Adorável Prisioneira escrita por Angel Black


Capítulo 17
Capítulo 17 - O Ataque dos Dementadores




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Harry acordou muitas horas depois na sua cama, na torre da grifinória. No início, bem quando abriu os olhos, sentiu-se feliz por saber que Hermione e Gina estavam bem, mas depois, tentando recordar-se das últimas horas, um terrível peso sobreveio a sua consciência. Lembrou-se que Hermione estava muito mal na ala hospitalar de onde ele fora retirado a força por Dumbledore. Além de ter sido afastado rudemente de Mione, ele também fora deslegitimentado e estuporado quando tentou engasgar a professora Minerva após ter sua ligação mística com Hermione cortada. E isto era o pior, pois sem aquela ligação, ele nem sabia se ela ainda estava viva ou não.

Seu coração teimava em sustentar esperanças em ver sua amiga bem, mas sua consciência, mordaz e cruel, sabia que ela deveria estar morta a estas horas. Harry nunca mais veria os olhos inquiridores, nem sua expressão sagaz quando constatava algo, nem seus lábios doces e ternos. E pensar que um dia a tivera nos braços e a beijara e tocara em sua pele sedosa e perfumada. Não...! Era insuportável pensar que durante todo o tempo fora cruel com a garota que amava! E ele sempre a amara! De um jeito diferente no início: ela era a sua melhor amiga, alguém a quem ele podia contar mais do que a qualquer pessoa e era sua companheira, confidente, amiga, irmã. Ele nunca a imaginara como a sua garota, não como ele imaginava Cho. Agora ele sabia a diferença. Ele era apaixonado por Cho. Ela o encantou com sua beleza, mas amor, o amor verdadeiro, aquele que une duas almas em uma só, aquele que completa aquela falta que o ser humano carrega durante uma vida inteira, isto ele encontrara em Hermione. E ele a amava de verdade! ELA ERA SEU VERDADEIRO AMOR. O amor que chegou de mansinho e que de repente virou um vendaval que varreu de sua mente seus piores dilemas e trouxe, por outro lado, problemas imensuráveis. Este tufão o cegara! O fizera cometer tantos erros! Ele ficara obssecado em protegê-la, quando a melhor proteção que poderia oferecer a Hermione era seu amor. Como fora tolo! E sua tolice cobrava agora um alto preço.


— Harry! - a voz suave de Rony tirou Harry de seus pesarosos devaneios. O amigo tinha o rosto inchado, especialmente sob os cílios e os olhos estavam completamente vermelhos. Era óbvio que Rony estivera chorando.

— Fale, Rony! – Harry falou, esperando pela má notícia, mas o amigo não respondeu. As lágrimas corriam de seus olhos. Harry sentou-se na cama, preocupado. Não estava preparado para consolar Rony enquanto ele mesmo precisava desesperadamente de consolo, mas o amigo estava chorando copiosamente e descontroladamente. – O que é Rony, ela já....

Então o rosto do amigo abriu-se num sorriso nervoso, porém, sincero.

— Você não vai acreditar, Harry...

— O QUE? – Harry perguntou, já nervoso e apreensivo. Rony não respondeu, mas seu sorriso se tornou ainda mais largo e pretensioso. – O que é Rony? Fala!

— Ela reagiu... Hermione reagiu... Madame Pomfrey disse-me que ela sobreviverá... está muito fraca e debilitada, mas sobreviverá...

Harry também abriu um sorriso. Levantou-se e abraçou-se a Rony.

— Ela está viva!

A sensação de alivio tomava conta do corpo de Harry, até agora tenso e apreensivo. Mas foi uma sensação que durou pouco, pois instantes depois Gina entrou no dormitório, com uma expressão preocupada no rosto.



— O trio não existe mais! Foi o que Hermione disse.

A frase proferida por Gina afetou Harry e Rony mais do que eles esperavam. Rony apoiado no pilar do seu dossel mal conseguia acreditar no que ouvira e Harry, sentado ao lado de Gina, segurou a mão da amiga ruiva para ter certeza da sua sinceridade.

— Ela disse isso mesmo, Gina?

— É Harry. Hermione disse que não quer mais ver você e que você morreu para ela. E disse que a amizade que havia entre vocês três também acabou, porque amizade não se constrói com mentiras e tramóias. Ela pediu a Dumbledore para impedi-lo de vê-la, Harry, isto quer dizer que você não poderá visitá-la na enfermaria.

— Eu queria tanto vê-la... queria tanto explicar as coisas.

— Hermione já entendeu as coisas sem você precisar explicar, Harry – Gina respondeu, recolhendo a mão que o amigo segurava. Harry sabia que Gina estava do lado de Hermione, e, depois de tudo o que fizera, sabia que merecia aquele desprezo.

— E ela... não vai fugir? – Harry perguntou curioso.

— Isto eu não sei! – Gina respondeu, rispidamente. – Acho que agora é melhor você ficar longe dela, Harry. Você já fez mal a ela suficientemente por uma vida inteira.

Harry abaixou a cabeça.

— Eu não vou desistir dela. Eu vou lutar por Hermione, com todas as forças que eu tiver ...

— Eu também! – Rony disse, de repente, fazendo Harry levantar a cabeça – vou lutar pela amizade que perdi. Juro que vou!


O dia do julgamento chegou se arrastando na opinião de Harry que via os dias passarem sem alegria e sem razão de viver. Queria, desesperadamente, ver sua Mione, mas Dumbledore fora rígido na ordem de não deixar que ele a visse. Ele se sentia animado em pensar que Hermione poderia ter fugido uma vez que não vira a professora Macgonagal o dia inteiro e para quem perguntava, ninguém não sabia seu paradeiro. Se Hermione fugisse, Minerva com certeza iria com ela.

Harry não comeu nada o dia inteiro e se preparou logo para o julgamento que seria realizado naquela tarde por volta das quatro.

Rony, Gina e Harry acompanharam Dumbledore, que se manteve em silêncio a viagem toda de metro até Londres, para o julgamento de Hermione.

Fudge não os recepcionou com toda a alegria do mundo, mas parecia estar bastante satisfeito o que deixava Harry apreensivo. Logo depois que chegaram, outras pessoas entraram para assistir o julgamento naquela sala oval onde Hermione fora julgada antes.

A cada minuto que passava, Harry ficava mais nervoso, e quando Fudge finalmente chamou por Hermione, ele suspendeu a respiração.

— HERMIONE JANE GRANGER... ONDE ESTÁ HERMIONE JANE GRANGER....- Fudge começou a gritar furioso, projetando saliva para todos os lados. – DUMBLEDORE... POSSO SABER ONDE ESTÁ A RÉ?

— Estou aqui, Ministro! – respondeu a vozinha fraca e titubeante de uma Hermione ainda pálida e debilitada apoiada na porta.

— AH! PENSEI QUE... BOM... ENTRE, MOCINHA E SENTE-SE NA CADEIRA.

Harry suspirou decepcionado. Hermione deveria ter fugido. Ele sabia que o Ministro estava querendo a cabeça de Mione. O melhor era ter fugido. Porque Hermione teimou em contrariá-lo?

O julgamento começou ameno, mas logo se tornou deveras agressivo, principalmente por parte da promotoria que tentava induzir que Hermione, já julgada culpada de um assassinato, mesmo que de uma comensal da morte, havia também proferido uma maldição imperdoável com sua varinha (que foi usada como evidência) e que poderia ter resultado na morte de Draco Malfoy, um brilhante estudante da Sonserina, inimigo sabido de Hermione e que teria desaparecido desde aquele dia.

— Eu não matei, Draco. Draco e eu nos tornamos bons amigos – Hermione disse, tentando defender-se. – No julgamento dos trouxas uma pessoa não pode ser julgada por assassinato quando não há corpo, e até onde eu sei, o corpo de Draco não foi encontrado, se é que ele está morto.

Hermione levou a mão até o peito e franziu o cenho, como se tivesse dificuldades para respirar. Harry percebeu que Hermione não estava passando muito bem.

— UMA ASSASSINA CRUEL E FRIA...

Fudge ofendia Hermione de todas as maneiras que podia, sempre tentando colocá-la como a pior pessoa na face da terra. Hermione agora parecia ainda mais pálida do que estava e sua mão começava a tremer.

Ela estava mal e Harry queria poder fazer alguma coisa.

— QUEM ASSASSINOU UMA PESSOA ANTERIORMENTE VOLTARÁ A COMETER OS MESMOS CRIMES...

Hermione suava frio e seus lábios tremiam. E fechava e abria constantemente seus olhos como se tentanto ver melhor..

— LUDIBRIOU HARRY POTTER COM UMA FALSA AMIZADE!

— Não, isto não é verdade! – Harry gritou, sem poder controlar-se mais. Mas era tarde. Hermione escorregou da cadeira e desmaiou, evitando de cair no chão completamente por que ficara presa pelas algemas numa cena cruel para Harry que pulou por cima de todas as cadeiras para alcançar Hermione.

— Mione? – ele disse, passando o braço em sua cintura a fim de recoloca-la melhor. As algemas estavam num ângulo terrível quase esmagando o fino e frágil pulso de Hermione. – Mione, você está bem? Fala comigo!

Dois aurores enormes, que Harry não conhecia, empurraram Harry para o lado e arrancaram Hermione da cadeira, carregando-a nos braços para outro aposento.

— Hermione.... – Harry tentou segui-los, mas foi impedido por outros dois aurores. – Eu preciso vê-la.... por favor... me deixem vê-la. – Harry fez esforço para passar entre os dois aurores, mas foi acalmado por Dumbledore que o segurou.

Depois de um tempo Hermione retornou ao julgamento. Ela estava ainda muito pálida e abatida, mas fez questão em continuar a cerimônia.

Quando os ataques de Fudge continuaram, Harry imaginou que Hermione fosse passar mal, novamente, mas ela parecia estar aguentando bravamente. Como ele a admirava! Como Hermione era frágil, doce e ao mesmo tempo forte e lutadora. Mas a maior luta de todas ainda estava por vir.

— Levantem o braço quem vota pela condenação. Agora, levantem o braço quem vota pela absolvição.

Nem Harry, nem Hermione precisaram contar as mãos levantadas para saberem o resultado.

— HERMIONE JANE GRANGER, eu, como ministro da Magia, com o poder investido a mim, a condeno à DOZE ANOS DE PRISÃO, A SEREM CUMPRIDOS NA PENITENCIARIA DE AZKABAN.

— NÃO! ISTO NÃO.... HERMIONE É INOCENTE... MINHA MIONE É INOCENTE... EU SOU O CULPADO POR TUDO ISTO! – Harry começou a gritar desesperado, tentando chegar até Hermione. Mas, diferentemente do que imaginou, Hermione mantinha uma calma forçada e bizarra. Estava tranquila, como tivesse sido sedada.

— HERMIONE... DIZ PARA ELES... DIGA QUE FUI EU... HERMIONE... POR FAVOR... VOCÊ NÃO PODE SER CONDENADA... VOCÊ NÃO VAI AGUENTAR... NÃO DE NOVO!

Harry foi agarrado pelos dois aurores que o seguraram anteriormente, de modo que, mesmo arrastando os dois, com uma força descomunal que Harry tirava do fundo de seu ser ele ainda não conseguia alcançar Hermione, embora sua mão estivesse muito perto dela. Harry queria, desejava muito, que Hermione estendesse a mão. Se isto acontecesse, ele a puxaria para si e a abraçaria e ninguém, jamais conseguiria separá-los novamente. Mas Hermione ficou ali parada, fria e pensativa como se não tivesse ganhado uma nota tão boa assim em poções e nada mais. A seriedade da situação parecia simplesmente fora de seu entendimento.

Harry berrou, gritou, agrediu, chutou, soqueou... mas nada adiantou. Logo outros aurores surgiram para levar Hermione, ainda muito tonta e fraca.

— Cornelius, você não pode levar Hermione neste estado para Azkaban – interveio o diretor Dumbledore. – Ela não vai agüentar! Está muito fraca...

Nem mesmo as argumentações de Dumbledore serviram para destituir Fudge de sua decisão. O alvoroço foi se aquietando quando Dumbledore, Harry e Rony viram-se incapazes de reverter aquela situação.


— Eu não posso acreditar que Cornelius tenha tomado tal atitude. – Dumbledore comentou ao retornarem para Hogwarts. – Ele sabe que Hermione está fraca demais. E é claro que conduziu o veredicto.

— Eu não quero nem saber se o veredicto foi ou não justo. Eu vou tirar Hermione de lá. E quem quiser me impedir vai conhecer a minha fúria. – disse Harry apertando com força a varinha na mão.

— Harry – Rony começou a falar com cuidado, ao ver que o amigo estava descontrolado – É melhor termos calma.... estas coisas não dão certo. Basta ver o que aconteceu com Sirius. Se você tentar tirar Mione de Azkaban, ela poderá ser ferida ou algo pior acontecer....

— Harry tem razão, Rony, por mais que eu ache que decisões tomadas na impulsividade não sejam as melhores coisas a se fazer. Eu não confio nada nos dementadores e, agora que Tom está aumentando os ataques cada vez mais, acho que ele pode tentar algo em Azkaban.

— Mas, os dementadores trabalham para o governo. – Rony argumentou.

— É ilusão pensar que o Ministério controla os dementadores, Rony – respondeu o diretor -. Nunca ninguém os controlou e eles têm sua forma maléfica. Se Tom os convidarem para ficarem ao seu lado, eu tenho certeza qual será a resposta.

— É... - concordou Harry - é o que eu acho também. Principalmente depois que Duda e eu fomos atacados a mando de Umbridge no ano passado. E apesar disso, Fudge estava muito obsecado em condenar Hermione, e acho que eu confio mais nos dementadores do que em Fudge.

— Não... Harry... isto não. – Dumbledore advertiu – Fudge não seria capaz de ferir uma garota de forma tão vil.

Rony apertou os dedos na palma da mão e mordiscou os lábios inferiores. Ele sabia porque Fudge havia condenado Hermione, só não poderia dizer.

— Como pensa em chegar em Azkaban? – Rony perguntou a Harry – Porque eu quero ir junto. Vamos com nossas vassouras?


— Não! – Harry respondeu, certo do que fazer – Não conseguiremos achar Azkaban, pois nunca fomos até lá. Iremos de Testrálios, pois eles conhecem qualquer localização. Será perigoso, Rony. Tem certeza de que quer ir comigo?

— Claro que sim – respondeu o amigo – Eu lhe disse que quero reconquistar a amizade de Hermione. E posso morrer tentando, mas vou fazer de tudo para ajudá-la. Mas será muito desagradável montar naquela coisa novamente.

Harry sabia que o amigo odiara viajar de Testrálio, pois não via o bicho e era difícil voar sem ver qualquer coisa sob seu corpo, ele imaginava. Mas Rony tinha uma expressão de confiança. Ele faria qualquer coisa para salvar Hermione.

Harry tremia sob o lombo do Testrálio mais horroroso que já vira. O ar fustigava seu rosto deixando-o arrepiado de frio. Rony não estava muito melhor no Testrálio ao lado: ele segurava firmemente na crina do cavalo e não se atrevia a abrir os olhos.

Logo Harry viu que chegaram a um lugar muito isolado. Era como uma ilha, só que não havia qualquer plantação ao redor, apenas uns poucos pinheiros congelados e secos. Com certeza, a cena seria uma excelente imagem para algum artista de natureza morta.

Mesmo o mar, que deveria se chocar contra as pedras costeiras, mantinha-se parado, congelado em largos icebergs. Era um lugar horrível. Era um castelo, mas diferentemente de Hogwarts, em estilo romântico, Azkaban era em estilo gótico, com apenas uma torre que se pronunciava no céu como uma arma de espinhos pontiagudos querendo atingir as nuvens já escuras e carregadas.


Harry desceu com o Testrálios pousando próximo a uma entrada para o castelo. Rony também desceu próximo a ele, completamente branco e aborrecido.

— E aí, vamos? – Harry começou a se aproximar da entrada, a varinha em punho no caso de acontecer algo. Ele estava preparado para qualquer coisa... mas o que viu, deixou-o perplexo.

Ao aproximar cada vez mais da entrada do castelo, Harry e Rony começaram a escutar gritos horríveis. Harry imaginou se seria sempre assim, mas depois, viu que algumas pessoas corriam para fora do castelo, mas antes que chegassem a algum lugar, os dementadores os interceptavam e os beijavam, sugando-lhes as almas.

Harry e Rony instintivamente se abaixaram.

— Deus do céu! O que está acontecendo? - Rony perguntou, apavorado

— Eu não sei, mas não podemos ficar parados.

Harry correu em direção aquelas pessoas que estavam sendo sugadas pelos dementadores.

— Expecto Patronum! – Harry gritou. Um cervo prateado, forte e denso, projetou-se de sua varinha e atacou os dementadores.

Era tarde demais. As pessoas que Harry vira correndo dos dementadores estavam todas mortas. O cervo entrou no castelo, galopando velozmente.

Harry correu atrás dele. O que viu o deixou chocado: por onde passava, ele encontrava corpos de pessoas sugadas. Os dementadores fugiam de seu patrono. O alvoroço era geral.

Harry teve que conjurar mais dois patronos enquanto estava dentro do castelo. Corria os apertados corredores, lotados de celas (enxovalhadas de cadáveres) gritando por Hermione que não dava sinal de vida.

— Deus, por favor, ela precisa estar viva! – Harry rezou - HERMIONE! MIONE! ESTOU AQUI, MIONE.

Mas Hermione não respondia.

Rony entrou mais tarde na prisão, quando a maioria dos dementadores já havia fugido do castelo. Rony encontrou Harry parecendo desnorteado num dos corredores.

— O que `tá` acontecendo? – Rony perguntou.

— Eu não sei! Foi um ataque! Eu sabia que isto iria acontecer, mas não encontrei Hermione. Já olhei em todas as celas, não há sinal dela.

— Talvez ela tenha conseguido fugir, Harry! Ela sabe conjurar o feitiço do patrono.

— E como ela ia fazer isto sem varinha, Rony? – Harry berrou. Rony viu que não era possível.

— Ela está bem, Harry. Tenho certeza que está.

— Eu não sei. Se ainda estivesse ligado a ela eu saberia seus sentimentos e poderia encontrá-la, mas agora... Deus do céu... minha Mione... onde está? HERMIONEEEEE! .... por favor... apareça...


Rony saiu do lado de Harry, deixando-o a sós num dos corredores. Ele apoiou-se na parede e ficou agachado tentando ordenar os pensamentos. “Se tivesse sido mais rápido. Se fosse forte o suficiente para lutar contra Fudge no julgamento...”.

Uma coisa brilhante chamou a atenção de Harry. Dois olhos amarelos e cintilantes o encaravam no final do corredor.

— Quem está aí? – Harry perguntou, ficando de pé. – Quem está aí? Fale ou eu juro que atacarei. – disse Harry sacando a varinha e apontando para o que quer que o encarava.

Então se movimentou e apareceu sob uma resga de luz que entrava sob uma das grades: era uma pantera, gigante e elegante que caminhava sob quatro patas, servidas de pontiagudas garras.

A pantera começou a se transformar, primeiro o pelo, negro e brilhante começou a se escassear, depois as patas se alongaram e se transformaram em braços e pernas bem torneados, a pele alva aparecendo entre o contraste do pelo negro que sumia. Bastou poucos segundos para que uma garota surgisse no lugar do animal.

— Hermione!

Harry fez menção de se aproximar e abraçá-la, mas Hermine o impediu, colocando as suas mãos sob o peito de Harry.

— Fique longe de mim!

— Hermione... por favor... eu...

— Já lhe disse: fique longe de mim.

Hermione deu a volta em Harry e começou a caminhar para fora. Harry a acompanhou em silêncio.

— MIONE! – Rony espantou-se ao ver Hermione caminhando para fora do castelo – Eu pensei que você tivesse sido raptada pelos dementadores.

— ONDE ESTÃO? – Hermione perguntou sem paciência.

— Onde estão o que? – Rony perguntou abismado.

— OS TESTRALIOS, ONDE ESTÃO?

— Estão ali adiante. Por que Hermione? – Harry perguntou.

Hermione começou a andar até chegar exatamente onde os testrálios estavam.

— Precisamos retornar à Hogwarts imediatamente. O Ministério da Magia será atacado. Precisamos avisar Dumbledore.

— Como você sabe disso, Mione? – Rony perguntou curioso e apreensivo, já que seu pai trabalhava no Ministério.

— Não há tempo para explicar. Vamos logo, eu vou com você Rony!

— Não seja boba, Hermione. – Harry argumentou – Vocês dois nem enxergam os testralios, como é que podem voar assim. Os dois vão acabar caindo.

— Eu enxergo agora, Harry. Eu matei Bellatrix, lembra-se. E mesmo assim, acabei de ver milhares de pessoas sendo assassinadas enquanto estava escondida num canto, transformada em pantera para que os Dementadores ficassem confusos.

— Você vai vir comigo, Hermione! – disse Harry, com carinho, mas de uma forma firme – É melhor que venha comigo, depois deste ataque.

Antes que Hermione pudesse fazer qualquer coisa, Harry agarrou sua cintura e a colocou sobre o Testralio mais próximo e montou atrás dela, alçando vôo quase que imediatamente.

Harry plainou no ar, esperando que Rony conseguisse subir no cavalo alado, muito consciente da proximidade entre ele e Hermione, sentada de lado no cavalo.

— Agarre-se em mim, Hermione – Harry disse, ao perceber que a amiga estava com medo. Ela nunca gostou muito de voar.

Hermione obedeceu-o e agarrou as suas vestes, apoiando sua cabeça no peito de Harry. Quando Rony, finalmente, conseguiu montar, eles aceleraram o vôo.

O vento gelado, castigava Hermione que recebia todo o impacto das rajadas.Percebendo que Hermione estava com frio, Harry jogou a ponta de seu robe sobre as costas de Hermione e a segurou de uma maneira bem forte para que ela não sentisse frio.

— Você está bem? – Harry perguntou, preocupado.

— Está frio... – Hermione balbuciou, enterrando-se ainda mais nas vestes de Harry.

— Eu fiquei preocupado com o que tem acontecido nos últimos dias. – Harry desabafou, ao ver que não havia como Hermione escapar dele agora - Primeiro a sua recaída. Eu pensei que havia perdido você, depois você é condenada a Azkaban. Fiquei atormentado com seu corportamento. Eu não consigo deixar de ver sempre aquela cena em que você desmaiou e foi levada bruscamente para fora em minha mente. E agora a pouco, quando não a encontrei... achei que tinha perdido você de vez. Eu sei que é difícil para você entender, Hermione, mas fiz tudo o que fiz para evitar estas coisas. Para evitar que você sofresse...

Hermione levantou a cabeça para olhar para Harry. Esticou-se de modo que seus lábios ficassem bem próximos do ouvido de Harry. Então respondeu:

— Mas você acabou me fazendo sofrer ainda mais. Será que não entende, Harry. Nunca houve mentiras entre nós e estas tramóias que você armou, mesmo com as melhores intenções, acabaram me ferindo mais do que você imagina. Você me subestimou. Achou que eu não seria forte o suficiente para lutar ao seu lado e quis me tirar da jogada. Mas saiba, Harry Potter, você precisa de mim mais do que imagina. O que fiz agora pouco foi apenas uma demonstração de que eu sou mais poderosa do que imagina. Eu planejei tudo: eu sabia que seria condenada, Fudge estava me dando todas as dicas de que isto aconteceria. Então pedi a Minerva MacGonagal que me ensinasse a arte da animagia, uma arte que nem mesmo Dumbledore conseguiu dominar. Mas eu consegui me transformar assim como aprendi a legitimentar o próprio Voldemort! Tudo isto eu fiz para ser útil a você, Harry, e a sua causa. Durante todo o tempo, mesmo quando você me feria com atitudes e palavras, eu fui fiel à você. Mas o que ouvi enquanto estava escondida em Azkaban deixou-me muito mais apreensiva do que esperava.

— Por que? O que você ouviu? – Harry perguntou, nervoso, puxando cada vez mais, Hermione contra seu corpo.

— Malfoy, o pai de Draco, foi libertado pelos dementadores, assim como outros comensais. Eu escutei quando ele disse que vai atacar o Ministério. Quando eles subjugarem o Ministério, só haverá um lugar para ir: “Hogwarts”! É o que Voldemort quer. Ele derrubará o Ministério para que não haja um governo tentando conter os comensais. Então ele nos atacará em Hogwarts, Harry. Atacará você para enfim derrotá-lo. Se você cair também, então, o reinado de Voldemort ascenderá no mundo. Nada mais será como antes. Trouxas irão morrer. Apenas as pessoas ligadas com as artes das trevas poderão viver. Foi o que eu escutei, Harry.

Harry ficou em silêncio com aquela revelação. Ele imaginava que este era o plano de Voldemort, mas via sempre como se fosse uma coisa muito distante no tempo. Agora não havia mais como recusar: chegara a hora! A hora em que ele teria de enfrentar Voldemort, o lord das Trevas!




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Notas finais do capítulo

Próximo Capítulo: "O Adeus de Malfoy" Para não pensarem que eu me esqueci do vilão mais charmoso do mundo. Abraços!



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