As Nem Um Pouco Felizes Histórias De Amor. escrita por Yang


Capítulo 36
Conversa entre farpas.


Notas iniciais do capítulo

Ok, esses dias vou demorar pra postar, pois estou começando a ficar ocupada novamente. Escola é assim mesmo, não é? ok.
Gente, obrigada pelos lindos comentários *--* e as recomendações tbm, e olha que a fic nem acabou e já tem 3! dei saltos mortais de alegria kkk ok, curtam o novo capítulo!



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#Narrado por Daniel#

Fui convidado “formalmente” para uma conversa com o pai da Di. Eu realmente não agrado sempre na primeira impressão que dou as pessoas. Mesmo assim, aceitei ir.

Lá estava eu, às duas horas de uma tarde chuvosa e fria no Rio de Janeiro. Pegar o ônibus e rodas poucos dez minutos até a casa dela. Lucas me recebeu e pediu que eu sentasse no sofá. Ainda me acalmou, como geralmente faz, dizendo que Carlos não é um monstro de sete cabeças e que tudo iria dar certo.

– Tudo bem, já estou acostumado com monstros. – disse a ele que riu.

Alguns minutos depois Diana apareceu. Disse que estava ensaiando os pontos positivos de namorar comigo para que o pai dela aprovasse de verdade o que tínhamos.

– Foi difícil. Só enumerei cinco pontos positivos. – afirmou ela preocupada.

– Ual! Eu sou tão ruim assim? Olha, eu já salvei um cachorro, contou essa? – perguntei.

– Nossa, agora são seis Daniel. SEIS! – exclamou.

Dona Daniela apareceu cumprimentando-me orgulhosa por ter vindo. Disse para eu não me preocupar com Carlos, pois ele não assustava nem de longe, que provavelmente seu surto comigo foi ciúmes.

– mesmo assim, evite contato visual com ele. – sugeriu ela.

Um carro preto foi estacionado bem na frente da casa. Pela janela conseguíamos ver a silhueta de alguém correndo na chuva, protegendo-se. Era ele. Antes que Carlos batesse à porta, Lucas a abriu.

– Desculpem o atraso, mais com a chuva fica difícil dirigir tranquilo por aqui. – falou ele enquanto limpava o sapato no tapete da casa, batendo continuamente até toda lama sair, sujando parte do piso limpo.

Aquilo soou ofensivo para Daniela que o repudiou:

– Você pensa que está aonde? Não é assim que as coisas funcionam por aqui. Desaprendeu como se limpa os pés nessa casa? – indagou ela com fúria nos olhos.

Ele ficou absolutamente sem jeito, e percebi naquele instante que seu ponto fraco era dona Daniela. Não havia nada ou ninguém que pudesse repreendê-lo de tal forma a fazer ele mudar de opinião ou atitude a não ser ela.

– Desculpa, desculpa mesmo! – exclamou ele arrependido. – Lucas, pegue um pano de chão pra eu limpar essa bagunça aqui.

Lucas seguiu para o deposito e voltou com alguns panos úmidos e outros seco. Carlos olhou para Daniela que continuava a repreendê-lo, e abaixou-se ficando de joelhos no chão e limpando a sujeira na sala. Cena digna para ser acompanhada de risos, mas eu me contive.

Cinco minutos depois e tudo estava limpo novamente. Ele cumprimentou Diana com um beijo na testa, deu um abraço em Lucas, tão apertado, levantando-o do chão. Sorriu de longe para dona Daniela que retribuiu. Quando chegou na minha vez, eu levantei do sofá e ele me ignorou, bem ali na frente da família inteira.

Carlos seguiu para a cozinha e lá pediu um copo d’água de Diana. Ela já estava irritada com a situação anterior e apenas pediu que Lucas fizesse o favor de entregar água ao pai.

– deveria ser mais simpático de vez em quando. Faz bem para o coração. – sussurrou Lucas a ele. Não foi um sussurro baixo demais por que eu, em uma distância longa, consegui ouvir.

Dona Daniela pediu que eu me sentasse à mesa enquanto servia uma fatia de bolo a todos. Carlos sentou-se bem na minha frente, no lado oposto da mesa, fitando-me como quem espera a morte lenta e dolorosa de alguém. Para salvar a pátria e o constrangimento, Lucas interferiu entregando a mim e a ele uma fatia de bolo com cobertura de chocolate em seus respectivos pires de porcelana.

– Dê garfos a eles também, Lucas. – pediu dona Daniela. O pobre garoto parecia mais um aprendiz de garçom naquele dia.

Garfos entregues e então a dúvida: comer ou esperar que Carlos começasse com algum discurso sobre “como ele não confia nas pessoas que não esperam os mais velhos comerem primeiro”.

– Então... – interferiu Diana pela primeira vez naquele dia. Eu já estava surtando sem a presença dela ali. – Esse é o Daniel, pai. O mesmo garoto que conheceu ontem. Eu o chamei para que hoje as coisas se acertassem de verdade e todos encontrassem uma solução pra... – Carlos a interrompeu.

– Uma solução? – questionou ele. – Não há problema algum aqui. Você tem um namorado novo, e eu já deixei bem claro o meu ponto de vista sobre isso. Eu acho você no... – ele olhou para dona Daniela que o repreendia de forma assustadora com um olhar parecido com o que Diana volta e meia joga sobre mim. Carlos respirou fundo e seus olhos acertaram os meus novamente, mas agora ele não me encarava como quem encara um cão sarnento. – Eu acho você madura o suficiente para tomar decisões desse tipo. E depois, se acontecer alguma coisa, a culpa é toda da sua mãe mesmo. – concluiu ele levando um pedaço de bolo à boca.

– Carlos... – repreendeu novamente Daniela.

– O quê? Estou sendo sincero. – replicou ele.

Diana revirou os olhos para a opinião tosca dele sobre “culpa” e despejou:

– Ok, eu sou madura o suficiente para isso. Daniel é meu namorado e vai continuar sendo. Se o problema que perturba sua mente é que, por um descuido eu engravide dele, saiba que nós nem transamos ainda. – afirmou ela de braços cruzados deixando todos escandalosamente surpresos, inclusive a mim.

Eu olhei para ela e evitei sorrir, mas era tarde demais.

– Espera aí, parou tudo. Não transaram... Ainda? Como você tem coragem de falar isso na minha frente, Diana? – perguntou ele furioso erguendo a voz e levantando-se.

Eu continuava no mesmo lugar, sentando à mesa como um cão adestrado, olhando apenas para o pire de porcelana com detalhes de anjo. Sim, eu tinha medo.

– Antes falar na sua frente do que fazer essas coisas por trás, não acha? – replicava ela.

Lucas passou por mim e murmurou:

– Melhor você falar alguma coisa agora.

Eu respirei fundo e tomei coragem. No máximo, Carlos me mataria, mas ali eram quatro contra um.

– Eu quero falar também! – exclamei levantando as mãos. Todos olharam para mim surpresos, exceto Lucas que esperava algo de sucesso saindo da minha boca. Era expectativa demais.

– Você não tem que falar nada, fica na sua. – disse Carlos estendendo as mãos a mim em um gesto arrogante.

– Pai! – exclamou Diana. Ela olhou para mim e fez um sinal para que eu prosseguisse.

– Eu acho que... – repensei as palavras e então olhei fixamente para Carlos, com a melhor pose responsável que eu podia fingir naquele momento. – Na verdade, eu sei que Diana é bem grandinha pra tomar suas decisões e arcar com as próprias consequências dela. Eu a respeito demais, o suficiente até pra ter mudado determinadas atitudes minhas só para mantê-la perto. Eu poderia ter sido o maior cafajeste e ter iludido sua filha com promessas tolas e sem valor nenhum, mas eu engoli qualquer orgulho e qualquer receio do que poderia acontecer e simplesmente me deixei levar. Pedi a dona Daniela que me deixasse ficar com ela, e aqui estou eu fazendo o mesmo com o senhor. Tudo bem, eu não sou exemplo de cara que você esperaria para ela, mas pergunte do Lucas, da Daniela e da própria Diana o que eu tenho feito todos os dias? – Carlos olhou para cada um deles e depois voltou a mim. – eu tenho tentando fazer ela feliz, de toda forma possível.

Aquilo o atingiu como um golpe do estômago. Seus olhos encolheram e ele parecia perder a razão.

– Bem, eu ainda não sei o que pensar sobre isso, nem sei onde esse “namoro” vai chegar. Eu nem conheço você rapaz, ou sua família. – disse ele.

– Mas eu conheço. – replicou Diana. – e a mamãe conhece a avó dele também.

Carlos era atingido a cada ponto positivo que Diana jogava sobre a mesa.

– Eu não sei sobre o que questionar. Perguntar sobre seu futuro? Talvez... Você pensa em alguma pra si mesmo daqui a dez anos? – perguntou ele.

Dessa vez foram as palavras dele que me atingiram e eu me senti derrotado. Eu não pensava sobre nada daqui a dez anos ou até mesmo um ano. Pensava apenas em terminar o ensino médio e começar a trabalhar. Mas ele queria saber sobre faculdade, sobre meus planos de vida, e eu não tinha nenhum. Só me imaginava longe daquele lugar, longe de Leandro... era isso e não era nada.

– Eu ainda estou planejando. São muitas opções. – respondi mentindo após uma eternidade de silêncio.

Ele sorriu, sentindo-se vitorioso, pois havia ganhado a razão novamente.

– É isso, apenas isso. – disse ele. - Na sua idade, eu já sabia que estaria aqui, nesse mesmo lugar, questionando sobre um moleque que se acharia apto a namorar minha filha. Veja você, não sabe nem o que quer para si mesmo, quanto mais se tratar da felicidade de outra pessoa.

– Eu não sei ainda, mas vou saber. – repliquei. – só preciso de tempo. Ainda não encontrei meu lugar no mundo. Não é fácil pra qualquer um.

– Fale isso por você! – exclamou ele.

A conversa recorria apenas a mim e a ele. O clima continuava tenso e ninguém arriscava se intrometer.

– Eu não sei o que dizer a você quando tudo o que eu lhe digo são jogados contra mim depois. – disse a ele.

– Eu sinto que isso não vai durar, de verdade. Vocês são muito diferentes. Diana sabia o que queria aos doze anos. – afirmou ele.

Diana aproximou-se e interrompeu:

– Na verdade, eu não tenho mais tanta certeza sobre o meu futuro também.

Ele se indignou com o que ela lhe disse e virou-se para Daniela:

– Você tá vendo? Ele já consegue até fazer com que ela duvide do que quer!

– Isso não tem nada a ver com Daniel, pai! Acontece que eu cresci e vejo as coisas de outra forma. Talvez eu não queira mais fazer faculdade em São Paulo. Talvez eu queira fazer aqui mesmo, no Rio de Janeiro.

A discussão parecia prolongar-se cada vez mais até as horas irem passando e não conseguirmos sair do lugar e nem Carlos conseguir tomar uma decisão.

– Eu não posso impedir porque isso seria estupidez. Vocês estudam na mesma escola, mesma sala. Moram perto um do outro e eu não vou estar por aqui para controlar nada. Sua mãe é sempre compreensiva e sempre ficaria cega para os dois. Então, deixo isso acontecer pra ver onde vai dar. – afirmou ele. – mas que fique claro Daniel: eu não confio em você.

Mesmo sendo arrogante, e mesmo levando em consideração a discussão de quase duas horas, ele nos deixou em paz. Nos deixou como estávamos, concluindo não concordar com o relacionamento e nem confiando em mim. Estávamos quites, pois eu não gostava dele e nem concordava com sua atitude quanto a mim.

***

Naquele mesmo dia, quando Carlos foi embora, continuei com Diana. Ela pediu que eu ficasse mais um pouco, pois queria redimir-se da situação a que eu fui prestado.

Lucas pôs um filme cujo nome soou engraçado “O diabo veste Prada”. Assistimos e rimos o filme inteiro. Não faz muito o meu gênero, mas foi uma boa escolha.

Depois de o filme ter acabado, decidi perguntar algo que me atiçava a curiosidade:

– Porque o pai de vocês disse que “não estaria por aqui para controlar nada”?

Diana, que estava deitada com a cabeça sob as minhas pernas, levantou-se e esticou o corpo cansado até tomar fôlego para responder.

– Ele vai voltar para Nova Iorque. Dessa vez vai passar dois anos pra lá. Ele viaja em dois dias. – respondeu ela olhando para Lucas que esboçava no rosto um olhar triste.

– Nossa! Ele deve ser um bom jornalista. – deduzi.

– Sim, ele é. – afirmou Lucas.

– Vocês devem estar bem tristes por conta disso, não é?

– Eu estou, mas nem tanto quanto a Di. Eu o conheço há pouco tempo, mesmo assim já o amo como pai. – disse Lucas.

– Vou sentir falta dele. Muita! Mesmo assim, eu me conformo. Sei que é para o bem de todos. – disse Diana sorrindo.

***

Voltei para casa ao final da tarde. Leandro ainda não havia chegado. Minha avó me recebeu com um largo sorriso no rosto esperando as melhores novidades possíveis, mas eu resumi toda a conversa com um simples:

– Foi legal.

Ela não contentou-se com isso e passou quase meia hora fazendo um discurso sobre “como havia ficado ansiosa para eu chegar e lhe contar as novidades e eu resumo tudo com uma palavra tosca”.

– Não quero um resumo. Quero detalhes, Daniel! – exclamou ela.

– Ah, tá bom, tá bom! – exclamei. – O pai dela é um homem tão arrogante quanto Leandro. Ele não aprovou, mas também não proibiu. Disse que as coisas iriam acontecer naturalmente e que depois a Diana saberia se era certo ou não ficar comigo.

Ela me olhou impressionada e depois riu:

– Você encontrou um sogro a sua altura, Daniel.

– Eu não gostei dele. Nem um pouco. – continuei.

Ela seguiu para seu quarto, voltando para suas costuras.

– Você vai conquistá-lo com um tempo. – afirmou ela.

Fiquei pensando sobre essa parte de “conquistar” a família da Diana. Percebi que não me esforcei nem um pouco com Daniela ou Lucas. Na verdade, eles gostaram de mim só pelo fato de Diana gostar de mim.

– Às vezes eu acho que ela é demais pra mim. – disse para minha avó.

– Ela quem, meu amor? – perguntou ela desatenta.

– A Diana, vó! – exclamei.

Ela riu da sua própria falta de atenção.

– Porque você pensa isso? – perguntou ela novamente, parando a máquina de costura.

– Sei lá, ela é diferente demais. Tenho medo de não ser bom o suficiente. De, de repente, o pai dela ter razão. Eu sou quase um trapo perto dela.

– Daniel, nós somos como um tecido exposto em uma loja. Há quem passe por nós e revire os olhos, nos ache descoloridos ou coloridos demais. Há quem reclame do preço ou da estampa que nos cobre. Mas há quem simplesmente nos olhe sem pensar em nenhuma outra coisa e nos leve pra casa. – disse ela. – Diana olhou pra você sem pensar em nada, e olhe aonde vocês chegaram... Se isso não nasceu pra dar certo, eu não sei pra quê nasceu então.

Ela tinha muita razão naquilo que acabara de falar. Eu apenas sorri e saí de cena para que não a incomodasse com sua costura noturna. Me retirei para o banho e dormi até o dia seguinte.

***

Três dias se passaram, o pai de Diana viajou sem despedidas muito formais. Ela tentou esconder, mas não ficou bem.

– E o livro? – perguntei a ela enquanto caminhávamos pelo corredor da escola.

– Entreguei sexta-feira. Estou ansiosa para saber se ele vai passar na primeira seleção. – respondeu ela.

– Tenho certeza que vai. – afirmei fazendo-a sorrir.

Ao final da aula, não pude levá-la pra casa porque hoje Salomão precisava de banho e quanto mais cedo eu chegasse em casa, mais rápido a tortura acabava para nós dois.

Na rua de casa, vi Catharina que a propósito havia faltado aula hoje. Ela acenou para mim, discutindo a hipótese de que talvez ela fosse bipolar já que há algum tempo ela despejou desaforos sobre mim. Eu sorri para não deixá-la constrangida no meio da rua. Ilusão. Ela considerou o sorriso como um “porque não vem aqui conversar comigo?”. Atravessou a rua e me cumprimentou:

– Quanto tempo, parece que não te vejo há anos...

– Pois é. – disse sem interesse.

– Como você está? – perguntou ela acompanhando os passos junto a mim enquanto eu caminhava em direção à minha casa.

– Bem, e você?

– ótima! – respondeu. – a propósito, adorei sua apresentação de inglês.

– Obrigado. – disse.

Ela me acompanhou até a porta de casa e pediu para entrar, pois queria conversar comigo.

– Não acho isso uma boa ideia. – avisei a ela, ríspido quanto a qualquer diálogo que ela quisesse ter comigo.

– Porque? Não confia na sua “fidelidade” com a garota patética e sem graça? – replicou ela olhando para mim maliciosamente, como olhou no dia em que eu a beijei.

– Não, na verdade é porque eu vou dar banho no Salomão. – respondi.

– ótimo! Eu posso ajudar você. – continuou ela me empurrando para o lado e entrando na minha casa.

– Ei, ei, ei! O que você pensa que tá fazendo? – perguntei sério.

– Vou ajudar você com o Salomão.

Nesse momento, antes que eu pudesse interferir em qualquer coisa, Leandro apareceu saindo do quarto pronto para o trabalho. Olhou para nós dois e franziu a testa questionando:

– O que tá acontecendo?

– Nada. – respondi. – A Catharina já está de saída.

– Não estou não! Vou ajudar você a dar banho no Salomão. – insistiu ela.

Leandro apenas observava. Passou por nós dois e deu de ombros. Simplesmente não envolveu-se na nossa discussão e seguiu para o trabalho.

– é sério, você precisa ir embora, Catharina! Minha avó não vai gostar de te ver aqui. – exclamei nervoso.

– Ah, Daniel! Sua avó me adora. Por falar nisso, onde ela está?

– Não interessa! Faça o favor de sair. – continuei.

Ela deu de ombros e seguiu para os fundos da casa onde Salomão estava dormindo dentro de sua casinha. Catharina o chamou e ele veio em sua direção. Ela ligou a mangueira e começou a lavá-lo da forma mais calma que eu já pude ver. Pela primeira vez, Salomão não desesperou-se e nem fugiu no banho. Ficou ali, sendo ensaboado por ela. Cão traíra! Comigo era sempre o oposto.

– Você bem que podia me ajudar. – disse Catharina.

Fui na direção dos dois e ajudei ela com o banho de Salomão. Por um lado, ela realmente ajudou. Por outro, eu esperava que ela fosse embora o quanto antes.

Depois do banho dado ao cachorro, eu e Catharina havíamos ficado ensopados e ensaboados.

– Você tem alguma toalha limpa por aí? – perguntou ela.

– Vou buscar pra você.

Fui até o quarto da minha avó e peguei sua toalha. Voltei à sala e Catharina havia retirado a blusa molhada.

– Ah, se veste né! – exclamei indignado virando o rosto na direção da parede.

– A blusa está molhada, Daniel! – ela veio na minha direção e puxou a toalha das minhas mãos. – Obrigada.

Ela continuou assim, sem a blusa, enxugando os cabelos.

– Desculpe por isso. Salomão nunca toma banho sozinho. Sempre molha os olhos também.

– Ah, não se preocupe. – assentiu ela. – Foi bom passar um tempo com você, como antigamente. Mesmo ficando assim depois. Sinto sua falta.

Eu nem podia dizer o mesmo porque, de verdade, não sentia nada.

– Acho melhor você ir agora. – sugeri.

Ela fitou meus olhos, mordendo os lábios e pedindo por algo errado.

– Sabe que não vai durar com Diana, não é mesmo? – continuou ela. – você mal consegue olhar pra mim, porque no fundo sabe: você a quer de um jeito e me quer de outro.

– Você está falando besteira. – afirmei.

– Não Daniel, eu não estou. – ela recolheu a camisa do chão e vestiu-se novamente.

Saiu dali aceitando outra rejeição, mas sua expressão dizia que aquilo teria volta. Catharina é do tipo de garota que não desiste, mesmo quando é apedrejada. Ela possuía uma carência sobrenatural de mim. Acho que fui o primeiro cara a rejeitá-la e ela acabou ficando assim, traumatizada.

Eu estava guardando todas as forças para evitar qualquer tentação e mesmo que Catharina se exibisse da melhor forma possível, era Diana que rondava meus pensamentos. Era por ela que abri mão de muita coisa. Não iria dar esse gosto ao pai dela, o senhor da razão, a ter mais razão ainda.



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