As Nem Um Pouco Felizes Histórias De Amor. escrita por Yang


Capítulo 58
Novas oportunidades.


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!!! avisando que a fanfic está em reta final o/o eee fortes emoções virão depois desse capítulo...



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#Narrado por Diana#

Estar na faculdade é emocionante. Desde que as aulas começaram, a rotina da minha vida mudou completamente, além do que passei a visitar a editora mais vezes para a finalização do meu livro. Estou tão empolgada. Logo em junho será publicado, se tudo der certo.

– Ei Diana, quer ir com a gente comer algo depois da aula? – Pergunta Gabriela, uma colega da turma de Letras.

– Claro, vou sim. – respondo ao seu convite.

Consegui logo me enturmar com o povo da faculdade, o que me ajudou a esquecer muita coisa que ficou no passado. Mas certas lembranças sempre voltam.

Ainda tenho os brincos de apanhador de sonhos que Daniel me deu. O coloca com o pingente de livro aberto... As lembranças persistentes em minha cabeça. As músicas, filmes, e claro, nossas fotos.

– O que vai querer comer Diana? – pergunta Gabriela enquanto eu olho para o celular.

– Milk-shake com batatas fritas. Só isso. – respondo enquanto o garçom anota o pedido.

Nossos colegas de turma estão reunidos conosco e conversam sobre o nosso trabalho de literatura.

– Podíamos falar de outra coisa gente. Não estamos em aula. – sugiro.

– Concordo com a Di! – diz Gabriela. – Podíamos combinar de ir a alguma festa.

– Estou fora de festas. – replico.

– Cê não gosta? – questiona um colega meu.

– Não, não mais. Quer dizer, eu fui apenas uma vez... – respondo desviando a atenção para o celular.

– E não gostou da festa? Era em alguma boate? – continua ele, que a propósito chama-se Davi.

– Foi em um clube de Indie rock. – respondo olhando para ele agora.

– Gosta de indie rock?

Tantas perguntas...

– Sim, eu gosto. – respondo implorando para ser a última pergunta.

O lanche chega e ele continua a questionar.

– Que bandas você gosta? Eu também me amarro em indie rock. – diz ele animado com o papo.

– Kings, the strokes, arctic monkeys... Várias cara, várias. – respondo sem ânimo enquanto como as batatas fritas e o milk-shake.

Quando a sessão “fazer novos amigos na faculdade” acaba, finalmente vou pra casa, exausta e cansada.

– Temos que ir para a editora amanhã. – avisa a minha mãe. – E seu pai vai voltar de viagem hoje, e está ansioso pra falar com você.

Meu pai havia viajado mais uma vez para o exterior, logo depois da minha formatura.

– Falar o que? – pergunto.

– Eu não sei, mas ele me disse que já deixou tudo “pré-programado” com um dos produtores da editora. – responde ela.

– Hãm? – questiono mais uma vez sem entender. – Pré-programado o quê?

– Não sei filha, espere ele chegar hoje à noite.

Sigo para o quarto onde arrumo a bagunça deixada por Lucas. Esse ano ele transferiu seu turno pra tarde, e eu faço faculdade de manhã. Quase não conversamos mais como antes.

Enquanto vou reorganizando as anotações da escola, recebo uma mensagem de um número desconhecido.

Desconhecido: “Ei?”

Não respondo. Minutos depois a mensagem chega outra vez. Continuo sem responder. Mais algum tempo depois, outra vez.

Desconhecido: “por favor, me responde.”

Diana: “quem é?”

Desconhecido: “sou eu, Daniel.”

Um mergulho rápido na minha própria alagação...

“Quando soube, quase no final de dezembro, que Daniel iria casar, surtei. Eu mal podia acreditar que ele iria realmente assumir um compromisso com Catharina da forma correta. Eu não o julgo, ele a engravidou e o mínimo que podia dar a ela era um pouco de respeito como mulher, o direito dela como mulher.

Fui até o local onde ele iria casar. Me escondi atrás de uma árvore pequena. Lucas foi comigo.

– Tem certeza que quer ver isso? – perguntou ele atrás de mim.

– Tenho. – respondi secamente.

Algum tempo depois, um carro estaciona na frente da igreja e Daniel e Eduarda saem acompanhados um do outro. Ele estava lindo, mas triste. Sem sorrir, apenas engolindo as doses sujas da vida, das suas próprias consequências.

– Não sei como consegue ficar aqui e não ir até lá. – diz Lucas.

– Aprendi a ser “forte”. – defendo-me.

– Só não corte seus pulsos depois, por favor.

– Deixe de ser idiota, não vou fazer isso.

Daniel e Eduarda entram na igreja e ninguém mais chega depois.

– Acho que eles não convidaram ninguém. – comento com Lucas.

– Obviamente, devem estar envergonhados de si mesmos.

Ficamos esperando por mais algum tempo até outro carro chegar com Catharina e seus pais.

– Lá vem a noiva, toda de branco... – cantava Lucas para me estressar.

– Cale a boca!

Ela entrou ao lado do pai. Me aproximei mais da porta da igreja até encontrar uma janela ao lado.

– Vai ver todo o casamento? – sussurrou Lucas.

– Até onde eu conseguir.

E eu consegui até o final. Até o beijo na testa e os abraços depois. Tudo. E pelo menos eu não chorei. Naquele momento, na hora do sim, eu quis correr pra dentro da igreja e repetir as cenas de novelas mexicanas onde o padre diz “se existe alguém aqui que é contra este casamento, fale agora ou cale-se para sempre”. Eu iria lá, dizer que eu o amava, mas não podia. Tinha uma criança que iria depender dele, e eu não podia tirar isso dela.

– Vamos pra casa Lucas.”

E três meses se passaram desde que vi Daniel pela última vez. E um novo ano começou, e toda a nova rotina tomou meu tempo e espaço. E mesmo depois de tudo isso, ele retorna com essa mensagem.

Diana: “Ainda tem meu número? Faça o favor de apagar e me esquecer. Ou melhor, eu troco de número.”

Desconhecido: “Diana, por favor, me deixe falar com você mais uma vez!”

Eu não respondi mais. Desliguei o celular justamente para evitar futuras ligações incabíveis de Daniel.

À noite meu pai voltou de viagem, mas como ele ainda está morando no mesmo apartamento de antes, só poderia me encontrar com ele no dia seguinte.

– Então vai levar o divórcio a sério mesmo, Daniela? – pergunta Lucas enquanto estamos assistindo filme no sofá.

– Eu e seu pai “fizemos as pazes”, mas... acho que já seguimos em frente. – responde ela.

– Seguiram em frente? Como assim? – pergunto olhando para ela que acabara de levantar-se do sofá.

– Não sei se sinto algo por seu pai ainda. Mas talvez sinta por alguém novo. – diz ela sorrindo como uma adolescente apaixonada.

– Oh meu Deus! – exclama Lucas empolgado. – Isso... É maravilhoso!

Eles começam a sorrir e rir feito duas amigas escandalosas.

– Ok, vocês são estranhos. – digo.

– Di, sua mãe tá apaixonada... Normal. – comenta Lucas.

– Espero que seja um homem legal. – digo levantando do sofá.

O sorriso da minha mãe se vai ao ver a nostalgia nos meus olhos.

– É difícil pra você lidar com essa situação de divórcio ainda? – questiona ela.

– Um pouco... Eu tinha esperança de que pudesse voltar ao normal. – respondo cruzando os braços.

– Oh querida, venha cá. – diz ela, fazendo um sinal com as mãos para eu me aproximar. Ela me abraça, acolhendo todo meu corpo. – Tem que começar a se adaptar com mudanças. Você não é mais uma criança.

– Às vezes eu tenho vontade de ser. – digo afastando-me.

– Isso também envolve Daniel ainda? – continua ela.

– faz tanto tempo, mas parece que... Tá tão vivo aqui dentro. Eu odeio isso. – desabafo.

Lucas vem em minha direção e coloca os braços envolta de mim.

– Garota boba... Ninguém mandou amar demais.

E eles ficam ali, sorrindo e consolando da forma mais familiar possível, mas nada disso é o suficiente.

***

No dia seguinte meu pai decidiu ir em casa me buscar para irmos à editora. Finalmente o revi depois de tanto tempo, e finalmente saberia a tal notícia combinada com os produtores da editora.

– Então, o que queria falar? – pergunto ansiosa enquanto passamos pelo corredor da editora.

– Calma Diana. – diz ele enquanto sorri.

– É algo realmente importante pelo visto. – comenta a minha mãe.

Entramos na sala de reuniões onde dois produtores estão sentados nos esperando. E depois de toda a formalidade de apresentações, meu pai lança propostas sobre a mesa.

– Passei alguns meses nos Estados Unidos, para ser mais exato em Nova Iorque. – diz ele. – Fiz alguns contatos...

Encarei meu pai sem entender por alguns minutos, e depois a minha mãe, e por fim os produtores.

– Desses contatos, uma filiar de vocês em Nova Iorque. – continuou ele sorrindo.

– Nós temos várias filias nos Estados Unidos. Muitas obras brasileiras passam para tradução nos Estados Unidos. Outras vão para a Espanha e países na América latina. – disse um dos produtores.

– Sim, eu sei disso. Um jornalista precisa saber. – disse meu pai. – Mas onde eu quero chegar, é no seguinte... – ele fez uma pausa dramática e encarou a todos. – Consegui convencê-los a avaliar o livro de Diana, e se for do interesse deles... Publicar nos Estados Unidos.

Paralisei. Fiquei tão sem palavras e pálida. Eu gelei. Não sabia que ria ou se chorava, ou se pedia pra alguém me beliscar, pois achava aquilo um sonho.

– Como assim? Por que não me contou isso pai? – questionei.

– Queria que fosse surpresa. – respondeu ele.

– Seu pai nos informou sobre isso por telefone. Já enviamos para editora chefe de Nova Iorque uma cópia eletrônica do seu livro. – disse o outro produtor.

Encarei minha mãe e meu pai e ambos sorriam maravilhados.

– Estou tão feliz por você filha! – disse minha mãe me abraçando.

Meu pai levantou-se da cadeira e sorriu.

– Ela vai avaliar até o final do mês. Se for aprovado... Talvez seja publicado no final do ano, ou antes. Mas só será publicado depois de ser lançado no aqui, no Brasil. – continuou o produtor.

– Tudo bem, já estou muito feliz pelo simples fato de ter sido enviado pra lá, pra outro país. – disse sorrindo.

Agora, vamos esperar junho chegar, e o lançamento do seu livro. – disse meu pai. – Se for um sucesso no Brasil, talvez seja o dobro lá fora.

Eu só conseguia pensar em todas as possibilidades. Um dos produtores me deu um cronograma do lançamento do meu livro. Seria na primeira semana de Junho, poucas cópias, mas muita divulgação. E meu pai, como jornalista, já tinha conseguido lugar para divulgar nas revistas e nos jornais pela qual ele trabalhou e nos que ele ainda trabalha.

Era uma porta gigantesca para o sucesso, mas eu temia aquilo. Tinha a minha faculdade, a minha vida no anonimato, tinha a minha família e tinha a Diana... A garota medrosa que não sabe arriscar sem olhar pra trás.

***

Voltei para casa e passei o resto da tarde sozinha. Mesmo após voltar de viagem, meu pai tinha compromisso, mas estava ansioso para jantar comigo à noite e eu queria agradecê-lo pela oportunidade que ele conseguira pra mim.

Algum tempo lendo livros sozinha e cuidando das redes sociais que os produtores me obrigaram a criar, recebo uma visita inesperada em casa.

– Dona Amélia? – questiono ao abrir a porta assustada.

– Eu mesma querida. Posso entrar? – diz ela sorrindo, segurando uma cesta em mãos.

– Claro, entre.

Eu a convido a se sentar e ela põe a cesta no chão e escolhe a poltrona rosa confortável.

– A senhora quer algo? Água, café? – pergunto.

– Não, obrigada. Eu vim mesmo conversar com você. Está sozinha?

– Sim, estou sozinha.

– ótimo, assim poderemos conversar sem sussurrar. – diz ela rindo.

Eu me sento no sofá grande e a observo.

– Como você está querida? – pergunta ela.

– Bem, estou bem. E a senhora?

– Estou ótima, graças a Deus... Mas tirando essa formalidade toda, você e Daniel...

– Não falo mais com ele. – digo encarando o chão.

– Eu sei. Mas ainda gosta dele? – pergunta ela sorrindo enquanto passa as mãos pelos cabelos brancos.

– Ele a mandou vir aqui? – questiono curiosa.

– Não, Daniel não vai em casa desde o mês passado. Ele anda ocupado. – responde ela.

– E quer saber se ainda gosto dele por quê? – digo encarando-a.

– Porque me importo com jovens de corações partidos.

Eu sorrio timidamente e prendo os cabelos que me incomodam.

– Ele marcou muito uma parte da minha vida, mas acabou e acho que uma hora isso vai ser só lembrança. Já é uma lembrança, na verdade... Estou tão ferida, tão magoada... Não quero pensar em ninguém agora.

– Ah, não diga isso. – advertiu ela calmamente.

– É sério, não quero mais ninguém, já me bastou. E acho que ninguém vai gostar de mim mesmo.

Dona Amélia pegou a sua cesta do chão e tirou um tecido.

– Está vendo esse tecido? Olhe a textura dele, a cor, o corte... Você gosta dele?

– Não, não acho tão bonito. – digo.

Ela puxa outro tecido, azul e cintilante.

– E esse? – pergunta ela novamente.

– Esse é lindo. Adoraria um vestido assim.

– Somos como tecidos de roupas, Diana. Alguns vão achar você feia, como você achou esse tecido feio. Mas outros vão te achar linda, como você achou esse tecido azul lindo... Agora, a qualidade do tecido, isso é você quem faz. Ele pode ser um lindo vestido de festa ou uma simples toalha de chão... – disse ela.

– Isso foi... Profundo. – comento.

– Daniel ainda ama você. No início ele viu um tecido tão feio, uma Diana tão feia... E a transformou no amor da vida dele.

– Não sou o amor da vida dele...

– Mesmo que ele tenha se casado e esteja se fazendo de forte com tudo isso, ele ainda é louco pra voltar atrás.

Me levantei do sofá e suspirei.

– Mas eu já estou seguindo em frente. Não quero pensar no Daniel e não quero ser rude com a senhora, mas por favor, diga ao seu neto para fingir que eu morri! – exclamei irritada.

Ela levantou-se logo em seguida, junto com sua cesta e sorriu desapontada.

– Amor dá muitas voltas, mas nunca dá pausas. Enquanto você negar pra si mesma tudo isso, o amor vai continuar berrando aí dentro até você escutá-lo. – disse ela e saiu fechando a porta devagar.

Que o amor berre, grite, pule e faça um escândalo. Não dou mais ouvidos a ele.


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Notas finais do capítulo

No próximo, encontro de Diana e Daniel...



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