Não Chore Esta Noite escrita por AnaMM


Capítulo 3
O Pegador e a Esquisita


Notas iniciais do capítulo

Dedicado à Miranda, que favoritou a fic ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/352146/chapter/3

Lia estava entregue ao beijo tanto quanto Dinho. Os lábios quentes do garoto faziam-na esquecer de seus problemas apenas para perceber o quanto sentiu falta de algo desconhecido. Parecia despertar novamente. Dinho lhe devolvia vida conforme explorava sua boca apaixonado. Suas línguas dançavam em perfeita sincronia, enquanto a garota enrolava seus dedos nos cachos de Adriano para trazê-lo mais perto de si.

-x-

Fatinha era um ano mais velha e não estudava na mesma sala que Ju e seus amigos, mas havia entrado de penetra na festa com uma galera do segundo ano. Estava pronta para causar quando, para sua decepção, ao invés de tocar outro funk, uma música lenta começou a soar pelos auto-falantes. Entediada, beliscava um doce e outro da mesa, enquanto procurava seus amigos(ou quase isso) pelo salão. Foi quando notou que um casal não dançava na pista de dança. Reconheceu Dinho abraçando a garota esquisita cujo nome a periguete sequer sabia. Percebeu que o pegador agia diferente com ela, não parecia estar conquistando mais uma presa. Tinha um olhar preocupado e a segurava com compaixão e... amor? Devia estar vendo errado. Adriano Costa, o pegador do Quadrante, se sensibilizando daquela maneira pela marrenta que Fatinha só via lhe dar patadas? Dinho era o típico aventureiro que não se apegava a nada nem ninguém em nome de sua liberdade. Pela primeira vez, a funkeira presenciava o garoto agarrado a alguém daquela maneira, protetor, como se a jovem em seus braços fosse a pessoa mais importante em sua vida, como se sem ela não importasse mais nada. Dinho começava a balançar seus corpos lentamente, ao ritmo da música. Nada mais parecia lhes importar e ninguém além de Fatinha parecia notar o que acontecia. Ao ver o garoto levar a roqueira para fora da festa, a funkeira, comovida com a cena, resolveu segui-los. Talvez estivesse invadindo a privacidade dos dois, mas sua curiosidade era sagrada e esse momento emotivo do pegador com uma garota entraria para a história e, como boa estrela brilhante protagonista do Quadrante(mais tarde apresentaria essa frase para que o mc do primeiro ano fizesse um funk digníssimo para ela!), deveria estar em todos grandes acontecimentos. Sentiu-se privilegiada ao notar que Orelha estava entretido demais filmando outros casais para perceber o que havia ocorrido com seu amigo na pista de dança.

Eles pareceram discutir por um momento, como sempre. Fatinha não sabia muito da garota à sua frente, mas já havia presenciado as famosas brigas entre os dois. O estranhamento não durou muito e logo viu a roqueira se levantar, Dinho segurar seu braço, outro braço, o rosto, beijo. Era periguete, sabia de pegar geral talvez até mais que o garoto um ano mais novo, portanto logo reconheceu que aquela cena era tão normal quanto a que vira antes. Talvez Dinho estivesse realmente beijando alguém pela primeira vez, como ela mesma jamais beijara. Ele não estava simplesmente ficando com a garota, havia sentimentos envolvidos e Fatinha percebia a diferença mesmo por trás de um vidro. Sentiu comoção e inveja do casal por não ter encontrado ainda alguém que mudasse suas regras como a roqueira mudava as de Dinho. No entanto, seus ciúmes não prevaleciam. Estava encantada pelos dois, pelo breve fragmento da história dos adolescentes que acompanhava. Resolveu, enfim, deixá-los a sós. Voltou-se para o salão, pronta para deixar o momento só para os dois, quando o funkeiro baixinho a abordou, cantando.

-E aí, princesa, tá olhando o que aí pela janela? Assim você enfraquece meu coração, vem dançar pra galera, vem!

Fatinha riu do garoto, que mais parecia uma criança.

-x-

Dinho e Lia se afastaram, sem ar. Ao perceber o que havia feito, a garota correu de volta para a festa, deixando Adriano sozinho, refletindo sobre o que havia acontecido. Queria seguir sua marrentinha(sua? Quem dera...), mas sabia que seria melhor deixá-la ir. Seus batimentos estavam disparados ainda, era a primeira vez que se sentia daquela maneira. Tentava se acalmar enquanto adrenalina ainda corria por seu corpo. Sorria para o nada.

Lia logo foi abordada por Ju, que a procurava há um tempo, preocupada.

-Eu estou bem, Ju, só fui pegar um ar.

-Aconteceu alguma coisa?

-Q-que? N-não, nad-da, eu s-só s-s-sentei ali e n-n-nada aconteceu. P-por q-que a perg-gunta?

Juliana riu do nervosismo da amiga.

-Eu tava perguntando porque você parece distante hoje, mas agora eu acho que realmente alguma coisa aconteceu. Lia, Lia... Fala aí, quem você pegou que não está querendo compartilhar com a amiga? Ele é tão feio assim?

Lia riu de volta, fingindo estar ofendida.

-Juliana! Tão pouca fé você tem em mim? Não aconteceu nada, não, já te disse, agora vamos pra mesa que estão querendo cantar o Parabéns para a aniversariante.

Lia secretamente agradeceu o timing da família da amiga. Ju se distraiu e Lia fingiu que nada havia acontecido pelo resto da noite. Dinho a observava de longe, silenciosamente. Sorria ao ver que a garota não estava mais abatida como antes e seu rosto estava levemente corado. Lia sorria sem perceber que era observada pelo garoto, que cuidava cada movimento seu, preocupado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Essa seria uma espécie de explicação para a Fatinha cantar tanto a bola de Lidinho desde sempre na novela, espero que tenham gostado da minha versão.