Capítulo Doze

    Eu me desesperei nesse momento, ninguém merece ficar perdida e ainda com o chato do Henrique, eu sabia que não devia ter saído de casa, mas não, fui dar ouvidos a minha amiga e acabei me ferrando. 

    - Eu quero ir embora, porque não andamos pela estrada em busca de ajuda, ou...não sei, não gosto de ficar perdida - a Brianna diz com os olhos já marejados querendo chorar. 

    - Não sei se é seguro andar por aí de noite, esse barulhos estranhos estão me assustando - o Ryan diz e se senta no carro ao lado da Brianna abraçando-a - Calma, vamos achar um jeito de sair daqui. 

    Os barulhos começaram a ficar mais próximos, tipo de folhas sendo amassadas junto com uns gruídos. 

    - Acho melhor entramos todos no carro, é mais seguro - o Henrique diz e corre para dentro do veículo se encolhendo no banco do passageiro. Ainda disse que me salvaria se algo acontecesse, idiota é quem acredita nisso.

    Todos ficamos sentados no carro, o Ryan abraçando a Brianna no banco traseiro, o Henrique no banco do passageiro rezando e se encolhendo e eu no banco do motorista tentando ver se o carro liga. 

    Não adianta, o carro não liga de jeito nenhum, isso que dá andar com carros ruins indo para um lugar do qual não sabe onde é, e fora que estamos perdidos em um lugar longe de civilização, se ao menos fosse numa cidade dava para pegar emprestado o telefone de alguém. 

    Os barulhos depois de uns minutos felizmente param e tomara que fique assim um bom tempo, não quero morre comida por lobos assim como a Brianna tinha dito. 

    - Acho melhor andarmos pela estrada, podemos encontrar alguma casa ou se caso passar algum carro pedimos ajuda, é melhor do que ficarmos sentados aqui sem fazer nada - eu digo, não consigo ficar parada muito tempo em um lugar apertado. 

    - Mas, é aqueles barulhos lá fora? Animais podem estar a espreita - o Henrique diz ainda encolhido lá no canto. 

    - Vamos andar só até uma certa distância, porque se andarmos muito vamos nos perder do carro e vai ser pior se achar depois - o Ryan diz já abrindo a porta do carro e saindo. 

    A Brianna faz uma cara estranha, acho que se pudesse ela ficaria ali, mas quando viu eu saindo também, saiu do carro e se agarrou ao braço do Ryan. 

    - Você vai ficar aí sozinho, irmão? - o Ryan pergunta para o Henrique que ainda permanece no carro. 

    - Eu acho que aqui é mais seguro - ele diz. 

    - Se você quiser ficar aí sozinho, com lobos ao redor da mata e sem comunicação...então você fica - eu digo e saio andando, não tenho paciência, ainda mais com o Henrique, talvez se ele levasse um susto não ia ser tão ruim. 

    O Ryan e a Brianna saem andando também. Não estamos nem muito longe do carro quando vem o Henrique correndo para nos alcançar, sabia que ele não teria coragem de ficar lá no carro sozinho, é muito medroso para isso. 

    - Resolveu vir junto? Seu medroso - eu digo rindo. 

    - Não sou medroso, só achei que fossem precisar de mim, sou o mais forte aqui - ele diz querendo esconder a verdade de que estava com medo. 

    Para todo quanto é lugar que andamos só tem mato ao redor e a estrada de terra está desaparecendo. Acho que talvez os pais da Brianna ou dos gêmeos possam se dar conta de que sumimos e fazer umas buscar, pois se for esperar a Laura se dar conta de que sumi eu já estaria morta só no esqueleto, eu não disse para onde estava indo quando saí, aposto que se eu demorar muito ela vai achar que eu fui para alguma boate da vida ficar com um monte de garotos e talvez sentisse orgulho disso, já que é o que ela faz, teve uma vez que a Laura ficou cinco dias sumidas, pois tinha ido para uma festa rave e não tinha dito nada, mas como já a conhecia bem, sabia que uma hora apareceria, e ela deve estar achando a mesma coisa de mim. 

    Os barulhos no mato voltam, cada passo que damos os barulhos parece nos perseguir, pior que agora estamos soltos sem nenhum carro para nos proteger. Todos nós paramos e ficamos estátuas com medo de nos mexermos e algum animal atacar, vejo o braço do Ryan já vermelho de tanto que a Brianna apertava ele e o Henrique está atrás dos dois se protegendo, enquanto eu estou sem reação ao lado da Brianna que me olha com o olhar desesperado. Não sabemos o que fazer, um ditado que se encaixa bem na nossa situação quando olhamos na direção da onde estava vindo os sons é "se correr o bicho pega se ficar o bicho come". 

    Olhos brilhantes no escuro nos observam com uma intensidade assustadora, aos poucos consegui distinguir que são lobos quando saem do mato e param a algumas distancias de onde estamos parados sem reação. A qualquer momento eles podem nos atacar, estão se aproximando devagarinho nos olhando como se fôssemos um pedaço enorme de carne fresca. 

    Quando eles dão um passo mais próximos o Henrique não se contém e grita:

    - Correm e salve-se quem puder - ele diz isso e sai correndo em seguida fazendo todos os lobos avançarem e todos nós obrigatoriamente corremos também. 

    Tinha que ser o Henrique idiota para nos colocar nessa enrascada, agora é mesmo que os lobos vão querer nos atacar, eles são mais velozes que qualquer um. Ai meu Deus, esse é meu fim, não acredito que vou morrer atacada por lobos perdida no meio da floresta. 

    Olhos para trás e dois enorme lobos estão cada vez mais se aproximando, olhos para os lados e não vejo mais minha amiga e nem os gêmeos, nos perdemos uns dos outros nessa correria, espero que estejam a salvo. 

    Minhas pernas estão cansadas de correr e enxergar na floresta de noite é quase uma missão impossível, acabo tropeçando em um galho e caio no chão, sei que não dá tempo de me levanta e correr, o jeito é esperar os lobos...