Não Chore Esta Noite escrita por AnaMM


Capítulo 1
Entre Partidas e Aniversários


Notas iniciais do capítulo

Bom, acho que já disse o que falaria aqui na sinopse, então... Espero que gostem, vamos lá.



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Era o aniversário de 15 anos de Juliana. Lia não tinha a menor condição de sair de sua cama, tão segura, para enfrentar a realidade, mas sua amizade deveria ser maior que isso. Sua melhor amiga não era como sua mãe, que a abandonara quatro anos antes e que, quando voltou, ficou tempo suficiente para dar esperanças de um recomeço às filhas e partir mais uma vez. Aquela manhã, Raquel partiu o coração de sua filha mais uma vez. Lia chegara animada do colégio apenas para descobrir que sua mãe havia partido novamente para algum lugar distante do planeta para cuidar da família de todos, menos da dela. Lia não poderia deixar na mão quem sempre esteve com ela quando a mãe não estava. As amigas eram inseparáveis e não seria a negligência de Raquel que estragaria seus laços com quem se importava com a garota. Levantou com a pouca força de vontade que lhe restava. Havia chorado o dia inteiro. Caminhou lentamente até o apartamento ao lado. O presente de Juliana, pedido da própria, seria poder produzir a amiga para a festa.

Bruno abriu a porta para sua irmã caçula de coração. Lia escondia os sentimentos tão bem que o moreno apenas notou uma desanimação que concluiu ser pelo que viria, pela produção que Ju estaria armando para a melhor amiga.

-Qualquer coisa grita, ok? A Ju pode ser bem exagerada às vezes! – riu

Lia forjou um sorriso derrotado e seguiu em direção ao quarto da amiga.

A festa estava sendo realizada em um clube e todos já haviam chegado. A entrada da aniversariante causou comoção e logo Marta, Olavo, Bruno e Lia foram atropelados pela multidão que corria para cumprimentar Juliana. Um garoto, no entanto, chamou a atenção de Lia. Dinho foi um dos primeiros a cumprimentar sua amiga, com um abraço breve, entregando o presente. Assim que viu a roqueira, parecia nem lembrar da festa que ocorria. Sequer reparou em Marta, Olavo, Bruno. Seu olhar curioso e em parte enigmático estava em Lia. A garota se perguntava se ele havia notado algo ou se era a produção feita por Ju. Estaria ela tão estranha assim?

-Tudo bem, Lia?

-Desde quando você se importa?

-Pelo visto foi só a aparência que mudou, então...

-Foi ideia da Juliana. Se você começar com alguma gracinha-

-Ei! Calma, marrentinha, eu só queria dizer que você está diferente, só isso... E linda. – ao perceber que a última parte saíra em voz alta, Dinho rapidamente se afastou do grupo e voltou para a festa, tentando disfarçar o que havia acabado de confessar. Talvez ela esquecesse rápido...

A festa seguia normalmente. Ju estava por tudo: dançando, recebendo os parabéns de amigos, verificando se tudo corria bem no evento, recebendo presentes, conversando com todos. Lia se perdia no salão, ora melancólica, ora mexida pelo que havia escutado de Dinho mais cedo. Os dois brigavam direto há anos. Dinho parecia estar feliz o tempo inteiro, era o típico popular da turma e era amado por todos. Isso incomodava Lia profundamente. Sua única verdadeira amiga era Juliana, a única que permaneceu ao seu lado desde que ela virou uma montanha-russa emocional que descontava sua raiva em qualquer um que cruzasse a sua frente. Adriano, por sua vez, se sentia desconfortável em relação à garota, que era a única que o enfrentava. Às vezes, para chamar atenção, descontava em Lia, rindo de seu jeito perante os amigos. Sentia-se mal cada vez que o fazia, mas também vingado. Não entendia por que Lia o odiava. Sabia de sua mãe, mas ele não era Raquel. Eram vizinhos desde pequenos e Dinho pôde acompanhar de seu telhado a primeira partida. Sem entender o que acontecia, sentira seu coração apertar ao ver a garota chorando desesperada, tentando correr atrás de um táxi que levava a médica enquanto era amparada por seu pai. Lembrava ainda do olhar que a pequena Lia lhe lançara quando o vira observando a cena do alto de um prédio. Talvez fosse a resposta do ódio de Lia: ele lhe lembrava a partida de Raquel.

Era a primeira vez que via Lia produzida. Ao vê-la entrar no salão, foi como se o garoto a redescobrisse. Sentiu-se como um míope que experimentava lentes pela primeira vez. Lia era linda, sempre fora. As implicâncias o cegaram e agora parecia despertar. Era a mais bonita da festa, tinha certeza. A observava de longe, absorto em seus pensamentos. Ju provavelmente produziu a amiga, sem deixar de respeitar seus gostos. A maquiagem de Lia era novidade, mas estava com os olhos contornados de preto, como boa roqueira. Seu vestido também era preto e seus cabelos estavam presos de forma levemente desarrumada. Sorriu ao constatar que ela não estaria tão bela se não estivesse tão... Lia. Ainda assim, percebia que algo estava diferente além da maquiagem e do vestido. Era o aniversário de sua melhor amiga e a garota estava distante, melancólica. Lia não costumava ser a garota mais feliz do colégio Quadrante por motivos óbvios, mas a amizade de Ju a fazia feliz de certa forma, como se nada tivesse acontecido. Lia transformara sua tristeza em marra e descontara sua revolta em seu visual. Agora, em anos, era também a primeira vez que Dinho a via frágil.


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Notas finais do capítulo

Bom, gente, o Nyah só nos permite saber se estão gostando, ou sequer lendo, pelos comentários. Não tem opção "curtir", nem sei ver quantos leram, então, se não for pedir muito, seria interessante ler os comentários de vocês, saber o que estão achando e tal ;)