As Nem Um Pouco Felizes Histórias De Amor. escrita por Yang


Capítulo 44
Quando mais nada fizer sentido.


Notas iniciais do capítulo

I'm back! Gente, vai ser difícil concluir nas minha férias pq até nas férias eu me ocupei kkk lá vai!



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#Narrado por Daniel#

No dia seguinte, ainda entorpecido das coisas que havia acontecido na noite anterior, decidi novamente não ir à escola. Queria evitar explicações desnecessárias a Diana. Mesmo assim, naquela tarde, ela me ligou.

– Oi. – disse.

– Por que não foi pra aula? – perguntou ela. A voz trêmula e ofegante.

– Eu estava... Cansado. – respondi, hesitando completamente.

(Pausa)

– Catharina me contou que você saiu com seus amigos ontem à noite, e que chegou tarde...

“Catharina e sua língua grande”, pensei.

– Sim... É... Eu ia contar pra você.

– Quando? Quando decidisse ir à escola? – perguntou ela mudando o tom de voz.

– Diana, eu só saí com alguns amigos. Nada demais.

(Pausa)

– Talvez queira saber que a festa de despedida dos formandos é sexta-feira. Seu convite tá com a Cathy. – disse ela.

– Vou pegar o convite depois... – pensei em perguntar sobre a proposta e o contrato, mas achei melhor ficar calado.

– Preciso fazer umas coisas aqui. A gente se fala... Depois. – despediu-se ela sem formalidade.

A ligação é encerrada e ouço aquele som repetitivo que indica que a chamada finalizou ali. Jogo o celular na cama e sigo para o banheiro.

***

No final da tarde, fui até a casa de Catharina (por sorte, do outro lado da minha rua). Ela estava lá entrando em casa com uma sacola de compras.

– Cathy! – gritei.

Ela virou o rosto para trás e procurou o responsável por aquele grito. Os olhos dela encontraram os meus e ela sorriu. Largou a sacola de compras no chão e veio na minha direção. Nos encontramos quase que no meio da rua. Catharina cruzou os braços e seu sorriso deu lugar a um rosto desapontado. Então ela não conseguiu mais me encarar, e apenas olhou para o asfalto ou para o seus pés...

Coloquei minha mão pesada sob seus ombros, em sinal de que precisava que ela me olhasse novamente.

– Preciso do convite. – disse a ela.

– Precisa decidir o que você quer... Isso sim. – replicou ela.

– Sobre o que você tá falando? Sobre a minha “recaída” de ontem? Eu só saí pra curtir um pouco, não há nada de errado nisso. – defendi-me.

– Você começou assim. E então se perdeu. Sabe que Guto não é flor que se cheire, nem mesmo seu amigo ele é.

– Nós já fomos amigos. – repliquei.

– E isso não deu certo! Se ele se importasse de verdade com você, nem mesmo teria perdido contato ou deixado àqueles caras te obrigarem a... Roubar um carro. – sussurrou ela.

– Guto foi pressionado também. – disse tentando amenizar a situação.

– Eu não repreendo você por sair com seus “amigos”. Mas cuidado. Cuidado! Eu não consigo confiar nesses caras. – continuou ela.

– Catharina, eu não vou fazer aquelas coisas novamente. Eu prometo. – afirmei segurando as mãos dela.

Catharina soltou as minhas mãos instantaneamente.

– Vou buscar o convite. – disse ela por fim, virando as costas e indo até sua casa.

Minutos depois ela volta com o tal convite e me entrega olhando nos meus olhos.

– Eu espero que você vá... Não só pra festa como pra escola. – avisa ela.

– E Diana, ela falou alguma coisa? – pergunto.

Ela respira fundo e encara o céu.

– Sua princesinha perfeitinha perguntou por você. Eu contei o que sabia. – respondeu ela.

– Eu sei disso... Ela me ligou.

– Não era por menos. Aquela sonsa gosta de você. Mas tenho certeza que logo logo a sua máscara vai cair. O velho “Daniel” está acordando aos poucos. Tenho pena da mocinha... Mais uma na sua lista de “corações partidos”.

– Não tenho nenhuma lista. – repliquei.

– Pois deveria ter! Eu estava no topo, mas sei que não ficarei lá por muito tempo. – disse ela se aproximando de mim e colocando as mãos no meu peito. – Agora, a sua querida namoradinha... Sinto que lágrimas logo mais rolarão daquele rosto perfeito. E eu vou gritar o belo e entusiasmado “bem feito”!

Catharina afasta-se e segue de volta para sua casa. A última expressão que tive de seu rosto naquele dia foi a de uma garota com o olhar penetrante e angustiante. Decepcionada e furiosa.

Guardei o convite no bolso e chamei os garotos da rua pra jogar bola.

***

Quinta-feira: segunda crise.

Decidi ir à escola, mesmo sem ânimo ou vontade alguma. Peguei a bolsa sem separar os livros ou materiais e não tomei café.

– Vai desmaiar de forme desse jeito. – avisou minha avó.

Dei de ombros e sai.

Cheguei atrasado. Os portões quase fechavam quando eu estava no meio-fio esperando os carros pararem no semáforo para que eu pudesse atravessar. O porteiro da escola encarava a mim e ao relógio na parede. Fez um sinal que indicava que não daria tempo. Mesmo assim, atravessei a rua em movimento, recebendo xingamentos e buzinadas.

– Tem que chegar mais cedo garoto! Todos os professores já estão na sala! – exclamou ele fechando o portão.

Olhei para o porteiro. Barbudo, mal vestido e barrigudo. Desviei a atenção para o relógio da parede que indicava sete e meia da manhã. Não respondi ao aviso dele. Simplesmente continuei meu caminho em direção a sala.

Lá estava ela, Diana, sentada na sua cadeira quase que no final da penúltima fila da direita para a esquerda. Olhava pela janela as folhas das árvores caindo e batia compulsivamente seu lápis no caderno enquanto a professora de inglês escrevia algo no quadro.

Bati na porta e entrei. Todos me encararam. Eu havia faltado dois dias seguidos, e desde a minha nota no simulado geral comecei a ser considerado inteligente demais. Quase que o líder da turma dos CDF’s. Não, eu não me orgulho disso.

– Atrasado Daniel... – disse a professora.

Afirmei sua hipótese idiota com um gesto da cabeça.

Sentei-me na mesma cadeira de sempre. Diana não sorriu. Na verdade, ela nem sequer olhou para mim. Não encarou mais as árvores e as folhas que delas caiam. Não bateu seu lápis compulsivamente no caderno. Apenas ajustou a franja embaraçada e começou a anotar as coisas do quadro no caderno. Nenhum bom-dia ou olá. Era apenas a diana do final de junho...

Procurei por Catharina e ela, observando tudo aquilo, riu. Riu porque ela tinha razão sobre ontem... As coisas estavam frias demais. eu não sentia que a culpa era minha. Sentia que diana possuía certa obsessão para que as coisas fossem sempre perfeitas! Eu não era assim, nunca fui e nem mesmo serei um dia. Sair com alguns amigos não tira pedaço de ninguém. Eu bebi, foi errado? Um pouco... Mas eu precisava tanto do meu espaço. Precisa daqueles caras nojentos rindo alto, mesmo que depois eles saíssem dirigindo bêbados para comprar maconha. Eu precisava sentir o gosto da bebida na boca de novo. Eu tinha esquecido o quanto era doce e azedo ao mesmo tempo, o quanto meu corpo pedia por aquilo. Era difícil pra eu conviver com caras “engraçados” e outros que só sabiam pensar em futebol e videogame. Era difícil ter apenas dois amigos e um estar morto e o outro na reabilitação. Era difícil...

Eu tentava por que a amava. Amava Diana de verdade. Mas há limite pra tudo. E quem dirá que o amor machuca? Machuca sim, destrói às vezes... Eu queria espaço pra ser um cara divertido e livre de maluquices compulsivas como ficar lendo livros ou tocar violão. Ou assistir filmes onde os finais são infelizes... Ou esperar para que uma garota cresça e aceite transar comigo.

Não, eu não estava obrigando Diana a nada. Eu estava me obrigando. Me obrigando a acordar porque eu estava entorpecido, embriagado em uma aventura paranoica de me apaixonar pela senhorita perfeição. Eu a amava... Nossa, quanto eu a amo... Mas eu me amo primeiro, e sou egoísta.

Ao certo, não entendo como essas coisas funcionam: levar um relacionamento a sério a ponto de “rir” e acabar com tudo. Eu não queria que aquilo acabasse... Me fazia bem tê-la por perto. O que aconteceu foi o seguinte: sacrifiquei parte do que me fazia feliz para agradá-la, e isso não é amor. É compulsão.

***

No intervalo da aula, esperei ela sair da sala e continuar com a sua rotina de ir até a cantina, pegar o lanche e seguir para a mesa mais escondida do refeitório onde ela sentaria com Lucas e seus amigos engraçados, Flávia, Murilo e Maurício.

Novamente, ela não levantou a cabeça para olhar pra mim. Fechou a mochila e pegou seu celular da cadeira. Flávia e Maurício foram os únicos que me encararam e até arriscaram um bom-dia educado. Depois saíram com diana para o refeitório.

Fiquei na sala praticamente sozinho. Eu e mais algumas pessoas que comiam e conversavam. Outras que dormiam e um cara que ouvia música como eu.

Não me permiti ouvir “Use Somebody” e me destruir mais ainda. Fechei os olhos e recostei minha cabeça na parede. Ouvi “Charlie Brown” do Coldplay e viajei literalmente.

Pensei em Guto, Rodolfo e o resto daqueles caras naquela noite. Despreocupados com o dia de amanhã. Era assim que eu vivia quando não amava ninguém. Acontece que quando você entrega algo a alguma pessoa, essa pessoa torna-se dependente de você. Se eu voltasse a viver daquela forma, destruiria tudo o que formei com diana.

Eu só queria metade do antigo Daniel de volta... Só metade seria suficiente. Diana se apaixonou por um cara que bebia. Por que diabos parei de beber? Ah, claro... “EU MEREÇO MAIS QUE ISSO”. De verdade, essa frase soa idiota na minha cabeça agora.

***

Ao final da aula, Flávia veio falar comigo enquanto eu organizava os materiais de volta na bolsa. Restamos apenas eu, ela, Maurício e diana na sala, guardando os cadernos e livros.

– Vai vir para a festa de despedida Daniel? – perguntou ela.

Olhei para Diana antes de responder, mas nenhum sinal de interesse. Eu sentia que ela estava se contendo para não falar comigo por que sua expressão de despreocupada era muito falsa.

– Acho que sim. – respondi.

– Espero que você venha, será muito legal. – continuou Flávia. Maurício concordou com a cabeça. Os dois olharam para mim e para Diana simultaneamente e saíram sem despedir-se.

Diana foi acompanhá-los, mas eu intervi.

– Saudades dessa sua cara emburrada... Me lembra a Diana de meses atrás. – disse parando-a bem na frente da porta da sala.

Os olhos dela me fitaram por alguns instantes e então ela balbuciou as palavras, contendo a voz falha.

– Não sinto saudades do Daniel que costumava fazer coisas escondido, que mentia e que bebia. Nem um pouco...

– Foi apenas uma noite. E eu só bebi.

– Quem me garante? – replicou ela.

– EU! Que palavra além da minha vale nessa história? – perguntei eufórico.

Houve um silêncio que durou como a eternidade.

– Sua palavra não vale muita coisa agora... Me ignorou por dois dias. Me deixou sem notícias e nem ao menos se importou em perguntar sobre meu livro ou sobre o contrato. Sinto muito Daniel, mas não sei aonde isso veio parar. – disse ela rompendo aquele vácuo e saindo da sala, deixando-me sozinho.

***

Voltei pra casa com as palavras de Diana entaladas da garganta. Tentei esvaziar a mente tomando um banho frio, mas a voz dela soava constante na minha mente. Eu pensei se tinha errado tão feio assim, e conclui que era bobagem me importar com tudo isso.

– Está muito aflito. – comentou minha avó que fervia seu chá.

– Parece que as coisas estão dando... Errado. – disse.

– Como assim, “errado”?

– Não sei se está valendo apena permanecer com a ideia de que sou certo para Diana. Ela espera demais de mim. Cria expectativas eloquentes... Veja só essa palavra, “eloquente”. Há algum tempo atrás eu nem saberia que ela existia, e então aparece essa garota que me chama de idiota, faz eu me arrepender dos meus pecados, me faz parar de beber! E até me convence a fazer as pazes com o Leandro! Há algo errado aqui...

Ela ri.

– Errado? Eu vejo uma garota te tirando do fundo do poço. Te mostrando a luz. Te guiando Daniel. – ela fez uma pausa, como se estivesse se lembrando de algo. Então me encarou. -Como vocês costumam repetir... “Você estava perdido, e então ela segurou sua mão”.

O ressentimento bateu no meu peito. Aquilo me deu refluxo. Me senti mal e sem responder a ela, saí da cozinha e fui dormir.

Eu não compreendia mais nada, e pensar no que fazer me levava a Diana. Liguei para ela por impulso, e assumo: foi o impulso mais certo até agora.

– EU SINTO MUITO! – exclamei no tom de voz mais explícito que poderia falar. – Eu só estou confuso, Diana. Sinto falta daquela liberdade toda que me foi tomada por você.

– Não te roubei liberdade nenhuma. – replicou ela.

– O fato é que eu queria ser mais pra você... Queria que olhasse pra mim e dissesse: “ual, como você mudou cara, pra melhor!”. Mas não consigo, entende? É quase que uma necessidade. Eu sinto falta de fazer certas coisas pelas quais abri mão...

– Senti falta de beber e de sair com seus amigos ou seja lá o que eles são, é isso?

– Não é só isso. – disse. – sinto falta de não ser fraco. De não me oprimir por ter você. Sinto falta do meu egoísmo e me julgue se isso for pecado, mas sinto falta de não amar ninguém.

– sente falta de ser sozinho Daniel? – questionou ela em um tom horrorizado.

– NÃO! Não é isso! – respondi. – Eu não sei explicar...

– Não precisa. – disse ela. – Façamos o seguinte: te “devolvo” toda a liberdade que tirei de você. Faça o que quiser sem se importar em me agradar. Contanto que você não se perca demais, estamos bem.

– Eu não vou me perder, prometo.

– Daniel, eu te amo. Mas evite promessas. Principalmente as vazias. – avisou ela.

(Pausa).

– Não foi uma promessa vazia. – repliquei.

Ela respira fundo e aquilo soa como um choro ao telefone.

– Nunca fui de curtir promessas... Apenas faça o que achar melhor. Se a gente não der mais certo... – silêncio e então ouço um soluço. – Se a gente não der mais certo, a gente para tudo e começa de novo.

Senti meus pulmões contraírem com aquelas palavras. Respirei fundo e balbuciei.

– Eu te amo. – disse.

– Mas você ama coisas duvidosas também. E um dia você vai precisar escolher um dos dois. – concluiu ela.

(Pausa)

– Até a festa amanhã Daniel. – ela encerrou a ligação e eu contive aquela tristeza.

Não chorei, e isso foi bom. O alívio só veio quando eu consegui dormir depois de repetir mais de trezentas vezes na cabeça a seguinte frase “(...) e um dia você vai precisar escolher um dos dois”.

***

Sexta-feira: A festa de despedida.

Eram quase oito horas da noite. Eu terminava de me vestir para a festa de despedida dos formandos quando Catharina veio em minha casa.

– Está muito bonito. – comentou ela.

Era apenas uma camisa polo, calça de jeans desbotada e um tênis preto. Nada demais em minha opinião, mas ela cortejava-me como se eu fosse um dos Beatles ou coisa do tipo.

– Obrigado. – agradeci. – Você também está muito bonita.

Catharina usava um vestido vermelho acima do joelho. Colado demais ao corpo. Não entendia como ela conseguia se mexer ou dançar naquele vestido, muito menos naquele salto alto que a deixava ereta e alta.

– Obrigada Dan. Mas precisamos ir. A mamãe vai nos levar. – disse ela.

– Hoje vou dançar com a senhorita perfeição. – disse. – fizemos as pazes!

Catharina trocou o sorriso do rosto por um olhar de indignação.

– Eu fico... Feliz por vocês. – diz.

– Eu sei que isso é mentira. Mesmo assim, obrigado. De novo. – replico rindo e puxando seu braço para sairmos.

***

A festa de fato não tinha começado, mas já havia na frente da escola alunos entregando seus convites aos representantes para que pudessem entrar.

Nenhum sinal de Diana até as nove da noite. Eu e Catharina ficamos com alguns colegas da turma na pista de dança bebendo um troço que mais parecia chá verde, e aquilo animou muita gente.

– Cadê sua namoradinha? – ironizou Catharina, rindo enquanto virava a bebida amarga garganta abaixo.

Dei de ombros a pergunta e deixei Cathy dançando sozinha. Fui até o portão de entrada e esperei Diana lá.

Algum tempo depois, um táxi estacionou na entrada da escola. De lá, Diana e Lucas saíram. Ela estava brilhando, como na nossa primeira festa, mas ela não sorria. Quando me viu, seus olhos saltaram e então um sorriso torto deu espaço aquele rosto maquiado. Ela veio em minha direção e eu abracei.

– Vamos dançar! – exclamou Lucas.

– UHUL! – gritou Diana, puxando minha mão para que fossemos para dentro da quadra onde o som havia ficado animado.

Sem precisar beber nada, ela e Lucas dançaram bem no meio da pista de dança ao som de repetidas batidas eletrônicas e Diana não abria os olhos. Pulava, girava em seu vestido nem curto e nem longo. Perfeito como ela. As luzes ofuscavam, pareciam fazer tudo ao redor criar movimento. Eu abracei Diana por trás e a girei ao redor de seu corpo. Ela ria e depois nos beijamos, sem aquela formalidade de olhares insinuantes.

O cabelo dela balançava de um lado para o outro, e então tocou uma música que ela sabia cantar e ela se deixou levar. Eu nem ao menos conseguia mover os pés. Estava fitando uma garota tão incrível. Um idiota... Eu era um idiota.

Então ela sorriu pra mim e me jogou um beijo, depois me chamou para perto em um gesto com as mãos e os dedos, eu me aproximei e dançamos fora do ritmo, com as testas coladas uma na outra, e seus pés sob os meus. Ela ria como uma criança.

Foi a noite onde não pronunciamos uma única palavra. Nossos corpos diziam tudo um para o outro enquanto dançávamos naquela pista improvisada que Diana tinha ajudado a montar.

Estávamos cansados e saímos da pista de dança para ficarmos no sob o muro que existia atrás da escola. Eu a ajudei a subir e encaramos a lua que não brilhava muito naquela noite.

– Não há estrelas. – comentou Diana.

– Elas se esconderam com inveja de você. – disse.

Nós dois rimos.

– Isso foi uma cantada muito barata! Típico daqueles caras que querem levar a garota para um quarto de motel.

– Não... Só pra minha cama, na verdade. – repliquei.

Ela desviou o olhar.

– Por que não está bebendo? – perguntou ela.

– Essa bebida da festa é pior que o chá da minha avó. – respondi. – Talvez depois eu compre alguma coisa com a Cathy e a gente fique na frente de casa bebendo.

– Hum... Bebendo todas... – ironizou ela.

Ficamos em silêncio por algum tempo, ouvindo apenas o eco da música que estava tocando na escola.

– Acha que isso está dando certo ainda? Acha que vale apena? – perguntou ela.

– Sim, está. Vale apena. – respondi.

– Por quê? Por que tem tanta certeza assim? – questionou ela novamente.

– Porque eu olho pra você e seus olhos ainda brilham. E sei que não somos perfeitos, e isso que temos não é perca de tempo. É real demais, Diana Lins. E haverá um dia em que tudo se partirá em mil pedaços, mas concertaremos.

Ela sorriu grandiosamente, como se ouvisse a citação de seu poema favorito.

– Haverá um dia em que nada irá fazer sentido pra nenhum de nós. E nesse dia eu quero estar assim, segurando a sua mão.

– Mesmo que isso não faça sentido? – perguntei.

– Mesmo que isso não faça sentido. – afirmou ela.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:
Spoiler - narração da Diana e a atrasada festa surpresa do Daniel onde TALVEZ ele conheça a mãe.
Confusão vindo: Rafael de volta.



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