Não Chore Esta Noite escrita por AnaMM


Capítulo 36
Curvas


Notas iniciais do capítulo

OPA! Temos alguns momentos de lidinho, acampamento, ônibus do acampamento(o mais importante ;) ), Lia fazendo sucesso com a galera e Ju furiosa. E acreditem, vem mais polêmica por aí, pq nosso casal favorito não tem que ter descanso.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/352146/chapter/36

Pelos dias que se passaram, Lia se uniu a Gilberto nas rondas noturnas de grafite, fez as pazes com Juliana de vez, e Dinho e sua amiga seguiam com o namoro, para seu incômodo. Com a proximidade da chegada de sua mãe, o namoro de Ju com Adriano e a descoberta de seu pai acerca dos grafites, pela primeira vez, o colégio a salvaria. Um acampamento, era tudo que precisava. Lia e Dinho foram os primeiros a vibrar com a notícia, o que, novamente, gerou olhares suspeitos do resto da classe. Ao perceber os olhares, Adriano sorriu vitorioso para Gil. Não estava gostando nada da aproximação de Lia do grafiteiro.

– Lia! Lia! - Ju chamou. - Você vai? - Perguntou hesitante.

– Claro que vou, Ju! Nunca que eu ia perder um acampamento!

– E a Raquel? - Insistiu receosa.

– Nem me fala nessa mulher. Eu vou, e a data não poderia ser melhor! Livre de Raquel, livre de sermão do meu pai... Só uma pena o Dinho ir também.

Juliana tentou conter o riso, precisava corrigir a amiga, insistir que não fosse.

– Lia, ela é sua mãe.

– E isso fez alguma diferença quando ela preferiu sair de casa? Agora é a minha vez, Juliana. - Respondeu irritada.

– Lia...

– Aí, Ju, que tal aquela praia agora? - Dinho chamou por trás.

– Foi mal, Dinho, mas a Lia precisa de mim.

A roqueira sorriu orgulhosa. Finalmente.

– Mal? Você tá é gostando. - Respondeu diretamente para a loira.

– Antes de tudo, ela é a minha melhor amiga. - Provocou. - Vaza!

Dinho a encarou. Sabia o que viria. "Melhor amiga? Ah, se a Ju soubesse...", mas nada foi dito, para alívio de Lia. A acusação de Adriano ficou suspensa no ar, salva para outro momento.

– Você vai acampar?

– Te importa? - Imitou a roqueira.

– Sim, me importa. Eu preciso saber se levo repelente.

– Engraçadinha. A sua mãe não tava chegando?

– Como você sabe? - Cobrou alterada.

– Isso sim não te interessa.

Como você sabe? Juliana, foi você?

– Ele adivinhou sozinho, Lia, eu não falei nada! - Defendeu-se a it-girl.

– Seu idiota! Vai cuidar da sua vida, seu merda! Fica descontando em mim só porque a Juliana finalmente percebeu que tem uma melhor amiga!

– Melhor amiga, é? - Dinho riu. - Ok, Lia... Te vejo amanhã, Ju?

– Sim, amanhã. - Juliana sorriu sem jeito.

Adriano a beijou, para o que Lia discretamente fechou os olhos. Dinho viu cada movimento da roqueira e sorriu. Adorava provocá-la.

–x-

Lia e Juliana foram as últimas a chegarem ao ponto de ônibus. Convencer o pai havia sido o mais difícil para a roqueira, que saiu quase em fuga de casa. Encontrou a melhor amiga e sua mala, quase da estatura da loira, na portaria do prédio, de onde seguiram juntas.

– Chegou quem faltava! Acampamento só com o Dinho não ia ter graça nenhuma!

– O Orelha tem razão, sem a Lia pra agitar o Dinho, a presença dele não é tão empolgante... - Fatinha acrescentou.

Lia e Dinho ignoraram, com raiva, e tentaram se evitar. Lia entrou no ônibus assim que pôde, tentando fugir dos olhares do aventureiro e das brincadeiras dos colegas. Avistou Gil rapidamente e se sentou ao lado do novo amigo.

– Tá tudo bem?

– Tá, tá tudo bem, sim. A minha mãe me ajudou com a história do medo. O que aconteceu ali fora? Você parece irritada.

– O mesmo de sempre. Dinho.

– Ah, imaginei. Então você não quer falar sobre isso. - Concluiu.

– Não. - A roqueira sorriu. Era bom ter um amigo que não lhe trouxesse a presença de Dinho de brinde de vez em quando.

–x-

Já era passada meia hora de viagem quando Morgana interrompeu a conversa da dupla.

– Lia, você troca de lugar comigo? Tá balançando muito lá e eu fico enjoada fácil.

– É... Claro. Tudo bem, Gil?

– Pode ir... - Respondeu tentando disfarçar o incômodo. - Eu confio na Morgana. - Brincou.

– Ok, então. Melhoras, Morg. Fica tranquilo, Gil.

Lia se arrependeu tão logo chegou ao fundo do veículo. O assento apontado por Morgana era perto de Juliana, mas ao lado de Dinho. Percebeu o olhar irônico do garoto ao se aproximar. Queria fugir, receber sua mãe no aeroporto, ou ficar em algum boteco de canto de estrada, qualquer coisa era melhor que passar mais meia hora sentada ao lado de Dinho. Não tinha outra opção, no entanto. Havia combinado com Morg. Sentou-se em silêncio, respondendo o sorriso de Juliana com um riso torto de falsa alegria. Nem a presença da melhor amiga melhorava a situação, pelo contrário. Pensou propor a Juliana que trocassem de lugar, que se sentasse entre ela e a janela, mas Ju queria tanto a janela... Ali ficou, sendo empurrada contra Adriano a cada curva, sendo abraçada por ele a cada desvio do ônibus para o outro lado. Enquanto o caminho seguia em linha reta, estavam imóveis, sentindo suas respirações tão próximas, os pelos arrepiados se encontrando ao toque dos braços. Os assentos pareciam mais estreitos que o normal. Seus braços estavam quentes, seus peitos inquietos. Estavam escondidos e sentiam que o colégio inteiro os observava. Juliana seguia aérea, alheia ao que seu namorado e sua melhor amiga sentiam e à tensão que os consumia. Uma curva acentuada. Duas. A mão de Lia agarrou-se à coxa de Dinho com força, e o garoto abraçou firmemente a cintura da roqueira. Dinho se sentiu arrepiar. Os dedos curtos de Lia não deviam estar ali. Muito menos tão ali, tão perto de onde não poderia mais se controlar se a próxima curva os levasse para ali. Afastou a mão da garota discretamente, torcendo para que Ju não a tivesse visto. O braço, esqueceu. Esqueceram. Mais uma curva acentuada. Ainda se segurava a Lia, sendo levado para cima do corpo da roqueira. O ônibus curvou bruscamente para o lado oposto, jogando Dinho de volta para seu lugar, mas Lia para seu colo. O garoto ainda envolvia sua cintura, suas respirações enfim se encontrando. Com toda a tensão, Lia havia esquecido de afivelar o cinto de segurança. Lia apoiava um joelho de cada lado das coxas de Dinho, tentando se equilibrar. Estava sentada sobre suas pernas, especificamente sobre onde sua mão quase estivera graças à outra curva. Dinho a segurava com força, aproximando-a ainda mais de si, seus lábios mais próximos do que deveriam, quase roçando. Lia se afastou bruscamente, enfim puxando o cinto de segurança sobre sua cintura. A mão de Dinho continuou a segurá-la, por precaução. Juliana, para a sorte de ambos, havia estado tão preocupada com seus kits de maquiagem e com a testa que batera contra o vidro que perdeu o que acontecia ao seu lado.

– Tudo bem com vocês? - Ju perguntou, voltando a atenção para amiga e namorado após reorganizar sua bolsa.

– Tudo ótimo! - Lia respondeu nervosa, sua voz falhando.

– Por que não estaria? - Dinho respondeu hesitante.

Orelha, sentado na diagonal do trio, um assento à frente, pensou ter visto os dedos de Adriano na cintura da roqueira. Estava delirando, só podia. Já havia brigado com Dinho aquela manhã por sua insistência em falar dos dois. Não se arriscaria novamente. Não por enquanto.

–x-

Tão logo desceram do ônibus, no entanto, a tensão deu lugar às implicâncias e às brigas de sempre. Talvez pela culpa, talvez para esconderem o que achavam que talvez alguém tivesse visto, já começaram com as barracas. Lia vs Dinho, um duelo emocionante por quem montava mais rápido. Empate. Quem trazia os ingredientes para o almoço antes, quem chegava primeiro à praia... Ainda assim, Dinho fora o primeiro a suspirar pelo corpo da roqueira. Era final de tarde, estavam roucos de tanto brigar, quando Cezar, o instrutor, a encontrou ainda vestida na praia.

– Você não vem?

– Eu vou ficar por aqui, mesmo, valeu.

– É Lia, né? Lia, você tem que participar. Todo mundo vai entrar na água, qual o problema?

– O problema, professor, é que a Lia não quer que vejam que ela é gorda! - Dinho gritou de onde os alunos se aglomeravam.

– Cala a boca, idiota!

– Adriano! - Robson apitou irritado.

– Ih, Dinho, mas você mesmo admitiu pro TV Orelha que achava a Lia mó gostosa! E, olha, se o pegador falou, tá falado! Você é maravilhosa, marrentinha, deixa de marra!

– Lia, você é quase tão linda quanto a minha deusa! - Pilha acrescentou.

– Qual é, Lia? Mostrar um pouco de pele faz bem! - Fatinha fez coro.

Adriano aproveitou a distração da roqueira com os incentivos e a puxou por trás, tentando arrancar sua camiseta.

– Me solta! Vai tirar a roupa da sua namorada, imbecil!

– O Dinho é mau, pega um, pega geral, oi! - Pilha cantou.

– Adriano, né? - Cezar perguntou ríspido.

– Sim, senhor. - Dinho zombou, ainda abraçado à roqueira, que tentava se desvencilhar.

– Ou você solta a Lia, ou você vai agora mesmo pro acampamento e volta com o motorista pra casa.

– Uuuuh! - Exclamaram em coro.

– Foi mal, Cezar. Era só uma brincadeira.

– Brincadeira de péssimo gosto. Vamos, Lia, você vai entrar no mar ou vai voltar com ele pra casa?

– Isso é um absurdo, eu tenho direito a não entrar!

– Vai ou fica? - Perguntou ríspido.

Derrotada, Lia tirou a roupa que a escondia. Dinho esqueceu sua raiva tão logo a viu de biquini. Já havia sentido seu corpo por debaixo dos tecidos, mas ainda não a havia visto com tão pouca roupa. Sua vontade era de agarrá-la ali mesmo, de voltar para a viagem de horas antes e segurá-la ainda mais contra si.

– Quer um lencinho pra limpar a baba? - Fatinha zombou o garoto.

Todos a olhavam maravilhados, mas Dinho era diferente, e a funkeira sabia. Divertia-se com o olhar hipnotizado de Adriano e com a irritação de Ju, enfim percebendo alguma coisa. Parecia extremamente incomodada com o sucesso do corpo da melhor amiga. Tentou chamar o namorado mais de uma vez, sem retorno. Dinho só tinha olhos para a roqueira. Entre gritos de elogios, o silêncio de Adriano tentando recobrar a consciência falava mais alto.

– Quem me ajuda a levar a nossa rebelde pra água?

– EU! EU! - Gritavam todos em resposta, corando o rosto de Lia.

– Parabéns, Dinho. - Orelha elogiou. - Você percebeu antes de todo mundo que a Lia tá pra jogo máximo! Bem que eu desconfiava! A Lia é maravilhosa! Pegou bem!

– Aê, Dinho, hein? Valorizei! - Pilha comemorou.

– Visto que os meninos estão animados até demais, Lia, te levo eu. - Cezar comentou brincando.

– Ah, não! Isso não é justo! Poxa, eu aqui, dando maior mole desde que a gente chegou, e a Lia leva o professor? Tá errado isso aí, hein! - Fatinha protestou, pro que a roqueira gargalhou.

– Foi mal, Fatinha. - Lia brincou divertida. - Vamos, professor?

Lia seguiu com Cezar até metade do caminho, onde parou.

– Que foi?

– Eu sigo daqui, Cezar, era só pra implicar com a Fatinha, mesmo, e sair de perto daqueles idiotas.

– À vontade. - Cezar se afastou rindo.

– Veio me buscar, professor? - Fatinha perguntou empolgada.

– Você é bem grandinha, pode ir por conta própria. - Respondeu divertido.

– E a Lia não? Eu sou só um ano mais velha, ok?

À recusa de Cezar, todos se jogaram ao mar, alguns atrás de ver mais um pouco de Lia Martins, para incômodo de sua melhor amiga, em parte irritada com o desrespeito à amiga, em parte incomodada com a expressão ainda sonhadora de Dinho. Observou ao longe como o garoto a derrubava e rolavam pela água, brigando quase como se brincassem. Viu-o cair deitado sobre Lia e a garota segurá-lo contra si gargalhando. Orelha logo pulou sobre ambos, seguido por Fatinha. Era quase engraçado como Dinho agia protetor sobre o corpo de Lia, exceto pelo fato de ser seu namorado, não dela. Cobrou do garoto assim que o viu retornar da água.

– Você não vem, Ju?

– Não, pode ficar lá com ela.

– Como assim, Ju? Você tá com ciúme?

– Eu não sou idiota, Dinho! Você tá todo em cima da Lia! Quer que eu pense o que? Que você tá protegendo a melhor amiga da namorada, só isso?

– Qual é, Ju? Você viu como eles ficaram, eu só tava protegendo a Lia, mesmo.

– Vi, vi sim. Vi como eles ficaram e, principalmente, vi como você ficou. Você podia pelo menos ter sido mais discreto em respeito a mim!

– Juliana! Você tá vendo coisa!

– Eu? Ou você que não tá vendo? Dinho, eu cansei de ser cega, ok? Eu vi como vocês acabaram de quase se beijar ali na água, como você percebeu na hora o que tava acontecendo com a Lia, como vocês passaram dias juntos durante a suspensão, e como vocês combinam tanto que até invadir o colégio invadiram juntos! Sem contar o nosso namoro, né? Às vezes parece que eu só consegui te conquistar porque a Lia me fez praticamente fingir ser ela! É da Lia que você gosta, não de mim, não é?

– Ju, do que você tá falando? - Perguntou nervoso.

– Tô falando que a ficha caiu! A ficha finalmente caiu na maldita hora em que eu vi como você olhou pra ela agora há pouco! Todo encantado com a Lia de biquini, todo se exibindo quando lembravam que você ficou com ela, como se ainda tivessem algo. E na água foi assim que você se comportou, como um namorado protetor e ciumento.

– Espera, volta! Eu quero saber dessa história de você fingir ser a Lia!

– Então você admite?! - Ju cobrou surpresa.

– Eu não admito nada, Juliana, eu quero saber que história é essa de você fingir ser a Lia!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Capítulo que vem continuará trazendo nosso casal em situações inesperadas e constrangedoras que os aproximarão mais do que eles(ou ela) gostariam. Esse acampamento virá diferente, preparem-se.