As Nem Um Pouco Felizes Histórias De Amor. escrita por Yang


Capítulo 35
Eu não admito te ver crescendo longe de mim.


Notas iniciais do capítulo

Gente, hoje eu percebi que há dois capítulos eu não posto por quem ele é narrado. Então, perdoem e vacilo. Por isso, se acontecer novamente, avisem nos comentários, seja esse erro ou algum outro (gramatical e etc) bjbjbjbjbj



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#Narrado por Diana#

A professora de inglês sorteou a nossa equipe para ser a ultima a apresentar-se. Aquilo fez o nervosismo entre todos da equipe ser triplicado.

– A equipe da Diana, por favor. – chamou ela.

Golpe do destino ou não, apresentamos após o vídeo de dança da Catharina e suas amigas. Porém, não vale apena retratar detalhes horrendos de quatro minutos e seis segundos de um videoclipe com uma música que havia sido estragada por elas. Era “single ladies”, e eu acredito que Beyoncé chorou em sua mansão, mesmo sem saber o motivo.

Flávia apertava a minha mão nervosa. Estávamos no auditório porque usaríamos microfones e outras parafernálias instrumentais. Ela e Maurício posicionaram-se timidamente no meio do palco pequeno, e Daniel com seu violão preto já estava preparado. Murilo respirou fundo e ligou o resto do equipamento. Eu estava tão nervosa quanto os quatro ali. Porém, só iria passar o slide na tela de vídeo. Três minutos cronometrados de preparação, começamos.

– Bom dia. – cumprimentou Flávia a turma. – Nós vamos cantar a música “She Will be Loved”, da banda Maroon 5. A música foi escolhida pela Di, e esperamos que gostem.

Daniel e Murilo começaram com os instrumentos. Havia ficado tão simples e bonito ao mesmo tempo em que eu controlava o riso bobo porque gostava daquela música. E então, Maurício começou a primeira estrofe, abrindo a boca e cantando suavemente como se tudo saísse naturalmente. E então, Flávia entrou na sua estrofe, cantando. Olharam para ela como quem olha pra cantora mais diva de um concerto. E juntos, melodiaram o refrão que dizia em português:

– Eu não me importo de passar todos os dias, do lado de fora, na sua esquina, na chuva caindo. Procure a garota com o sorriso partido, pergunte a ela se ela quer ficar por um tempo e ela será amada. – eram as letras no telão enfeitando ainda mais aquela cena deveria estar sendo gravada.

Finalizamos com aplausos ensurdecedores, deixando todos nós no palco constrangidos demais. Não tanto quanto o casal de estranhos cantores beijoqueiros. A professora nos parabenizou pela coragem e pela pronuncia de Maurício e Flávia. Elogiou Daniel, o que foi engraçado porque ele sempre repreende elogios, e elogiou a mim e ao Murilo.

No intervalo, todos voltamos aos velhos tempos. Dessa vez, Maurício sentou conosco, ao lado de Flávia, e eles pareciam recuperados do transtorno.

– então, agora é oficial de verdade? – perguntou Flávia sobre mim e Daniel

– Eu não sei de nada... – respondi irônica olhando para Daniel. Ele riu.

– Mentira dela, fui forçado a isso! Agora ela se faz de desentendida. – replicou ele.

Todos na mesa riram da forma como levávamos da brincadeira um relacionamento que muitos levavam a sério. Sério demais.

– Só falta algumas pessoas criarem cara e coragem de assumirem também... – afirmei jogando a indireta nada discreta para Maurício e Flávia. Ambos olharam um para o outro e sorriram. Eles sabiam que eu tinha razão, e eu mal podia esperar para as coisas tomarem um rumo certo entre eles. Eu conseguia sentir que estava próximo.

– É verdade, Di... O sentimento eles tem, agora falta a força de vontade. – continuou Daniel.

– Talvez seja medo. – replicou Flávia.

– Medo de quê? De ser feliz? Onde já se viu ter medo de ser feliz? Aí tua vida passa e só te sobra contar arrependimentos. – disse repreensiva.

Todos na mesa concordaram, inclusive Lucas. Maurício e Flávia ficaram calados, e como diz o velho e bom ditado popular: “quem cala consente”.

***

Duas semanas se passaram desde que eu e Daniel decidimos assumir, mesmo que quase forçadamente, o nosso relacionamento. E mesmo com essa conturbação ainda presente entre nós dois, principalmente devido as coisas que Daniel já fez no passado, estamos tentando manter o controle da situação como dois amigos que conseguem compreender que o que passou não volta mais.

Decidi então dar um voto de confiança a ele, já que em tão pouco tempo ele me confiou coisas que não conseguiu confiar a ninguém.

Minha mãe não costuma se intrometer na relação, mas tem sempre aquela indireta ou aquele sermão de meia hora quando eu faço algo errado. Tenho mantido a linha com ela, e não desviei do foco. Talvez seu medo seja acontecer comigo o que já aconteceu com ela.

Dona Amélia é outra que também não mete o nariz em absolutamente nada. Na verdade, ela acredita que Daniel estando comigo se tornará alguém melhor. Eu não confio nessa capacidade que ela empurra sobre mim, mas tenho levado em conta o fato de que ele realmente mudara. Mesmo assim, ele ainda possui o velho lado malandro e problemático guardado em algum lugar.

Durante a semana, o pai de Daniel, Leandro, descobriu por um descuido que eu e seu filho estávamos namorando. A reação de felicidade não foi instantânea. Na verdade, não houve reação de felicidade coisa nenhuma. Ele entrou mudo e saiu calado.

O ocorrido foi há dois dias. Eu havia sido convidada (novamente) pela dona Amélia para um almoço na casa de Daniel. Fiquei lá até o fim da tarde, e assistimos “Cantando na chuva”. A reação dele pelo filme foi hilária. No fundo, eu sei que ele odiou. Seu comentário final foi:

– Sério, quem é o idiota que canta da chuva, podendo pegar uma leptospirose?

– Daniel, ele não mora no Rio de Janeiro... Por favor, né? – repliquei.

Quando eu estava indo embora, deparo-me na porta com Leandro. Ele e Daniel encararam-se e eu percebi que entre os dois a paz ainda não reinava. O clima ficou tenso e desesperador. Leandro tinha um ar sério e agressivo, seu olhar te repreendia, mesmo que você não falasse nada. Daniel havia puxado isso dele, e eu percebi naquele momento o quanto os dois se pareciam, mesmo que negassem.

– Olá, tudo bem? – cumprimentou Leandro, com sua voz grossa querendo ser simpático naquele momento.

Eu não sabia se olhar nos olhos dele seria perigoso demais, mas arrisquei.

– Sim, e com o senhor?

– Estou bem também. Mas já está indo embora?

Daniel interrompeu o diálogo que parecia esta fluindo bem.

– Sim Leandro, ela já vai embora. Vamos. – respondeu Daniel me puxando pelo braço.

– Espera! Eu tenho todo o direito de conhecer sua amiga melhor. Ela sempre está com você e me parece ser uma garota muito simpática. – disse Leandro.

Eu apenas apertava o braço de Daniel, pois de certa forma me sentia constrangida perto do pai dele.

Dona Amélia apareceu para tornar a situação menos difícil de ser prosseguida:

– Diana, porque não fica mais um pouco? Acho que Leandro realmente precisa conhecer a namorada do filho.

Leandro olhou para nós dois, franzindo a testa, esboçando curiosidade como ninguém.

– Namorada? Nossa, eu ia morrer e não saberia disso. – falou Leandro colocando a mochila no sofá.

– Era melhor você não saber de nada sobre a minha vida mesmo. – sussurrou Daniel.

– Como é? Está me dizendo que eu, como seu pai, não posso saber sobre sua vida? – indagou Leandro aborrecido.

– Você nunca se importou mesmo, porque agora faria questão disso? – replicava Daniel com um tom de voz alarmante. Eu apertei seu braço com força, tentando demonstrar desconforto com aquela situação. Ele olhou para mim e sua expressão mudou para arrependimento.

Todos ficaram em silêncio, e eu vi que era a hora de fazer alguma coisa. Aquilo não daria certo se os dois não tivessem um motivo para engolir o orgulho e agir como pai e filho.

– Onde o senhor trabalha? – perguntei rompendo o silêncio de quase cinco minutos e soltando o braço de Daniel. Sentei na poltrona em frente à de Leandro.

– Trabalho em um supermercado. Faço estoque. Essas coisas. – respondeu ele já calmo.

– Ah, e quantos anos o senhor tem? – continuei perguntando até que ele se sentisse a vontade comigo.

– quarenta e três. E você?

– Dezessete. – respondi sorrindo.

– Você é da sala de Daniel?

– Sim, somos da mesma sala. – respondi olhando para Daniel que andava de cabeça baixa pela sala.

– Diana, acho muito bom vocês terem assumido algo assim... Espero que isso dê certo. De verdade. – afirmou Leandro levantando-se do sofá e olhando para Daniel que parecia não acreditar nas palavras do pai. – Agora, você me dá licença. O dia foi longo e você deve estar cansada também. Vejo você outro dia. – ele sorriu e seguiu para o banheiro.

Dona Amélia olhou para Daniel e gargalhou.

– É, o brutamonte surpreendeu você, não é mesmo? – ela bateu nos ombros dele e seguiu pra cozinha.

Eu levantei da poltrona e fui na direção de Daniel e segurei o rosto branco e delicado de um garoto que tinha muito a aprender sobre família. Eu beijei a testa cicatrizada dele, e ele sorriu.

– Acho que precisa dar uma chance a ele. – sussurrei. Daniel continuou em silêncio. – Ele é seu pai, não é a pior pessoa do mundo. E no fundo, eu sinto que ele te ama. Do jeito torto e bruto, mas ele te ama.

Daniel tirou as minhas mãos do seu rosto e ficou olhando para elas. Depois de um tempo, disse:

– Melhor eu levar você pra casa.

Eu apenas assenti. O assunto “pai” ligado a “amor” e “perdão” não combinavam com Daniel.

***

Filha, sou eu, seu pai. Estou voltando ao Brasil essa semana. Tenho notícias maravilhosas a dar pra você e Lucas. Espero que vocês tenham se tornando bons irmãos e amigos. Estou ansioso para vê-los novamente. Te amo princesa, e te amo meu pequeno rei. Beijos”.

Assim terminava a mensagem do meu pai na secretária eletrônica de casa. Não estávamos em casa na hora em que ele nos telefonou. Era a terceira vez que minha mãe repetia a chamada.

– Tá vendo? Esse Carlos é um idiota! Ele acha que somos adivinhos, é? Que sabemos quando ele vai chegar, o dia da semana, a hora... Ah, eu mato um dia! – exclamava ela pela casa, estressada demais pra ser TPM.

– Ok, ela deve estar assim porque... – fui interrompida por ela voltando da cozinha.

– Por nada, dona Diana! Seu pai devia avisar direito as coisas! – replicou ela.

– Eu estou feliz por ele estar voltando. Assim vou ter meu livro. – afirmei. – Já a senhora, está eufórica demais. Isso não é felicidade repreendida?- indaguei de braços cruzados, desafiando-a.

– Ah, Diana! Faça-me o favor! – ela saiu da sala seguindo para o quarto. Bateu a porta com força, afirmando minhas questões.

– Ela ainda gosta dele. – disse para Lucas.

***

Terça-feira.

Era o final da aula. Todos estavam indo embora para casa. Daniel me deu a mão e andamos até a saída juntos, com Maurício, Flávia e Lucas.

– Droga, vou ter que esperar meu pai hoje. – disse Flávia. – vou ficar sozinha aqui.

– Quer que eu fique com você? – sugeriu Maurício antes mesmo de eu abrir a boca para sugerir o mesmo.

Todos se olharam, percebendo que finalmente algo estava fluindo.

– Se não for atrapalhar você... – continuou ela.

– Não vai. – disse ele sorrindo.

– Então, se cuida viu maninha! Até amanhã. – despedi-me abraçando Flávia.

– Tchau parceiro. – disse Daniel enquanto apertava as mãos de Maurício.

Quando andávamos para o ponto de ônibus, ainda junto de mim, eu e Lucas nos surpreendemos com alguém que nunca esperávamos ver naquele momento: nosso pai.

– Diana! – gritou uma voz do outro lado da rua. Era ele.

Em uma rápida corrida, ele atravessou a rua e veio em nossa direção. Meu rosto estava gelado e eu soava frio.

Olhei para Lucas, e juntos exclamamos:

– Pai!

Eu soltei a mão de Daniel e corri para um abraço tão necessitado como nenhum outro. Eu estava ali, abraçando meu pai e Lucas ao mesmo tempo.

– Eu senti tanto a falta de vocês! – dizia ele.

Foram alguns minutos de conversa boba, e ele nos mandou entrar no carro. Disse que nos levaria para casa.

– Tudo bem, só vou me despedir do meu... – eu travei na palavra porque havia lembrado que meu pai não conhecia Daniel, e nem sabia sobre nosso relacionamento. Eu olhei para trás e ele estava lá esperando por algum sinal. – Namorado.

O sorriso do rosto do meu pai sumiu:

– Como é? Seu o quê?

– Espere só um pouco. – disse.

Corri para o encontro de Daniel e o chamei:

– você precisa conhecê-lo. Caso de vida ou morte. – afirmei.

– conhecer quem? Seu pai? – perguntou ele tão nervoso quanto eu.

– Qual é! Eu conheci o seu, o meu não é tão malvado assim. Vamos. – eu segurei a mão dele e praticamente o arrastei até o outro lado da rua onde meu pai e Lucas já estavam perto do carro.

Meu pai encarou Daniel e o olhou dos pés a cabeça como quem avalia uma mercadoria nova. Ele parecia sério, mesmo assim cumprimentou-o:

– Este é o Daniel, pai. – disse.

Daniel mal conseguia encarar meu pai. Eu vi que aquele grandalhão sentia medo.

– Não confio em quem não me olha nos olhos. – disse meu pai a Daniel.

Finalmente, em uma amostra de maturidade, ele ergueu a cabeça e o olhou nos olhos do meu pai.

– O senhor deve ser o Carlos. – falou Daniel, agora mais confiante de si mesmo.

– Sim, o pai dessa mocinha que hoje vai ter uma longa conversa comigo. – afirmou meu pai olhando para mim.

– Pai, acho que o senhor precisa conhecer o Daniel melhor. – intrometeu-se Lucas tentando tornar a situação amigável.

– Preciso mesmo. Amanhã nós conversamos também. Vamos Diana, entre no carro. – ordenou ele.

Olhei para Daniel e apenas sorri. Não queria que ele se sentisse desconcertado com aquela situação.

***

Conversamos sobre a viagem do meu pai no carro. Ele contou que Nova Iorque era incrível, e que nós precisávamos conhecer. Contou sobre o trabalho da empresa de jornalismo lá, disse que Manhattan era absolutamente perfeita. Mesmo assim, teve tempo de questionar sobre o meu novo relacionamento:

– Porque não me contou do namorado quando eu liguei pra você semana passada? – perguntou ele olhando para mim pelo retrovisor do carro. Eu estava sentada na parte de trás.

– Eu não queria contar isso por telefone. – respondi.

– Hum... Vou conversar com sua mãe sobre isso também. – disse ele.

– Ela já sabe, pai. – afirmei.

– ela sabe? E deixa isso acontecer assim, numa boa? – indagou ele perplexo.

– Qual é, ela já tem dezessete anos! – exclamou Lucas.

– E você só tem quinze, fique quieto! – repreendeu meu pai.

– Olhe, eu não estou fazendo nada de errado. Daniel é um cara legal. – falei tentando defendê-lo. – e eu o amo. – continuei, esperando que aquilo fizesse efeito.

– O que sabe sobre amor, Diana? A partir do que você lê nos livros? – indagou meu pai rudemente. – Por favor, você ainda é uma garota, mal saiu das fraudas!

Eu não conseguia entender aquela repressão súbita do meu pai. Lucas olhou para ele, boquiaberto com o que ele havia falado. Ele estacionou o carro e eu saí em disparo para casa.

– Ei, ei! O que houve? – perguntou minha mãe ao ouvir o barulho da porta fechando com força. Sentei no sofá e fui tirando o tênis e a meia. Não respondi a sua pergunta.

Meu pai e Lucas entraram logo em seguida. A presença dele surpreendeu minha mãe:

– Carlos? O que você tá fazendo aqui? – questionou ela surpresa.

– Eu avisei que iria voltar em breve. Não viu a minha mensagem?

– Nós vimos, mas você deveria ter dito quando iria chegar para evitar maiores transtornos...

– Como por exemplo, saber que sua filha de dezessete anos está namorando um moleque que parece mais um marginal? – exaltou ele a minha mãe.

– O que você tá falando? Daniel não é nada disso que você está pensando, Carlos! – exclamou ela defendendo Daniel.

– Ah, vocês estão aí debatendo sobre isso quando deveriam estar preocupados em saber o que Diana pensa sobre isso. O namorado é dela! – disse Lucas.

Todos olharam para mim, sentada no sofá ignorando a euforia dos dois.

– Quando isso começou? – perguntou meu pai.

– Faz uns dois meses, eu acho. – respondeu minha mãe.

– Diana ainda é uma garota! Ela pode se machucar! Eu não confio nesses caras. São todos irresponsáveis. – continuou ele.

– Ah, me poupe pai! Você engravidou a minha mãe quando tinha a minha idade, e está dizendo que Daniel é irresponsável? Você não o conhece! Não pode julgá-lo assim. – afirmei.

Meu pai olhou para a minha mãe e pediu para ficar a sós comigo. Ela e Lucas saíram da sala. Ele sentou-se do meu lado e começou um baita discurso sobre como eu não estava preparada para um relacionamento e que os garotos dessa idade só querem saber de curtição, e sexo e drogas e sexo.

– Eu não queria chegar e começar dando uma bronca em você. Me surpreendi ao ver aquele rapaz contigo. Eu não sei, Di. Você é demais pra ele, não acha? O que ele pode te oferecer, me diga?

– Pai, ele ainda é um adolescente. Eu não vou sair por aí casando com ele. Você deveria pensar antes de falar essas coisas a respeito dele. Daniel não é qualquer um. De verdade, eu amo. Pela primeira vez na minha vida eu entendi isso de uma forma recíproca. Você simplesmente o julgou e nem me deixou explicar a situação. Eu odeio isso! Você é meu pai, deveria me apoiar! – disse a ele com a voz trêmula e chorosa. Eu estava tão decepcionada. Cobri o rosto com as mãos, pois não queria que ele me visse chorar. Em poucas horas ele conseguiu fazer com que eu me sentisse a garota mais tola do mundo, desacreditada e imatura.

Ele me abraçou, mesmo quando eu ofereci resistência aquilo.

– eu sinto muito. – sussurrou ele. – eu sinto muito mesmo, filha! Não queria fazer você se sentir mal. Eu peguei pesado demais. Passei tanto tempo longe de você e esqueci que você estava crescendo... Eu não admito te ver crescendo longe de mim garotinha. – dizia ele.

– Eu te amo tanto pai! – exclamei o abraçando forte, esperando que aquela raiva fosse embora o quanto antes.

– Eu também, filha. – afirmou ele. – Eu vou tentar me redimir da melhor forma. Quero conhecer esse rapaz. Se esse relacionamento está assim, tão oficial e sério, eu preciso conhecê-lo.

***

Meu pai me entregou o livro que havia comprado para mim. Os contos dos irmãos Grimm. Deu um presente a Lucas e a minha mãe também.

– Eu espero que gostem. – disse ele entregando uma caixa para Lucas e outra para a minha mãe. O dela era uma lindo sobretudo preto, comprado na 5º avenida. E o de Lucas era um lindo sapato de camurça.

– Onde você está hospedado? – perguntou minha mãe.

– Estou em um hotel, no centro da cidade. Mas antes de ir pra lá, vou passar no meu pai e rever o pessoal de lá. – disse ele. – Amanhã eu venho aqui para conhecer formalmente o rapaz. Se cuidem. – despediu-se ele.

No mesmo dia comecei a ler o livro. Tentando a traduzir as palavras mais complicadas e sentindo aquele cheiro de livro velho.

Minha mãe entrou no quarto com uma bandeja de biscoitos e chocolate quente.

– eu sei que você gosta... – disse ela colocando a bandeja na cama.

– Ah, mãe! Obrigada! – agradeci com um beijo no rosto.

Ela ficou ali por um tempo, observando a minha leitura compulsiva.

– seu pai tem razão. Você está crescendo. Não é mais a mesma menininha de antes e isso me dói. Ano que vem você vai pra faculdade, e sabe Deus o que está preparado pra você. Vou sentir saudade dessa imagem sua. Você aí, lendo seus livros e falando de amor.

Eu olhava para ela como uma criança que pede colo. Eu deixei o livro de lado e a abracei.

– Sei que você vai continuar sendo essa garota incrível. E é por isso que Daniel se apaixonou por você. Ele é um cara de sorte. – concluiu ela me dando um beijo no rosto e saindo do quarto.

À noite quando Lucas “repousou seu encanto” na cama, conclui os dois capítulos da história. Eu a entregaria na sexta-feira, em um pendrive virgem.

Dormi tendo a certeza de que aquela história havia sido toda a minha cota de inspiração. Eu escrevi, reescrevi e a tornei modelo do que queria se fosse comprar um livro para ler. Eu estava feliz por vários motivos, mesmo tendo um dia conturbado como hoje. Valeu apena por uma mensagem às onze e meia da noite:

Dan: “Você sabe que eu preciso de alguém, alguém como você, tudo que você sabe, como você fala. Amantes incontáveis disfarçados nas ruas(...)”.


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Notas finais do capítulo

Ai gente, meus dedos exaustos porque todos os capítulos a partir de agora serão enormes kkkk então, divirtam-se!



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