As Nem Um Pouco Felizes Histórias De Amor. escrita por Yang


Capítulo 33
Ela será amada.


Notas iniciais do capítulo

Gente, gostei desse capítulo kkk okey, se vocês não gostarem vou me jogar da ponte u.u kkk bjbj



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#Narrado por Diana#

Minha vida em três meses virou do avesso. Como exatamente explicar, eu não sei. Acontece de repente, mas é incrível a capacidade que algumas pessoas possuem de tornar teu mundo complicado e divertido ao mesmo tempo. E foi assim com Daniel, e ainda é.

As coisas mudaram rapidamente. Eu o odiava muito, de certa forma. Não entendo como um sentimento forte desse se torna outro mais forte ainda. Agora, existe uma necessidade absurda um pelo outro que deve ser controlada o quanto antes.

Eu nunca me apaixonei, isso é um fato. Quer dizer, que garota nunca sentiu atração por um cara e o “amou” platonicamente? Atrações são necessárias, ninguém é de ferro. Mas estou falando sobre essa coisa que chamam de reciprocidade... Acho essa palavra bonita: você receber exatamente aquilo que dá. E relacionamentos são baseados nisso, afinal você não espera receber rosas de quem só te joga cravos, não é mesmo?

Mas, Daniel era exatamente aquilo que eu não esperava de alguém que eu fosse me apaixonar. Ele é assustador na maioria das vezes e ao mesmo tempo, parece um personagem de algum livro do Nicholas Sparks.

Ainda assim, o conheço há pouco tempo para acreditar que isso vai dar certo, que isso vai chegar em algum lugar. Porque, tudo bem se divertir em uma pista de dança com um cara que parece te admirar, mas as coisas sempre chegam a outro nível, e é disso que eu tenho medo.

Tenho medo dessa necessidade não ser suficiente, e de repente tudo acabar exatamente como começou, do nada.

– Bom dia. – disse a minha mãe servindo o café na minha xícara. É terça-feira, e hoje eu volto a rotina escolar, saindo da suspensão.

– Bom dia! – exclamei. – Onde o Lucas está?

– Bem aqui! – respondeu ele enxugando os cabelos claros na toalha. – bom dia maninha. Ansiosa para voltar à rotina?

– Na verdade, não parece que eu saí da rotina. Eu esperava um mês em casa, mas tudo bem. – respondi.

– Olha, eu espero não ter que ir a escola hoje por sua causa de novo, ouviu bem? – avisou minha mãe.

– Ok, vou fazer o possível. Mas se aquela cretina... – fui interrompida por ela novamente.

– Diana Lins, melhor parar com esse vocabulário vulgar... – replicou ela.

Eu ignorei o comentário e tomei café. Precisava ir a escola para evitar atrasos.

Minha manhã não começou tão bem por dois motivos: na entrada da escola, encontrei Catharina. Ela estava lá, com aquela calça jeans cheia de brilho, o tênis rosa, o cabelo loiro enrolado nas pontas formando cachos quase angelicais. Porém, aquela cara de vadia quebrava o encanto de quem a considerasse um anjo.

Ela passou por mim de cabeça erguida e nariz empinado. Na verdade, outras coisas estavam “empinadas” também. Controlei o ódio enquanto o sangue quente correndo pelo meu corpo me fazia querer puxar os cabelos dela e jogá-la no chão.

– um, dois, três, quatro, cinco... – sussurrei baixinho esperando que a raiva passasse quando Catharina desaparecesse do meu campo de visão.

Seria tarefa difícil encará-la todos os dias na escola, na entrada da escola, na saída da escola, no intervalo e no bairro de Daniel. Ainda mais agora que as coisas entre mim e ele estavam fluindo.

Despedi-me de Lucas que seguiu saltitante e feliz para a sala. Às vezes ele corria como uma gazela, e tudo bem, eu entendia o exagero dele... Mas, as outras pessoas sempre comentavam algo baixinho e eu temia o pior. Vivemos em um planeta desigual onde ninguém consegue aceitar as diferenças de ninguém e é por isso que há guerras, conflitos e mortes todos os dias. Lucas era apenas um garoto de quinze anos tentando encontrar a paz em meio ao caos. Não é fácil para um garoto gay conseguir aceitar-se como é. Ele conseguia isso, levava como um troféu, uma dádiva. Eu o amava por isso e sabia que ano que vem ele estaria sozinho ali, eu não estaria na escola para defendê-lo de outras “Catharinas” que surgiriam em sua vida. Mesmo assim, enquanto meus pés estiverem fincados ao chão, ele é minha pequena “gazela”, e eu amo o suficiente para fazer o que fiz com Catharina quantas vezes forem necessárias.

Entrei em sala e avistei Daniel no mesmo lugar, mexendo no celular com uma expressão um pouco séria. Na verdade, séria demais pra quem se divertiu o final de semana inteiro. Ele nem se quer percebeu a minha presença. Coloquei a mochila na cadeira próxima a ele, porém na outra fileira. Ele pareceu se assustar, virou a cabeça para o lado o sorriu.

– Bom dia. – disse a ele.

– É, bom dia. – ele respondeu e depois voltou a atenção ao celular.

Flávia não havia chegado ainda, mas Maurício estava sentado em outro lugar hoje. Eu o cumprimentei de longe e então ele veio em minha direção, sentou-se na cadeira da frente e respirou fundo, esperando ajuda dos céus para conseguir falar comigo.

– Diana, me desculpa pela festa. Eu não queria ter ido embora daquele jeito, mas... – ele fez uma pausa, nervoso, olhou para Daniel. – Eu realmente não devia ter feito aquilo. A culpa não foi nem da Flávia, foi minha!

Eu o encarei sem expressão. Não sabia o que fazer e não sabia o motivo do pedido de desculpas. Os dois já sabiam a diferença entre certo e errado. Flávia parecia à vontade beijando Maurício, mesmo sabendo que ele tem (ou tinha) namorada.

– Ma, eu não sei o que dizer a você. Conversei com a Flávia na festa. Depois que você foi embora ela ficou muito... Mal. – disse.

“Lembrei então da conversa que tive com Flávia no banheiro da festa. Ela entrou em um dos individuais e eu me perdi completamente. Bati em cada porta para encontrá-la e me deparei com outras garotas chorando, outras fumando, outras vomitando... típico de show. Quase no último box encontrei Flávia.

– Ei, me desculpe se fiz algo que você não gostou. – disse a ela me apoiando na porta do box.

Flávia abriu a porta e me encarou. A maquiagem azul que enfeitava o rosto dela agora dava espaço para o rímel e lápis de olho borrados. Ela me abraçou.

– Diana, porque eu fiz isso? – perguntou ela.

– Flávia, eu não faço ideia. Sei lá, você deve tá gostando dele... – comentei.

– Não! Não. Acho que não. Ele tem namorada, eu não devia ter feito isso. – continuou ela. – Diana, você é minha amiga! Devia estar lá. Devia ter me impedido! – exclamou ela nervosa, soltando-se dos meus braços e saindo rapidamente do banheiro.

Eu tentei segui-la, mas algumas pessoas me empurram de volta a pista de dança e desde então não consigo falar com Flávia. Nem mesmo por mensagem ou telefone”.

Maurício virou o rosto e viu Flávia entrando na sala. Ele ficou pasmo e levantou-se da cadeira rapidamente. Flávia passou de cabeça baixa e não o cumprimentou.

– Não podem continuar assim. Os dois erraram e os dois não precisam dessa arrogância. – disse a Flávia em um tom baixo.

– Bom dia pra você também, Diana. – ela se sentou e passou a aula inteira em silêncio.

Alguns poucos minutos depois da aula ter começado, Daniel me mandou uma mensagem:

Dan: - Maurício terminou com a namorada. Ele me disse isso assim que chegou. Me disse outra coisa também.

Di: - O que?

Dan: - Disse que está gostando da Flávia, mas está arrependido de ter beijado ela.

Di: - Como assim? Como ele pode se arrepender disso?

Dan: - Ele traiu a namorada. Como você espera que ele se sentisse.

Não soube o que responder por que Daniel tinha razão. Fechei o celular e olhei pra ele. O casmurro parecia ter uma ideia sobre o que fazer em relação aos dois “estranhos” que estavam aos beijos na sexta-feira à noite.

– Bom turma, eu tenho um trabalho em grupo para passar a vocês. É o seguinte, vocês vão escolher uma música em inglês e irão trabalhar nela. Vocês podem fazer uma peça baseada na música, podem interpretá-la. Eu não sei. Façam o que quiser. – disse a professora.

Olhei para Daniel que olhou para Maurício. Cutuquei Flávia, mas ela pareceu não se importar.

– O trabalho é pra sexta-feira. Grupos de quatro ou cinco pessoas.

A aula acabou, Daniel chamou Maurício e Murilo. Flávia pegou a mochila e seguiu em direção a porta, porém eu a puxei.

– Aonde você pensa que vai? – perguntei.

– Embora! – respondeu ela soltando-se.

– Flávia, volta aqui! Vamos combinar o trabalho de inglês! – exclamei seguindo-a pelo corredor da escola.

Ela parecia andar rapidamente na medida em que eu me aproximava.

– Me deixa, Diana! – exclamou ela.

– Que loucura é essa? Flávia! É um trabalho e você não vai morrer se ficar cinco minutos na sala esperando o Daniel dar a sugestão dele. Nós já vamos pra casa.

– Eu não quero vê-lo, Di! Nem ouvir a voz dele. – continuou Flávia referindo-se a Maurício.

– Vai ficar tudo bem, tá? Eu prometo. – disse tentando acalmá-la. Ela me deu a mão e voltamos à sala.

Apenas Daniel, Murilo e Maurício estavam ali nos esperando para a discussão do trabalho. Maurício passou parte do tempo de cabeça baixa. A reação dos dois era muita estranha, como se tivessem feito a coisa mais errada do mundo.

– Então... – começou Daniel sem jeito. – Eu sei tocar violão. Não tão bem, mas sei. Posso tocar e alguém canta. Ou todos cantam.

– Eu sei tocar teclado. – disse Murilo.

– Eu não sei tocar nada, minha voz é uma merda, e estou ferrada. – afirmei fazendo Daniel rir.

– Eu posso cantar. – sugeriu Flávia. Ela cantava na igreja e sua voz não era feia. Na verdade, era muito bonita.

– Eu também. – afirmou Maurício fazendo a situação ficar constrangedora.

Todos ali ficaram em silêncio esperando alguém romper aquela situação o quanto antes. Os dois encaravam-se e havia uma coisa tão pura na forma em que eles olhavam um para o outro.

– Só precisamos achar alguma coisa pra você fazer, Diana. – disse Daniel.

Pensei um pouco, e descobri exatamente o que iria fazer.

– Eu escolho a música que os dois vão cantar, pode ser? – sugeri.

– Pode, mas você vai ter que criar um slide com a tradução da música também. – disse Murilo.

– ótimo! Começamos os ensaios amanhã. Já tenho a música em mente. – eu sorri para os dois “estranhos cantores” que me fitaram esperando a minha morte imediata.

***

Quarta-feira, primeiro dia de ensaio.

– Que música você escolheu pra eles? – perguntou Daniel enquanto seguíamos para a minha casa com o violão nas costas.

– Surpresa. Você só vai saber na hora. – respondi.

Havíamos combinado ensaiar na minha casa. Lucas ainda prometeu ajudar, mesmo sem sabermos com o que.

– Daniel! – exclamou minha mãe com um sorriso que ia de orelha a orelha.

Ele entrou em casa e foi recebido como rei. Minha mãe já sabia que eu iria ensaiar com o pessoal em nossa casa. Preparou bolo, almoço, sucos... Um banquete.

– Murilo chegou. – avisei na cozinha enquanto Lucas, minha mãe e Daniel conversavam sobre algo relacionado a mim.

– Olá! – disse Murilo segurando o teclado pesado. Daniel levantou-se para ajudá-lo.

– Vamos esperar o resto do pessoal chegar para almoçarmos todos juntos. – avisei.

Alguns minutos depois, por ironia ou não do destino, Maurício e Flávia chegaram juntos. Os dois pareciam um pouco mais a vontade, e deveriam já que era estupidez ficar evitando um ao outro por conta de um erro já justificado.

Almoçamos e o ensaio começou às duas horas da tarde. Não combinava para adolescentes como nós levar a sério atividades escolares.

– A música que eu escolhi, sem pensar duas vezes e sem outras sugestões foi... – fiz uma pequena pausa dramática. – “She Will be loved”, do Maroon 5.

Todos me encararam surpresos, pois esperavam algo mais rock’n roll.

– Eu gosto dessa música. – disse Maurício. – tem uma tradução bem... Legal.

– Exato, Ma! Eu escolhi justamente pela tradução, e aqui estão as partituras e a letra. Vamos começar.

Flávia sabia exatamente o motivo de eu ter escolhido aquela música. De certa forma, expressava o que ela estava sentindo em relação a Maurício e ver os dois cantando essa música juntos seria coisa de filme da Disney. Clichê ou não, eles aceitaram.


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Notas finais do capítulo

Gente, quem nunca ouviu nenhuma das músicas que eu já citei na fanfic, recomendo que ouça. Se não gostar, okey né? fazer o que. Mas essa música que eu citei aí, nossa. É FODA! e eu amo forever ♥ shushs bjs



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