Adorável Prisioneira escrita por Angel Black


Capítulo 14
Capítulo 14 - As primeira trombetas




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Harry cruzou o saguão de entrada do castelo chamando muita atenção dos alunos que passavam, por estar com Hermione nos braços. Mas, fora Colin Creevey que resolveu tirar uma irritante foto, ninguém mais fez nada, apenas olhavam com espanto para o casal. Harry não perdeu tempo e dirigiu-se a ala hospitalar. Hermione já parecia bem mais calma, mas ele ainda estava muito preocupado. 

Quando Harry abriu a porta da ala hospitalar descobriu Gina Weasley numa das camas, sendo servida por Madame Pomfrey que a fazia ingerir uma poção útil, porém indigesta. 

- Tome, querida e logo vai estar bem melhor! – disse Madame Pomfrey com seu usual tom preocupado. – Meu Deus! É Hermione Granger! – a gentil senhora admirou-se ao ver Hermione. – Hoje é o dia dos Milagres! Coloque-a aqui, Potter.

Harry repousou Hermione com carinho na cama ao lado da de Gina Weasley, e a cobriu com um felpudo cobertor que Madame Pomfrey lhe dera: Hermione tremia muito.

Ele puxou uma cadeira e sentou-se entre as camas de Gina e Hermione. Gina parecia muito melhor do que Hermione, que adormeceu ao contato com a coberta quentinha. Talvez o frio, ou a tensão por ter estado na presença de Voldemort, havia tirado suas forças. 

- Ela me salvou! – Gina falou ao perceber que Harry estava por demais preocupado com Hermione. – Se ela não estivesse lá, eu provavelmente não conseguiria. Hermione me salvou! Serei eternamente grata a ela. 

Harry continuou a observar Hermione atentamente a cada suspiro, a cada movimento, a cada gemido. Sem que percebesse três horas se passaram e já passava do meio dia, quando Rony, acompanhado dos professores Dumbledore, Macgonagal e Snape, entrou na ala hospitalar. 

Até Hermione acordou com a súbita movimentação e sentou-se alarmada na cama. 

- Então? – ela perguntou, como se apenas um segundo tivesse se passado – Onde está Malfoy? Vocês o encontraram? Ele está bem? Por favor, digam-me que ele está bem! 

Harry olhou espantado para Hermione. Ela parecia desesperada, parecia estar genuinamente preocupada com a pessoa responsável por seu rapto e suas desgraças nos últimos meses. 

- Srta. Granger, acalme-se! – respondeu o professor Snape, cético. 

- Sim, fique calma, srta. Granger! – reiterou o diretor num tom calmo, embora com uma expressão preocupada. – O senhor Malfoy não foi encontrado, nem na casa dos Gritos, nem em seus arredores.

- Ele está morto? - Hermione perguntou, preocupada. 

- Ainda não sabemos. – respondeu o professor Dumbledore. Ele suspirou preocupado, parecia que se preparava para contar uma má notícia – No entanto, Srta. Granger, achamos alguns indícios alarmantes. 

- Como assim? – Hermione perguntou. 

- Na noite passada quando descobrimos seu desaparecimento, o Ministério da Magia deu por falta de um objeto capturado dois meses atrás quando Gina fora supostamente assassinada: a sua varinha, Srta. Granger. Antes que alertássemos o Ministério sobre seu suposto desaparecimento, o Ministro Fudge veio até nós com o aviso do desaparecimento da sua varinha nos arquivos do Ministério. Hoje, pela manhã, quando o senhor Rony veio nos alertar sobre Voldemort estar na casa dos Gritos, nós estávamos na companhia de Fudge que insistiu em mandar seus aurores na investigação conosco. Um dos aurores, que não é simpatizante da Ordem de Fênix, descobriu sua varinha no primeiro andar da casa dos gritos, antes que nós ou Tonks e Shakebolt, que também estavam presentes, pudessem fazer alguma coisa. 

- Mas, eu não estava com a minha varinha. – respondeu Hermione sem entender. – Alguém deve tê-la pego. Voldemort poderia ter roubado a varinha para me incriminar. Draco me falou que eles tinham um plano para me incriminar. Foi por isto que eu fugi. 

- O problema, Srta. Granger, é que eles fizeram um feitiço de reversão na varinha achada e descobriram que o último feitiço executado é uma maldição imperdoável: o AVADA QUEDRAVA.

Hermione levou a mão a boca. Com uma clareza irritante ela reviveu uma cena que não queria: Voldemort estava na casa dos Gritos com sua varinha e ELE azarara alguém com AVADA QUEDRAVA. Alguém que Hermione sabia se tratar de Malfoy...

- Deus! Meu Deus. – Hermione sussurrou, preocupada. – Malfoy... ele...Voldemort o azarou não...?

- É o que imaginamos, Srta. Granger. No entanto, não é o que o Ministro imagina.

- Como assim? 

- Ele acha que foi a senhorita. Ele quer prendê-la, Srta. Granger. Eu tive que interferir para mantê-la aqui, eu disse que a senhorita não tinha condições físicas, emocionais e psicológicas para ser mandada de volta a Azkaban e pedi um julgamento aberto. O Ministro não gostou nada e disse que vai intervir com uma ação do Ministério para prendê-la. 

- NÃO! – Harry falou de repente – Isso não! 

- Deus do céu! Achei que Gina estar viva era uma prova irrefutável de minha inocência. Vocês acreditam que eu sou inocente, não? – Hermione perguntou olhando de um rosto para outro. Dumbledore olhou com extrema discrição para Harry que, por sua vez fez um sinal negativo quase imperceptível com a cabeça. Era uma linguagem entre Dumbledore e Harry que Hermione não compreendia, mas identificara.

- Não – respondeu Dumbledore como que repetindo o gesto de Harry com a voz. – Não acreditamos que a senhorita tenha utilizado sua varinha, mas outra pessoa utilizou e devemos usar isto para fazer sua defesa. 

Hermione calou-se. Era sensitiva demais para fingir que não percebera o que percebera. Mas seu coração ficou assolado pela tristeza. Apesar de tudo, Harry não voltou a confiar nela e escondia algo. Ela não era mais sua confidente, não era mais sua companheira, não era mais sua amiga...

Harry sentiu que havia algo errado, alguma coisa em seu peito dizia que a máscara polida e silenciosa que Hermione instantaneamente vestira escondia uma tristeza profunda. Harry ficou aterrorizado ao pensar que Hermione poderia estar triste com o suposto desaparecimento de Malfoy. Será que Hermione estava apaixonada por ele, ele que sempre a humilhou e a provocou? Hermione era tão sensata! Como poderia ser tão inocente a ponto de se apaixonar pelo inimigo. Mas, o sentimento que tinha dentro de si denunciava que Hermione sofria e sofria muito...

- Será que eu posso ficar a sós com Hermione? – Harry falou, sem olhar para Hermione, apesar de sentir o olhar da garota para si. 

- Claro, claro, Harry! – Dumbledore falou, olhando para Macgonagal, Snape e Rony. Vamos deixar os dois a sós, mas lembre-se Harry de que Hermione ainda está muito fraca. Não a perturbe, sim? 

Ao mesmo passo que Dumbledore, Snape, Minerva e Rony saiam da sala, Madame Pomfrey voltou para a sua sala e Gina, adoravelmente, virou-se para o lado, fingindo-se vencida pelo sono. 



Ao alcançarem o corredor, Snape virou-se para Dumbledore. 

- O que o senhor acha? – Snape perguntou. 

- Ainda não sei, Severo. – Dumbledore falou – De qualquer forma a decisão cabe a Harry!

- Potter! Até agora o plano dele revelou ser um completo fiasco. Além de colocar a vida de Hermione em risco, ele ainda pode ter causado a morte de Draco.

- Ainda não sabemos se Malfoy está mesmo morto, Severo! – falou a professora Minerva indignada. – E Harry tinha que arriscar. Achei muito altruísta da parte dele. 

- Sim. Foi altruísmo. - Dumbledore reiterou - Ás vezes quando amamos uma pessoa fazemos tudo o que é necessário para mantê-la segura. Foi o que Harry fez. Você deveria estar consciente disto, Severo. Afinal, não foi o que você fez por Lílian? Renunciou ao seu amor por pensar que ela estaria mais segura com Tiago? O seu plano também não deu certo, assim como o de Harry, porque Voldemort domina a arte da legitimentação como um verdadeiro mestre e pode ver o que não podemos. Mas estou preocupado com esta estranha obsessão que Tom tem por Hermione. Ele pode ter visto algo maior do que podemos ver. De qualquer forma temos que evitar ao máximo que Hermione seja condenada a Azkaban novamente. Não confio nem um pouco nos dementadores, nem um pouco. 


- Eles não seriam capazes de fazer uma loucura, Alvo. – disse a professora Minerva. – Se fizerem algo contra Hermione, eles iniciarão uma guerra, Harry jamais os perdoará. 

- A guerra já iniciou, Minerva. Voldemort já soou as primeiras trombetas. Agora só resta sabermos onde irá eclodir. 

Rony escutava tudo o que os professores diziam em silencio, pois sabiam que ele era da confiança de Harry Potter. No entanto, ele, Rony Weasley, guardava ainda um segredo que poderia elucidar muito do que Dumbledore pensava.  Queria contar, queria dizer toda a verdade, uma verdade que pesava há vários dias em seu peito, mas a promessa que fizera ao pai, impedia-o. Ah, segredos... segredos destroem impérios, pensou ele, imaginando o que seria de Harry e Hermione depois que tudo se revelasse...

****************

- O que você sente por Malfoy? – Harry questionou Hermione quando eles foram deixados somente na presença de Gina. 

- Malfoy esteve no meu lado em alguns momentos difíceis, Harry. Não posso negar que não tenha me apaixonado por ele...

Aquilo fora uma facada no peito de Harry que já desconfiava dos sentimentos de Hermione. 

- Então é isso? – ele perguntou irritado – Como você pôde se apaixonar por Malfoy?

- Por que é que está me questionando, Harry? – Hermione devolveu, tanto irritada quanto poderia – Acaso você não se apaixonou por aquela garota sonsa da Corvinal, uma garota que não consegue ver ninguém mais do que a ela mesma, a tal de Cho Chang?

- Não compare Cho a Malfoy! Cho é uma garota do bem, uma garota boa, enquanto Malfoy é...

- Um garoto que salvou a minha vida e a de Gina. Então, ele não é do bem? 

- Será, Hermione? Será que ele te salvou. Desde o início ele vinha fazendo joguinhos com você. Ele mesmo me confessou isto. Será que agora não é mais um dos seus joguinhos. Será que ele não se fez de vítima para fazer você se apaixonar por ele, ou... 

- Ou o que? Com que intuito ele teria feito isto, Harry? Eu não quero discutir com você, estou cansada demais para isto. E estar apaixonada por ele não quer dizer que eu não seja mais fiel a você Harry. Eu jamais mudarei de lado, JAMAIS! Não importa que eu me apaixone pelo próprio VOLDEMORT, Harry. Você deveria saber disto. Meus sentimentos não vão influenciar meu discernimento. 

- Influenciarão, Hermione. Os nossos sentimentos sempre influenciam nossos discernimentos, mesmo quando não queremos. Acabamos por fazer coisas horríveis as vezes em nome do amor, digo isto por mim mesmo. 

Harry abaixou a cabeça. Queria tanto dizer a verdade a Hermione. Só o que precisava era abrir a boca e falar, mas não tinha coragem. Sabia que revelar a verdade seria matar para sempre a amizade já abalada que os dois nutriam um pelo outro. 

- Deixe-me, Harry, deixe-me, agora. Estou cansada!

- Está bem. Vai ficar tudo bem, Hermione. Confie em mim. – Harry se dirigiu para a porta, mas antes de sair escutou uma última frase que o atormentou bastante:

- Como eu confiei da última vez, Harry? 


Quando Harry finalmente cerrou a porta, Hermione enterrou o rosto no travesseiro deixando as lágrimas finalmente extravasarem. Harry havia entendido tudo errado! Ela estava preocupada com Malfoy, sim. Mas não da maneira que Harry imaginara. 

E o pior, parecia que o seu pesadelo jamais teria fim. Será que ela seria novamente condenada a Azkaban? Não sabia se seria forte o suficiente. E se Malfoy estivesse realmente morto...? Ele a salvara. Por mais que Harry não quisesse acreditar nisto, o fato de Malfoy ter-lhe salvado havia provado que seu amor era verdadeiro, mais do que Harry fizera. Afinal, nem ao seu lado, Harry ficou. Como ele poderia ser tão egoísta a ponto de pensar que Hermione mudaria de lado só por causa disto. Ele não confiava nela, jamais confiara e provou isto uma vez mais, então como ela, Hermione Granger, poderia confiar nele?


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