo ao redor exploda? Ou eu seja transportada para outro lugar? Pode ser que eu fique presa ali e também não ia ser legal. 

    Peguei a luminária de novo e encostei no objeto empurrando ele para fora da cama, ele rolou pelo chão e parou perto do guarda-roupa em frente ao espelho. 

    Parecia inofensivo pelo menos, mas mesmo assim estava meio que sem coragem de encostar ali. Me levantei e fui chegando mais perto daquela pedra e quando eu ia encostar... A Laura bate na porta me fazendo pular de susto e cair de bunda no chão e a luminária ainda bateu na minha cabeça. 

    - Que sustoooooo! - gritei quando a Laura apareceu no quarto. 

    - Me desculpe vim perguntar se vocês não queria comer algo e...Cadê aquele garoto? - ela perguntou vasculhando o quarto com os olhos. 

    Preciso de uma desculpa urgente, não posso simplesmente falar que ele evaporou no ar. Mas pensando em coisas estranhas...Será que a Laura sabe de algo sobre minha verdadeira mãe e seus dons de bruxa? Será que a Laura é uma? Será que sabe sobre o Nicoel? São muitas perguntas, mas preciso do momento certo para pergunta-las. 

    - Ele foi embora - disse. 

    - Como assim? Saiu pela janela? - a Laura perguntou rindo. 

    - Pois é, mania estranha, né? - é, eu realmente sou horrível em pensar algo para dizer em momentos como esse. 

    A Laura olhou para aquele objeto vermelho no chão e perguntou:

    - O que é aquilo? 

    Ela estava indo em direção a pedra, mas eu a impedi, ainda não sabia do que se tratava, mesmo não gostando dela não quero que alguém se machuque. 

    - Não é nada, só uma coisa minha. 

    - Ok - ela já ia se virar, mas se lembrou de algo e disse: - Ah, tem uma carta para você, deixei em cima da mesa da sala. 

    Carta para mim? Não conheço ninguém que possa me enviar cartas, é algo tão antigo, acho que prefiro os e-mails. 

    Desci as escadas quase escorregando, o chão estava encerado, pelo visto a minha "mãe" andou limpando a casa, tomou vergonha na cara, isso é algum progresso. 

    A carta estava em um envelope branco comum e atrás estava escrito "Para Alyssa". Tudo agora que eu tocava achava que poderia ser uma armadilha, mas mesmo assim abri o envelope retirando de lá de dentro um papel que estava escrito "Use isso, vai te proteger" e tinha uma pulseira com uma única pedra verde no meio. 

    Diferente do objeto vermelho do meu quarto, essa pulseira não me dava medo, pelo contrário, me fazia realmente querer usa-la, como de alguma forma fosse realmente me proteger. Não pensei duas vezes e pus aquela pulseira, era tão linda e brilhante, será que é seguro andar com isso por aí? É tão chamativa. 

    Olhei para o lado e vi que a Laura estava olhando para meu braço com cara de assustada, estava congelada no mesmo lugar. 

    - O que foi? 

    - Essa pulseira...- ela começou a dizer e parou. 

    - Diz logo! 

    - Ela era da sua... 

    Sabia o que ela ia dizer. A Laura se aproximou mais de mim e segurou meu pulso que estava com a pulseira averiguando detalhadamente. 

    - Eu sei, Laura, sei que não é minha mãe - falei direto. 

    Ela me olhou assustada. 

    - Mas...como...como soube? E o que está fazendo com a pulseira da Demétria? 

    Minha mãe verdadeira se chamava Demétria, nunca imaginaria isso, aliás, eu nunca imaginaria que a Laura não é minha verdadeira mãe e que meu pai é um Anjo Caído das Trevas. 

    - Eu soube a pouco tempo, mas isso não importa. Quero saber o que tem essa pulseira? - é, eu sou um pouco grossa mesmo. 

    - Como assim não importa, temos que ter um conversa séria sobre isso, vai que você queira procurar sua mãe biológica, mas sinto lhe dizer que ela não está mais viva - a aparência da Laura ficou triste, nunca achei que fosse ficar com pena dela. 

    - Também sei disso, sinto muito. 

    Ela me puxou para o sofá e se sentou ao meu lado, e por incrível que pareça me abraçou, isso mesmo, algo que eu nunca esperava vindo dela. 

    - Me desculpe por ter sido uma mãe ruim para você, a Demétria me deixou responsável pela filha dela e eu estreguei tudo, achava que a culpa era sua por ela ter morrido e acabei tendo certa amargura por você, mas sei que não é sua culpa. Sinto tanta falta dela...Me desculpe, vou tentar ser melhor agora, mais adulta - sério, nunca achei que fosse ouvir a Laura dizer isso e ainda vi lágrimas sair de seus olhos. 

    - Eu te desculpo se você realmente me prometer que vai melhorar e quem sabe contar umas coisas sobre minha verdadeira mãe - falei dando um sorriso e saindo do abraço da Laura. 

    - Ok, te prometo. 

    - Agora me conte sobre esse anel. 

    A Laura pareceu vacilar um pouco, girou a pulseira no meu pulso e enfim disse:

    - Essa pulseira era da sua mãe, ela gostava tanto dela, não tirava sequer um segundo, dizia que a protegia do mal e coisas assim. Quando ela perdeu essa pulseira, começou a ficar igual uma maluca procurando pela casa toda e em todos os lugares que tinha ido antes de perde-la, foi um loucura e até você nascer ela nunca achou, aliás, ninguém nunca a achou, até hoje. Onde a achou? 

    - Veio nesse envelope, não sei quem me enviou...

    - Estranho, mas enfim, deve ter sido algum amigo dela que depois de anos a achou ou algo assim, não creio em coisas paranormais, a Demétria adorava falar sobre esses assuntos. 

    Sério, porque coisas estranhas não podem parar de me perseguir? Que coisa chata. E também a Laura do nada ficou legal e se importando, isso é mais estranho ainda. 

    Ficamos conversando maior tempão sobre minha mãe e como ela era, o que gostava e não gostava de fazer e várias outras coisas. 

    Subi para o meu quarto e quando abri a porta, levei um susto e quase tive um ataque do coração. Todo o meu quarto estava modificado, tinha um buraco no chão bem fundo e escuro, aliás, o ambiente todo estava escuro, mas dava para ver que tinham chamas vindo de algum lugar do buraco. Eu estava num pedacinho pequenino entre a porta e o buraco formado no chão. 

    Me virei para sair dali, mas a porta tinha trancado, comecei a gritar o mais alto que pude, mas tinha vozes ao meu redor que me ensurdeciam. As sombras e névoas começaram a aparecer surgindo daquele buraco, sentia que estavam me puxando, mas estava agarrada fortemente na maçaneta da porta. 

    Sentia que aquele meu pequeno espaço estava se estreitando e eu cada vez ficava mais encurralada, meus pés já estavam começando a escorregar para a beiradinha. Olhava para baixo e via o fogo subindo, o calor já estava imenso dentro do quarto. 

    - Socorroooooooo! - batia na porta tentando chuta-lá e empurra-la, mas sabia que ninguém ia ouvir, sei que essas coisas só acontecem comigo. 

    Se junte a nós, filha ouvi uma voz dizer vindo lá daquele buraco, era a voz do Nicoel, ele estava querendo me levar e não sei se teria um jeito de escapar dele. 

    - Nãooo - gritei. 

    Meu pé escorregou, tentei continuar agarrada na maçaneta, mas não deu, ela soltou e ficou na minha mão. Comecei a cair naquele buraco, me sentia uma Alice no País das Maravilhas mais uma vez, mas tinha certeza de que não ia parar em lugar de maravilhas nenhum. 

    Parecia que aquilo nunca teria fim, as coisas escureciam ao redor de mim. Se aquela pulseira protegia mesmo do mal, teria que fazer algo... 

    

    

    

   


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Estou sem ideia do que dizer :(
Até os próximos capítulos...