As Nem Um Pouco Felizes Histórias De Amor. escrita por Yang


Capítulo 65
Uma corrida, um grito e um até logo.


Notas iniciais do capítulo

Entãaaaaaaaaao... Este é o penúltimo capítulo da fanfic (no caso, o último, porque o próximo é o epílogo). Muita gente me pediu nos comentários a 2ª temporada (uma continuação...), mas tenho medo de fazer '-' enfim... quem quiser, depois de ler o epílogo, comente dizendo que quer, e aí eu faço... Por favor, não me matem depois de ler esse capítulo. Esperem o epílogo e não me matem depois dele também :)

Dica: leiam esse cap. ouvindo "use somebody - kings of leon"



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#Narrado por Daniel#

Há uma pressa, uma porta e uma chave.

Um carro estacionado na frente de uma casa.

E um garoto de dezoito anos desesperado após ler um caderno. Um epílogo.

Parece que tudo literalmente ficou em câmera lenta. Como se você estivesse tendo uma série de vertigens após ler algo que jamais imaginara que iria ler um dia na sua vida. Então você abre a porta do quarto e olha para fora. Da janela da sala você vê o seu carro, ali, parado. E vocês se encaram por um tempo. O carro quase consegue falar com você. E então, são quatro horas da tarde, e você sabe que precisa correr, mas está com medo. E sua esposa está sentada lendo um livro na sala, e não há mais ninguém ali. Você fita as chaves por segundos infinitos, e então acelera o passo para pegá-la de cima da mesa de centro e sem hesitar, você corre.

Você corre pra fora.

Você corre para o carro

E enquanto está correndo até a porta do carro e entrando, você sente o mundo inteiro olhando pra você. E você tenta liga-lo, como se esperasse que isso não fosse demorar. E então o carro começa a funcionar e você dirige, saindo dali, dirigindo numa velocidade que não te faça perder o controle, mesmo que você já o tenha perdido.

E você acelera.

Passa por ruas, por pessoas, e sabe que está longe do alvo, do aeroporto. Mas desistir está passando longe da sua cabeça agora. E você só pensa nela, naquela garota de olhos castanhos e pele clara. Na garota que mais te fez sorrir em toda sua vida. E então... Você continua.

Sem hesitar, sem pensar nas coisas e nas consequências negativas. Consegue pensar somente nela e em seu sorriso, e isso te faz continuar.

Não importam as buzinas dos outros carros, os xingamentos dos motoristas para você. Você sabe que precisa correr. Apesar dos inúmeros sinais vermelhos em sua frente, da paralisação infinita de carros mais a diante, você os ignora. Você sabe que em vinte minutos chega ao aeroporto. E você olha para o celular rapidamente, e tenta ligar para ela, para a garota que ama.

– Anda, atende, eu não posso te perder! – você grita, e sua voz se espalha pelo carro.

E vinte minutos parecem não passar. Enquanto olha pela janela, vê uma ponte por onde passa e percebe que mais um pouco irá chegar. E quando finalmente se vê na entrada do aeroporto, muitas placas e quase não há vagas para estacionar. Mas você põe o carro em qualquer lugar, e o desliga com pressa, o tranca com pressa e corre com mais pressa ainda.

Você se lembra então de quando a viu dançar pela primeira vez. De quando ela dançou com você. De como a mão dela encaixava perfeitamente na sua. De como ela escrevia bem, falava bem... E o som da risada dela parece estar de acompanhando. E o som da voz dela parece que se completa com o som da sua respiração. E agora você corre mais ainda, ignorando o pedido de ar dos seus pulmões, como se não precisasse respirar. E você sente seu corpo inteiro queimando, e a adrenalina subindo. E você derruba a mala de muita gente pelo saguão principal, e eles te encaram como se você fosse um louco.

– Desculpe, desculpe! – digo as pessoas que agora estão bravas comigo. Recupero a velocidade da corrida.

Um segurança grita.

– Ei garoto, pare! – alerta ele, apontando para você.

Mas suas pernas não mais lhe obedecem, e correr é tudo. É uma necessidade. E você sabe que mais um pouco pode encontra-la. Então para, mas está tão perdido, no meio de tanta gente, tantas vozes... E você apenas consegue olhar para o gigantesco painel anunciando um voo para Nova Iorque. Imagina que provavelmente é aquele o voo dela, e você não tem muito tempo para encontra-la.

Continua a passar empurrando as pessoas como o maior mal educado do universo, ignorando os repetidos xingamentos, procurando o lugar onde as pessoas ficam esperando para fazer o check-in. Perto de lá, você vê dois homens parados e uma garota usando uma calça comprida, uma blusa vermelha com um casaco que cobre os braços, e uma bota nos pés, sentada num banco, com os cabelos soltos, olhando para todos os lados, e olhando compulsivamente para o celular. E ela não parece feliz, mas parece que tem esperança de alguma coisa. E enquanto ela vira o rosto pálido e com medo, você grita.

– DIANA! – e o nome sai como um sopro.

E os olhos se encontram como dois pontos únicos, olhando na mesma direção. E ela pisca, e você parece acordar de um sonho. Mas está quase morrendo, como se precisasse de ar, mas se aproxima.

E ela se levanta. E você está ofegante o suficiente para não conseguir falar nada. Mas você fala.

– Eu te amo. – e o seu sonho encara você, como se não acreditasse.

– Daniel! O que você tá fazendo aqui?! – é tudo o que você consegue ouvir antes de um cara alto aparecer e falar a ela que precisa acelerar na conversa para ir embora. Ela vira-se para o homem. – Só mais dez minutos, Wilton, por favor. – e ele assente.

– Eu precisava vir. – continuo. – você não pode ir embora. Não pode.

– Mas eu quero, eu preciso. – diz ela, e há lágrimas em seus olhos, e um soluço prestes a iniciar.

– Não digo que não pode ir embora para Nova Iorque, você deve ir! Mas... – hesito em falar, como se tivesse medo. – Mas preciso que fique. Não vá embora da minha vida, tá entendendo? – eu a seguro com força, apertando-a, tentando despertá-la para a minha realidade, para o que eu sinto agora.

– Dan... Não posso! – insiste ela.

– Claro que pode. Você é a continuação que preciso e... E mesmo que vá pra Nova Iorque e passe mais de três meses lá, eu vou ficar aqui, esperando.

– Não deveria esperar nada. – diz ela. Eu a solto, de cabeça baixa, e simplesmente me deixo levar pela enorme vontade de desabar em choro.

– Então por que deixou aquele epílogo para eu ler? – pergunto confuso.

Diana olha ao redor, como se também estivesse confusa. E então começa a chorar comigo.

– Porque eu te amo. Te amo muito! E eu quero tanto que seja feliz, entende? Não que seja preso ao fato de que precisa estar casado só porque tem uma garota grávida esperando um filho seu. Mas porque precisa ser livre. Precisa encontrar alguém que te faça se sentir assim. Júlia sempre vai ser sua filha, e Cath... Bom, ela vai entender.

– Já entendeu. – interrompo. – E entendeu tão bem que me quer com você!

– Eu só não consigo... – diz ela. – Não me sinto pronta pra voltar pra você agora.

Nos encaramos, como se quiséssemos a mesma coisa, mas não tivéssemos coragem de admitir.

– Não está pronta agora... Mas... Eu tô. Pronto pra qualquer coisa. – digo a ela.

– Serão três meses, Dan... Muita coisa pode acontecer. – Diana coloca as mãos em meu rosto e enxuga as lágrimas que ainda descem. – Preciso que seja o menino durão de antes agora, porque odeio te ver assim.

– Então fica. Comigo. – digo.

Diana me abraça, e eu me sinto no lugar perfeito. Mas eu sei que ela se vai, e que isso vai ser insuportável de aguentar.

– Eu vou voltar, e prometo que quando voltar nós vamos resolver tudo. – diz ela. – E se for pra ser, nós vamos ficar juntos.

– Eu realmente te amo. – continuo. – eu vou esperar.

Carlos aparece, o pai de Diana, insistindo que precisam ir.

– Vamos mocinha, está na hora. Wilton não aguenta mais esperar. – diz ele olhando para mim e para ela.

– Eu preciso mesmo ir. – diz Diana. – Mas, eu te amo e isso é tudo. E é só Nova Iorque. – ela ri, mesmo com o choro preso.

– Dizem que lá é a cidade dos sonhos. Eu concordo.

– Por que? – pergunta ela pegando sua bolsa do chão.

Eu sorrio para Diana que espera a resposta.

– Porque meu sonho está indo pra lá. - e é tudo o que consigo dizer antes do nosso “até logo”.

Fiquei parado por tanto tempo ali, vendo-a ir embora. E apenas em um momento ela olhou pra trás, e por Deus, eu nunca vou esquecer aquele olhar. O olhar de quem diz mais uma vez, “faça algo certo, por você”.

Mas ela se foi.

E eu fui pra casa sem correr. Apenas andando.

***

No mesmo dia, passei a noite inteira sob o muro não mais pichado. Fiquei encarando todo o espaço possível do céu, vendo os aviões passando, vendo alguns pássaros alçando voo. E percebi que estava na hora de alçar voo também. Minha vida não podia parar simplesmente porque ela se foi. Eu precisava de novos sonhos, e um dia, quem sabe, o meu maior sonho voltaria.

– E se voltar, que volte pra mim.


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