As Nem Um Pouco Felizes Histórias De Amor. escrita por Yang


Capítulo 60
Uma dedicatória.




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#Narrado Por Daniel#

Catharina colocou algumas roupas dobradas sobre a cama enquanto conversava sobre a cor do quarto da nossa filha. Alguns meses já se passaram e a barriga dela está crescendo cada vez mais. Admito que ela ficou mais bonita agora do que antes, ou talvez eu tenha ficado sentimental com a história de ser pai.

Faz algum tempo desde a ultima vez em que vi Diana. Soube através de um encontro com Lucas que ela estava prestes a lançar o livro aqui no Brasil e que tudo estava quase encaminhado para um sucesso internacional.

– E ela está feliz. – disse ele. – Entenda isso como quiser. – e se foi pela saída do supermercado.

Soube também que a editora criou páginas em redes sociais para a divulgação do livro. Catharina até demonstrou interesse pela história e disse que iria compra-lo.

– Está falando sério? – perguntei.

– Estou. Vocês fizeram as pazes e está tudo bem. Cada um pro seu canto agora... Não tenho porque continuar com essa rixa sem sentido com ela.

– Nossa, nem parece a mesma pessoa de meses atrás falando.

– Ter um filho muda nossa percepção em ver as coisas.

À tarde do mesmo dia, recebi um telefonema de alguém que jamais imaginei que me ligaria.

– Pois não? – perguntei.

– É o Carlos, pai da Diana... Ainda lembra de mim rapaz?

– Sim, eu lembro... como esquecer.

– É, eu sei. – disse ele com a voz suave e calma, como quem recorda um passado quase presente. – Enfim, eu estou ligando para convidar você e sua... esposa ou seja lá o que ela for, para virem ao lançamento do livro de Diana. Vai ser amanhã, às duas horas, na livraria República.

Fiquei em silêncio por uns segundos e pensei se ele estava me convidando a pedido de Diana ou se simplesmente estava me convidando.

– Sim, eu vou fazer o possível pra ir. – respondi.

– Ah, sei que vai. Espero ver você.

Decidi perguntar sobre o propósito do convite, mas achei inconveniente demais. Apenas assenti e despedi-me.

No dia seguinte, Catharina e eu havíamos voltado do consultório. Estava tudo bem com Júlia e tudo se encaminhava para um parto tranquilo em breve.

– Sete meses se passam tão rápido, quem diria. – disse ela enquanto voltávamos.

– Se passam... – sussurrei.

Olhei para o retrovisor do carro e vi os pares de sapatinhos rosa pendurados. Imaginei como pés tão pequenos poderiam caber ali. Um vida se iniciava com pés pequenos...

Quando estacionei o carro na entrada de casa, Eduarda estava saindo.

– Aonde vai? – perguntei.

– Fazer algumas compras. – respondeu ela puxando a chave do seu carro de dentro da bolsa.

– porque não me pediu antes? Posso levar você se quiser.

– Não precisa querido. Faz algum tempo que não saio por minha conta própria. Gosto de passear sozinha as vezes.

– Tudo bem, tome cuidado.

Ela sorriu e seguiu para a garagem. Enquanto isso levei Catharina para o quarto, pois o médico sempre nos orientava repouso depois de sairmos.

– Que horas são, Daniel? – perguntou ela deitando-se.

– Uma e meia. – respondi.

– Não vai para o lançamento do livro de Diana?

Me assustei quando ela perguntou, pois não imaginava que ela soubesse.

– Como você sabe? – perguntei.

– Qualquer um que tenha internet sabe disso hoje em dia.

– Não, acho melhor não. Você está cansada e não quero te deixar só. – disse enquanto procurava uma roupa no armário.

Catharina levantou-se e passou na minha frente tirando um vestido de dentro do guarda-roupa e uma sapatilha ainda não usada.

– Se você não for, eu vou. Quero comprar o livro. – disse ela seguindo pro banheiro.

– Isso obviamente quer dizer que eu preciso ir.

Ela sorriu.

***

Chegamos à livraria por volta das duas e meia e estava relativamente cheia. Nada lotado e nenhum desespero de fãs fanáticos pois, naquela altura, Diana tinha apenas admiradores que esperavam conhecer sua obra. A melhor parte foi ver muitos colegas da nossa antiga escola. O pior parte foi que todos nos viram, e viram a barriga de Catharina e claro, lembraram de tudo.

– Quanto tempo cara. – disse Maurício me cumprimentando.

– E aí... – apertei sua mão e sorri simpaticamente, tentando evitar qualquer palavra desanimadora.

Maurício cumprimentou Catharina também, mas sem incluir detalhes como: “e a gravidez?”. Logo depois, Flávia veio falar conosco, junto de Lucas.

– Nossa cara, quanto tempo! – ela me abraçou sem delongas. – Sério! você tá com cara de homem agora.

Franzi a testa e sorri.

– Eu tinha cara de quê? – perguntei.

– de menino. – respondeu Lucas ironicamente.

– Não quis dizer isso. Quis dizer que você me parece estar mais velho... tipo, maduro e tal. – defendeu-se Flávia.

– Entendo, e concordo. – assenti.

Ambos falaram com Catharina também, mas é claro que era sentido há quilômetros de distância que havia certo ressentimento por parte dos dois quanto à tudo o que aconteceu. Mas eles eram discretos e aparentemente simpáticos.

– Mal posso esperar para ver a Júlia. – disse Flávia sorrindo forçadamente.

Lucas não falou nada, apenas olhou para mim e para Catharina, depois, abaixou a cabeça e saiu.

– Eu estou cansada, quero sentar. - levei Catharina até uma das poltronas disponíveis para os convidados.

Esperávamos o pai de Diana para podermos ir ao saguão para comprarmos o livro e assistirmos a divulgação. Ele apareceu pouco depois e nos levou diretamente.

– Aqui está um livro pra você. – disse ele entregando para Catharina.

Ela agradeceu e fomos até um local onde os produtores e editores estavam falando sobre Diana. E lá estava ela, sentada perto de uma fila de livros empalheirados sobre uma mesa, vestindo um vestido vermelho que ia até seu joelho. Os cabelos soltos, mas enrolados nas pontas caiam sobre seus ombros. Estava tão calma e feliz. Ela continuava sendo a garota mais linda do mundo, mesmo quando os flashes das câmeras disparavam volta e meia e a assustava de súbito.

– Passemos a palavra para a autora desse livro que promete nos render notoriedade como editora nacional e internacional também. – disse um dos caras que julguei ser produtor do livro.

Houveram uns suaves aplausos e ela levantou-se.

– Eu devo dizer que é uma honra estar aqui, e um enorme prazer saber que tantas pessoas foram tocadas e contagiadas com a incessante divulgação da minha história a ponto de desejarem ler o livro. Lembro que tudo começou ainda ano passado, com o projeto de literatura e talentos da escola. Uma timidez absurda quase me impediu de escrever, mas... Mas a vontade, o amor por isso foi mais forte. E eis que estou aqui hoje. E estou muito feliz. Espero que esse seja o primeiro de muitos lançamentos. – ela virou-se para os produtores e sorriu. – Quero agradecê-los, por tudo, principalmente a Charles Wilton por ter acreditado desde o início que isso daria certo, e por ter ido naquela escola preferir o segundo lugar.

Algum tempo depois ela sentou-se para autografar os livros e tirar fotos com quem comprava. Finalmente a “Pequena Sonhadora” tinha deixado de ser sonho. Catharina pegou o exemplar que ganhara de Carlos e fora até a bancada. Por estar grávida, teve preferência. Observei de longe, não queria ir até lá, pois sei que ficaria constrangido com tudo. E apenas 1 minuto não era suficiente para tudo o que eu ainda queria falar a Diana.

– Não pegou um exemplar pra você? – disse uma voz vinda detrás de mim. Era Rafael.

Não respondi. O olhei nos olhos, fitando-o com certa “raiva” e voltei a observar o movimento dentro da livraria.

– Ela continua linda. E eu nunca a vi tão feliz. – continuou ele.

– O que você quer cara? – perguntei impaciente.

– Nada, apenas... Dar-lhe os parabéns pela esposa e pelo filho.

– Obrigado. E a propósito, é filha. - respondi.

Ele assentiu e seguiu para bancada onde Diana estava para receber um autógrafo e uma foto. Logo depois Catharina voltou e fomos embora.

***

– Deveria ter falado com ela. – disse Catharina quando chegamos em casa.

– Falar o quê? – perguntei pegando uma toalha e tirando os sapatos.

– Desejado parabéns e boa sorte nisso. Que inconveniente Daniel! – repreendeu-me ela.

– Olha, você falando assim chega a ser difícil acreditar.

– Eu não guardo mágoas dela se você pensa isso. E ela me tratou muito bem, veja só “Para Cath e Júlia, com todo carinho, Di.”.

– Ela escreveu isso? – perguntei surpreso puxando o livro e lendo a dedicatória. Olhei a capa e a foto de Diana da orelha do livro. Lá estava um pequeno resumo da autora e uma sinopse do livro.

– Ela continua sendo incrível, não é? – disse ela puxando o livro das minhas mãos e me deixando quase perplexo. Ela se foi para o banheiro e deixou o livro sobre a escrivaninha.

– Sempre foi.


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