As Nem Um Pouco Felizes Histórias De Amor. escrita por Yang


Capítulo 31
Lutadora de UFC.




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#Narrado por Daniel#

Ficar perto de Diana na escola tornou-se tarefa difícil. Logo no primeiro dia, Flávia e Maurício perceberam que nossa relação havia chegado a um nível superior a amizade, porém eles foram amigos o suficiente para não fazerem brincadeiras sobre nós dois ou espalhar fofocas idiotas a todo mundo.

Catharina também deve ter percebido. A forma como ela vem me tratando ultimamente ficou assustadora, mesmo assim tenho procurado ignorar. Diana tem feito o mesmo.

Era quarta-feira, eu e Diana estávamos no refeitório com o restante do pessoal. Lucas estava falando sobre a nova coleção de algum estilista famoso com alguns garotos “engraçados” como ele. Eu espero que você entenda a ligação de engraçado nisso. Espero que Diana entenda também. Pois bem, as meninas conversavam algo sobre a festa de formatura que iria acontecer em menos de três meses. Maurício e Murilo falavam sobre futebol, algo que eu não entendo muito, mas achei que se não conversasse sobre isso iria surtar ali.

– O jogo ontem foi muito foda, cara! – dizia Maurício. Murilo e eu apenas concordávamos.

Após comentários sobre dribles, gols e times que nós torcíamos, Catharina passou na mesa onde estávamos e sussurrou no ouvido de Lucas algo como “bicha encubada”. Não foi muito alto, apenas nós da mesa conseguimos ouvir. Diana parou a conversa com Flávia e quando Catharina virou-se, ela inacreditavelmente se levantou da mesa e em direção a Catharina perguntou:

– Do que você chamou meu irmão? – perguntou ela.

– Eu não repito nada, queridinha. – respondeu.

E quando todos pensavam que as coisas fossem parar ali, com Catharina indo embora, Diana encarou o rosto de Lucas. Ele estava desolado. Diana a seguiu e puxou seu braço.

– Não repete? Tem certeza? – indagou Diana furiosa. A situação estava ficando desesperadora. Pedi a Flávia que fosse acalmar Diana, mas ela simplesmente permaneceu no mesmo lugar.

– Eu chamei seu irmão de BICHA ENCUBADA! – exclamou Catharina em um tom alto, suficiente para todos ao redor ouvir. – Satisfeita?

Diana então a empurrou com força, fazendo Catharina cair sobre as duas amigas.

– Sua vadia! – gritou Catharina enquanto pulava em Diana para bater em seu rosto.

A confusão estava feita. Eu fui em direção das duas para apartar a briga, mas uma roda de pessoas curiosas e influenciadoras de briga se formou. Eu conseguia apenas ver puxões de cabelo e empurrões contra a parede. Eu esperava o pior.

– Faz alguma coisa, Daniel! – gritou Lucas.

Eu abri espaço entre as pessoas que estavam vendo a briga, mas era tarde demais. A diretora da escola parecia não acreditar no que via.

– As duas, na minha sala agora! – ordenou ela.

A última imagem que tive de Diana naquele momento fora dela olhando para o irmão e depois para mim.

***

– Daniel, eu estou preocupada. Será que a Di vai ser expulsa? – perguntou Flávia a mim durante a última aula do dia. Ela estava tão nervosa e aflita quanto eu.

– Eu não sei. Acho que não. Eu já fiz coisa pior e estou aqui. – respondi.

– Mesmo assim, será que vão trocar ela de turno?

– Ela já fez algo desse tipo alguma outra vez? – pergunto.

– Não! Foi a primeira vez que a vi fazer isso! E tenho certeza, ela só fez por causa do irmão. Você viu a cara do Lucas? Ele se sentiu hiper mal!

– Porra, mas a Catharina é uma filha da p... – Flávia interrompeu antes que eu terminasse de xingar Cathy.

– Ei, calma aí. A professora não para de olhar pra cá. É melhor a gente fazer silêncio. – concluiu Flávia.

Ao final da aula, eu e Lucas ficamos esperando Diana sair da sala da diretora. Flávia teve que ir pra casa porque fora seu pai quem havia ido buscá-la.

Lucas me avisou que dona Daniela havia ido até escola, pois a diretora ligou para ela informando do ocorrido. Logo, sabia-se que a situação realmente tinha sido tensa.

Após alguns minutos, vi Catharina saindo com o pai. Ele vinha pelo corredor da escola, advertindo-a de forma rude.

– Por que diabos você fez isso, Catharina? – gritou ele.

Ela permanecia em silêncio, com a mochila nas costas e braços cruzados. Ao ver Lucas perto de mim, a fúria que já estava presente em seus olhos aumentou. Ela saiu em disparado da escola em direção ao carro do pai. Provavelmente, a raiva dele começou quando teve que sair do trabalho para buscá-la.

Logo depois da saída dela, vimos Diana e a mãe na porta da sala da diretora. Elas se abraçavam e Diana parecia estar chorando. A mãe apenas passava as mãos nos cabelos embaraçados de Diana. Daniela nos viu e sorriu humildemente para nós, depois seu sorriso mudou para uma expressão vazia e pensativa. Ela enxugou as lágrimas de Diana e lhe deu um beijo no rosto.

Toda aquela cena me fez ter certeza de que Diana tinha levado sérias punições. Lucas foi o primeiro a se aproximar das duas. Ele abraçou Diana.

– Porque você fez isso maninha? – dizia ele.

– Me desculpe! – essas eram as únicas palavras que saiam da boca dela.

Eu me intrometi na situação e perguntei a Daniela o que aconteceu:

– Então, o que a diretora falou?

– Por sorte, ela não foi expulsa da escola. Também não vai ser transferida de turno. A diretora conhece a Diana, sabe que ela não é o tipo de garota que faz esse tipo de coisa. Mas... Como toda ação tem uma consequência, a única coisa que ela pode fazer é dar uma suspensão em Diana e Catharina. Três dias em casa. E elas agora são obrigadas a participar da ornamentação da escola para a festa de despedida dos alunos. – respondeu ela.

– Caramba! – exclamei. – Isso é até muito bom. Pelo menos você não vai embora.

Eu fui em direção a Di e a abracei. Eu queria beijá-la e dizer que estava orgulhoso por ela ter defendido o irmão, mas a única coisa que consegui dizer foi que tudo ia ficar bem.

***

O dia seguinte na escola foi praticamente tedioso. Eu não a vi o dia inteiro e não conseguia controlar a vontade de visitá-la. Na saída acompanhei Lucas em casa e consegui vê-la.

Dona Daniela novamente me recebeu bem. Fiquei no quarto de Diana e Lucas. Conversamos sobre a luta de Diana e Catharina. A confusão virou motivo de piada para nós.

– Muito melhor do que Anderson Silva e Demian Maia no UFC. – disse a eles rindo. Lucas me acompanhou, mas ela continuou séria.

– Olha, só fiz isso pelo Lucas. Mas me diga, o que teve de importante hoje na escola? – perguntou ela.

Eu entreguei meu caderno com os assuntos do dia na escola. Ela começou a copiar com calma e eu fiquei conversando com Lucas.

– Sexta-feira eu, a Diana e a Flávia vamos a um show de Indie Rock. Que ir conosco? – perguntou ele.

– Seria bem legal. Vou sim. – respondi.

– Tudo bem. Passa aqui as oito amanhã. – continuou ele.

Diana nos encarou e depois sorriu.

– Você jura que vai, Daniel? – perguntou ela.

– Vou sim. Sua mãe deixou você ir, mesmo com a suspensão?

– Deixou, mas só porque eu me meti em confusão pelo Lucas. – respondeu ela.

Os dois se olharam e Lucas foi na direção dela abraçá-la novamente.

– Ah, eu te amo sua pequena lutadora de UFC! – exclamou ele enquanto a apertava em um abraço fraterno.

Todos nós rimos. Fui em direção a ela e fiz pose de luta.

– Vem pra cima, to preparado. – afirmei sério.

Ela subiu na cama e fazendo a mesma pose pulou em mim. Eu a carreguei e a joguei na outra cama, a de Lucas.

– Venci! – gritei.

Os dois riram da palhaçada, e aquela foi a tarde mais divertida até então.

– O vencedor merece um prêmio, não acha Diana? – perguntou Lucas.

Nós dois ficamos em silêncio nos encarando, então ela veio na minha direção e me deu um beijo. Eu fiquei tão surpreso quanto ela mesma.

– Ah! Vocês são muito perfeitos! Vou vomitar! – exclamou Lucas eufórico.

Eu e Diana continuávamos sem jeito perante aquilo, e achamos melhor ir pra cozinha comer o que a mãe dela havia preparado para nós antes que o constrangimento tomasse conta.

***

– Então, sexta-feira você vai mesmo conosco, não é? – perguntou Diana para confirmar o compromisso.

– Vou sim. Te vejo amanhã então. – respondi enquanto seguia para casa.

Assim que cheguei a minha rua, vi Catharina com um garoto. Conversavam em frente a casa dela. Ao me ver, ela simplesmente veio na minha direção e me deu um tapa na cara.

– Você tá louca? – gritei confuso.

– Você é um estúpido! Eu te odeio Daniel! ODEIO! – gritava ela com mais raiva ainda.

O rapaz com que ela estava conversando a puxou pra perto, impedindo-a de brigar, mas ela era teimosa e novamente veio na minha direção. Começou a me empurrar e chutar com força. Depois, seus socos foram perdendo a força e ela caiu em lágrimas. Eu não conseguia entender o que estava acontecendo, mas ela me abraçou. Eu tentei afastá-la, mas ela apenas chorava mais e mais.

– Catharina, você tem que parar com isso! – disse o rapaz.

– Me solta! – exclamei ainda tentando afastá-la.

– Você vai se arrepender de ter me tratado assim! – foram essas as palavras dela antes de virar as costas e ir embora.

Em casa, minha avó me perguntou o que havia acontecido para eu ter chegado tarde em casa. expliquei sobre Diana e ela compreendeu. Depois, perguntou sobre Catharina ter pirado agora a pouco na frente de casa, mas essa última eu não soube explicar.

– Acho que essa garota tem uma espécie de amor compulsivo por você, ou sei lá o que. Tome cuidado com ela. Com certeza ela provocou a briga com a Di. E entre as duas, você sabe que eu prefiro um milhão de vezes a Diana. Ela é uma princesa! Perfeita pra você meu querido. Quando vocês vão assumir? – perguntou ela enquanto costurava suas roupas.

Eu fiquei em silêncio por um tempo antes de responder.

– Não sei. Acho que só quando a gente tiver certeza que isso é amor mesmo. – respondi.

– Se isso não é amor, o que pode ser? – indagou ela curiosa. Eu não respondi.

***

À noite, lembrei que ainda não havia pedido dinheiro a minha avó para ir ao show no dia seguinte. Fui à cozinha e ela estava preparando o jantar de Leandro.

– Eu estava afim de ir à um show amanhã com a Di e uns amigos. A senhora tem dinheiro pra me emprestar? – perguntei sem jeito.

– Daniel, sabe que eu só recebo a aposentadoria final do mês. – respondeu ela.

– De quanto você precisa? – perguntou uma voz vinda de trás de mim.

Eu virei assustado. Era Leandro. Minha expressão mudou e quando eu estava me retirando da cozinha ele me puxou pelo braço:

– Eu perguntei de quanto você precisa. – repetiu ele.

– Eu não quero o seu dinheiro. – respondi me soltando dele.

Fui para o quarto e bati a porta com força em sinal de reprovação a boa vontade de Leandro.

No dia seguinte acordei com uma quantia de cento e vinte reais sobre meu criado-mudo.

– De quem é esse dinheiro? – perguntei enfurecido a minha vó porque eu sabia a resposta.

– Daniel, seu pai quis deixar o dinheiro pra você. Fique com ele! - respondeu ela.

– Eu não quero o dinheiro dele! – exclamei jogando o dinheiro sobre a mesa. – Já deixei isso bem claro aqui.

– Filho, todos tem direitos a uma segunda chance. Seu pai está usando a dele. Dê uma chance. – insistiu ela pegando o dinheiro e colocando no meu bolso.

– Tudo bem, eu fico com o dinheiro, mas assim que eu arranjar um emprego eu devolvo a ele. Pode dizer isso para o Leandro?

Ela assentiu. Guardei o dinheiro e fui para escola. A noite veria Diana e eu estava animado para o show. Estava animado para qualquer coisa que a envolvesse.


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