As Nem Um Pouco Felizes Histórias De Amor. escrita por Yang


Capítulo 24
Explicações.


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora de novo! ando muito ocupada.



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#Narrado por Diana#

Após a aula, saí quase que contando os passos rápidos, em ritmo de desespero, fazendo até mesmo Lucas me desacompanhar enquanto caminhávamos para casa.

– Ei Di! Qual o problema? – gritou ele a alguns poucos metros de mim.

Eu parei e tentei transparecer calma e normalidade, mas isso estava fora de cogitação devido o fato de que eu havia saído da escola como uma delinquente em fuga.

– Nada, nenhum. – respondi ainda ofegante por conta da quase corrida.

Lucas veio na minha direção e pões as mãos sobre meus ombros. Numa tentativa de tentar me acalmar, ele repetia várias vezes:

– Apenas respire um pouco mais devagar, ok?

Eu fiz o que ele pediu. Respirei fundo e então finalmente consegui caminhar de verdade, sem correr, sem pensar em nada. Sem pensar em Daniel e na sua descoberta de hoje: meu livro.

– Agora me diga, o que aconteceu? – perguntou Lucas enquanto entrávamos na sala de casa. Eu me joguei no sofá e por um momento me fingi de surda e desentendida, como se não tivesse ouvido a pergunta anterior. – Diana! O que custa me responder?

Eu levantei-me do sofá em um susto perturbador. Minha mãe apareceu na sala e então nós três nos encaramos em sequência: eu olhei para ela, que olhou para Lucas, que olhou para mim, e assim foi até ela fazer o silêncio ser rompido.

– O que está acontecendo? – perguntou ela.

Tudo o que eu não queria agora era que mais duas pessoas descobrissem meus planos sobre o livro. Estava mantendo sigilo sobre isso porque não queria que as pessoas me questionassem ou rissem da minha cara. Não é todo dia que você chega pra alguém e diz “ei, estou escrevendo um livro!”. Imagino os comentários do tipo: “Você não tem experiência para isso”, ou então “você deveria fazer algo mais produtivo. Ninguém mais se interessa por ler...”.

– Nada mãe. Eu estava apenas com muita fome e mal esperava a hora de chegar em casa para almoçar. – respondi enquanto carregava a minha bolsa para o quarto.

Na hora do almoço, era perceptível que minha mãe havia perdido total interesse em saber o que acontecera mais cedo. Porém, Lucas passou o almoço inteiro tentando desvendar alguma coisa a partir dos meus atos na mesa.

– Então Lu, como foi o primeiro dia de aula? – perguntou ela.

– Foi ótimo dona Daniela. A escola é muito boa, e consegui me enturmar com pessoas que fazem... Meu tipo, ou sei lá como chamam. – respondeu ele.

– Isso é ótimo! Assim você não se sentirá tão sozinho. – afirmou ela.

Lucas encarou-me novamente, agora ele levantava uma das sobrancelhas em sinal de questionamento.

– E Diana, como foi seu dia na escola? Eu mal vi você. Depois que você saiu da mesa durante o intervalo, para onde foi? – perguntou ele que agora enrolava o macarrão no garfo.

Eu engoli a seco o pedaço de carne que estava mastigando ainda e então respondi:

– Fui à biblioteca. – respondi.

– Ah! Diana adora ler, Lucas. Deve ter percebido que o quarto dela é repleto de livros. – acrescentou minha mãe.

– É, eu percebi. Talvez lhe dê um livro no seu aniversário que a propósito está chegando...

Eu estava ficando nervosa. Mencionar meu aniversário me fez lembrar a tal surpresa de Daniel, e me fez lembrar também que eu prometi a ele que lhe contaria sobre a história do livro. Sei que muita gente descumpri aquilo que promete, mas comigo era diferente. Eu levava a sério demais e isso atrapalhava minha vida de certa forma porque eu odiava promessas vazias.

– Meu aniversário é daqui a duas semanas, falta muito tempo. – afirmei.

– Quantos anos? Dezessete? – perguntou Lucas. Eu assenti com a cabeça e ele sorriu. Foi um sorriso pretensioso, de quem planejava algo. Aquilo me deu um frio na barriga, e foi pior que encarar Daniel.

***

Fiquei parada em frente ao computador por quase duas horas, sem conseguir digitar uma única palavra para o próximo capítulo do livro. Enquanto a folha branca no Word me fazia refletir após uma sequencia de fatos que ocorreram no dia, recebi um telefonema de Daniel:

– Você está me devendo explicação... – disse ele.

– Ah, e o que você sugere?

– Que me conte!

– Se eu não contar o que acontece?

– Não me responsabilizo por meus atos há algum tempo...

– Você é um garoto comportado agora, Daniel. Não me faria mal, tenho certeza.

– Não teria tanta certeza assim, Diana. Passei boa parte na minha adolescência fazendo besteira.

Fiquei em silêncio, em alerta e em pânico.

– Calma! Não vou fazer nada! – disse ele que depois soltou uma gargalhada que fez eu me acalmar.

– Tudo bem, mas não posso contar por telefone...

– Então vem aqui em casa e me conte seus “podres”.

– Ok, daqui a pouco eu apareço por aí. Agora eu tenho que desligar.

– Então tchau...

Encerramos assim, sem despedidas muito formais. Desliguei o computador, ainda sem digitar uma única palavra. Não sabia se estava sem inspiração ou se estava apenas nervosa. Dependendo da situação, eu deveria confrontar Daniel e despejar confiança em alguém que eu odiava há algumas semanas atrás. Não tinha ideia do que eu estava prestes a fazer. Tinha um enorme medo em me arrepender depois, mas era tão necessário... E mesmo que eu quebrasse a cara, alguma coisa dentro de mim dizia para eu confiar. Como se Daniel fosse a única pessoa no mundo que entenderia isso de uma forma que não fizesse eu me sentir idiota.

– Aonde vai? – perguntou minha mãe quando me viu colocar o notebook em uma bolsa.

– Preciso ir à casa do Daniel levar um trabalho da escola pra ele. – menti.

– Esse garoto não vai à escola? – perguntou ela com os braços cruzados e uma expressão duvidosa no rosto.

– Ele vai, mas hoje ele faltou... – respondi me arrependendo logo em seguida porque Lucas estava na sala e ouvira a conversa. Ele sabia que Daniel havia ido à escola.

Lucas me olhou e depois desviou a atenção para a televisão.

– Tudo bem Diana, vá! Sempre lhe dei crédito de confiança e estou devendo uma à você depois da conclusão errada que tive sobre vocês dois naquele dia. – disse ela.

Minha mãe saiu da sala e eu silenciosamente tentei passar despercebida da situação com Lucas.

– Está mentindo! – sussurrou ele.

– Ah, eu não estou mentindo totalmente!

– Mas aonde você vai?

– Vou à casa do Daniel.

– Fazer o que lá?

Minutos de silêncio. Respirei fundo e respondi:

– Preciso esclarecer algumas coisas a ele.

– Precisa esclarecer para mim também!

– Lucas, eu não posso! Não agora. – afirmei a ele que abaixou a cabeça em sinal de desapontamento.

Segui para a porta e antes de sair olhei para trás e vi Lucas levantar-se da sala e seguir para o quarto. Eu havia magoado-o e isso me fez querer morrer naquele momento.

**

Cheguei a Rua de Daniel e, para a minha desagradável surpresa, encontrei Catharina conversando com um rapaz mais velho. Ela me olhou e depois revirou os olhos. Eu sabia que não era adorada por ela.

Quando eu fui em direção à casa de Daniel, ela incrivelmente me chamou:

– Ei garota! – gritou ela do outro lado da rua.

Eu virei o rosto para trás e então a vi vindo em minha direção.

– Tudo bem, colega? – perguntou ela.

Eu não entendi aquela situação num primeiro momento, então demonstrei simpatia, mesmo que aquilo soasse falso. Não soava. Gritava.

– Estou bem, e você? – eu sorri estonteantemente.

– Bem também mocinha... O que faz aqui? Algum parente mora na rua?

– Não, na verdade eu vim trazer umas coisas para o Daniel. Conhece, não é? – perguntei de forma inconveniente.

– Ah, como eu conheço... – respondeu ela. Logo depois sorriu de forma maliciosa e aquilo me deu nojo.

Ficamos ali, sem mencionar nada uma para a outra, até que Daniel surgiu atrás de mim.

– Diana... Cathy? – ele nos olhava de forma confusa.

– Daniel! Eu estava aqui conversando com essa mocinha. Sua amiga! – exclamou Catharina.

Continuei em silêncio.

– Ah, melhor vocês conversarem outro dia. Vamos Diana. – finalizou ele.

– Até outro dia, mocinha. – a despedida dela soou como um aviso. Ela sabia fazer você questionar qualquer coisa com um simples olhar.

Ao chegar a casa do casmurro, que hoje não estava tão rabugento assim porque já sorrira algumas vezes para mim, não resisto a perguntar algumas coisas:

– Qual o problema dela?

– Não sei... Ciúmes, eu acho. – respondeu ele enquanto me servia um copo d’água.

Eu bebi tudo esperando que aquilo fizesse efeito.

– Pode começar a contar... tudo, detalhe por detalhe... que livro é esse?

– Você está indo rápido demais... Onde está a sua avó?

– Ainda não saiu do clube de costura.

– Ela costura? Que legal! – exclamei surpresa.

– Não mude de assunto, Diana...

– Tá bem... O que você quer saber?

– Sobre esse tal livro que você tá escrevendo...

– Eu? Escrevendo um livro? – eu soltei uma gargalhada para disfarçar. – É claro que não!

Ele não disse nada, mas sua expressão séria me fazia perceber que ele não havia acreditado em uma única palavra.

Continuei quieta e então tirei o notebook da bolsa. Tirei também o formulário que era entregue a quem se inscrevia no projeto. Mostrei a Daniel que leu as três páginas em silêncio e com total atenção. Depois lhe mostrei a pasta com o arquivo do meu livro quase terminado.

– Sim, estou escrevendo um livro...

Ele sorriu de forma sincera.

– Sobre o que se trata? – perguntou.

Pedi a ele que ficasse em silêncio para que eu lhe contasse a história do inicio ao fim.

– É sobre uma garota sonhadora. Muito sonhadora...


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