Almas Sombrias escrita por Caroline Hernandez


Capítulo 19
Capítulo Dezoito


Notas iniciais do capítulo

Mil desculpas pela demora, eu sempre sou uma atrasada para postar os capítulos, tenho que tentar melhoras isso, mas aí está um capítulo cheio de revelações...



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Capítulo Dezoito 

    Ainda não estava acreditando no que meus olhos estavam vendo. Não é possível. Meu pai morreu quando eu era pequena, nem me lembro dele muito bem, mais por fotos, minha avó tinha várias delas guardadas, então eu o reconheceria em qualquer lugar, mas nunca achei que pudesse vê-lo. 

    - Muito bem, você acertou - meu pai diz e bate palmas como se fosse algo empolgante. 

    - O que você está fazendo aqui, Nicoel? Isso impossível...você...você morreu... 

    Será que era mais uma das minhas visões estranhas? Poderei ser uma alucinação, vai que eu tenha batido com a cabeça e não saiba ou pode ser um pesadelo. Tudo não está fazendo sentido. 

    O Nicoel começa a andar me rodeando e dando suas risadas inconfundíveis. Tento me afastar, mas parece que tenho chumbo nos pés. Estou parada e sem conseguir me mover. Parece que a qualquer momento vou desmaiar e acordar e descobrir que tudo não passou de uma alucinação ou uma brincadeira. 

    - Bom...digamos que eu...não morra, isso é algo difícil de acontecer com os da minha espécie. Mas não estou aqui para conversa e nem assuntos familiares. Quero você do meu lado. - ele diz isso e se vira bruscamente na minha direção me lançando seu olhar intimidador. 

    - Como você pode matar a sua própria família? Como?! - eu comecei a gritar agora, estava tudo girando dentro da minha cabeça. 

    - Aquilo foi necessário, a Mercedes, sua querida avozinha era uma velha chata, me queria fora da casa dela a todo custo. Como pode julgar o próprio filho? E em relação as suas priminhas, aquilo foi uma fatalidade, não queria que uma morresse e a outra ficasse louca...mas coisas ruins acontecem o tempo todo - o Nicoel diz dando de ombros como se não fosse nada importante. 

    - Você é um pessoa horrível. O que você é? O que quer de mim? - lágrimas ameaçavam cair dos meus olhos e tinha uma louca vontade de jogar algo que o machucasse, mas só tinha caixas no porão e nada muito pesado. 

    Por que eu tinha que vir para esse porão idiota? Se não tivesse vindo, talvez pudesse adiar esse momento, talvez eu pudesse saber de mais coisas sobre a minha vida antes de encontrar com meu pai que achei que tivesse morrido há muito tempo. 

    - Calma, cada coisa em seu momento, mas vamos, sente-se aqui com seu papai, vem ouvir uma história - ele diz isso e se senta num banco de madeira velho jogado no fundo do porão e bate no lugar ao lado dele para eu me sentar. 

    Continuo parada no mesmo lugar que estou e cruzo os braços sobre o peito. Não sei do que o Nicoel é capaz, acho de que qualquer coisa. Nunca imaginei que meu pai pudesse ser uma pessoa ruim, minha avó guardava tantas fotos dele e dizia que sentia falta de quando ele era uma pessoa boa, mas eu nunca entendi essa parte. 

    - Não vou sentar com você - digo bem seca. 

    - Ok, faça o que quiser... Vou te contar uma história. Você acredita em Demônios? Seres do Mal que vagam na terra? Exércitos mais poderosos do que qualquer ser humano com suas armas? Pessoas que eram do bem e por algum motivo se tornam subalternos do Mal? 

    Começo a me sentir nervosa quando ele começa a me dizer essas coisas. Penso em todas a minhas chances de correr, mas continuo parada no mesmo lugar, sei que quero descobrir mais coisas sobre mim e que não sei se conseguiria descobrir sozinha, mas parece que tudo está rápido demais, confuso demais. 

    Algo me chama a atenção quando olho para o lado. Meu coelho está lá no canto ao lado de umas caixas perto do elevador, está parado olhando para o Nicoel atentamente, não se move, parece mais uma estátua, só sei que está vivo pois está respirando. Tento fazer alguma coisa para chamar a atenção do Coelhinho, mas nada acontece, ele continua na mesma posição. 

    - Tentando chamar a atenção do animal? - o Nicoel começa a rir feito um louco ( coisa que ele é) - Venha cá Rudosh - o coelho se move no mesmo momento e vai para o colo do meu pai que começa a acariciar seu pelo - Esse é o meu Gutúh, tive que deixar ele passar uns tempos com você, espero que tenha tratado bem meu animalzinho. 

    Perai, como assim o coelho é dele? Achei que o Pierre o tinha me dado, até achei estranho que o coelho parecesse com o que eu tinha quando pequena e agora tenho quase certeza de que era o mesmo. Muitas coisas quero saber, mas não sei se quero passar um tempo aqui com meu "papai". 

    - Eu não estou entendendo nada, ou você abre a boca agora ou eu vou embora - eu digo tomando força e coragem para sair daquela posição que estava há muito tempo e indo para a porta do elevador. Mesmo querendo descobrir tantas coisas, não quero dar o braço a torcer e ficar a mercê do meu pai maluco psicopata e misterioso. 

    O Nicoel cruza uma das pernas e fica sentado com o ar de descontraído como se estivesse se divertindo com a cena, o que realmente pode estar acontecendo.  

    - Tenho certeza de que quer saber mais sobre si mesma ou então... coisas ruins vão acontecer. Já disse, quero você do meu lado. 

    - Que lado? Eu não estou entendendo nada! 

    - Eu te perguntei se você acreditava naquelas coisas que disse. Eu sou a última delas. 

    Parei congelada no mesmo lugar que estava, com a mão levantada indo clicar no botão do elevador. A última coisa que o Nicoel disse era "pessoas do bem que por algum motivo se tornam subalternos do mal". Minha avó sempre dizia que tinha saudade de quando o filho era do bem, então era isso que ela queria dizer, meu pai virou do mal, algo que ainda não sei. 

    Me virei e fiquei de frente para ele, agora tinha dito algo que me interessava e que tinha prendido a minha curiosidade. 

    - Me diz de uma vez o que você é! - digo estressada. 

    - Eu sou um Anjo Caído, Alyssa, recebo ordens de seres do Mal superiores, somos Almas Sombrias e você também é uma. 

    Tive que me sentar numas caixas nesse momento para não cair. Ele só podia estar brincando certo? 

    - Como assim, anjo caído? E como assim almas sombrias? - perguntei em voz baixa incerta de dizer essa palavras em voz alta

    - Isso mesmo, fiz um pacto com o Demônio, queria ser imortal, não aguentava mais a vida que levava, as pessoas gostavam de sempre pisar em mim e serem melhores. Tinha me cansado disso, resolvi que queria ser mais que os outros e assim fiz. Me tornei um Anjo Caído, subalterno do Demônios, o braço direito de Lúcifer. E você...bom, você é metade humana metade anjo, mas não é só isso, sua mãe não era uma simples humana, era uma bruxa poderosa, mas infelizmente ela morreu no seu parto, isso foi outra fatalidade que tive que fazer com ela. 

    - Perai...como assim ela morreu. Minha mãe está viva, é a Laura. 

    - A Laura não é sua mãe, é a irmã dela e que nunca quis criar você. 

    A parte do "nunca quis criar você" até entendo, mas eu sempre achei que ela fosse minha mãe, confesso que é até aliviante saber que a Laura não é minha verdadeira progenitora. 

    - Sem mais delongas, quero que aceite se juntar a nós - o Nicoel diz e no momento seguinte, várias vozes surgem se misturando com as sombras. 

    Coloco a mão nos ouvidos tentando tapar os sons fortes de cochichos, sussurros e sons estranhos. Diversas sombras dançantes aparecem na minha frente tampando a minha visão. Surgem névoas também que rodopiam em volta de mim. Tento gritar, mas minha voz está presa na garganta, me sinto começar a ficar sufocada e minha vista turva, tudo está girando ao meu redor. 

    Tudo fica escuro. 


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Notas finais do capítulo

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