As Nem Um Pouco Felizes Histórias De Amor. escrita por Yang


Capítulo 26
Manter perto, não longe.


Notas iniciais do capítulo

Quaaaaaaaaaaaaaaaase que eu não volto mais kkk gente, perdão. Fiquei ultra ocupada e ainda tô sem net :( postar pelo cel é impossível, mas tô aqui, roubando o wi-fi do vizinho pra postar ♥33

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bjssssssssssssss



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#Narrado por Daniel#

– Ei, algum problema contigo, Daniel? – perguntou Diana ao me ver saindo da escola com pressa. Eu tentei fingir que não a ouvia, mas isso soaria errado demais.

– Não, nenhum, por quê? – perguntei nervoso, e isso era perceptível.

– Sei lá. Você ficou a aula inteira meio “fechado”...

– Isso é impressão sua. – eu hesitei uns minutos e dei meia volta para ir embora dali. Eu mal conseguia encará-la. Que merda estava acontecendo?

– Daniel! – gritou ela novamente. Dessa vez eu não voltei a atenção a ela. Segui meu caminho pra casa, de cabeça baixa encarando a rua suja do bairro.

Não vi Catharina na saída do colégio. Também não a vi perto de casa. Isso não importa mais desde que decidi me afastar dela por motivos já deixados claros. E desde que alguma coisa estranha começou a acontecer comigo em relação à Diana, sinto que devo manter Catharina longe disso pra evitar maiores confusões.

A questão maior que ronda a minha cabeça e veio martelar recentemente foi esse meu apego por Diana. Não sou do tipo de pessoa que depende de algo inseguro que pode ter fim logo. Nunca fui de ter relacionamentos afetivos com ninguém, então essa coisa de “estar apaixonado por alguém”... Isso é desconhecido pra mim. E se isso estiver acontecendo comigo, eu preciso voltar algumas casas nesse jogo. Bem naquela parte onde eu não precisava dela.

É uma espécie de proteção. Não pra mim, mas pra Diana. Ela não merece alguém como eu perto dela desse jeito. Eu posso machucá-la, sei muito bem disso. Preciso me afastar. Se eu fosse ela, faria isso também.

– Você tá bem querido? – pergunta a minha avó.

Eu apenas concordo com a cabeça, indicando de forma mentirosa que estou bem.

– Está calado demais hoje. Mais do que o normal. – continua ela.

– Só é dor de cabeça. – afirmo.

– Daniel, eu sou umas das poucas pessoas da sua vida que te conhece melhor do que você mesmo. Tem que confiar em mim algumas vezes. Não é nada bom guardar os problemas para si desse jeito.

– Não gosto de encher a cabeça das pessoas com os meus problemas. – continuo.

– Dan, aprenda que teus problemas sempre serão meus de alguma forma.

Fico calado por um tempo, tentando procurar algo que posso dizer a ela sem deixar claro meu real problema.

– Já quis ter alguém perto e longe ao mesmo tempo? – perguntei.

– Nossa! Com certeza! – respondeu ela rindo. - Mas essa pessoa te faz bem estando perto ou longe?

– Acho que... Perto. – respondi hesitando com as palavras.

– então, mantenha o que te faz bem perto.

– É, faz bem pra mim. Mas pra ela não é nada bom. – continuei, me arrependendo das palavras logo em seguida.

Minha avó me encarou maliciosamente entendo a relação daquela conversa.

– Ela? – indagou com um sorriso que cobria o rosto.

Minha expressão ficou mais séria do que já estava e então me levantei do sofá em direção ao quarto.

– Daniel, aonde vai? – perguntou ela. – Volte e vamos terminar essa conversa.

– Depois vó! – gritei enquanto a porta fechava atrás de mim.

***

A tarde inteira foi dedicada pra minha cabeça voltar ao lugar. Eu dormi e são senti alivio nenhum. A dor de cabeça persistia e o pensamento contínuo sobre determinada pessoa também. E tudo culpa de um maldito trecho de um livro estúpido!

– Filho? Você tem visita. – avisou a minha avó na porta do quarto.

Uma sombra atravessou o quarto e quando meu rosto encontrou a claridade da luminária vi Felipe. Ele estava com um casaco marrom sujo de tinta, uma calça desbotada e chinelos velhos.

– Cara, nós precisamos conversar, não acha? – indagou Felipe ao me ver.

Minha avó nos encarou e então saiu do quarto nos deixando a sós. Eu não via Felipe desde a briga que tive com Renan há algumas semanas.

– Como você tá? – perguntou ele enquanto puxava uma cadeira pra sentar.

– Bem. – respondi friamente enquanto me levantava da cama e me sentava de forma que minhas costas encostassem-se à parede.

Ficamos em silêncio por um tempo e então ele puxou o violão que estava perto de onde ele estava sentado.

– Ainda toca alguma coisa? – questionou Felipe soltando uma nota no violão. Eu apenas assenti. – Lembro que quando eu e o Renan conhecemos você, você era apenas um garoto assustado, com medo e sem presença alguma lá fora. Querendo ser reconhecido por ser o “tal”. – ele riu. – nossa amizade era mais do que essa paranoia de provar pra Deus e o mundo quem é o melhor.

– Pois é Felipe. Hoje ninguém é melhor que ninguém. Nós três continuamos sendo o mesmo saco de merda de antes! – exaltei com raiva nos olhos.

– Epa! Não é bem assim que as coisas estão funcionando, Daniel. – discordou ele. – Não sei se a Cathy falou pra você, mas desde aquela briga eu não tenho mais falado com o Renan. Me afastei dele. Foi necessário. Não por mim, mas por ele! O Renan precisa sentir na pele o que é não ter ninguém por perto na hora do aperto. – continuou.

– Do que você tá falando? – perguntei desentendido.

– O Renan está devendo grana para os caras da boca de fumo. Eram mais de quinhentos reais quando eu ainda falava com ele. Hoje eu já não sei.

As palavras do Felipe me atingiram feito pedras. Senti o peso da situação cair sobre mim, corroendo qualquer chance minha de tentar voltar a ser amigo do Renan.

Eu conhecia aquela história. Parecia estar ouvindo a mesma coisa novamente com personagens novos. Eu temia o final. Eu temia o pior.

Meu tio foi assassinado por traficantes. Devia uma quantia absurda pra eles. E eu sinto que Renan não tem muita chance quanto a isso. Os pais não tem muito dinheiro. Do que recebem de salário tiram para sobreviver. Renan tem uma irmã doente, e o pai perdeu as esperanças nele depois que ele foi expulso da escola.

Não havia saída ou alternativa. Correr pra mãe? Não meu amigo, o colo de mãe não vai te ajudar quando um traficante invadir tua casa com uma arma calibre 38 e ameaçar tua família. Pedir ajuda da polícia? Pior ainda. Se você for contar com eles, vai parar na penitenciária por tráfico de drogas e lá dentro eles dão um jeito de te matar.

Era apenas o Renan por si mesmo. E naquela furada eu não me metia.

– Tô limpo, cara. – afirmou Felipe. – parei com a droga.

– Não consigo acreditar em você. Ninguém sai do vício assim. Você sabe muito bem.

– Eu contei pra minha mãe. Semana que vem eu vou pra uma casa de reabilitação. Eu to aqui pra me “despedir”.

Despedida é um saco. E dá dor de cabeça também.

– A Catharina sabe disso? – perguntei.

– Sim, contei a ela hoje cedo. – respondeu ele.

– Eu sinto muito cara.

– Não sinta. Eu vou ficar bem. Já eu não digo o mesmo de você...

– Por quê?

– Sabe que a Cathy vai ficar no teu pé...

– É, eu sei disso. – afirmei.

– Vou sentir tua falta, brother. – disse Felipe enquanto se aproximava. Eu me levantei da cama e o cumprimentei.

– Eu também. – assenti enquanto o abraçava.

No fundo, eu estava orgulhoso da pessoa que Felipe estava se tornando e eu esperava que ele mudasse de verdade. Havia coisas nele que o tornavam alguém melhor. Eu senti que se ele estava conseguindo mudar, eu também conseguiria.

– Sabe quando eu decidi mudar de vez, Daniel? Quando eu decidi o que eu queria pra mim. Não vamos ter dezessete anos pra sempre, cara. A adolescência acaba logo ali, virando a esquina.

– Boa sorte, se cuida lá! – disse a ele.

– E você se cuida aqui.

E Felipe foi embora. Virou a esquina da rua e desapareceu feito a minha adolescência. Estava no fim e isso era perceptível. Tratei de providenciar o que eu queria pra mim. E o que eu queria agora era não mentir sobre as coisas que me aconteciam. Era manter perto de mim aquilo que me fazia bem porque eu sabia que, no fundo, tudo um dia iria acabar. E valia mais apena tentar agora do que lamentar mais tarde.


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Notas finais do capítulo

bjs, sorry again :')