As Nem Um Pouco Felizes Histórias De Amor. escrita por Yang


Capítulo 66
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Chegamos ao fim... Quero agradecer a todas que permaneceram até agora, apesar das inúmeras demoras e pausas na fic. Agradecer a todas que me procuraram no twitter pra fazer eu voltar a escrever. Agradecer as recomendações, os comentários. Vocês fizeram essas história valer a pena, e eu estou realmente grata, de todo o coração, de toda alma, de toda inspiração. Eu realmente tinha a história pronta na cabeça, mas não havia terminado de escrevê-la. Claro que muitas coisas mudaram e tomaram outro rumo, mas o final sempre foi pensado pra ser esse. Realmente me surpreendi com a fanfic, pois não imaginava tanta gente lendo e acompanhando apesar dos altos e baixos, das minhas infinitas demoras... Eu amo vocês gente, cada uma que leu que acompanhou. Que pediram por mais, que insistiram. Terminar uma história é como suspirar aliviado, mas ao mesmo tempo estar com o fôlego preso por saber o que irão achar. Eu nunca imaginei postar essa história, mas eis que ela está aqui, e eu não a fiz sozinha, todas me ajudaram. Obrigada mesmo



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#Narrado Por Diana#

Era uma vez...

Certamente, você estava esperando por mais uma dessas histórias de amor bobas, convincentes e irracionais, onde tudo dá certo, mesmo quando tem tudo para dar errado. Porém, são histórias que desanimam o leitor logo de início, e esse nunca saberá o final. Ou melhor, ele já sabe o final, assim como já sabe o início e meio. Por isso que as pessoas já desacreditaram no amor... Elas já sabem como ele começa, e como ele vai terminar.

Errado.

O amor renova. Ele nunca é o mesmo. Nem as histórias são as mesmas. Elas mudam, e com elas muda o amor. Eu não posso dizer que a minha história de amor com Daniel foi diferente de todas as outras histórias de amor. Todas as histórias são diferentes, essa é a graça. Minha história de amor foi diferente da história dos meus pais, foi diferente da história de Eduarda e Leandro, foi diferente da história de Flávia e Maurício... Todas essas histórias nem um pouco felizes e nem um pouco tristes. Apenas reais demais.

Quando se desacredita no amor só porque ele é perfeito nos livros, nas histórias de outras pessoas, mas na realidade ele é um caos, você está literalmente fissurado com os clichês. Acredite, a realidade é mais emocionante. O amor na vida real é como saltar de bungee-jumping: você pula amarrado a corda, e essa corda te segura e te joga pra baixo e pra cima ao mesmo tempo. Você quer sair dali desesperadamente, mas a adrenalina correndo por seu corpo te faz permanecer. E você grita, berra, e ainda assim confia na corda, e tudo o que você quer é que ela não quebre. Digo que esse amor vale a pena. Não é como nos livros onde você sabe que no final vai ter um “e viveram felizes para sempre”. É como no real onde você não sabe o que vem depois, mas espera que a corda não se quebre antes de você estar em terra firme.

Eu não sei quantos saltos ainda posso dar sendo segurada por Daniel. Mas por enquanto, estou me desprendendo de suas cordas e partindo para algo novo. Nunca fui adepta a espera, mas eu sei que agora ambos iremos esperar. E talvez, quando eu estiver pronta pra saltar outra vez, ele ainda esteja firme e forte pra me segurar, de novo e de novo. Quantas vezes for preciso.

***

E essa é Nova Iorque, cheia de barulho, carros, caos, pessoas e moda. Realmente me sinto deslocada daqui e me arrependo de Lucas não ter vindo.

– Sabe inglês querida? – pergunta Susan, uma das revisoras de livros. Ela é uma mulher alta de longos cabelos loiros que tem por volta de uns trinta e dois anos.

– Sei. – respondo preocupada com o fato de estarmos atravessando a rua entre os carros.

– ótimo. – diz ela, parando um táxi e me fazendo entrar nele.

Minutos depois estávamos num prédio na rua Bedford. Um prédio pequeno, mas com o outdoor da editora “Fusion” bem na frente.

– A fusion é a afiliada da moderna. Só muda o nome. – diz a revisora.

Seguimos por um corredor até chegarmos a um elevador, onde subimos para o quarto andar. Susan, a revisora que me acompanha, apenas mostra o crachá e entra, sem que eu precise me identificar em momento algum.

– Você terá essa autoridade um dia querida – afirma ela sorrindo.

Entramos em uma sala onde Wilton, meu pai e outros caras que não conheço estão sentados conversando sobre alguma coisa, tudo em inglês.

– Talvez eu não entenda tanto assim de inglês... – digo a ela.

Um dos homens que não conheço se levanta para me cumprimentar.

– Hi, Diana! – diz ele, pronunciando meu nome certo, o que fica mais bonito na voz de americanos do que brasileiros.

– Ela é tímida, quase não fala. – interrompe Susan antes mesmo que eu possa dizer algo ao homem. – Ande querida, sente-se.

E enquanto a reunião se discute parcialmente em inglês, Wilton tenta me acalmar com olhares, como se estivesse simplesmente assentindo a tudo o que dizem e concordando em meu lugar. Então, meu pai interfere.

– Eu acho que Diana deveria saber do que se trata. – diz ele em inglês.

Todos na sala me olham e então Wilton toma a palavra.

– Aceitaram o livro e querem laçá-lo imediatamente...

Um sorriso se abre no meu rosto.

– Você aceita fazer um contrato, Diana? – pergunta Susan, esboçando um sorriso quase invisível.

Um milhão de coisas se desfazem e refazem na minha cabeça agora, e eu apenas consigo dizer “sim”.

– Então, que lancemos o livro. – diz Wilton após reler o contrato pra mim umas cinco vezes.

***

Logo depois de assinar o contrato e ouvir as inúmeras propostas da publicação, decidi ligar para minha mãe e para Lucas. A reação dos dois já era esperada. Gritos e mais choro. E frases repetidas como “eu te amo, estou com saudades” ou então “eu te amo, compre algo pra mim”.

Pensei em ligar para Daniel. Olhei várias vezes para o número do contato dele no telefone. Fazia duas semanas que estava em Nova Iorque, e ainda não havia falado com ele. Hesitei em ligar, e o nervosismo tomou conta de mim.

– Quer mesmo falar com ele? – pergunta meu pai se aproximando.

– Não sei. – respondo guardando o celular.

A visão que temos agora é a das ruas movimentadas. O quarto andar do prédio da editora fica de frente à outros prédios, o que é normal em Nova Iorque, mas que ao mesmo tempo é lindo.

– Está feliz? – pergunta ele.

– Estou pai, estou. – respondo sorrindo. – Só queria que a mamãe e Lucas estivessem aqui.

– Em breve estarão.

Há uma coisa em meu pai que muito me cativa: o fato dele passar tranquilidade com a voz. Eu sabia que podia contar com ele, pra qualquer coisa.

– Sinto falta dele, do Daniel. – digo.

– Eu sei disso... Por que não liga pra ele? – sugere meu pai tirando o meu celular do bolso. – Anda, liga. Sem medo. Eu vi o que ele fez no aeroporto e... Ele merece pelo menos saber disso.

O celular estava ali, estendido na minha direção. Eu o peguei e disquei o número de Daniel. Meu pai saiu e me deixou só, ouvindo apenas o barulho da chamada sendo feita. E nada dele atender.

Parecia uma eternidade pendurada ali. Liguei cinco vezes e em nenhuma delas Daniel me atendeu. Senti raiva e mágoa ao mesmo tempo, e fiquei por acreditar que ele estava ocupado demais.

– Esperar... – disse a mim mesma e guardei o celular.

***

Três meses depois.

Adaptar-se a rotina de Nova Iorque não é fácil, mas Susan se tornou minha guia nas semanas que se seguiram. Faltavam duas semanas para eu retornar, e Susan decidiu que eu precisava tomar café em sua Cafeteria preferida. Ficava próxima ao Central Park, então fomos. Além disso, ela tinha notícias novas para mim.

A Cafeteria parecia mais uma loja. Uma vidraça enorme te fazia ver tudo lá fora. Mesas redondas e cadeiras confortáveis e um enorme balcão com doces, tortas e bolos. E claro, café e cheiro de café por todo lugar. Sentamos em uma mesa de forma que ficamos de frente uma pra outra.

– Vou pedir um expresso para nós. – disse ela. – e também cupcake.

– ótimo. – assenti.

Susan fez o pedido a garçonete sem nem ao menos olhar o cardápio. Enquanto esperávamos, ela me perguntava sobre minhas impressões a respeito de Nova Iorque.

– é tudo lindo. – dizia a ela.

Quando nosso café chegou, ela puxou da bolsa uma pasta cheia de papéis.

– Veja bem, querida... Você vai voltar em duas semanas, certo? – perguntou ela olhando para os papéis.

– Certo. – respondi dando um gole de café logo em seguida.

– Errado. – disse ela olhando para mim e me entregando um papel. – Seu livro vai ser lançado aqui em uma semana, e queremos você no lançamento, na divulgação. Enfim, queremos você.

Li todo o papel de cima a baixo, com as datas da publicação, os eventos onde iria por conta do livro, e como estava o andamento do livro no Brasil.

– Quarta edição no Brasil? Mesmo? – perguntei sem acreditar.

– Mesmo... Você está quase rica. Quase famosa. Quase tudo. – respondeu ela. – Tem até um programa brasileiro que quer entrevistar você. – continuou ela, bebendo seu café. – Bom, você é quase tudo isso... Falta pouco pra ser e nós queremos acompanhar seu crescimento.

– E?

– Queremos que fique. Que lance o livro aqui, que publique outro, tanto pela Moderna quanto pela Fusion. – continuou ela.

Fique em silêncio apenas fitando Susan enquanto ela comia o cupcake e parecia levar aquilo como algo normal.

– O que foi? – perguntou ela.

– Deixa eu ver se entendi... Vocês querem que eu fique por mais três meses?

– Não. – respondeu e limpou as mãos no lenço de papel. – Queremos você o resto do ano, da vida, da morte...

– Ai meu Deus... Nem sei o que dizer. – estava atordoada demais com as notícias.

– Realmente quero que fique mais uns meses. Pelo menos até o livro ser lançado e fazermos a divulgação aqui. E aí você volta, se não tiver mudado de ideia.

– Isso parece ser menos assustador. – digo.

– Então, tudo bem? Vai ficar mais alguns meses? – pergunta ela recolhendo os papéis.

Olhei para o celular e vi o contato de Daniel. Ele não me respondia nem mesmo pelas redes sociais. Não me atendia. Parecia que tinha sumido. Nem Lucas tinha notícias dele.

– Sim, eu vou ficar e depois vejo se continuo aqui em Nova Iorque ou se volto pro Brasil. – respondi sem emoção alguma.

– ÓTIMO! – exclamou Susan alegre, com um sorriso de ponta a outra do rosto. – Agora, deveria começar a pensar em uma nova história.

– Não sei se tenho inspiração pra isso. – digo tomando outro gole de café.

Susan ri e olha pelo vidro da Cafeteria para o movimento da rua.

– Que lugar melhor pra se ter inspiração do que Nova Iorque? É só olhar a sua volta Diana. Você está respirando inspiração... – disse ela. – E café.

Apenas suspirei e esperei que algo viesse a mente, mas apenas Daniel passava pela minha cabeça agora.

– Não sei nem como consegui escrever “os sonhos incontáveis de Grace”. – disse.

– Pode escrever sobre os seus sonhos agora. – sugeriu ela.

– Meus sonhos. É uma boa ideia. – digo sorrindo.

– Não se preocupe querida, você vai se surpreender com muita coisa ainda. E vai sonhar com muita coisa ainda.

Enquanto o cupcake permanecia intacto ao lado da mesa, meu café já havia esgotado. Olhei ao redor e vi um rapaz entrando na Cafeteria. Ele me lembrava Daniel, e era Daniel a minha inspiração pra escrever e pra sonhar sempre mais alto. Mas agora, eu precisava me inspirar em coisas novas, em pessoas novas. E talvez até em mim mesma.

– Acho que encontrei inspiração. – disse a Susan e então sorri.

Sorri porque sabia que o recomeço seria algo complicado e ao mesmo tempo divertido.

E eu estava esperando agora. Esperando por coisas novas. Já tinha aprendido que quando se põe em prova o amor e os sonhos, a realidade predomina. Apesar de amor e sonhos serem quase a mesma coisa.

Quase...


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Notas finais do capítulo

comentem, me matem, passo o endereço por mensagem pra quem quiser minha cabeça cortada depois do final (ou será o final mesmo? -.-) haha



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