As Nem Um Pouco Felizes Histórias De Amor. escrita por Yang


Capítulo 23
Um livro?


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora!



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#Narrado por Diana#

- Nervoso para o primeiro dia de aula? – perguntei a Lucas enquanto caminhávamos para o ponto de ônibus.

Ele encarava o chão, apertando as mãos em sincronia.

- Mais ou menos. – ele me olhou por um momento e voltou a atenção ao chão. – Espero que seja diferente dessa vez.

- Como assim?

- Sei lá. Pessoas que me aceitem sem se incomodar com minha maneira de ser. – disse ele.

- Eu sei... Mas, por toda a sua vida você vai encontrar pessoas absurdamente incomodantes, e a única coisa que vai valer apena durante essa fase é... – eu segurei as mãos dele e apertei forte. – Ter gente que se importa com você, que te ama e te aceita, do jeito e da maneira que é.

Ele entregou-se com um sorriso largo no rosto e então disse:

- Você é a melhor irmã do mundo, sabia?

- Não, mas você pode repetir isso o resto do dia para compensar os anos em que estivemos separados. – respondi.

Chegamos ao ponto de ônibus e passamos por aquela rotina que eu geralmente passava sozinha. Agora eu tinha a companhia do Lucas, e isso me parecia muito agradável.

- Soube que daqui a duas semanas você faz dezessete anos... – disse Lucas a mim enquanto sentávamos no assento no ônibus.

- Quem lhe contou? Minha mãe? – perguntei curiosa. Ele assentiu com a cabeça. – Eu não quero festa surpresa, aviso logo.

- Ah, pare com a graça! Assim você estraga tudo. Me diga então o que você quer de presente.

- Sei lá, um livro. – respondi.

- Diana, você tem uma prateleira repleta de livros. Pra quê mais um? – perguntou ele com uma expressão banal no rosto.

- Para ler, ora. – respondi sorrindo.

- Ah Di! Eu vou pensar em um presente pra você.

- Tudo bem Lu, agora vamos andando. Nossa parada é a próxima.

O portão da escola estava aberto. Ajudei Lucas a encontrar sua sala. Era no andar de cima da escola.

- Boa sorte, qualquer coisa você tem meu número e me liga. – disse a ele.

- Digo o mesmo pra você. – replicou Lucas.

Sorrimos um para o outro e então eu finalmente segui para a minha sala.

Daniel estava lá. No mesmo lugar em que sentou na última aula. Eu apenas sorri e ele retribuiu. Nesse instante vi Catharina me encarar de forma agressiva. Eu então desviei a atenção para Flávia que me cumprimentou agradavelmente. Agradável demais até.

- Bom dia Di! – disse ela.

- Bom dia. – me sentei na cadeira antes de perguntar o motivo da euforia. – O que aconteceu?

- Nada! Só estou um pouco feliz hoje! – respondeu ela com um largo sorriso no rosto.

- Tem certeza? Você geralmente fica assim quando está apaixonada ou quando fez alguma besteira que me envolve e não quer me contar... Diz logo: opção um ou dois?

Ela continuou calada e depois respondeu.

- Opção dois. – disse ela. Sua expressão já havia mudado então.

Eu apenas respirei fundo antes de continuar o interrogatório geral antes da aula.

- O que você fez? – perguntei ainda calma.

Flávia olhou para Daniel e depois abaixou a cabeça. Nesse instante Daniel estava mexendo no celular e então não percebeu o nosso diálogo que, provavelmente o envolveria. Já nervosa, repeti a pergunta:

- O que você fez?

Ela me olhou nos olhos e rapidamente respondeu:

- Eu contei para Daniel que seu aniversário é daqui a duas semanas, não me mate! – exclamou ela baixinho.

Eu apenas ri. Estava imaginando o pior e então meu desespero se resumiu a isso.

- Não há nada de errado Flávia.

- Tem certeza? Porque ele disse que vai preparar uma surpresa pra você. Eu nem sei se deveria ter contado isso, mas foi o que ele disse. – Flávia virou-se para frente.

“Espere um pouco...” Pensei comigo mesmo. “Não surte Diana, é apenas uma surpresa”. Continuei pensando. “Ele não vai fazer nada demais. Acalme-se.”

A professora de geografia entrou na sala e passou um gigantesco gráfico com extensas análises. Olhei novamente para Daniel e agora ele já me olhava de volta. Tentei não sorrir porque ainda estava nervosa e pensando na tal surpresa estragada por Flávia.

Recebi então uma mensagem: Daniel.

Dan: Acho que sua amiga estragou a surpresa.

Di: Estava ouvindo nossa conversa?

Dan: mais ou menos... Quantos anos?

Di: dezessete.

Dan: Nossa, você tá ficando velha!

Di: Tá, estou mesmo. Mas então, qual é a surpresa?

Dan: Não vou falar, de qualquer forma continua sendo surpresa. Você não faz ideia do que eu vou fazer.

Di: Ah, eu odeio surpresas!

Dan: porque?

Di: Não gosto da ideia de ter alguém escondendo algo de mim. Bom ou mal, não me acostumo com isso.

Dan: Na verdade, você não gosta de se sentir tola, não é mesmo?

Di: Isso mesmo.

Dan: Então tola, preste atenção na aula. Depois a gente resolve isso.

**

Lucas se apresentava para Flávia no intervalo da escola. Conversaram sobre tudo e mais um pouco. Me senti quase que deslocada. Estava pensando em coisas totalmente opostas a nova coleção da Victoria Secret’s.

- Nossa! Elas são as melhores! Simplesmente! – dizia Lucas.

- Com certeza! Meu sonho era ser uma Angel! – exclamou Flávia eufórica.

Depois disso, conversaram sobre alguma música da Celine Dion, mas a essa altura eu já havia saído de lá.

- Ei, Daniel! – gritei quando o vi passar por mim.

- Oi, o que foi tola? – perguntou ele ironicamente.

- Oh, Lucas está aí. Hoje é o primeiro dia de aula dele.

- E como ele está sobrevivendo?

- Acho que... Bem. – respondi enquanto nós olhávamos ele, Flávia e mais um grupo de garotas rindo em uma das mesas do refeitório. – Melhor até do que eu.

Daniel riu da minha cara de surpresa.

- Olha, ele vai ficar bem tá? Ele é diferente. Isso faz dele alguém quase “inalcançável”. Essa escola só tem figurinha repetida.

- Tem razão. – afirmei enquanto continuávamos caminhando pelo corredor.

- Quer saber de uma coisa: eu não fui com a sua cara por esse motivo. Você me pareceu igual a todo mundo.

- E não sou? – perguntei sorrindo.

- Não, não é. Você não tenta ser diferente. Você é assim e pronto. E não precisa ficar fazendo “a social” com um sorriso no rosto e maquiagem forçada como... – ele encarou algumas garotas no corredor. – Essas garotas.

- Elas são bonitas.

- São bonitas sim, mas não acreditam nisso.

Eu encarei Daniel, admirada e perplexa ao mesmo tempo.

- Você está diferente...

- Acho que é o livro!

Nós rimos e continuamos andando até pararmos em frente à biblioteca.

- Vai entrar aí? – perguntou ele apreensivo.

- Qual é? Tá com medo da biblioteca, casmurro? – satirizei ele.

- Não é isso. Eu tenho uma reputação a zelar. – respondeu.

- Sua reputação, se é que você tem, já foi manchada há muito tempo. – eu entrei na biblioteca, deixando- o no vácuo.

Enquanto procurava por um livro na sessão de literatura brasileira, Daniel apareceu entre os livros, do lado oposta da prateleira.

- Que livro vai ler? – perguntou ele.

- Acho que esse. – eu mostrei a ele o livro “O triste fim de Policarpo Quaresma”.

Continuei caminhando com o livro na mão até a secretária.

- Sobre o que o livro fala? – perguntou Daniel.

- É a história de um brasileiro extremamente nacionalista... E eu ainda não li para contar mais detalhes sobre ele. – respondi. – Mas sei que ele é vai ser tema da nossa prova final, que envolve todos os temas que já estudamos durante o ano.

Daniel ficou calado. Entreguei o livro à secretária e então preenchi a ficha. Até então tudo ia bem, quando recolhi o livro, dona Bernadete me surpreendeu:

- Como está indo com o seu livro Diana? Terminou de escrevê-lo – perguntou ela.

Eu parei na porta, fitando o chão e então me virei para trás e a vi. Daniel tinha uma expressão curiosa no rosto.

- Livro? – perguntou ele.

Alguns alunos que estava na biblioteca não ligaram para aquilo. Continuaram lendo seus livros e então o sinal tocou. Só tinha fôlego para responder:

- Está indo bem, obrigada.

Saí da biblioteca andando rapidamente, implorando aos céus para que Daniel não fizesse mais perguntas.

- Ei! – gritou ele.

Eu parei no meio do corredor e pensava em uma resposta para a suposta pergunta. Não queria que ninguém soubesse sobre o meu projeto. Eu estava escrevendo o livro “em segredo” e faltavam pouquíssimos capítulos para concluí-lo. Não queria ninguém curioso demais a ponto de se dispor a lê-lo.

- O que é? – perguntei com um tom arrogante.

- Livro? Você está escrevendo um livro? – perguntou ele ainda perplexo.

Fiquei em silêncio e só então percebi que estávamos atrasados para a próxima aula.

- Eu te explico depois. Prometo que explico. 


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