The Roommate escrita por Reet


Capítulo 5
Capítulo 4 Curiosidade


Notas iniciais do capítulo

HAI Õ7
Obrigada por todos os comentários! Eu respondi todos, e gostaria que os leitores fantasmas aparecessem, nem que pelo menos uma vez para contribuir com a fanfic.
Agradecimento especial a Sophia (u/149770) e ao Higgor (u/235264) pelas recomendações muito lindas que eu a~m~e~i muito ♥ ♥
O capítulo foi "revisado" por Andrews (http://ask.fm/nothingawful), mas ele não fez praticamente nada dessa vez hueheuheh mesmo assim, foi de grande ajuda, acho que o capítulo saiu completamente da cabeça dele.



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– Alexis...

Não era a voz de ninguém da minha família, o que normalmente iria me fazer abrir os olhos e pular da cama com uma grande rapidez, ou segurar meu cobertor com força para não olharem meu rosto debaixo do meu casulo. Mas eu não tinha um cobertor ali e no segundo seguinte, senti dedos gelados tocarem meus pés, e todos sabem que eu sinto cócegas com a maior facilidade.

Puxei os pés e virei o rosto para uma superfície de couro, gelada e confortável.

– Eu não levo jeito para acordar ninguém, então facilite o meu lado ou eu vou te jogar do sofá.

Se não tivesse mencionado, eu não iria perceber que estava deitada em um sofá, mas agora que mencionou, me deixe em paz.

– Alexis, será que você poderia abrir os olhos? – Bradley murmurou, mais alto do que antes, mas ainda estava murmurando.

Arregalei os olhos e o encarei. Ele tinha uma mão apoiada ao meu lado, na beirada do sofá, e a outra, nas costas do móvel, fazendo assim com que pudesse abaixar o rosto até o meu e, bem, fazer o que estava fazendo. Ao que me viu acordada, Bradley destrincou os dentes e se afastou um pouco, parecendo satisfeito e um pouco risonho.

– É claro que nada disso seria necessário se você não estivesse com as pernas em cima de mim, me impossibilitando de sair daqui.

Enquanto eu acordava para a realidade e me lembrava lentamente de tudo que havia acontecido, Bradley me encarava pacientemente, mas suas mãos deslizaram por minhas pernas e chegaram novamente aos meus pés – a pizza tinha chegado e com isso, nossa noite se resumiu em comer todos os pedaços e mudar os canais da televisão entre dois filmes, o que eu queria ver e o que ele estava vendo: Zoombieland e Eternal Sunshine Of The Spotless Mind. E eu não precisava especificar qual era o meu filme e qual era o dele, até agora ficou bem claro. Ele se manteve reclamando o quanto detestava zumbis – e eu só queria dar um tiro na cabeça dele –, até que eu desisti e decidi assistir ao outro filme. Deitei a cabeça de tédio, e é claro que adormeci. E agora, ele estava fazendo cócegas nos meus pés!

– Não faça isso! – juntei os pés e arregalei os olhos. Bradley sorriu.

– Você sente cócegas?

– É claro que sim!

– Que fofa, fazer cócegas é engraçado. – Bradley sorriu como se estivesse me testando, e no fundo, ele estava mesmo, idiota.

– Odeio cócegas, não é engraçado, não é fofo e eu vou chutar sua cara – talvez eu tenha sido um pouquinho agressiva, mas ele riu. O problema é que no momento seguinte, ele estava sentado em cima das minhas pernas, de costas para mim. Fazendo cócegas.

Aquilo era uma tortura! Meu corpo reagia com espasmos e risadas, e eu tentava de todas as formas puxar as minhas pernas, mas Bradley era muito mais pesado e isso estava sendo impossível. Ele estava se divertindo ao me torturar? Acertei tapas em suas costas. Os primeiros tapas não obtiveram efeito, mas então ele parou, arqueando as costas e olhando para baixo. De relance, vi seus olhos fechados enquanto mordia o lábio inferior, com o rosto contorcido em uma expressão de dor. Ou será prazer?

Então eu me lembrei, e parei de acertar–lhe tapas.

– Bradley? – chamei, ele murmurou como resposta. Levei meus dedos à sua camiseta e puxei de baixo para cima, fitando suas costas.

Dizer que suas costas estavam vermelhas era bondade. Elas estavam coloridas por diversas marcas roxas, verdes e vermelhas. Eu sentia como se o mínimo contato fosse extremamente doloroso. E eu tinha a impressão de que era, e Bradley não dava a mínima para isso. Soltei a camisa e ela cobriu as costas dele novamente.

– Isso não está doendo? – perguntei. Ele, que ainda estava de costas para mim, deu de ombros. – Você não se importa?

– Um pouco. – finalizou a conversa sem que eu permitisse ao se levantar das minhas pernas e sair andando pela sala.

Eu balancei a cabeça e me levantei do sofá, desligando a televisão que estava passando os créditos do filme que ele assistiu.  Já estava de madrugada, mas eu não sentia mais sono. A menos que dormir no sofá com Bradley voltasse a ser uma opção, então a história muda, eu ficaria com sono rapidinho.

Reprimi uma risada e fitei um Bradley de costas do outro lado da sala, com a cabeça encostada no vidro frio da janela. Ele não fazia nada mais do que respirar. Pensei em avisar que estava indo dormir, mas, sem brincadeiras, alguma coisa me puxava para perto de Bradley, e mesmo que mal tivéssemos intimidade, eu queria ficar mais perto daquela incógnita.

E como eu nunca fui boa em matemática, sabia que estava longe de descobri-la.

Aproximei e encostei a testa no vidro da janela, observando a paisagem. Era escura, e pelo vidro eu sentia que era fria, nada de mais, porém, parecia que Bradley estava entretido.

– Você vai dormir agora? – era esse tipo de pergunta ou falar sobre o tempo, que seria muito mais broxante.

– Não, eu–

Assim que ele virou o rosto na minha direção para me responder, eu fiz o mesmo, o que acabou causando uma imediata colisão da minha testa com o queixo do mais alto. Murmurei um gemido de dor e massageei a testa, cambaleando para longe. Céus, que queixo! Eu devo ter perdido algum pedaço do cérebro medindo pela dor que se instalou na minha testa. Tive coragem para abrir os olhos, e Bradley também parecia estar sentindo dor no queixo. Ele me encarou e rapidamente encurtou o espaço que havia entre nós, segurando meu rosto dos dois lados.

– Machucou muito? – perguntou apressado, encarando minha testa. Teria me deixado desconfortável com a proximidade que eu rapidamente notei, mas, pelo contrário, eu estava muito confortável.

– Sem dúvidas, perdi alguns parafusos – franzi a testa. Tudo bem, foi uma péssima piada. Ele até forçou uma risadinha.

– Vai sobreviver – e abaixou os olhos para o meu rosto, soltando as mãos e ergueu as sobrancelhas como se tivesse achado algo muito interessante para observar, no caminho entre meus olhos e minha boca.

Minha grande capacidade de quebrar o clima me fez rir que nem uma boba, o que acabou fazendo Bradley rir também. Nos afastamos quase que ao mesmo tempo e eu olhei para baixo, procurando o chão que não parecia estar mais sob meus pés.

– Vou dormir – resmunguei. – Até amanhã, então?

– Não coloque fogo na cozinha ou me acorde para fazer seu café da manhã.

Seguimos pelo corredor, eu entrei no meu quarto e fechei a porta. E me lembrei de como aquela cama parecia macia e como ela me chamava para dormir por uma eternidade. Procurei por um pijama, que acabou sendo uma blusa de banda enorme e tão ultrapassada que eu nem me lembrava mais de alguma música, e me joguei na cama, abraçando os travesseiros brancos e sentindo o sono... ir embora com uma velocidade impressionante.

De repente, eu me peguei olhando para o teto, sem a menor vontade de dormir e sentindo os minutos se arrastarem. O pior era quando as cenas do dia começavam a povoar minha cabeça, e então eu me levantei de uma vez e me perguntei o que eu iria fazer. Talvez andar pela casa, tomar alguma lata de refrigerante. Então abri a porta do quarto e olhei o corredor escuro.

Três portas. E uma delas, eu ainda não sabia o que tinha dentro. Algo me puxou até aquela porta, e quando me dei conta, estava tentando abrir a maçaneta que estava trancada. As portas dessa casa tinham algo contra mim. Mas agora eu realmente queria saber o que tinha dentro, afinal, por que estava trancada? Era só um quarto. Que a chave deveria estar em algum lugar.

Novamente, Bradley não iria se importar se eu invadisse seu quarto por um motivo inexplicável, e foi isso que me fez caminhar na ponta dos pés até a porta de madeira arranhada e abri-la silenciosamente. Encostei a porta e esperei até meus olhos se acostumarem com o escuro, escutei o deus grego ressonando, provavelmente já estava no sétimo sono. Agora era torcer para não esbarrar em algum brinquedo que faça barulho e... Esbarrar o dedinho em um criado mudo de gavetas com um abajur em cima.

Ouch. – praguejei mentalmente e respirei fundo, me abaixando para o criado mudo e tateando em busca de onde puxar a gaveta. Achei o abajur e apertei o botão para acender a luz, que imediatamente clareou o quarto e eu quase caí com o susto de que a luz fosse tão forte.

Em menos de um segundo, eu já tinha encarado o corpo de Bradley na cama – seminu, diga-se de passagem – e já estava para desligar o abajur e planejar um castigo mental por ser tão burra. A luz já estava apagada, mas Bradley ainda estava seminu na cama ao lado.

E procurar uma possível chave já não tinha mais graça.

Não sei o que deu em mim, não sei o que estou prestes a fazer e não ligo se minha mente me castigar com força depois disso – mas eu estava apoiando meu joelho na cama e engatinhando com tal leveza de um gato até o corpo do meu colega de apartamento. Digo, qual mal há nisso? Ele tem sono pesado, certo? Certo?

Respirei pesadamente, porque eu sentia todas as minhas vontades irem a favor, e toda a minha cabeça ir contra. Porque eu odiava matemática, mas queria aquela incógnita. E com uma enorme rapidez, meus dedos já se encontravam em contato com o tronco de Bradley. Não tão leve, para não fazer cócegas, e não tão forte, pois eu não sabia onde tinha hematomas. Apenas escorreguei os dedos pelo seu contorno, esquecendo-me completamente de que ele poderia acordar.

Subi para seus ombros, caminhando pelo osso, e então passei uma perna para o outro lado do corpo de Bradley, e deixei minhas mãos tocarem o que mais eu queria. Sua barriga tinha um contorno magro e perfeito. Eu só não estava sentindo uma euforia imensa, porque eu estava tocando. E seus braços também eram belos de uma forma indescritível, com as linhas certas. Toquei sua cintura, sentindo o local com menos resistência do que o resto da pele, que logo eu deduzi ser um hematoma enorme. Minhas pernas tremularam como se eu estivesse perdendo a resistência de ficar de joelhos em cima dele.

Eu nem me percebi que ele já não ressonava como antes. Espalmei as duas mãos em seu peito, sentindo sua respiração calma e sentindo minha sanidade ir embora. Escorreguei as mãos pelo tronco, não ligava se já me aproximava de áreas indevidas. Imediatamente, senti seu músculo do abdômen retrair, que significava que ele havia sentido aquilo.

Recolhi as mãos, nervosa, e esperei em silêncio que ele acordasse e brigasse comigo, observando e procurando alguma reação de que ele estivesse acordado: se ele estivesse acordado, eu já podia marcar minha cerimônia de enterro e escolher minhas músicas favoritas.

Então Bradley soltou um suspiro pesado e adormecido. Eu ofeguei. Pensei que já estava morta.

Tirei a perna do outro lado de seu corpo e saí engatinhando da cama, me encaminhei para fora do quarto, pisando com a maior suavidade na madeira, tamanha suavidade que eu pude também tropeçar em alguma peça de lego que me fez morder o lábio inferior, sair do quarto e soltar um grande palavrão quando já estava sob luz e certificada de que nenhum barulho iria acordar Bradley.

Era adrenalina e loucura demais para uma madrugada. O outro quarto já nem me parece interessante quando se pisa em uma peça de lego.


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Notas finais do capítulo

NOT MY FAULT, culpem o Andrews e a Gabriella pelos danos mentais!
ADEUX! ♥