Adorável Prisioneira escrita por Angel Black


Capítulo 15
Capítulo 15 - Sob a luz do luar




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Hermione admirava a neve cair de mansinho da janela da enfermaria. Gina, na cama ao lado, alternava entre tomar uma gostosa sopa e ler o “Profeta Diário”.

- Viu só: - disse Gina, lendo um trecho em voz alta - “Se Gina Weasley está viva, então quem a estudante do sexto ano de Hogwarts e amiga íntima de Harry Potter, Hermione Granger, 16 anos, assassinou na noite do dia 1 de setembro? Esta manhã, os aurores do Ministério da Magia fizeram a exoneração do suposto túmulo e descobriram o corpo em decomposição de Belatriz Lestrange, confessa comparsa do Lorde das Trevas...”. Agora ninguém tem como negar sua inocência, Mione. 

- Não estou tão certa! – respondeu Hermione sem tirar os olhos da belíssima paisagem. O prato de sopa a sua frente na pequena mesinha sobre a cama permanecia intocada. – De qualquer forma, eu cometi um assassinato: o assassinato de uma comensal da morte, mas mesmo assim, um assassinato. 

- Menos um, se quer saber minha opinião. – Gina vociferou - Quando a guerra finalmente explodir, ele vão homenagear você com uma grande estátua por ter se livrado daquela megera...

- Gina! Não somos assassinos, se nossos inimigos são, isto não quer dizer que devamos ser também. 

- Teremos que ser Hermione, se quisermos vencer, se quisermos proteger as pessoas que amamos. 

Hermione olhou para a amiga. Gina tinha uma expressão tristonha, mas decidida no rosto. Hermione sabia que Gina tinha razão e embora quisesse evitar que isso acontecesse sabia que um dia a guerra aconteceria. 

- Ah, meu Deus, escuta só: - continuou Gina a ler o jornal – “Os aurores já contaram mais de 20 investidas dos comensais da morte aos bruxos nascidos trouxas nos vilarejos bruxos. Hogsmeade, a maior vila da Inglaterra, localizada nos arredores de Hogwarts declarou hoje cedo, estado de calamidade mágica. Um grande ataque, liderado pelo Lord das Trevas pessoalmente, conforme testemunhas, registrou a morte de quinze bruxos. “Hogsmeade não é mais segura”, explica a comerciante Madame Rosmerta, “Teremos de fechar nossas portas e fugirmos para o sul”. Os ataques intensificaram-se após a fuga de Hermione Granger e Gina Weasley, filha de Arthur Weasley, funcionário do Ministério da Magia (veja manchete 1ª página) do cativeiro providenciado pelo próprio Lord das Trevas. Hogsmeade está emigrando, assim como outras vilas. Os aurores do Ministério da Magia são impotentes contra os comensais...”. 

- Deus do céu! – Hermione balbuciou, alarmada. 

- É. Com tantos problemas a resolver, o idiota do Fudge ainda perde tempo com o seu julgamento. Quando é que aquele velho babaca vai se dar conta de que nós estamos todos no mesmo lado e que devemos combater os inimigos não os amigos. Qual é a da obsessão por você? Se eu estou viva, por que ele insiste em querer prender você? 

- Eu não sei, Gina... eu não sei...

Hermione tentou tomar alguma coisa da sopa, mas estava difícil: não estava com fome. Seus pensamentos divagaram. Agora ela sabia como Harry se sentia ao ser o centro das atenções. Antes tudo concentrava-se em Harry e ela era apenas uma amiga que lhe dava o apoio necessário, mas agora, parecia que, tanto Voldemort, quanto Fudge e o resto do mundo mágico parecia focar suas atenções nela. Ela não entendia. Era a amiga de Harry, mas não era importante quanto eles imaginavam que ela fosse. Nem mesmo Harry lhe dera tanta importância assim. 

- Hermione...? – Gina tirou-a da divagação.

- Sim. 

- Eu... er...bom... eu não queria, mas... eu escutei a conversa entre você e Harry hoje de manhã e escutei quando ele falou da profecia... é por isso que você está chateada com ele? Por que ele não confiou em contar para você a profecia?

Hermione não queria falar sobre aquilo agora, a ferida em seu coração ainda estava aberta e doída, mas achou que a amiga queria ajudar, fazendo-a desabafar. Hermione sempre guardou seus segredos para si. Fora ela, Harry era a pessoa que mais a conhecia. No entanto, agora que não tinha Harry, talvez fosse bom abrir-se para alguém mais. Não poderia contar toda a verdade, pois Gina não compreenderia, mas poderia auspiciar Gina a respeito de algumas coisas. 

- Sim, Gina, mas não só por isso. Sabe, quando eu achei que havia matado você, Harry parecia ter ficado do meu lado. Parecia querer acreditar em mim, mas depois ele abruptamente mudou de opinião e me acusou publicamente em meu julgamento. O depoimento dele, meu melhor amigo - sabido de todos -, implicou na minha condenação. Eu fiquei apenas um mês naquele lugar horrível, mas foi o suficiente por uma vida inteira. Por mais que eu tente compreendê-lo, eu não consigo ver Harry da mesma forma que antes. Acho que tudo isto abalou a nossa amizade. Saber que Harry escondeu de mim algo tão importante quanto a profecia realmente me magoa. Eu sei que Harry não confidencia tudo a Rony, até mesmo para protegê-lo e por que Rony não entende certas coisas, mas eu e Harry sempre tivemos uma sincronia maravilhosa, chegando até a pensarmos as mesmas coisas sem precisarmos falar.... – Hermione abaixou a cabeça – pelo menos era assim...

- Acho que ele fez isto tentando protegê-la, para que você não ficasse mais preocupada com a profecia. Ele sabe que você ficaria abalada ao saber que o fim de Harry terminaria como sendo o assassino ou a vítima de Voldemort. 

- Talvez... talvez. Eu acho que... eu devo ser mais tolerante e perdoá-lo. Eu preciso tanto dele, mas...

- Você o ama, não? – Gina perguntou com um tom forçadamente calmo.

Hermione levantou o rosto para Gina, queria evitar, mas sentia seu rosto enrubescendo. 

- Você deve me prometer que não irá contar isto, nem a Harry, nem a Rony, nem a ninguém, Gina. 

- Mas, por que? Se você o ama, você deve procurá-lo e dizer. Eu sempre soube que vocês dois...

- Você não entende! – interrompeu, Hermione, irritada - A nossa amizade já esta abalada demais sem envolver outros sentimentos. E Harry precisa de mim. E eu preciso estar ao lado dele como a sua melhor amiga. Se Harry souber que eu... que eu o amo... ele pode... como posso explicar? Ele não pode se preocupar comigo, Gina e se souber que eu o amo ele pode ter outras preocupações que não as que ele deve ter. Ele deve concentrar-se na guerra que se levanta a nossa frente e não se envolver com nada mais. A concentração de Harry e a minha disposição ao seu lado como uma aliada forte e fiel é a coisa mais importante no momento, se quisermos vencer...

- Mais o amor fortalece, Hermione... 

- Quando é recíproco, sim... mas este não é o caso. E não quero perturbá-lo com meus sentimentos. 

- Ele já parece estar bem preocupado, principalmente depois do que você disse a ele. 

Hermione mordeu o lábio inferior. Gina tinha razão. Hermione tinha bem claro em sua mente o seu papel. No entanto, quando ficava cara-a-cara com Harry, tudo parecia anuviado. Ela trocava duras palavras com a pessoa a qual deveria oferecer fortaleza. Ela estava errada! O que sentia não importava. Quando tudo acabasse, aí então, Hermione poderia dizer a Harry tudo o que ele merecia ouvir, mas enquanto isto não acontecesse, deveria ficar calada e ajudar. A segurança de todo o mundo bruxo dependia disso!



Hermione observou a paisagem durante toda a tarde e quando a noite finalmente chegou a lua despontou orgulhosa num céu vazio de estrelas. 

Hermione deveria estar feliz com as atuais circunstancias. Ela estava a salvo, Gina estava salvo, mas mesmo assim, havia uma coisa que a perturbava por demais. Não queria pensar em Draco. Doía pensar que talvez ele não estivesse bem como as coisas sugeriam. E doía pensar em Harry e na briga que tiveram. Não podia negar que havia uma mágoa muito forte de ambas as partes. Da parte dela, Hermione sabia que estava magoada por Harry não ter acreditado nela e tê-la acusado. E da parte de Harry, Hermione imaginava que seria porque ela fizera uma amizade - e um envolvimento amoroso - mesmo conturbado, com um de seus inimigos. 

Quando deu-se por conta, tudo estava na penumbra e Gina dormia profundamente. Hermione não conseguia dormir, por isso decidiu levantar-se. Se saísse de mansinho, Madame Pomfrey nem perceberia. 

Quando Hermione alcançou o corredor, não soube exatamente aonde ir, mas queria ir a algum lugar que pudesse ver a paisagem, agora completamente coberta pela neve que caíra o dia inteiro e decidiu ir para fora. 

Hermione cruzou o saguão de entrada e continuou em direção ao lago, congelado. Estava muito frio. Ela arrependeu-se de não ter trazido consigo seu cobertor, mas a paisagem compensava a sensação. E afinal de contas, precisava tanto ficar sozinha num lugar como aquele que podia enfrentar qualquer coisa: frio não era tão problemático assim. Não demorou muito para que escutasse um som vindo atrás de si: fazendo Hermione virar-se assustada.

- Harry! É você? Que susto! Achei que fosse outra coisa! – Hermione disse ao divisar a figura sombria que se aproximava. Tudo o que ela menos queria era falar com Harry naquele momento, mas parecia que ele aproximava-se cada vez mais. 

- Não conseguiu dormir? – Harry perguntou ao alcançar o lado de Hermione para admirar o lago congelado. 

- Não. – Hermione respondeu sem jeito, esfregando as mãos, agora geladas. – Mas acho que vou para dentro. 

Hermione fez menção de voltar para o castelo, mas foi impedida por Harry que segurou o seu braço. 

- Espere, precisamos conversar. 

- Hoje não, Harry...

- Hoje sim... agora. 

- Não, Harry – Hermione tentou desvencilhar-se de Harry, mas este a enlaçou pela cintura e a impediu de se mover. Ele estava tão perto que Hermione podia sentir o calor que a pele dele emanava. – Eu não quero falar com você, agora... Harry... amanhã... por favor. – Hermione suplicava, mas Harry não lhe dava importância.

- Aconteceu algo entre você e Malfoy, Hermione? Algo que a deixou assim perturbada? 

Hermione não conseguiu controlar a vergonha e enrubesceu. Como Harry poderia intrometer-se assim em sua intimidade? Como ele poderia imaginar que havia acontecido algo entre Malfoy e ela se ela não conseguia pensar em ninguém mais do que ele?

- É claro que não! – Hermione respondeu indignada. – Eu já lhe respondi o que sinto por Malfoy. Eu me apaixonei por ele, mas não me entreguei assim, Harry. Eu não me entreguei, não porque ele não tentou, mas por que eu não poderia ficar com ele amando você como eu amo. – Hermione tapou a boca com as mãos sem acreditar no que ela havia revelado. Como fora tão tola! Harry agora riria dela...

Mas Harry não riu. Ele puxou Hermione para mais perto de modo que ela mal pudesse respirar sem sentir os braços de Harry a sua volta. 

- Agora você é minha prisioneira, minha adorável prisioneira. Eu a manterei cativa para o resto da minha vida, Hermione. Para o resto da minha vida.... 

Então aconteceu! Harry abaixou-se e suavemente beijou os seu lábios. Hermione sentiu uma estranha sensação percorrer seu corpo inteiro. Ela já fora beijada antes, por Krum e por Malfoy, mas nada, nada se comparava ao beijo de Harry, tão terno, tão doce, tão suave que Hermione se sentiu embriagada. Suas pernas se enfraqueceram, de modo que iria cair se Harry não a sustentasse. 

- Desculpe, querida... eu não queria cansá-la. – Harry disse, ao ver que Hermione estava fraca e trêmula – você está doente e eu exigindo de você... como sou egoísta!

Hermione deixou-se apanhar por Harry que a segurou delicadamente. Ele sentou-se sobre a raiz de um grande e velho carvalho a beira do lago, mas manteve Hermione aninhada em seu peito, de modo que ela não sentia mais frio, apesar da neve, que mesmo dando uma trégua, não parava de cair. 

- Você está bem? – Harry perguntou, preocupado, ao ver que as pequenas mãos de Hermione tremiam, espalmadas em seu peito – Quer que eu a leve para dentro?

- Não, eu... estou bem... – Hermione conseguiu responder apesar de sentir falta de ar. Ela não se sentia tão bem assim, mas queria muito ficar na presença de Harry, agora que ele parecia querer isto também. 

- Hermione... eu falei com Dumbledore. A professora Minerva está preparada para fugir para a França com você. Você já conhece a França não. 

- Claro que sim, Harry. Mas não vou fugir. Eu quero ficar aqui. Eu vou ficar aqui e enfrentar o que tiver de enfrentar. 

- Não é só o seu julgamento que me preocupa, Mione. Você sabe que o pior só está começando. Voldemort está começando a guerra e não quero você por perto quando finalmente as coisas ficarem piores. 

- Não, Harry não. Eu preciso estar aqui. – Hermione disse levantando a cabeça para olhar Harry nos olhos. Os olhos de Harry tinham um brilho intenso, mas ela não conseguiu decifrar o que isto queria dizer. – Eu nasci para ficar ao seu lado e lutar com você Harry, assim como você nasceu para enfrentar Voldemort. Eu não preciso de nenhuma profecia para me dizer isto, porque eu sinto que este é o meu papel. 

- Hermione. Eu sempre achei que aconteceria desta forma, mas estou preocupado demais com você. E não vou conseguir lutar preocupado com você. 

- Harry... você está enganado. Você precisa de mim...

- Eu preciso mesmo de você, Hermione. Eu preciso pensar que você está viva e bem. Isto me dará forças. Prometa-me, Mione. 

- Harry eu não....

Harry a impediu de completar a frase, colando os lábios nos dela. Era um beijo apaixonado e terno ao mesmo tempo. Hermione não conseguia resistir a sensação de se entregar completamente. Ela o amava... era o que importa. 

- Prometa-me, Hermione, prometa-me que vai fugir com Minerva.... – Harry disse entre os delicados beijos que dava por todo rosto aveludado de Mione. 

- Eu... eu... prometo... Harry.... eu... prometo.... eu... amo... você.... sempre... amei... Harry.... eu amo....você...

Harry não disse mais nada, apenas a beijou novamente de uma forma ainda mais intensa do que antes, exigindo a completa renuncia da garota que mantinha cativa em seus braços. E Hermione, num gesto de ternura, entregou-se às ternos beijos de Harry tendo somente a lua como testemunha. 



O frio começou a se intensificar, por isso, ambos resolveram retornar ao castelo. Estavam quase no saguão de entrada, quando Rony surgiu desatado, descendo as escadas de pedra. 

- Ah! Aí está você. Harry, já estou meia hora te procurando. Dumbledore quer falar com você.

- Comigo? – Harry perguntou.

- É... só com você. – Rony disse, olhando suspeito para Hermione. 

- Ta! Depois eu vou. Vou levar Hermione primeiro a ala hospitalar. 

- Não, Harry. – Hermione respondeu imediatamente – Se Dumbledore quer falar com você deve ser urgente. Eu vou sozinha. 

- Hermione, você mal consegue caminhar sozinha... – Harry disse, aproximando-se e segurando Hermione pela cintura. 

- Claro que consigo. Vá, Harry. Pode ser importante!

Harry puxou Hermione para mais perto de si e enrolou um dos cachos de seus cabelos, agora cobertos pela neve, entre os dedos. 

- A sua promessa ainda está de pé, não é?

- Claro, Harry. O que prometi, eu vou cumprir. 

- Está bem. Boa noite, então!

Harry deu-lhe um beijo suave em seu rosto. E depois afastou-se dela, subindo os degraus do saguão de entrada com Rony. 



Quando Hermione finalmente ficou à sós, um sorriso se espalhou por seu rosto. Harry Potter a havia beijado. Os dois finalmente ficaram juntos. Hermione não conseguia se conter de tão feliz!

Subitamente, a fome atacou o seu corpo depois de tanto tempo sem conseguir comer. 

- Acho que dá tempo de comer algo antes de voltar para a enfermaria! – Hermione disse para si mesma. É claro que não havia nada a esta hora no salão principal, mas sempre se poderia ir à cozinha, já que ela sabia a passagem secreta para o aposento. Os elfos domésticos que trabalhavam lá não gostavam muito dela, isto era verdade, mas se ela pedisse com cuidado apenas algo para comer, eles, em sua boa essência, não lhe negariam. E se Dobby estivesse lá, seria uma boa hora para conversarem. Seus estudos sobre os Elfos Domésticos estavam em um alto nível e Hermione pensava em publicar algo a respeito no seu último ano em Hogwarts. 

Quando Hermione finalmente chegou ao corredor que continha a passagem secreta, sentiu falta de sua varinha, uma vez que estava muito escuro. Mas não demorou muito para encontrar o quadro das pêras risonhas. Hermione fez-lhes cócegas e a porta se abriu para a cozinha em igual penumbra, não fosse por uma luz que bruxuleava a distância. 

Havia algumas pessoas ali. Hermione aproximou-se ao ver que se tratavam de Dumbledore, Rony e Harry, mas parou de chofre quando escutou pronunciarem seu nome e se escondeu nas sombras. 

- HERMIONE NÃO PODE SABER! – Harry falava alteradamente. Dumbledore parecia muito apreensivo. 

- Harry! Depois do incidente do ano passado em que seu padrinho morreu, achei que aprenderia, à duras penas, que a mentira só leva à desgraça. Está na hora de contar a verdade a Hermione.

“Que verdade?”, Hermione pensou, aproximando-se um pouco mais, tomando o cuidado para não ser iluminada pela luz da varinha de Dumbledore. 

- Se eu contar a verdade eu vou perdê-la. E desta vez para sempre. Se Hermione souber que eu sabia que ela estava sendo legitimentada desde o inicio, ela nunca me perdoará. Eu a acusei, professor. 

- Harry, eu só concordei com seu plano insano, pois parecia a coisa certa a se fazer. Mas é bem óbvio que o seu plano não deu certo. E que Voldemort continua obsecado com Hermione. 

“Então, Harry sabia?”, Hermione perguntou-se. Malfoy falara alguma coisa assim enquanto estava na prisão. Malfoy falara que a idéia de a acusar no julgamento era para fazer Voldemort pensar que Harry estava bravo com ela, e assim pensar que ela não era importante. Hermione custou a acreditar, pois sabia, ou pensava que sabia, que Harry jamais faria um ato como aquele. Sabendo o quanto Sirius sofrera em Azkaban, Harry não podia ter sido capaz de arquitetar um plano tão ardiloso quanto aquele. Harry não seria capaz de faze-la sofrer como fizera, seria?

- Se Hermione souber que eu a mandei para Azkaban meticulosamente ela nunca mais irá me perdoar.... 

- PODE ESTAR CERTO DISSO! 

Harry escutou uma voz e virou para onde ela vinha. Aos poucos, o rosto de Hermione foi aparecendo na escuridão. 

- EU NÃO POSSO ACREDITAR... ESTE TEMPO TODO VOCÊS SABIAM DA VERDADE E ME FIZERAM PENSAR QUE EU HAVIA ASSASSINADO GINA. CONDENARAM-ME A AZKABAN FRIAMENTE... COMO PUDERAM... VOCÊS ERAM MEUS AMIGOS... MEUS MELHORES AMIGOS... OS HOMENS DA MINHA VIDA.... VOCÊ E RONY, HARRY! EU PODIA PERDOAR A SUA REPULSA QUANDO IMAGINAVA QUE EU ERA UMA ASSASSINA, MAS NÃO POSSO PERDOAR ESTE PLANO SÓRDIDO QUE TRAMOU CONTRA MIM.

- Hermione, você é uma jovem sensata... tenho certeza que se conversarmos... chegaremos a boa...

- CALE A BOCA O SENHOR TAMBÉM. EU JAMAIS PODIA ESPERAR ALGO ASSIM DE ALVO DUMBLEDORE.... VÃO PRO INFERNO... TODOS VOCÊS. 

Hermione virou-se para correr, mas Harry a impediu antes disso, agarrando-a com os dois braços de modo que ela não pudesse se mover. 

- Hermione, acalme-se. Escute antes o que eu tenho a dizer... eu fiz tudo o que fiz para protegê-la. Eu tive que arriscar, Hermione. Eu tive que fazer isto para Voldemort achar que você não tinha importância para mim. Era a única maneira de livrar você das garras dele. Eu preferiria ver você me odiando pelo resto da sua vida a ver você morta.... 

- E quem disse que eu não morri, Harry. Quando eu pensei ter matado Gina, quando fui condenada a Azkaban, ao ver que Rony não acreditava em mim... ao ver VOCÊ me acusando... – Hermione tentava desesperadamente desvencilhar-se dos braços de Harry. – Me larga... me deixa...

- Eu não posso deixa-la ir... ou a perderei para sempre, Hermione. Você é importante para mim, sempre foi. 

- Sou mesmo, Harry? – Hermione parou de se mover e virou o rosto para Harry - Então me diga: o que aconteceu entre nós agora pouco, foi por que você me ama de verdade, ou foi somente para me convencer a fugir?

Harry não respondeu, mas seu silencio representou mais de mil palavras. 

Uma coisa se quebrou dentro de Hermione. Uma tristeza desabou sobre ela como se tivesse sido atingida por uma chuva torrente. Seus lábios começaram a tremer, enquanto olhava para os olhos de Harry. Ela via aquele brilho intenso novamente em seu olhar e agora sabia que não era paixão. 

Acabara... tudo acabara. A amizade, o amor, a paixão. Tudo fora varrido do coração de Hermione somente com o olhar frio de Harry. Ele a seduzira cinicamente. Ele fingira um amor que nunca sentiu. E ela, como uma perfeita idiota, deixou-se envolver pelas palavras, pelos beijos e abraços. Era tudo mentira... uma grande mentira...a mentira que a machucava mais do que qualquer tortura, mas do que qualquer coisa. 

- Eu já entendi, Harry. Agora pode me deixar ir. Eu vou cumprir minha promessa – Ela disse tentando parecer intacta. 

Harry a soltou. 

Hermione correu para longe, não parando nem por um momento para olhar para trás, e seguiu pelos corredores até encontrar a ala hospitalar e se jogar sobre a sua cama. Hermione não chorou, não conseguia chorar por mais que tentasse, apenas ficou ali, na escuridão a pensar que a felicidade esvaíra-se por completo de sua vida.

A dor no seu peito era tão forte que mal conseguia respirar. 

- Harry... Harry... – ela conseguiu pronunciar, fazendo força para respirar, antes que perdesse os sentidos, inundada pelo desespero que queimava sua alma. 





Harry sentou-se. Não se sentia muito bem. O seu coração palpitava e sabia muito bem o que era tudo aquilo. 

- Por que não disse a verdade? – Rony perguntou, olhando abismado para o amigo. – Por que não disse que a amava? 

- Por que se eu dissesse que a amava, Hermione não cumpriria a promessa, não fugiria para França. Eu a perdi, Rony, eu a perdi para sempre... mas ela ficará viva! É só o que importa... é só o que importa agora....


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