The Roommate escrita por Reet


Capítulo 3
Capítulo 2 Não estava no meu estado normal


Notas iniciais do capítulo

Como é possível ter leitores tão adoráveis como vocêssss? Eu nem posso acreditar fjsdhlsdgjl Primeiro quero dizer que estava doente, terminei os capítulos as pressas, mas a Buttercup não pode betar a tempo então... Bem.
Agradecimentos especiais a Giovana (u/161207) ♥, A Bibys (u/170079) ♥ e a Ariana (u/250057)♥ pelas recomendações, lindas e maravilhosas.
Capítulo revisado (e editado) por Andrews (www.ask.fm/nothingawful).



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Está certo de que eu não deveria ter invadido o quarto do Bradley, muito menos gritado, e menos ainda o chamado de pedófilo em desenvolvimento, mas eu não merecia o discurso de "dê o fora daqui" que durou pouco mais de um minuto e meio com a contribuição de um travesseiro na cara, enquanto eu ficava quietinha sentindo calafrios por causa dos ursos de pelúcia e dos brinquedos. Em nenhuma hipótese, absolutamente nenhuma eu achei que ele era gay ou algo do tipo, até porque seria um tanto quanto decepcionante, levando em conta de que ele era a personificação do perfeito inalcançável, e mesmo que eu não soubesse do motivo disto, os ursos de pelúcia só o deixavam mais atraente. Teria como ele ficar mais gostoso?

Então eu voltei à sala com a cabeça abaixada como aquelas crianças de sete anos submissas que acabaram de levar uma surra dos pais e me joguei no sofá, terminando de tomar a lata de coca-cola da coleção pessoal do Bradley. E esperei, porque, segundo ele, "me deixe vestir alguma peça de roupa, espere na sala", mas esperei tanto que já começava a duvidar das minhas crenças de que ele era realmente hétero, levando em conta o tempo que demorou a escolher uma simples camiseta – que nem ao mesmo era uma camiseta – e se vestir no corredor enquanto caminhava torto ao meu encontro.

Eu pensei “se vestir no corredor” e mantive uma expressão atordoada, porque eu não consigo controlar meus hormônios quando um cara daqueles está casualmente vestindo uma blusa preta cavada escrito "eat your girl right" – e pelo visto, ele só tinha camisas sugestivas, e tatuagens ainda mais. A maior delas era uma grande frase cobrindo seu peito que, deduzindo os pedaços, estava escrito "hold on to whatever". Bradley suspirou.

– Eu tenho mesmo cara de pedófilo? – ele gesticulou indignado. Qual é, aquilo nem ofenderia muito.

– Não exatamente, mas se você fosse um – fiz uma pausa dramática, eu diria porque eu quis, mas na verdade, eu me desencontrei nas feições duras e delineadas do rosto daquele pedófilo quando fazia cara feia –, eu adoraria ser menor de idade.

Eu não diria aquilo em meu estado normal, mas como é notável, eu não estava em meu estado normal, então vamos levar minhas indiretas apenas como aproveitamento das chances que a vida nos dá entre sete paredes. Bradley Adams fez uma careta sugestiva.

– Eu suponho que você tenha perguntas, certo?

Preparei-me psicologicamente para ouvir as respostas. Não deu tempo.

– Qual... Qual o motivo dos brinquedos?

Bradley se jogou no sofá de uma forma preguiçosa, olhou para o teto por um tempo e depois me encarou como se eu fosse um palhaço que ele contratou do circo local. E pensando novamente, eu me daria melhor no circo local do que no apartamento desse maníaco.

– De tudo que você podia reparar, você só prestou atenção na pilha de brinquedos?

– O que mais eu poderia reparar se tinham brinquedos até no teto?

– Já que invadiu um pouco da minha privacidade e me viu naquele estado, pensei que poderia ter notado mais alguns hematomas aparentes.

Admito que não consegui acompanhar o raciocínio da frase, então eu balancei a cabeça e retomei o assunto.

– E os brinquedos?

– Eu gosto de brinquedos – Bradley disse indiferente e voltou a encarar o teto, deixando o cabelo cair todo para trás e se afastar dos seus olhos. – Você não entraria gritando no quarto de uma criança e a acusaria de pedofilia.

– Exatamente porque seria uma criança. Você não tem cara de que gosta de brinquedos.

Ele se levantou, jogando o cabelo para o lado e me fazendo estremecer levemente com o choque de realidade que sempre caía na minha cabeça como um caminhão de cimento devido a sua altura incrivelmente absurda. Apontou o indicador para mim e riu sem jeito.

– E você não tem cara de que joga indiretas tão descaradamente. Estamos quites? – Bradley se virou para outra direção e saiu caminhando com passos enormes. – Você já tomou café da manhã?

– Não. Eu não deveria colocar minhas coisas no quarto e trocar de roupa, talvez? – saí do sofá em um pulo e corri atrás dele, que já estava bem à frente praguejando por causa dos raios de sol.

– Primeiro deixe-me fazer o café da manhã.

Outro caminhão de cimento caiu sobre minha cabeça quando me lembrei de que Bradley sabia cozinhar. Ele passou na minha frente, atravessando a cozinha até a geladeira, mas eu estava tão gélida e pálida que poderia ser facilmente confundida com um fantasma. Mas o que isso importava quando eu estava presenciando uma cena inédita? Bradley pegou ovos, manteiga, pão de forma, pratos, talheres, e mais uma enorme quantidade de condimentos em uma velocidade impressionante e organizou tudo em cima da bancada e se virou na minha direção com uma frigideira que me fez dar um pulo para trás. Acendeu a boca do fogão e começou a fazer seja lá o que estava fazendo, em silêncio.

– Bradley...

– Me chame de Brad – me cortou prontamente.

– O que você está fazendo?

– Café da manhã.

Aproximei-me alguns passos, imaginei que ele não fosse se importar e fiquei ao lado dele, encarando a frigideira de braços cruzados. Sem querer, acabei olhando para seus braços e seu peito um pouco mais de perto e me lembrei dos hematomas. Ele tinha vários, era como se tivesse chocado o corpo inteiro contra alguma parede, com força. E ele não parecia se importar.

– Então... e os hematomas?

Bradley me encarou momentaneamente e sorriu, voltando a prestar atenção no "café da manhã".

– Digamos que... eu seja um pouco desastrado. – disse pausadamente, sem tirar os olhos da comida que preparava.

Ele tinha que ser muito desastrado para cobrir todo o corpo com aquelas formas roxas. E é claro que eu não levei muita fé no que estava dizendo. Logo em seguida ele me fez a proposta mais idiota que alguém poderia fazer a mim.

– Segure a frigideira aqui por um instante. – disse, passou a frigideira para a minha mão e se afastou para a outra bancada.

Encarei a frigideira e a frigideira me encarou. Foi tempo suficiente para eu escorregar os dedos, balançar a frigideira e observar o fogo subindo da boca do fogão até um pouco mais acima das bordas e deixar escapar um grito da minha garganta. Senti a mão de Bradley segurando meu pulso e levando a frigideira de volta para o lugar, o fogo também voltou para o lugar.

– Você me disse que não era boa na cozinha – ele murmurou ainda segurando meu pulso e fazendo uma careta –, não disse que era uma negação completa que merece renunciar a existência.

– Engraçadinho. – na verdade, Bradley não era nem um pouco engraçado. Os poucos sorrisos que consegui arrancar dele foram pura sorte, seu rosto era tão rígido que parecia impossível animá-lo. Puxei meu pulso e me afastei daquele metro quadrado que poderia facilmente causar a extinção da minha raça.

Caminhei pela cozinha observando o interior dos armários e consequentemente, mais algumas coleções de comidas afrodisíacas que estavam quase me fazendo ajoelhar e agradecer por ter encontrado aquele cara, mas o mesmo interrompeu meu devaneio.

– Me conte sobre você.

– Não tenho nada muito interessante para contar – dei de ombros e fitei Bradley, que agora fazia alguma coisa na bancada de costas para mim. – O que quer saber?

– O que te fez procurar desesperadamente um colega de apartamento?

– Percebi que estava desperdiçando tempo tentando agradar uma família ignorante.

Ao notar que Bradley terminou seja lá o que estava fazendo, me sentei no banco mais alto e esperei pelo o que ele trazia. Primeiro colocou seu prato no lugar ao meu lado, e depois colocou o meu, observando minha expressão de surpresa ao ver uma torrada, que não era apenas uma torrada, mas uma torrada cor-de-rosa que tinha um corte no meio em formato de coração, preenchido com ovo frito, e o coração recortado ao lado.

Bom saber que Bradley tinha corante artificial rosa para fins alimentícios em casa, eu iria adorar colorir todas as minhas comidas da cor do meu cabelo.


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Notas finais do capítulo

Capítulo revisado por Andrews (www.ask.fm/nothingawful)
Tem mais na próxima semana, pessoal o/
@_Reet
http://ask.fm/wearetheenemyy