Não Chore Esta Noite escrita por AnaMM


Capítulo 28
Confidentes


Notas iniciais do capítulo

http://www.vagalume.com.br/lifehouse/somewhere-in-between-traducao.html - trilha da noite, a partir do dinho no telhado, até a parte dos balanços.
Agradeço os comentários, as favoritações, as recs... Tudo



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– Ju! Ju! - Lia gritou em vão.

A it-girl já havia se afastado. Derrotada, a roqueira juntou suas coisas e partiu. Tentou correr o quanto pôde, talvez ainda a alcançasse. Os cortes, contudo, a impediram. Arquejando, segurou-se em um poste. Adriano e Álvaro Gabriel, enfim, conseguiram alcançá-la.

– Vem, marrentinha, a gente te leva. - Dinho ofereceu, posicionando-se para levantá-la.

– Você perdeu a noção?! - Lia exclamou abismada. - Depois do que acabou de acontecer com a Ju, a pior cena que ela pode ver é você me levando pra casa no colo!

– E se eu levar? - Orelha ofereceu, tentando um sorriso inocente.

– Cala a boca, Orelha, você só quer tirar casquinha da Lia que eu sei. - Dinho zombou.

– E você não? Te enxerga, leque! - O nerd retrucou.

Enquanto ambos se implicavam, Lia aproveitou para se afastar. Chamou o primeiro taxi que apareceu e voltou para casa.

– Você viu o que você fez? Olha a oportunidade que a gente perdeu! - Orelha continuou reclamando, ao perceber que a roqueira havia partido.

– Qual é, Orelha? A Lia tá mal de verdade, cara, eu não tava me aproveitando, não! - Dinho se defendeu.

Álvaro Gabriel riu da seriedade no rosto de seu melhor amigo.

– Que foi? - O aventureiro perguntou, confuso, ao ver a expressão no rosto do nerd.

– Você tá gostando dela. - Orelha concluiu.

– Não viaja, Orelha. - Dinho riu, apesar de tenso com a conclusão do nerd.

– Ok, campeão, vamos ver quem ri por último.

Adriano entendeu a referência e passou a mão pela cabeça. Estaria tão óbvio seu interesse por Lia? Observando a expressão do amigo, Álvaro Gabriel completou:

– Essa garota ainda vai te deixar maluco... Cuidado com ela!

–x-

À noite, Dinho observava as estrelas de seu telhado, pensando no que seu melhor amigo havia lhe dito. Perdido em pensamentos, mal sabia que música tocava em seus fones, ou por que da rua se escutavam sons de buzinas. Não conseguia distinguir gritos da bateria de Nando, apenas recordava os momentos com Lia, tentando entender o que Orelha sugerira. Os beijos da roqueira eram de outro mundo, sua pele o alucinava e sua marra o deixava ainda mais encantado; porém, Álvaro Gabriel não tinha como saber sobre os beijos ou sobre a pele da garota, tampouco sobre como as provocações diretas o estimulavam. Talvez a olhasse diferente, ou pronunciasse seu nome... O que seriam atitudes de alguém apaixonado, e não estava apaixonado por Lia, estava? Não podia estar, era apenas uma atração. Nada mais comum para um adolescente de 16 anos. Devia admitir que a atração que sentia por Lia era maior que o que sentia por Ju, o que também era normal. Os beijos de Juliana eram mais doces que passionais, a it-girl não lhe apresentava um desafio tão instigante quanto domar a marrentinha e seu comportamento era bem... comportado. Devia ser normal. Gostava de estar com Ju, era bom ter uma namorada. Talvez porque Lia atrapalhasse seu lance com Juliana, Orelha havia sugerido o que disse, mas o nerd tampouco acreditava que Dinho estivesse realmente gostando de namorar. Se pelo menos pudesse passar mais tardes como aquela com Lia...

Seus pensamentos foram interrompidos pela visão da roqueira. Tão logo viu sua marrentinha sentar em um balanço da praça, desceu para o local.

–x-

– Você não estava de castigo?

Lia saltou onde estava, assustada com a voz de Adriano. Sentiu-se culpada pelos pensamentos que pouco antes rondavam sua mente. Dinho era como uma assombração, sempre aparecia quando a roqueira pensava nele, o que não ajudava em nada sua confusão.

– Eu vim com a família jantar no Misturama. Qual a sua desculpa?

– Eu escapei, mesmo. Posso sentar com você? - Perguntou Adriano, medindo as palavras. Percebeu a roqueira olhar em volta, preocupada. - Lia, relaxa. A Ju já nos flagrou naquela situação, seria muita má sorte nossa ela também estar passando por aqui a essa hora. - Dinho riu, tentando acalmar a garota.

– Senta. Pior do que tá, não fica. - Lia suspirou derrotada.

Pensou em acusar a roqueira por sua mania de perseguição. Contudo, lembrou-se da cena que Ju havia armado ao vê-los na praia. Melhor não.

– Problemas à parte, eu me diverti hoje. - Sorriu.

– Eu também... Tirando as suas investidas patéticas. - Lia completou, desfazendo o sorriso de Dinho.

– Quanto à primeira situação, não foi uma investida. Foram as forças da natureza, não é minha culpa se você é tudo isso. - Dinho gesticulou apontando o corpo de Lia, que sorriu envergonhada.

– Dinho! - Deu-lhe um tapa no ombro pela confissão.

– E eu falei alguma mentira? Talvez tenha sido uma péssima ideia brigar tão corporalmente no mar, e você começou! Quanto à segunda, eu estava cuidando de você e ainda espero um agradecimento.

– Não é minha culpa se você não sabe se controlar! E... Valeu, Dinho. - Lia sorriu realmente agradecida.

– Só isso?

– O que mais você esperava? - Lia questionou, surpresa e ofendida.

– Lia, eu salvei a sua vida mais de uma vez, já. Eu esperava por, no mínimo, um agradecimento de joelhos!

Ambos riram.

– Por que a gente não pode ficar assim todos os dias? - Dinho perguntou tristemente.

– Você sabe por quê.

– E se tivesse um jeito? Tem que ter! A gente não pode passar a vida fugindo um do outro por causa da Ju. Eu gosto de você, Lia, quer dizer, eu gosto de estar com você e eu não estou falando sobre ficar, o que também é maravilhoso, de verdade, mas... - Dinho parou antes que confessasse mais do que deveria.

A roqueira tentou ignorar o comentário do garoto sobre o passado de ambos.

– Eu sinto o mesmo. - Hesitou em confessar. - Acho que a Ju sempre vai desconfiar da gente, mesmo que não role nada. E não rola, que fique bem claro. Dinho... - Parou por um momento. - Se você realmente gosta de mim como diz, por favor, faz o que eu te pedi. - Implorou.

– Do que você tá falando? - Adriano questionou confuso.

– Você tem que voltar com a Ju, ou ela nunca vai entender que não tá rolando nada entre a gente. A Ju é muito importante pra mim, você sabe disso, e a única forma de eu recuperar essa amizade é se vocês voltarem. Talvez assim nós possamos ser amigos também.

– Você conseguiria? - Adriano temia a resposta.

– É o que eu mais quero. - Lia respondeu com a voz trêmula.

Talvez fosse uma péssima ideia. Jamais conseguiria ser amiga de Dinho e ignorar seus beijos em sua melhor amiga. Jamais conseguiria manter a pose em frente a Juliana e esconder o ciúme que sentia toda vez que a via com o garoto. Por mais que gostasse de estar com Dinho mesmo sem ter absolutamente nada com o aventureiro, vê-lo com outra alterava completamente a situação. Não podia, contudo, botar uma amizade tão importante a perder, precisava enfrentar o que sentia.

Adriano tampouco esperava conseguir estar com Lia e Juliana frente a frente sem poder provocar a roqueira. Comparar a cada minuto a namorada e a garota proibida seria ainda mais perigoso. Não conseguiria enrolar seu corpo, seus sentimentos. Era Lia que queria. Gostava de estar com Ju, adorava ter uma namorada, exceto quando a comparava com a roqueira. Era como estar conhecendo o interior do país, o que, de fato, era uma aventura interessante, sabendo que poderia estar saltando de bungee jump na Nova Zelândia. Era loucura tentar ser amigo de Lia.

– Esquece, só volta com a Ju. - A roqueira concluiu. - Depois a gente se vira.

– Eu nem sei mais se gosto dela, seria uma mentira voltar.

– Mas você vai! - Lia se levantou abruptamente do balanço. - Eu não vou perder a minha melhor amiga por causa da imaturidade de um idiota que não consegue se controlar!

Com o aumento do tom de voz, Lia chamou a atenção de sua família. Irritado por ver que a filha falava com Dinho, Lorenzo se apressou até a praça e puxou a loira pelo braço de volta ao Misturama. Paulina lançou à neta um olhar repreensor. De longe, Adriano observava a roqueira levando sermão do pai e da avó, enquanto Tatá escapava. Para sua surpresa, a garotinha sentou no balanço onde antes estava a irmã.

– Dinho?

Surpreso, Adriano olhou para a irmã de Lia.

– Por que vocês sempre brigam? Tá na cara que ela gosta de você!

Dinho riu da simplicidade da fala de Tatá.

– Você diz isso com tanta certeza... Mesmo que ela gostasse, Tatá, o problema é a Ju.

– É só vocês falarem pra ela que se amam, ela vai entender. - A caçula explicou como se fosse óbvio.

– A gente não se ama, Tatá, você anda vendo muito filme. - Dinho riu.

– Por que vocês gostam tanto de esconder o que sentem e complicar as coisas? - A garota questionou impacientemente.

– Tatá! Volta já pra mesa! - Lorenzo chamou.

– Eu só quero que você saiba que eu sou team lidinho. O amor deve sempre vencer. - Tatá confidenciou.

– Team o que? - Dinho perguntou sem entender nada.

– Lia e Dinho: LiDinho! Vocês adoram se exibir que são mais velhos e experientes, mas são tão lentos! - Tatá exclamou, retirando-se, enfim.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado :) críticas, sugestões e comentários em geral, ali embaixo / agradecida ^^