Forever Charmed escrita por Bella P


Capítulo 5
Nove Semanas - Parte 2




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A Bruxa do Mar Parte 2

 

Eiri

 

— Mas que... - ouvi a exclamação de Tatsuha assim que terminamos de materializar no meio da sala. - Eiri? Pensei que tinha ido se entender com Shuichi, não pescar. - hah! Meu irmão, o piadista. Só que não.

— Quer falar menos e me ajudar? - a mulher era praticamente um peso morto em meu colo, tentando colocar-se de pé usando como apoio os meus ombros, mas não tendo muito sucesso.

Tatsuha cruzou a sala e a segurou por sob os braços enquanto eu a segurei pela cauda e juntos a colocamos sentada no sofá.

— Temos que fazer a minha cauda desaparecer. É assim que a Bruxa do Mar pode nos encontrar. - ainda não tinha ideia de que tipo de demônio era essa Bruxa, mas não estava disposto a ter a visita dela naquele momento.

— E fazemos isso como? - Tatsuha perguntou a ela com uma sobrancelha erguida.

— Temos que secar as escamas. - foi a resposta dela. Que coisa clichê. Seca ela ganha pernas, molhada vira metade peixe. Tatsuha e eu trocamos olhares.

— Eu pego as toalhas. - ele começou, com o que eu completei:

— Eu pego o secador. - e com isso partimos em direções diferentes para assim cumprirmos com o nosso propósito.

Minutos de procura no banheiro social do segundo andar e finalmente encontrei um secador de cabelo. Logo retornei para a sala apenas para atestar que no meio da confusão, do aparecimento da sereia e do meu feitiço que nos trouxe em uma viagem sem escalas para a mansão, eu havia me esquecido de um fator:

Shuichi.

Eu havia trazido Shuichi comigo e agora ele se encontrava do outro lado sala, praticamente encolhido contra o velho relógio de badalo, mirando com olhos largos e apavorados a mulher sobre o sofá.

— Ela não é uma ameaça. - disse ao entrar na sala, indo na direção dele e tudo que Shuichi fez foi pular no lugar e me olhar com uma expressão de pavor no rosto. - Porque você não me espera no jardim de inverno? - sugeri. Talvez se ele não estivesse tão perto da mulher não ficaria com aquela cara de que estava prestes a desmaiar.

Shuichi me deu como resposta uma negativa de cabeça.

— Pre-prefiro ficar aqui. - porque era mais seguro. Pude sentir emanando dele. Mesmo aterrorizado com a criatura no sofá, ele tinha certeza de que eu o protegeria se algo acontecesse.

Não pude evitar o sorriso diante disto.

— Toalhas! - Tatsuha entrou esbaforido na sala, carregando uma pilha de toalhas, e isso me lembrou o porquê de eu estar com um secador nas mãos.

Procurei a primeira tomada e liguei o aparelho, mirando o seu jato de ar quente sobre as escamas da sereia enquanto Tatsuha completava o trabalho com as toalhas.

— Então... - meu irmão começou com uma expressão curiosa no rosto. - A que devo a honra de uma visita tão súbita? - e lançou um olhar para mim que exigia respostas. Eu apenas dei de ombros.

A mulher que tinha me abordado e dito que estava em perigo e brotado uma cauda do nada, no meio de um beco em uma das ruas mais movimentadas de Tóquio, e me fez apelar para um feitiço às pressas e que nos levasse para um local seguro. Não era como se eu realmente tivesse planejado a visita.

— Eu vi a foto do Uesugi-san na contra capa de um livro em uma loja e logo reconheci quem ele era e achei que ele poderia me ajudar. Na verdade, que todos vocês pudessem. - a sereia explicou.

— Como, exatamente? - Tatsuha perguntou e ela suspirou.

— Meu nome é Lia e eu sou uma sereia. - jura? E eu achando que a cauda de peixe fosse apenas um acessório. - Eu fiquei curiosa sobre o mundo humano, especialmente sobre o amor. Sereias possuem o coração frio como o mar, sentimos, mas não na mesma intensidade que os mortais. Eu queria saber o que era o amor e fiz um pacto com a Bruxa do Mar.

— Deixe-me ver se adivinho. - comecei com deboche. - Ela te deu pernas em troca de alguma coisa caso a sua busca não fosse bem sucedida. Por um acaso, quem sabe, a sua maravilhosa voz cantante? - uma risadinha me fez olhar por cima do ombro para Shuichi que tentava abafar a mesma com as mãos.

Bom. Ao menos ele estava deixando o seu estado de choque.

— Como é? - Lia me olhou com confusão enquanto Tatsuha rolava os olhos e a esclarecia.

— Há uma história no mundo humano sobre uma sereia que fez um acordo com uma bruxa para que essa lhe desse pernas, para assim ela conquistar o homem pelo qual se apaixonou. Em troca, a bruxa pediu como pagamento a voz da sereia, uma voz para o canto extremamente bela.

— Ah! Bem, provavelmente essa história pode ter um fundo de verdade. - Lia explicou e eu não me surpreendi. Metade dos contos de fadas provinham de algum acontecimento relacionado a magia, algum acontecimento real cujo final não foi tão feliz assim.

— Foco pessoal. - a cortei antes que Tatsuha e ela começassem a trocar teorias.

— De qualquer maneira. - Lia continuou. - O acordo era que ela me daria pernas e um prazo para eu encontrar o amor. E eu o encontrei. Quero dizer, quase. Ele não disse que me ama, mas tenho certeza que me ama. E eu tenho até o nascer do sol para obter a confissão dele ou...

— Ou o quê? - perguntei enquanto via as escamas dela retrocederem e pouco a pouco voltarem a ser pernas.

— Ou como parte da barganha ela terá o meu coração.

— Como é? - Tatsuha parou de secá-la com as toalhas para mirá-la com os olhos largos.

— É no coração de uma sereia que está a sua imortalidade.

— Er... - me surpreendi ao ouvir Shuichi e olhei por sobre o ombro para ver que ele tinha se aproximado de nós. - Só por curiosidade: quantos anos você tem? - Lia sorriu para ele.

— Trezentos e cinquenta anos. - e Shuichi arregalou os olhos com a resposta. - Você entende? Depois de tanto tempo, é normal nos sentirmos um pouco solitárias. Querendo algo mais do que simplesmente nadar livremente pelos mares.

A última escama desapareceu e finalmente ela voltou a ter pernas.

— Bem, então tudo o que temos que fazer é convocar essa bruxa e extingui-la. - Tatsuha ofereceu enquanto recolhia as toalhas molhadas.

— Não é tão simples assim. A Bruxa raramente deixa a toca e a mesma é protegida. - Lia explicou. - Somente uma sereia pode encontrar a toca da Bruxa e mesmo que vocês salvem a minha imortalidade, ainda sim, quando o sol nascer, eu voltarei a ser uma sereia por completo se o meu amado não se confessar para mim.

— Você não acha que está pressionando muito? - nossa, Shuichi estava ficando ousado. Parecia que o choque e pavor tinham passado e agora ele estava mais curioso com essa situação toda. Lia somente o mirou com a testa franzida. - Quer que ele diga que te ama, mas há quanto tempo vocês estão juntos? - ela abaixou os olhos diante da pergunta e murmurou alguma coisa. - O quê?

— Eu disse – falou em voz alta. - uma semana.

— E você espera que ele tenha se apaixonado por você em uma semana? - Shuichi soltou incrédulo e Tatsuha deu uma risada de escárnio. - O quê?

— Sério mesmo Shuichi, é o torto falando mal do rasgado. Quanto tempo mesmo levou desde que você conheceu Eiri até se mudar para a casa dele? - eu ri. Tatsuha havia acertado em cheio se as bochechas rosadas de Shuichi fossem alguma indicação.

— Certo, então vamos dividir e conquistar. - sugeri. - Tatsuha, chame Mika aqui para nos ajudar e eu irei ver se encontro alguma coisa no Livro das Sombras. - falei e tomei o rumo da escada para ir para o sótão quando um pigarrear me chamou a atenção e eu olhei por cima do ombro para ver Tatsuha apontando para um Shuichi que parecia perdido sobre o que fazer. - Er... Shuichi? - ele pulou no lugar ao ouvir o seu nome e me mirou esperançoso. - Por que você não vem comigo?

Com um sorriso, ele veio correndo até mim e engatou o seu braço no meu, me fazendo praticamente carregá-lo até o sótão.

 

Tatsuha

Vi o meu irmão e Shuichi sumirem escada acima e sacudi a cabeça. Esses dois realmente se mereciam.

— Mika! - chamei enquanto voltava a minha atenção para a sereia e segundos depois a minha irmã orbitou ao meu lado e arqueou uma sobrancelha ao ver Lia no sofá.

Diante da expressão dela, lhe dei um breve resumo do que tinha acontecido e Mika sacudiu a cabeça, rolando os olhos e soltando um bufo.

— Por que essas coisas só acontecem conosco? - resmungou, cruzando os braços sobre o peito.

— Eu sugiro que você vá atrás do... - franzi as sobrancelhas e voltei a atenção para Lia.

— Todashi. Hongo Todashi é o nome dele. - Lia esclareceu. Hongo... Arregalei os olhos.

O ator Hongo Todashi? - ela enrubesceu e Mika riu. - O que seja. Que você vá atrás do Hongo Todashi e tente convencê-lo a declarar o seu amor por Lia. - Mika me olhou atravessado.

— Porque vai ser perfeito uma estranha abordá-lo e pedir para conversar com ele sobre a sua vida amorosa.

— Mika, não complica! Vá atrás do homem que eu vou ajudar o Eiri em uma forma de localizar e toca dessa Bruxa. - Mika somente rolou os olhos, resmungou alguma coisa contrariada, e sumiu em uma chuva de orbes.

Em seguida eu lancei um olhar para Lia e com um meneio de cabeça a convidei a me seguir até o sótão.

— O que é isto? - ouvi a voz de Shuichi perguntar assim que nos aproximamos da entrada do sótão e Eiri responder:

— Não mexa nisso. Isso é uma poção altamente volátil e extremamente perigosa. - o alerta foi o mesmo que nada, pois assim que passei sob o batente da porta, vi as mãos desajeitadas de Shuichi deixarem o frasco de poção escapar de entre os dedos e esse ir de encontro ao chão.

Ou quase, se eu não tivesse agido rápido e congelado o frasco no meio do caminho. Shuichi, ao ver a poção parada em pleno ar, arregalou os olhos para ela e depois os virou para mim.

— Você fez isto? - ele apontou de mim para a poção e eu suspirei, indo até o frasco e o recolhendo, o colocando cuidadosamente de volta na estante.

— Encontrou alguma coisa? - perguntei à Eiri enquanto colocava as mãos dentro da minha jaqueta de moletom. Desde que fiquei grávido as temperaturas externas estavam me afetando mais do que o normal. Ryuichi suspeitava que fosse a descendência draconiana do bebê, visto que dragões tinham uma temperatura corporal maior do que o normal e por isso eram menos resistentes ao frio.

Exceto os dragões de gelo. Esses além de serem extremamente belos – e que Ryuichi nunca me ouça dizendo isso – aguentam as mais congelantes temperaturas. Dragões de gelo são os clãs oriundos de regiões cuja temperatura média era sempre baixa, independente da época do ano. Ryuichi era um dragão de fogo – como boa parte dos clãs existentes no mundo – por vir de uma região com temperaturas altas durante todo o ano. Pelo que sei, a família dele pelo lado oriental vinha de Hong Kong, pelo lado ocidental, do Mediterrâneo. Não era à toa que ele detestava frio.

E agora, por causa do bebê, eu também.

— O de sempre, o de sempre. Bruxa do Mar, demônio manipulador que vive em uma caverna em algum lugar do oceano e controla as tempestades. Um feitiço com o Poder dos Três resolve o problema. - Eiri me respondeu com um franzir de sobrancelhas.

— O que foi?

— Há aqui um feitiço que ajuda a localizá-la.

— Pensei que somente sereias pudessem encontrar essa Bruxa. - lancei um olhar para Lia que deu de ombros.

— Onde está Mika? - ele me perguntou, ainda com os olhos cravados nas páginas amareladas do Livro.

— Foi atrás do amor da Ariel e tentar convencê-lo de que eles estão destinados a viverem felizes para sempre. - ouvi Shuichi rir da minha piadinha tosca enquanto Lia me dava um olhar confuso. Ela precisava se inteirar rapidamente na cultura pop se pretendia ter uma tórrida história de amor com um humano.

Eiri assentiu com a cabeça antes de erguer os olhos do Livro e praticamente gritar:

— Shuichi, coloque isso de volta no lugar! - girei sobre os pés a tempo de ver Shuichi se assustar com a repreensão de Eiri, atrapalhar-se todo e deixar o frasco de poção cair. Ainda ergui a mão para evitar um desastre, mas fui muito lento e o vidro se espatifou no chão, respingando líquido roxo para todos os lados.

Felizmente não era a poção explosiva que ele mexia mais cedo. Mas, ainda sim, teve um efeito catastrófico.

Uma das gotas foi diretamente para a perna de Lia e isso foi o suficiente para fazer as mesmas serem substituídas por uma cauda de peixe. Lia foi ao chão como um peso morto, soltando um grunhido diante do impacto, enquanto Shuichi dava a ela um olhar de cão perdido. Ouvir Eiri resmungar às minhas costas e quando virei para dizer algo à ele, o vi arregalar os olhos e gritar:

— TATSUHA! - esse foi todo o aviso que eu tive antes de ser esbofeteado com força o suficiente para ser lançado através do sótão e em cima de Eiri, indo ao chão junto com o meu irmão, o pódio e o Livro das Sombras.

— Por que eles sempre acertam na cara? - resmunguei, sentindo a minha bochecha começar a latejar de dor no que mais tarde se tornaria um belo hematoma.

— SHUICHI! - Eiri gritou no meu ouvido, piorando o zumbido nele, e eu olhei por cima do ombro para ver Shuichi preso em um tubo de água, praticamente se afogando.

Desta vez a minha reação foi rápida e mirei um estouro no demônio que com uma mão segurava o braço de Lia e com a outra erguida na direção de Shuichi, mantinha o tubo d'água.

Atingi o meu alvo no ombro e com a dor e concentração dispersa, o tubo se desfez. O demônio voltou o seu rosto de uma mulher pálida e enrugada em minha direção, e me sorriu com dentes podres e amarelados antes de sumir com Lia em um piscar de olhos.

— Então... – disse enquanto saia de cima do meu irmão e o ajudava a se levantar. - presumo que aquela era a Bruxa do Mar. - Eiri me olhou atravessado enquanto erguia o pódio de volta ao seu lugar e depositava o Livro sobre ele.

Logo o seu olhar irritado foi para Shuichi.

— Eu disse que era para você não mexer em nada. - praticamente rosnou para o cantor completamente ensopado do outro lado do sótão e quando ele abaixou a cabeça envergonhado, me lembrou um filhote de cachorro abandonado na chuva.

— Desculpe. - ele falou e eu suspirei.

Demônio conseguiu sequestrar Inocente bem sob os nossos narizes. Essa novela estava ficando muito repetitiva para o meu gosto.

 

Shuichi

 

— Obrigado. - disse enquanto aceitava a xícara de chá quente que Tatsuha me ofereceu, encolhendo-me mais sob o roupão que vestia enquanto as minhas roupas molhadas se encontravam na secadora.

— Eu disse para não mexer em nada! - Yuki bradou mais uma vez o discurso que ele estava repetindo há minutos desde que aquela mulher estranha apareceu, quase me afogou e depois sumiu levando com ela a sereia. 

— Eiri. - Tatsuha chamou em um tom de advertência e quando Yuki olhou para ele, ele sacudiu a cabeça em uma negativa. Isso pareceu surtir efeito, pois a raiva que eu via brilhando nos olhos claros do meu namorado rapidamente sumiu.

— Precisamos de Mika e do feitiço. - Yuki disse.

— Eu vou buscar o Livro. - foi a resposta de Tatsuha para logo em seguida ele dar as costas para nós e subir as escadas, deixando Yuki e eu sozinhos na sala.

— Me desculpe. - achei melhor pedir pela enésima vez porque sabia, embora ainda não compreendesse por completo as regras do mundo da magia, que eu tinha feito uma enorme burrada.

Yuki suspirou e sentou na mesa de centro em frente a mim que estava praticamente encolhido contra as almofadas do sofá. Ficamos em silêncio por um tempo, comigo soprando o chá entre as minhas mãos e com Yuki mirando com desinteresse a lareira na sala, até que ouvimos os passos de Tatsuha na escada e ele retornando ao primeiro andar com aquele livro estranho nas mãos.

— Vejo que a conversa foi interessante. - Tatsuha zombou e pela primeira vez, desde que cheguei na casa, pude repará-lo melhor.

Eu não via Tatsuha desde o aniversário dele, quando fizemos um jantar íntimo em um restaurante em Tóquio e depois ele foi levado embora por Ryuichi para uma comemoração particular. Mas pelo tempo que o conhecia, podia perceber que havia algo diferente nele. Eu só não conseguia decifrar o quê.

— Bem, já temos o feitiço. - Yuki levantou-se em um pulo. - Agora só falta Mika... - mal terminou de falar e luzes azuladas acompanhadas de um tilintar surgiram ao lado dele, tomando em poucos segundos a forma de Mika.

— Pela ausência de um certo ator famoso ao seu lado... - Tatsuha começou a dizer em um tom de deboche. - acredito que a conversa não foi muito bem sucedida. - a resposta de Mika para ele foi um olhar atravessado.

— Onde está Lia? - ela perguntou ao ver que faltava uma certa sereia em nosso grupo e eu abaixei a cabeça, me sentindo ainda mais culpado.

— A Bruxa do Mar conseguiu levá-la. - Yuki respondeu e eu o mirei por entre os cílios para vê-lo lançar um olhar de advertência para Mika quando essa abriu a boca para dizer alguma coisa, mudando de ideia em seguida e permanecendo calada. - Temos um feitiço de localização e para extinguir a bruxa. Portanto, isso já basta. - e ele pegou o livro das mãos de Tatsuha e o folheou até a página que lia mais cedo.

Tatsuha parou ao lado de Yuki para ler por sobre o ombro dele enquanto eu ainda o observava quietamente, querendo compreender o que havia de diferente no caçula dos Uesugi.

Bruxa do Mar distante em seu covil, preenchida de um sentimento vil, encontrá-la iremos de maneira sutil.— Tatsuha leu e franziu as sobrancelhas. - Poético e simplório. Quem escreveu esse feitiço?

— Isso tem a marca registrada da nossa... - Yuki começou a explicar mas de repente parou, arregalou os olhos e eu o imitei quando vi luzes prateadas o envolverem e ouvi um baque indicando que o livro foi ao chão.

Em um pulo me levantei do sofá no mesmo instante em que Mika e Tatsuha corriam para auxiliar Yuki, mas congelei os meus movimentos, assim como os outros irmãos Uesugi, quando as luzes finalmente desapareceram e deixaram a mostra o novo Yuki.

Tatsuha começou a gargalhar prontamente, sendo imitado por Mika, enquanto eu olhava horrorizado para o meu namorado caído no chão.

Porque agora ele tinha uma cauda. Uma cauda de peixe no lugar das pernas.

— Yuki você está... - engoli qualquer pergunta que iria fazer simplesmente porque Yuki me olhou de uma maneira que me fez questionar se um dos poderes dele era lançar raio laser pelos olhos.

— Por que isso sempre acontece comigo? - ele rosnou, rolando no chão, procurando uma maneira de se sentar, e eu me perguntei se essa era a primeira vez que o meu namorado virava uma criatura mítica.

Tatsuha e Mika, ainda rindo da situação, cada um segurou em um braço de Yuki e o ajudou a se levantar, o sentando novamente sobre a mesa de centro.

— Lia disse que somente uma sereia poderia encontrar a toca da Bruxa do Mar. - Tatsuha explicou, mas isso não pareceu melhorar o humor de Yuki.

— Mas por que eu? Por que não Mika que é mulher? Ou você que disse o feitiço? - ele fez um biquinho petulante adorável. Tatsuha e Mika somente deram de ombros.

— Não vamos ficar presos nos 'por ques' e vamos logo atrás da Lia. - Mika tomou as rédeas de situação, pousando uma mão sobre o ombro de Yuki enquanto Tatsuha fazia o mesmo com o outro.

— Espera! - Yuki gritou e lançou um longo olhar para mim que observava toda aquela loucura calado. - Não podemos deixar Shuichi sozinho aqui. - eu franzi as sobrancelhas e o mirei de volta.

Por quê? Não era seguro? O que poderia acontecer?

Mas pelo olhar que Tatsuha e Mika estavam me dando, acredito que tudo poderia acontecer se eu fosse deixado sozinho na mansão.

Tatsuha fechou os olhos por um momento, inspirando profundamente e ficando em silêncio por um minuto antes de reabrir os olhos.

— Eu chamei o Ryuichi. Ele está vindo para fazer companhia ao Shuichi. - Ryuichi? Ryuichi Sakuma? Como assim Tatsuha o chamou e como assim ele viria de Tóquio à Kyoto em tão pouco tempo?

— Então vamos! - Mika ordenou e eu ainda pude ver um último olhar preocupado de Yuki sobre a minha pessoa antes deles três desaparecerem naquele monte de luzinhas azuis.

E assim que eles desapareceram, o ar pareceu tremular ao meu lado por um segundo e no segundo seguinte Ryuichi apareceu.

Soltei um grito, caindo sentado no sofá diante do susto, e mirei com olhos largos o meu grande ídolo. Ryuichi somente sorriu diante da minha reação e olhou a sua volta por um breve momento antes de voltar a atenção para mim.

— E os irmãos? - me perguntou e eu abri a boca para explicar a situação, mas não tinha certeza até onde Ryuichi sabia. Isto até que ele desviou o olhar de mim para o livro caído, aberto, no chão e compreensão pareceu surgir em seu rosto. - Bruxa do Mar? - perguntou em um tom que indicava que não esperava respostas, enquanto recolhia o livro do chão. - E precisa do Poder dos Três. - e a expressão dele mudou para algo de desagrado enquanto ele fechava o livro em um estalo e o colocava sobre a mesa.

— Você parece bem inteirado no assunto. - perguntei hesitante e trouxe para perto de mim a xícara de chá que parecia a minha âncora para a realidade diante de todas as loucuras que aconteceram recentemente.

Ryuichi somente riu e empurrou o livro para o lado, sentando-se na mesa de centro bem na minha frente.

— Deixe-me te contar a história de como fiquei conhecendo à fundo os segredos da família Uesugi.

E ele começou a me contar sobre como, anos atrás, depois da morte da avó, Ryuichi descobriu que a mesma fazia parte de um clã de criaturas que eu achava que eram somente parte do folclore de alguns países. Assim como ele também achou. Me contou sobre um Caçador que tentou matá-lo para adquirir os poderes de sua família, sobre como os irmãos o ajudaram e qual era a importância deles no mundo mágico.

Aparentemente os irmãos Uesugi eram três bruxos profetizados que no mundo mágico recebiam o título de Encantados. Três bruxos do bem extremamente poderosos cuja missão era proteger pessoas ou criaturas inocentes dos ataques de demônios e outras criaturas das trevas.

— Eu sei que é muito para absorver. - Ryuichi me disse quando terminou o relato que mais parecia o enredo de um filme de fantasia. - Para mim também foi difícil no começo, mas se você ama o Eiri vai ter que aceitar todas as facetas dele. Inclusive a mágica. - mirei Ryuichi longamente.

Para ele era fácil falar. Ele era um dragão mágico, estava há anos neste universo e não tentou matar o próprio namorado quando estava sob a influência de um demônio. Então ele não podia dizer que entendia o que eu estava sentindo. Era muita loucura para a minha cabeça e a coisa que mais me magoava era que Yuki, em nenhum momento, pensou em me contar a verdade.

Isso mesmo. Não era a magia ou a culpa do que eu fiz para ele que machucava. Era o fato de que Yuki me disse que confiava em mim mas provou sentir o contrário. Precisou de um ataque para ele me dizer a verdade. Depois de seis anos juntos. E fico pensando: se eu não tivesse caído nas garras daquele demônio, algum dia ele iria me dizer que era um bruxo? O que mais ele anda escondendo de mim?

— Magia é uma coisa que a maioria da população mundial acredita ser somente fantasia. Então, quando você cresce neste mundo é ensinado rapidamente a manter segredo sobre o assunto. O ser humano tem a péssima mania de reagir violentamente a aquilo que não compreende. - Ryuichi explicou, como se tivesse lido os meus pensamentos e achasse que estava em posição de se justificar por Yuki.

— Seis anos, Sakuma! Seis anos e ele nem ao menos considerou me contar a verdade. - o respondi atravessado e Ryuichi me deu um sorriso divertido.

— Mika levou dez anos para contar a verdade ao Tohma. - só que nós não estávamos falando do relacionamento de Mika e Tohma, mas sim meu e de Yuki.

— Eu não sei se vou conseguir. - murmurei.

A adrenalina de tudo o que aconteceu na última hora finalmente tinha abaixado e agora eu podia avaliar melhor a situação. Se viver com Yuki consistiria em estranhos nos abordando, ataques que poderiam surgir do nada e ser exposto constantemente ao perigo, não sei se conseguirei aguentar isto.

— Uma vez eu perguntei à Tohma como ele conseguiu aceitar tão rapidamente o fato de que Mika era uma bruxa. Sabe o que ele me disse? - sacudi a cabeça em negativa. - Ele me disse que poderia não parecer, mas ele amava Mika, mais do que tudo, e percebeu que ser uma bruxa era o que ela era e que se ele a fizesse escolher, sabia que sairia perdendo.

— Como? - perguntei com uma voz sumida.

— O poder dos Encantados não vem de anos de prática de magia, de uma longa linhagem de bruxos, ou da incrível compaixão que eles possuem. Vem da forte ligação fraterna que eles têm. Fique certo disto Shuichi: não há ninguém capaz de separá-los e se for para escolher entre você e os irmãos, tenho certeza que Eiri escolherá os irmãos. Perdê-lo irá matá-lo aos poucos, mas ele sempre escolherá os irmãos. Então, por favor, não o coloque nessa posição.

— Desde quando você ficou tão sábio? - resmunguei, colocando a xícara sobre a mesa e recostando no sofá, cruzando os braços sobre o peito.

Esse Ryuichi todo reflexivo não era algo que eu estava acostumado a ver. Verdade que ultimamente ele tem deixado a personalidade infantil de lado. Até porque, não estava mais com idade para essas atitudes. Mas, mesmo sendo o meu grande ídolo, ainda sim nunca o vi com essa postura tão calma e falando palavras que por mais que me irritassem, não deixavam de ser verdadeiras.

— Você quer alguma coisa para comer? - me ofereceu com uma normalidade como se ele fosse o anfitrião da casa. O que não deveria estar muito longe da verdade. Ouço boatos pela NG de que Ryuichi passa todo o seu tempo livre em Kyoto. Ou seja: com Tatsuha.

Como resposta, fiz um não com a cabeça. Estava com o estômago muito embrulhado diante de tudo o que aconteceu para comer qualquer coisa. Ryuichi somente deu de ombros e levantou-se da mesa.

— Bem, eu vou dar uma espiada na geladeira. Se precisar de mim, é só chamar. - e partiu em direção a cozinha, me deixando sozinho na sala.

O vi ir além da copa e porta da cozinha e assim que ele desapareceu das minhas vistas, voltei o meu olhar para o livro sobre a mesa. O livro que Eiri lia mais cedo.

Curioso, o recolhi, apoiando o grande e grosso tomo sobre as minhas coxas. A capa era de um couro envelhecido e gasto em um tom verde musgo. De entre as folhas aparecia um marca páginas de tecido, seda se não me engano, vermelho. Na capa havia um relevo, um símbolo. Linhas entrelaçadas dentro de um círculo. E eu conhecia aquele símbolo. Se não me engano, o mesmo se chamava Tríquetra.

Abri o livro, vendo páginas amareladas com ilustrações e dizeres, alguns em uma caligrafia rebuscada, outros em letras góticas. Algumas tinham imagens de criaturas estranhas, outras eram de forma bem humanoide e em várias páginas havia receitas do que percebi serem poções ou feitiços.

Arregalei os olhos quando virei uma página e vi um desenho realista de Ryuichi me encarando sob o título: Dragões do Tempo. Curioso, li a entrada sobre o que eram os dragões do tempo e a observação no rodapé da página que dizia que Ryuichi era o último de seu clã, por isso da imagem dele ser a única no livro. Continuei o folheando até que em um momento o conteúdo acabou e eu fui cumprimentado por páginas em branco.

— As informações do Livro das Sombras são inseridas pelos próprios integrantes da família Uesugi. Quanto mais criaturas mágicas eles encontram ou demônios eles enfrentam, mais o livro cresce. É como se fosse uma Wikipédia mágica. - ergui os olhos das páginas para Ryuichi que retornara à sala com uma xícara de chá em uma das mãos e um prato de biscoitos amanteigados em outra.

— Há uma entrada sobre você. - falei e ele riu.

— Eu sei. Eu a coloquei aí. Mas toda a história ocuparia muitas páginas do livro, por isso coloquei uma anotação sobre referências que gerações futuras podem consultar para esclarecer mais dúvidas.

— Gerações futuras? Fala de bruxos ou outros dragões do tempo? Pensei que você fosse o último. - Ryuichi me deu um sorriso misterioso e colocou o prato com biscoitos sobre a mesa.

— Quer uns biscoitos? Tatsuha que fez. E os biscoitos dele são divinos.

Dei outra negativa de cabeça para ele quando o relógio badalou cinco da tarde, mostrando que fazia pelo menos uma hora que os irmãos tinham partido.

— Você não acha que eles estão demorando? - perguntei preocupado e Ryuichi deu de ombros.

— Eles estão bem. - como ele poderia ter tanta certeza? - Acredite em mim, eu sei. - por um acaso um dos poderes de Ryuichi era ler mentes? Não havia nada mencionado na entrada do dito Livro das Sombras.

— Você me disse que a ligação entre Eiri e os irmãos é o que os tornava poderosos. Que se eu o fizesse escolher entre magia e eu, que sairia perdendo. - Ryuichi assentiu com a cabeça, indicando que me ouvia e que acompanhava o meu raciocínio. - Mas eles nunca me pareceram tão próximos assim.

Quando o conheci, Eiri fazia questão de ignorar as visitas e ligações de Mika e de negar os pedidos de Tatsuha para ficar no apartamento quando o garoto ia à Tóquio para assistir um show do Nittle Grasper. Ou o pedido do pai deles de visitá-lo em Kyoto.

Como resposta, Ryuichi riu brevemente.

— Também achava a mesma coisa quando os conheci, até perceber que é assim que eles interagem e demonstram a sua preocupação e amor um com o outro. Mika é a mais velha e acha que tem que ser a mãe de todos à ponto de pegar no pé dos meninos e deixá-los irritados diante de tanta proteção. Eiri é o do meio e por ser um empata, tenta se fazer de durão porque quer servir de bom exemplo para o Tatsuha e não ser paparicado por Mika, mas no fundo ele é um coração mole que gosta da atenção. Tatsuha é o caçula quem os irmãos querem proteger e ficam frustrados por não conseguirem na maior parte do tempo porque ele sempre foi do tipo independente, desde criança. E se você fizer mal a algum deles, pode ter certeza de que os outros irão destruí-lo como feras vorazes protegendo a cria.

— Isso é um aviso? - porque me pareceu um aviso. Um alerta de que se eu tomasse a decisão errada em relação ao Yuki, teria o meu fígado arrancado por Mika para ser usado como iguaria em alguma das experiências culinárias do Tatsuha.

Um barulho vindo do segundo andar interrompeu a nossa conversa e eu mirei com apreensão a escada, voltando o meu olhar para Ryuichi que tinha as sobrancelhas franzidas. O meu coração pulou no peito diante da possibilidade de estarmos sob ataque, mas quando a expressão de Ryuichi desanuviou, fiquei mais tranquilo.

— Eles voltaram. - declarou no momento em que ouvi passos nas escadas e vi Tatsuha descendo os degraus. - E Mika e Eiri? - perguntou antes que eu pudesse dizer qualquer coisa.

— Mika voltou para Tóquio e Eiri está trocando de roupa. Quando o feitiço se desfez, as roupas dele não voltaram como esperávamos. - Tatsuha disse com um riso disfarçado e eu percebi que Ryuichi o mirava de maneira intensa.

Havia uma mancha roxa na bochecha dele, o moletom que Tatsuha usava mais cedo não estava mais lá e a camisa de manga comprida estava suja e com alguns rasgos.

— Mika não o curou? - Ryuichi apontou para o roxo no rosto de Tatsuha.

— É só um hematoma, logo desaparece.

Desviei a minha atenção da conversa deles quando vi Yuki descer as escadas vestindo um conjunto de moletom e meias grossas, junto com pantufas. Arqueei as sobrancelhas, pois nunca o vi trajar nada que não fossem roupas de grifes, até mesmo em nosso apartamento em Tóquio, e me perguntei mais um vez se eu realmente conhecia o meu namorado.

Acompanhei Yuki com o olhar, o vendo dirigir um sorriso divertido na direção de Tatsuha e Ryuichi que discutiam algo ao qual eu estava alheio, ocupado demais em apreciar a postura relaxada do homem que se sentou ao meu lado no sofá.

— Você é impossível! - Tatsuha soltou em um tom exasperado e rolou os olhos, dando as costas para Ryuichi e indo para a cozinha. Sakuma logo o seguiu.

— Adoro quando eles discutem. Tatsuha geralmente usa o fogão para desestressar e cozinha mais do que pode comer. - Yuki comentou ao meu lado.

— Yuki... - comecei, não sabendo direito o que dizer.

Eu não reconhecia neste homem de moletom, meias, cabelo úmido e expressão relaxada o meu namorado. Este era um escritor sisudo, que fumava um maço de cigarros por dia, sofria de insônia e estava sempre com os prazos atrasados.

— Quem é você e o que você fez com o meu Yuki? - perguntei em um tom choroso. Porque era isso o que eu tinha vontade de fazer: chorar. O meu relacionamento nos últimos seis anos era uma mentira que ia além do fato de que Yuki escondeu de mim a sua magia. Havia mais facetas nele que eu não conhecia.

Ele disse que confiava em mim. Ele simplesmente mentiu.

Yuki suspirou.

— Eu estou aqui. Este sou eu. - respondeu e eu sacudi a cabeça em negativa.

— Não! Não é! Você disse que confiava em mim e mesmo assim aqui está você, agindo de uma maneira que eu tenho a impressão de ser o seu eu verdadeiro enquanto que, comigo, você é sempre fechado e distante. - quase gritei e o vi fazer uma careta e encolher os ombros como se tivesse lhe dado um tapa.

— Me desculpe. - arregalei os olhos.

Esse não era o Yuki. O meu Yuki não pedia desculpas ou não me olhava com aquela expressão culpada.

— Shuichi... A minha relutância em me envolver com você não foi o fato de você ser um homem, ou ser mais novo do que, ou ser um aspirante a cantor, ou qualquer desculpa que eu tenha usado no passado. Foi simplesmente porque você era você. Cheio de vida, de energia, de emoções. - ele enfatizou de uma maneira a última palavra que eu tinha a sensação de que começava a compreender o dilema dele. - Eu confio em você. Apenas não consigo relaxar perto de você.

— O quê?

— Você é super emotivo Shuichi e projeta as suas emoções de maneira tão intensa que, às vezes, elas conseguem penetrar nas barreiras que eu criei com os anos de treinamento. Se eu me sinto mais à vontade ao lado dos meus irmãos, Tohma e até mesmo Ryuichi, é porque eles também treinaram intensamente para bloquearem as emoções de modo a não me afetarem. Ser um empata não é fácil.

— Está querendo me dizer que o fato de você ser tão distante comigo é culpa minha? - podia sentir as lágrimas começarem a rolar dos meus olhos.

— Sim e não. Você não pode deixar de sentir, a sua personalidade expansiva e apaixonada é quem você é, é o que me atrai em você. Mas também me enlouquece às vezes. Mas a culpa também é minha. Se eu tivesse te contado a verdade mais cedo, poderia tê-lo treinado, assim como Tohma e Ryuichi treinaram, para ajudá-lo a controlar as suas projeções.

Sequei as lágrimas com as costas das mãos, tentando segurar o choro porque pelo brilho nos olhos de Yuki percebi que mais uma vez eu o estava machucando com as minhas emoções, e abaixei a cabeça, mirando as minhas mãos sobre o meu colo.

— Shuichi. - senti as pontas dos dedos dele sob o meu queixo, me fazendo erguer a cabeça para olhá-lo nos olhos. - A culpa não é sua. Nem todas as avalanches de emoções são ruins. Na verdade, muitas dela me ajudaram nesses anos a me recuperar pouco a pouco do que o Kitazawa fez. - ofeguei diante da declaração dele tão sincera. - Confesso que no começo eu tinha medo do amor que sentia emanar de você. Não sabia lidar com isso direito porque ficava me perguntando: como alguém pode amar uma criatura tão defeituosa como eu? Mas a medida em que os anos foram passando percebi que essa era a minha segunda chance. Que você era a minha segunda chance.

— Yuki... - solucei e num gesto impulsivo me joguei contra ele, o abraçando pelo pescoço e escondendo o meu rosto em sua nuca, sentindo o aroma gostoso que definia Yuki invadir o meu nariz.

Me afastei dele minutos depois de um abraço em silêncio, mirando aqueles belos olhos que eu amava tanto.

— Eu... eu te amo Yuki...

— Mas? - inspirei profundamente.

— Mas vai levar um tempo para me acostumar com tudo isso. - falei, fazendo um gesto largo com o braço que terminou comigo apontando para o Livro das Sombras sobre a mesa.

Yuki sorriu. Um sorriso raro e brilhante.

— Eu posso viver com isso.


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